Hai to Gensou no Grimgar â AP 1: CapĂtulo 21 â Volume 14+
Hai to Gensou no GrimgarGrimgar of Fantasy and Ash
Light Novel Online – ApĂȘndice 01:
[CapĂtulo 21: Nome]
Aquele homem nĂŁo tinha nome.
Nem rosto.
Ninguém conhecia a verdadeira identidade que jazia sob sua måscara esculpida em madeira.
Alguns acreditavam que talvez nĂŁo houvesse nenhuma. Provavelmente. Quer dizer, ei, por que nĂŁo? O que vocĂȘ acha?
O homem mascarado tirou os sapatos e ficou no meio de um rio.
Não era um rio grande. Um riacho. Podia ser por causa da recente falta de chuva, mas a ågua chegava apenas até a cintura do homem mascarado, e a correnteza era relativamente suave.
O homem mascarado apenas ficou lå, como um pedaço de madeira flutuante preso ou algo assim.
Estas eram coisas que ele nĂŁo estava pensando: Por quĂȘ? Estou me tornando um com a natureza? Isso Ă© natural?
Em vez disso, sua cabeça estava quase vazia.
Quase livre de pensamentos mundanos.
De repente, ele se moveu.
O homem mascarado se agachou ligeiramente, enfiando a mĂŁo direita na ĂĄgua.
Sem esforço, ele pegou um peixe.
Com a mĂŁo esquerda, pegou outro.
â Habilidade Pessoal, MĂŁo Divina… Ou sei lĂĄ.
O homem soltou uma risada vitoriosa alta, entĂŁo saiu do rio.
O homem que momentos antes estava em um estado livre de pensamentos mundanos nĂŁo estava mais lĂĄ, mas de certa forma, pode-se dizer que ele era um com a natureza. Talvez?
A criança gumow estava sentada Ă margem do rio. Sua palidez era, bem, difĂcil de dizer se era boa ou ruim. A cor de sua pele sendo o que era, nĂŁo estava claro. Provavelmente nĂŁo era boa, no entanto.
Os ombros da criança gumow estavam subindo e descendo, e ela exsudava um suor oleoso.
O homem mascarado jogou os dois peixes em algum lugar, então começou a fazer uma fogueira.
â Este lugar foi uma baita descoberta, hein? Esses orcs, eles caçam as feras e peixes sem restrição. Isso nĂŁo Ă© ecolĂłgico. Ă egocĂȘntrico. Ă ego, nĂŁo eco… ei, isso foi esperto, se me permite dizer! Tenho que me dar os parabĂ©ns. Bem, dizem que eles foram empurrados pelas forças humanas para o Deserto Nehi, o Planalto das Cinzas Cadentes, as PlanĂcies do Mofo e algumas outras terras ĂĄridas. Acho que isso os forçou a pegar o que podiam, quando podiam e quanto podiam. Eu entendo isso. Posso entender o sentimento, pelo menos.
A criança gumow estava em silĂȘncio. Tremia muito. Parecia que tudo o que podia fazer era suportar a dor.
O homem mascarado acendeu o fogo, espetou os peixes em varinhas e pegou o sal de sua bolsa.
â Ta-dah! SĂł se consegue isso nas cidades. Eu guardo para ocasiĂ”es especiais.
Com uma generosa pitada de sal em cada peixe, ele começou cozinhando o exterior deles perto do fogo. Uma vez que a pele secasse completamente, era só uma questão de alimentar o fogo com lenha e esperar.
Quando os peixes pararam de pingar umidade, era seguro pensar que estavam prontos.
O homem afastou sua mĂĄscara e mordeu um peixe bem cozido.
â Nossa! Isso Ă©… bom!
A carne quente e fumegante era maravilhosa. A amargura das vĂsceras dava um certo tempero. E entĂŁo havia o sal.
Aqui, gostaria de tomar um momento para professar minha crença na supremacia do sal. O mundo inteiro deve se curvar perante o sal. O sal é nosso salvador. Em outras palavras, o sabor do sal é todo-poderoso. Ter ou não esse sabor salgado muda tudo.
O homem mascarado ofereceu o segundo peixe Ă criança gumow. â Ei.
A criança gumow encarou o peixe frito, simplesmente balançando a cabeça fracamente.
â SĂł come logo. â O homem mascarado forçou a varinha na qual o peixe frito estava espetado na mĂŁo da criança gumow.
A criança gumow mordiscou o peixe frito sĂł um pouco. Seu rosto suado se abriu em um sorriso. â …Goo.
â NĂŁo Ă©, mesmo? Come tudo. Essa Ă© a sua parte.
O homem mascarado devorou seu próprio peixe com avidez. Não apenas a pele e a carne; ele partiu os ossos com os dentes e os engoliu também. A criança gumow estava comendo seu peixe uma mordida de cada vez, saboreando-o.
â Todos seremos abraçados por Skullhell um dia â disse o homem mascarado. â Hoje pode ser esse dia. Mas, ainda assim, se vocĂȘ pode comer, coma. VocĂȘ tem que viver atĂ© morrer.
No final, ao longo de um longo tempo, a criança gumow conseguiu terminar todo o peixe.
O homem mascarado deu um tapinha na cabeça da criança gumow e fez um elogio. A criança gumow parecia feliz, até orgulhosa.
O homem mascarado colocou a criança gumow nas costas e começou a caminhar.
Para o sul.
O homem mascarado estava indo para o sul.
Onde era isso? Ele sabia que era território de orcs e mortos-vivos, pelo menos, mas o homem mascarado não sabia sua localização exata.
Havia mais orcs. Eles ocupavam quase todas as cidades. Apenas algumas poucas eram governadas pelos mortos-vivos.
Os orcs tambĂ©m eram os que viviam nas vilas agrĂcolas. Os trabalhadores eram majoritariamente escravos gumow. Eles eram chicoteados, dia apĂłs dia, e forçados a trabalhar. Se os gumows tinham filhos, seus filhos tambĂ©m eram escravizados. Escravos geravam mais escravos, aumentando seus nĂșmeros. Os gumow nĂŁo eram diferentes do gado.
â Humano…? â a criança gumow sussurrou no ouvido do homem mascarado.
O homem mascarado pensou por um momento. â NĂŁo â ele negou. â NĂŁo sou humano, mas tambĂ©m nĂŁo sou inumano… Sou eu. NinguĂ©m alĂ©m de mim mesmo.
â …Nome?
â Quer saber meu nome? â O homem mascarado ajustou como estava carregando a criança gumow. De alguma forma, ela parecia mais pesada. â Ranta.
â …Rawnta.
â Sim. E vocĂȘ? Qual Ă© o seu nome?
â …Pat.
â Pat.
â Aye.
â Aguenta firme, Pat â disse Ranta.
Parecia que Pat assentiu.
Ranta caminhou. Ele caminhou em silĂȘncio.
Ranta havia caminhado com seus próprios pés todo esse tempo. Ele podia caminhar para qualquer lugar. Ele podia continuar caminhando.
Ele subiu uma encosta. Abriu caminho onde nĂŁo havia. Ele escorregava ocasionalmente, e como estava carregando Pat nas costas, nĂŁo podia se agarrar Ă s ĂĄrvores e Ă grama.
Quem se importa? NĂŁo Ă© grande coisa. Vou dar um jeito. Subir. Subir. Continuar subindo.
Perto do pÎr do sol, ele alcançou o topo de uma pequena colina. Era um espaço ao ar livre, e ele conseguia enxergar longe no horizonte.
O rio serpenteava. O sol poente fazia a superfĂcie brilhar. As montanhas se estendiam de forma exuberante. A floresta se espalhava em silĂȘncio. Aquele Ășnico lugar com fumaça subindo devia ser uma vila.
â O que acha, Pat? â perguntou Ranta. â Uma bela vista, hein?
NĂŁo houve resposta.
Ranta deitou Pat no chĂŁo.
Pat havia parado de respirar hĂĄ muito.
â …Estou sendo fiel ao meu prĂłprio coração? â Ranta sussurrou para si mesmo repetidamente.
Por algum motivo, ele nĂŁo conseguia encontrar uma resposta.
Era um sim?
Ou era um nĂŁo?
Ele nĂŁo sabia. Mas por quĂȘ?
Ele se ajoelhou ao lado de Pat, observando o momento em que o sol se punha.
O mundo escurecia a cada segundo.
O vento estava frio.
As nuvens no céu encobriam a lua vermelha.
Gotas de chuva esparsas caĂam, entĂŁo começaram a descer com força enquanto ele observava.
â Estou sendo fiel ao meu prĂłprio coração?
Ranta removeu a mĂĄscara e a jogou de lado. Ele se levantou e gritou alto, sem se importar se sua garganta cedesse.
â Sim! Estou sendo fiel ao meu coração! Pat!!
Ele olhou para Pat.
Na chuva torrencial, Pat nĂŁo se mexia nem um pouco.
Pat estava morto.
â Ă Deus das Trevas Skullhell, por favor, acolha Pat em seus braços. Todos sĂŁo iguais perante vocĂȘ, certo?
Ranta começou a cavar um buraco com as próprias mãos. Ele nunca descansou uma vez. A ideia de parar nunca cruzou sua mente. Ele cavou.
Ele continuou cavando.
Ele ignorou a chuva forte e ampliou o buraco.
Até que o buraco fosse perfeito para Pat, ele cavou como se estivesse em transe.
Ranta deitou Pat no fundo do buraco.
â Aqui tĂĄ um presente pra levar com vocĂȘ… porque nĂŁo tenho mais nada a oferecer.
Ele colocou as nove moedas de cobre que havia tomado dos orcs que matou sobre o peito de Pat.
Ele sabia muito bem que estava sendo tolo. O que ele queria dizer com âum presente pra levar com vocĂȘâ? NĂŁo havia vida apĂłs a morte. Os mortos nĂŁo iam a lugar nenhum, e nĂŁo podiam levar nada com eles.
Enquanto ele enchia o buraco, o amanhecer chegou.
A chuva havia diminuĂdo em algum momento.
Ranta pegou sua mĂĄscara.
Ele estava sozinho, entĂŁo nĂŁo precisava de um nome.
Se ninguém soubesse quem ele era, ele poderia estar sozinho.
Ranta usou uma faca para cavar outro sulco na mĂĄscara. A mĂĄscara tinha que mudar. Ele nĂŁo precisava gravar o nome de Pat nela. Ele sĂł precisava lembrar.
Ranta colocou a måscara de volta e começou a caminhar novamente.
Tradução: ParupiroHPara estas e outras obras, visite o Cantinho do ParupiroH â Clicando Aqui
Tradução feita por fãs.
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