Hoshizora no Shita – CapĂtulo 1
Ruka-senpai queria muito saber quem era o autor, mas eu nĂŁo poderia simplesmente dizer âConsegui de alguĂ©m que encontrei em um aplicativo de conversaâ. NĂŁo queria que ela se preocupasse comigo, temendo que eu estivesse sofrendo um golpe.
â Sei que Ă© repentino, mas vocĂȘ pode fazer as ilustraçÔes da capa e preparar isso?
Ela tambĂ©m nĂŁo escrevia. Ao invĂ©s disso, fazia ilustraçÔes e design de capas. Obviamente, gostava de livros, mas nĂŁo era do tipo que queria escrevĂȘ-los, preferia fazer as ilustraçÔes. Era a pessoa certa na hora certa.
Tinha outros dois membros do terceiro ano que escreviam. PorĂ©m, saĂram do clube para focarem nas provas.
â Sim, para sexta, pode ser?
Ruka-senpai sorriu para mim e assentiu.
â Sem problema. Muito obrigado por fazer isso enquanto estĂĄ ocupada estudando.
â NĂŁo esquenta. Eu tambĂ©m ficaria triste se perdesse a sala e quero apoiĂĄ-lo.
Fiquei comovido pela sua gentileza.
A capa foi encomendada. Eu a pegaria na sexta e a imprimiria no sĂĄbado, entĂŁo, publicaria na segunda. Entretanto, ainda precisaria pedir a sala de impressĂŁo emprestada ao Conselho Estudantil. Isso era um pouco deprimente. A Presidente Minekawa estaria lĂĄ, e eu realmente nĂŁo queria vĂȘ-la.
Mas era necessårio, então me despedi da Ruka-senpai e fui em direção ao escritório deles.
â Com licença.
Bati na porta e entrei na sala. Todos os membros estavam trabalhando em suas próprias mesas. Todos pareciam ocupados, por isso ninguém veio para conversar comigo. Na verdade, eu não estava com pressa, então continuei esperando tranquilamente à porta.
â Entendi. Irei conversar com o Clube de Baseball eâŠ
A Presidente estava trabalhando em uma mesa interna. NĂŁo pude evitar de olhar para onde ela estava.
Parecia que estava lidando com os clubes de esporte. Tinha um sorriso refinado no rosto e se parecia um pouco com uma das pinturas ocidentais de santos. Ela era realmente fotogĂȘnica.
â Clube de Literatura?
Me notou e olhou na minha direção, suas sobrancelhas fizeram uma carranca. Ela sempre parecia irritada comigo.
Coloquei um sorriso tenso no rosto.
â Precisa de alguma coisa? Estamos bem ocupados no momento â disse enquanto se levantava e caminhava atĂ© mim.
â Eu gostaria de usar a sala de impressĂŁo no sĂĄbado, ela estĂĄ livre?
â Sim. â Girou sobre os calcanhares e pegou um caderno da estante. â Coloque o nome do seu clube aqui e quando vai usĂĄ-la.
Escrevi como me foi dito.
â Mas o que vai imprimir?
â O livro para os novos alunos.
â VocĂȘ escreveu algo.
â Eu nĂŁo. â Aproveitando que jĂĄ estava conversando com ela, decidi perguntar sobre a sala do clube. â Ei, Presidente, se estivermos fazendo alguma atividade, nĂŁo seremos despejados da sala, nĂ©?
â NĂŁo posso decidir isso sozinha, mas, caso se mantenha publicando, posso trazer isso de volta para o plano.
â Prometo que vamos continuar.
â Tudo bem. Comentarei sobre isso na reuniĂŁo de amanhĂŁ. Mas ainda tem mais uma condição.
â Condição?
â Me dĂȘ um dos livros tambĂ©m.
â VocĂȘ sabe que nĂłs os entregamos de graça, nĂ©?
Sempre os colocamos dentro de caixas em cada um dos andares, ao lado dos quadros de aviso com um âPode pegar umâ escrito na caixa.
â Traga um para mim.
â Por quĂȘ?
â NĂŁo faz mal se esforçar um pouco, faz? Eu vou estar tentando cancelar algo que jĂĄ tinha sido decidido, nĂŁo Ă© mesmo?
Pensei que estava colocando mais um fardo sobre nós ao dizer isso, mas, se seguir essa condição permitirå que defendamos nossa sala, eu poderia responder no mesmo instante.
Quando terminamos, voltou Ă sua mesa sem nem mesmo um âadeusâ, por causa disso, nĂŁo consegui agradecĂȘ-la. Ela sempre foi tĂŁo contundente. Eu sabia que ela era uma pessoa prĂĄtica, mas ainda parecia tĂŁo amarga comigo.
â Acho que me odeia mesmo⊠â murmurei enquanto caminhava pelos corredores. NĂŁo pude evitar de lembrar do dia em que a conheci.
Era o primeiro dia de aula. Eu era um autoproclamado bibliófilo e curioso sobre que tipos de livros haviam na escola que entrei, por isso fui até a biblioteca quando a aula terminou. Eu gostava de salas de leitura e bibliotecas, davam uma boa impressão quando estavam cheias de livros. O cheiro de poeira dos livros mais velhos fazia parecer que eu estava coberto por eles, esse era um charme diferente quando comparado ao das livrarias.
Olhei pelas estantes, começando pelo canto.
â Oh!
Encontrei um dos meus favoritos de Ficção CientĂfica e, inconscientemente, estendi a mĂŁo para pegĂĄ-lo.
Era um livro que tratava sobre viagem no tempo, chamado âA Porta Para O VerĂŁoâ. PorĂ©m, outra mĂŁo estendia-se para pegĂĄ-lo, entĂŁo parei.
â Pode pegar.
Recuei a minha mĂŁo.
â Tem certeza?
â Sim, jĂĄ o li⊠antes.
Quando vi a dona da mĂŁo, fiquei sem palavras.
Ela era tĂŁo linda que precisei engolir em seco.
Aquela era a Presidente DemĂŽnio, Minekawa Yukino.
â VocĂȘ Ă© Shuu Yagi-kun da turma A, certo?
â Sim. â Consegui responder quando ela falou meu nome.
Como ela sabia? Eu havia acabado de entrar nessa escolaâŠ
â Me chamo Minekawa Yukino, da turma B. Prazer em conhecĂȘ-lo.
â O⊠prazer Ă© meu.
â EntĂŁo, vocĂȘ gosta de livros?
â Sim, e vocĂȘ?
â TambĂ©m.
â EntĂŁo estĂĄ no Clube de Literatura?
â Ainda estou meio perdida. Tem muita coisa que quero fazerâŠ
â Entendo, estou me juntando ao Clube de Literatura, entĂŁo dĂȘ uma passada lĂĄ, se quiser.
â Vou pensar nissoâŠ
Ainda nĂŁo me esqueci daquele sorriso gentil e amigĂĄvel. Ela nĂŁo se juntou ao Clube de Literatura no final, e eu acabei nĂŁo a encontrando mais. Pode-se dizer que aquele dia, no primeiro ano, foi a nossa primeira e Ășltima ligação.
Depois, quando nos encontramos novamente na mesma turma durante o segundo ano, ela parecia me tratar de forma dura. Mal conversamos, então eu não sabia o que a fez me odiar assim, do nada. A vida é mesmo cheia de mistérios.
Parte 5
Imprimi cem panfletos.
Embora fossem distribuĂdos gratuitamente, havia um limite para quantos alunos gostavam de livros, por isso era uma quantia justa. Mas, quando se trabalhava sozinho, a quantia se tornava bem grande.
Era såbado e eu conseguia ouvir os membros dos clubes de esporte do lado de fora. Terminei o trabalho na sala de impressão e levei o material, agora impresso, até a sala do clube e comecei a uni-los.
O trabalho em si era fåcil. Eu dobrava cada Folha B4 ao meio, as empilhava, então as grampeava. O simples fato de carregar tudo aquilo até o clube jå era exaustivo, pois não dormi o suficiente durante a noite.
Ruka-senpai enviou as ilustraçÔes na sexta de manhã, e eu fiz toda a tipografia depois da escola, terminando só hoje de manhã. O texto estava completo, mas tive que trabalhar até de manhã.
Tirei um cochilo e, em seguida, fui até a sala de impressão, o que demorou até o meio dia. Comi antes da hora o almoço que comprei na loja e comecei a trabalhar a sério.
Eu dobrava o papel em silĂȘncio enquanto mĂșsica tocava no meu celular.
As impressoras mais modernas liam os dados e transformavam em livros automaticamente, mas minha escola nĂŁo tinha algo tĂŁo caro assim. Por causa disso, tĂnhamos que fazer Ă mĂŁoâŠ, mas eu era o Ășnico membro ativo.
â Preciso fazer isso â disse eu, propositalmente pomposo para me motivar, a exata imagem de um herĂłi trĂĄgico.
Valeu a pena ficar acordado até tarde.
E, entĂŁo:
Bzz bzz.
Meu celular vibrou.
Eina: OlĂĄ, como estĂĄ?
Shuu: Tudo bem.
Eina: O que estĂĄ fazendo hoje?
Shuu: Encadernando os livros.
Eina: VocĂȘ tinha clube hoje?
Shuu: Bem, estou sozinho.
Eina: NinguĂ©m estĂĄ ajudando vocĂȘ?! Isso Ă© terrĂvel!
Shuu: Os alunos do terceiro ano jĂĄ se retiraram, por isso sou o Ășnico ativo.
Eina: Entendo⊠entĂŁo vocĂȘ estĂĄ encadernando sozinho? Quantos?
Shuu: Cem.
Eina: Eita, é bastante. Eu⊠não posso ajudar, sinto muito.
Shuu: Tudo bem. O simples fato de ter alguém para conversar jå torna tudo mais fåcil.
Eina: EntĂŁo, se nĂŁo for um incĂŽmodo, vou ligar.
A ligação veio praticamente no mesmo momento em que terminei de ler a mensagem e rapidamente coloquei no ouvido.
â E aĂ.
â Valeu.
<âŠ>
â âŠ
â NĂłs nĂŁo sabemos nada um do outro. Vamos nos apresentar. Que tipo de livros vocĂȘ gosta, Eina?
â Meio que de tudo, mas Ficção CientĂfica Ă© meu favorito.
Eina fez a pergunta desta vez.
â Lamen, katsudon, coisas do tipo.
â E vocĂȘ, Eina?
choux cream
, dorayaki, anmitsuâŠ>
Achei que fazia sentido uma garota listar coisas doces.
â NĂŁo.
De repente, o rosto da Presidente apareceu em minha mente, e um sorriso irĂŽnico apareceu rapidamente.
Ela era mesmo bonita, mas estava em outro nĂvel. Eu sĂł poderia admirĂĄ-la de longe. Se possĂvel, eu preferia nĂŁo ter que conversar com ela. Ă difĂcil vĂȘ-la agir como se me odiasse quando conversamos cara a cara.
â Acho que tem alguĂ©m que eu admiro.
â Como? Hmm⊠NĂŁo sei dizer, nĂŁo sei muito sobre ela.
â Acho que Ă©. Mas e quanto a vocĂȘ? Tem um namorado?
Pensei que provavelmente nĂŁo, entĂŁo perguntei:
â AlguĂ©m que vocĂȘ gosta?
Parecia que queria evitar a pergunta.
Ela soou solitåria, e isso fez com que meu coração doesse. Um amor platÎnico⊠complicado.
â Se precisar de algum conselho, eu posso tentar ajudar, sabe?
Continuamos com nossa conversa sinuosa, o tempo parecia voar enquanto eu conversava com Eina, e o sol se pĂŽs antes mesmo de eu perceber. Os livros jĂĄ estavam encadernados.
Parte 6
Era segunda-feira, os livros estavam em segurança ao lado dos quadros de aviso. Fui direto até a sala do Conselho Estudantil assim que todos foram organizados.
A Presidente estava sentada, trabalhando sozinha.
â Presidente, aqui estĂĄ, como foi prometido.
â Obrigada. Como eu prometi tambĂ©m, nĂŁo vamos retirar sua sala.
â AĂȘ! Te devo uma.
â Em troca, pode parecer chato, mas faça suas atividades, pode ser?
â Entendido.
SaĂ da sala, sentindo-me triunfante.
ïŒ
O livreto dos novos estudantes, ainda que estivesse atrasado, causou um leve alvoroço na escola. Nosso Clube de Literatura tinha a tradição de publicar coisas sob o nome verdadeiro, mas âEinaâ era, obviamente, um pseudĂŽnimo. AlĂ©m disso, nĂŁo havia muitas pessoas que escreviam histĂłrias como a de Eina.
Todo mundo estava curioso sobre quem havia escrito aquilo, também parecia que mais pessoas estavam lendo do que o normal. Por exemplo, quando eu estava almoçando na quarta-feira, o craque do Clube de Jornalismo, Keisuke Sakai, apareceu.
Ele estava na mesma turma que eu desde o primeiro ano, e nĂłs dois fizemos muitas coisas juntos, mas ele nunca apareceu no clube antes.
â Quem Ă© Eina? Um novo membro? Um pseudĂŽnimo de algum veterano? Ou vocĂȘ mesmo?
Parecia nĂŁo se incomodar em levantar os Ăłculos que haviam escorregado e me bombardeou com perguntas.
â NĂŁo vou te contar.
Além disso, mesmo se quisesse, não poderia. Eu não sabia muito sobre ela também.
â Por favor, somos amigos, nĂŁo somos? Meu chefe me ameaçou para vir aqui e perguntar quem era! â Estava de joelhos, me implorando. Era um pouco triste, mas se eu nĂŁo podia, nada poderia ser feito.
â Sinto muito, nĂŁo posso.
â VocĂȘ nĂŁo tem coração.
â Tenho meus prĂłprios motivos, assim como Eina.
â Ahhhhh, vou ser demitidoooooo!
Foi difĂcil fazer com que Sakai parasse de chorar, mas me senti feliz pela obra ter ficado famosa. Eu queria contar isso para Eina o quanto antes. Fiz Sakai ir embora e enviei uma mensagem para ela.
Shuu: Todos gostaram da sua histĂłria!
A resposta veio quando cheguei em casa.
Eina: Sério?!
Normalmente, eu nĂŁo recebia suas mensagens quando estava na escola. Era provĂĄvel que ela enviava quando chegava em casa. Talvez a escola que frequentava proibisse celulares.
Shuu: Sério! O Clube de Jornalismo queria uma entrevista. Eles querem saber quem a escreveu! Mas consegui driblå-los.
Eina: EstĂĄ indo tĂŁo bem assim?!
Eu conseguia sentir sua alegria através da tela.
Mas, entĂŁo, me lembrei de algo importante.
Shuu: Ah, sim, jĂĄ ia me esquecendo. O que devo fazer com o livro finalizado? Quer que eu te envie?
Eina: Enviar⊠pode ser um pouco problemåtico.
Shuu: Acho que vocĂȘ nĂŁo iria querer dar seu endereço.
Claro que não iria querer. Até porque eu era só uma pessoa qualquer.
Eina: NĂŁo, nĂŁo me importaria⊠mas minha famĂlia pode nĂŁo gostar de alguĂ©m que nĂŁo conhecem me enviando algoâŠ
Shuu: Entendo.
Eina: Hmm⊠quem sabe⊠vocĂȘ poderia⊠me entregĂĄ-lo pessoalmente?
Meu coração saltou assim que vi a mensagem. Eu encontraria Eina.
Eina: Ah! Me desculpe! NĂŁo perguntei onde vocĂȘ mora.
Ela enviou outra mensagem enquanto eu ainda nĂŁo conseguia decidir o que responder.
Eina: Moro em Chiba, entĂŁo eu acho que perto de Kanto pode dar certo.
â O quĂȘ?!
NĂŁo pude deixar de gritar com surpresa. Eina tambĂ©m morava em Chiba?! CoincidĂȘncias como essa realmente existiam? Por alguma razĂŁo, meu coração estava acelerado.
Eina: Shuu-san, onde vocĂȘ mora?
Shuu: Em Chiba também, na Cidade C.
Acabou com uma série de mensagens de Eina, por isso me apressei em responder onde eu morava.
Eina: Então, o que acha de nos encontrarmos na Estação C?
Shuu: Pode ser.
Eina: Tudo bem, obrigada. Até såbado então!
Parte 7
A estação estava cheia de pessoas, possivelmente porque era såbado. O local estava limpo e arrumado desde que foi reformado hå dois anos, e era perfeito para encontrar pessoas.
Cheguei no local de compra dos bilhetes dez minutos antes do horĂĄrio que combinamos.
Shuu: Cheguei um pouco mais cedo. Estou na frente do pilar, usando um casaco preto e jeans, sou um adolescente.
Eina: Eu também. Pilar� Hmm, onde?
Shuu: Em frente aos portÔes. à direita de quem sai.
Eina: Direita⊠Pode levantar a mão?
Levantei a mĂŁo como ela pediu.
Shuu: Ergui.
Eina: HĂŁ, onde?
Shuu: O que vocĂȘ estĂĄ usando?
Eina: Uma camisa de malha leve, corsårio e sandålias. Meu cabelo estå solto e também sou adolescente.
Olhei ao redor. Vi muitas adolescentes, mas nenhuma parecia estar procurando alguém.
Shuu: Que estranho. Não é a estação privada, certo?
Eina: NĂŁo.
Shuu: Quer saber, vå até a måquina de bilhetes, vou para lå também.
Eina: Tudo bem, estou aqui.
Não vi ninguém lå.
Eina: Ă difĂcil achar alguĂ©m quando estĂĄ sendo reformado.
Franzi a testa.
Shuu: Reformado? Mas jĂĄ terminaram, nĂŁo?
Eina: Hein? Disseram que vai levar mais uns trĂȘs anos, nĂŁo Ă©?
Shuu: âŠ
Eina: âŠ
Provavelmente estava brincando comigo, ou era outro lugar com o mesmo nome. No entanto, existia apenas uma Estação C em Chiba. Então, me lembrei da data no arquivo dela, 09/xx/2013. Era 2018 agora, exatamente cinco anos de diferença.
As reformas terminaram dois anos atrĂĄs, entĂŁo a data batia com Eina dizendo que levaria âmais trĂȘs anosâ.
Shuu: Pode me enviar uma foto da frente da estação?
Eina: Aham.
Meu celular tocou quando a foto chegou. Estava coberta por barreiras de construção, no meio delas, a estação estava sendo reformada.
Estou sendo enganado.
Era fĂĄcil falsificar esse tipo de coisa. Por exemplo, se usar as mensagens iniciais como âuma garota que vive em 2013â, seria simples seguir a partir disso. PorĂ©m, por alguma razĂŁo, eu nĂŁo conseguia duvidar dela. SerĂĄ que ela realmente mentiria assim?
EntĂŁo…
Shuu: Eina, em que ano estamos?
Eina: Hein? Por quĂȘ?
Ela respondeu Ă pergunta Ăłbvia.
Shuu: Explicarei depois, sĂł me responda.
Eina: 2013âŠ
Li 2013 vĂĄrias vezes. NĂŁo havia engano. Podia ser uma mentira, mas eu queria acreditar nela, por isso falei com honestidade.
Shuu: NĂŁo fique surpresa, mas, para mim, Ă© 2018.
NĂŁo teve resposta por um tempo.
Eina: Eu⊠não consigo acreditar.
Shuu: Nem eu.
Parte 8
Fui até uma praça próxima, sentei-me em um banco e liguei para Eina. Estava ficando estressante conversar por mensagem.
Ela atendeu na mesma hora.
â Sou eu, Shuu. VocĂȘ estĂĄ mesmo em 2013? NĂŁo estĂĄ me engando, estĂĄ? â perguntei logo de cara.
Ela parecia aborrecida. Eu conseguia imaginar uma menina do ensino médio fazendo beiço para mim.
â Talvez vocĂȘ precisasse fazer alguma pegadinha comigo por causa de alguma punição em um jogo.
Fazia sentido.
â Mas Ă© possĂvel conversar com alguĂ©m que estĂĄ cinco anos no passado?
Peguei o livro da minha mochila e fiquei olhando para ele. Eu nĂŁo conseguiria entregĂĄ-lo entĂŁo. Que pena⊠Talvez eu pudesse transformar em PDF e enviar? Pode nĂŁo ser como ter a versĂŁo fĂsica, mas seria melhor do que nada.
Conforme esses pensamentos passavam pela minha mente, percebi algo.
â NĂŁo, nĂłs podemos nos encontrar.
â Posso te encontrar cinco anos depois. Claro, vocĂȘ vai ter que esperar por isso, foi mal.
NĂŁo era como se fossem cem ou duzentos anos, apenas cinco. Claro, em cinco anos, um adolescente como eu jĂĄ seria um adulto, entĂŁo ainda era bastante tempo, mas nĂŁo tanto para que precisĂĄssemos desistir de nosso encontro. Ou era isso o que deveria acontecer, entretanto, Eina, por alguma razĂŁo, permaneceu em silencio.
â Eina?
Depois de um tempo, ela falou baixinho.
â Hein, claro que nĂŁoâŠ
Ela parecia ter ficado triste. Entrei em pùnico com a mudança de sua atitude alegre.
â VocĂȘ nĂŁo fez nada de errado, me desculpe por sugerir isso.
Meu coração acelerou quando ela disse aquilo.
Sua voz ficou mais baixa, ela sussurrou:
Parecia que eu fui apunhalado por suas palavras silenciosas.
Eina⊠morta?
â VocĂȘ estå⊠doente?
Ela disse hipoteticamente.
Não estava errada, a vida de qualquer pessoa podia mudar drasticamente da noite para o dia. Mas a maioria das pessoas vivia com uma vaga sensação de que ainda estaria aqui no dia seguinte, e no dia depois desse⊠e até mesmo depois de cinco ou dez anos.
As pessoas conseguiam viver uma vida normal porque nĂŁo duvidavam disso. Mas Eina disse que poderia morrer.
Por quĂȘ?
O que a fez dizer uma coisa dessas�
NĂŁo perguntei qual era sua situação, ou por que era tĂŁo pessimista. Ela atĂ© pensava em suicĂdio na primeira vez que conversamos. Provavelmente tinha alguma relação, mas eu nĂŁo poderia perguntar, ainda havia uma distĂąncia muito grande entre nĂłs. Eu nĂŁo sabia se poderia fazer uma pergunta dessas para alguĂ©m que nunca vi antes.
â Tudo bem, vamos continuar conversando entĂŁo, Eina.
Falei com o måximo de euforia que podia e, possivelmente por causa disso, a voz dela ficou energética mais uma vez.
Suspirei.
Parte 9
Enquanto estava em meu quarto naquela noite, jĂĄ deitado, Eina me mandou uma mensagem.
Eina: Posso ligar para vocĂȘ agora? Shuu: Claro.
Logo recebi a ligação.
AlĂŽ.
<AlÎ, Shuu-san? Sou eu, Eina. Me desculpe por ligar tão tarde.> Não disse isso apena por educação, era o seu jeito mesmo.
NĂŁo se preocupe, amanhĂŁ Ă© feriado. EntĂŁo, o que foi?
<Eu estava pensando. Acho que devemos ter mais regras, jĂĄ que estou cinco anos no passado.>
Regras? â Franzi a testa.
<Sim, regras para evitar a influĂȘncia do passado. Acho que a me- lhor coisa a se fazer Ă© evitar mudar o passado o mĂĄximo possĂvel. Isso parece bastante com uma Ficção CientĂfica, certo?>
Verdade. EntĂŁo, conversar comigo assim nĂŁo contaria?
<Por isso que eu falei o mĂĄximo possĂvel. Um pequeno impacto nĂŁo deve ter problema, mas algo grande pode fazer o universo todo ex- plodir.>
Eu jĂĄ tinha ouvido esse tipo de coisa antes.
<Primeiro, de forma alguma me fale muito sobre o futuro.> Bem, isso era o bĂĄsico.
Hmm? Espere um pouco.
Se eu disser quais empresas fizeram sucesso, vocĂȘ pode ficar ri- ca, nĂŁo pode? DaĂ vocĂȘ pode dividir comigo depoisâŠ
<Shuu-san! Essa Ă© a pior coisa que vocĂȘ poderia ter dito!>
Estou brincando.
<Humph!>
Ri, mas parecia que ela estava fazendo beiço do outro lado do tele-
fone.
Me desculpe.
<NĂŁo tem graça. Precisamos tomar cuidado com coisas relaciona- das a dinheiro. Eu gostaria que vocĂȘ nĂŁo me dissesse que produtos estarĂŁo na moda daqui cinco anos.>
Entendido.
<Além disso⊠é melhor não falarmos muito sobre mim.>
Por quĂȘ?
<Se vocĂȘ souber de coisas relacionadas a mim, pode mudar a futu- ra eu de alguma forma, nĂŁo Ă©?>
Verdade. Vou evitar ao mĂĄximo fazer perguntas.
<Agora que penso sobre isso, parece que sĂł eu estou falando para vocĂȘ ter cuidado, sinto muito.>
NĂŁo tem como evitar, sou eu quem estĂĄ no futuro.
<Eu posso te falar sobre o passado, entĂŁo, se tiver algo que queira saber, sĂł perguntar.>
Tipo o quĂȘ?
<Hmm, tipo, como Chiba era cinco anos atrĂĄs?>
Duvido que mudou tanto em cinco anos.
<Pois Ă©.>
Ela parecia um pouco desanimada.
NĂŁo se preocupe. Estou no futuro, entĂŁo vocĂȘ nĂŁo pode mudar
isso.
<VocĂȘ Ă© gentil, obriga…>
Beeeep.
De repente, a ligação caiu.
Eina? â liguei de volta, mas ninguĂ©m atendeu. Depois de dez
minutos, ela me ligou.
<Me desculpe, Shuu-san.>
Tudo bem, o que aconteceu?
<Meu telefone nĂŁo parece estar funcionando direitoâŠ>
Ela disse de forma estranha, se nĂŁo houvesse um problema com o sinal, devia ser o telefone, mas Eina nĂŁo parecia querer falar sobre isso, por isso fechei a boca.
<Acho que por hoje era isso entĂŁo.>
Tudo bem, boa noite.
A ligação caiu abruptamente de novo. O que aconteceu?
Enquanto pensava sobre isso, percebi algo. Eu nĂŁo queria saber sobre o passado, ele nĂŁo importava. SĂł queria saber mais sobre Eina.
Tradução feita por fãs.
Apoie o autor comprando a obra original.
Compartilhe nas Redes Sociais
Publicar comentĂĄrio