Botsuraku Yotei – CapĂ­tulo 94

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Botsuraku Yotei Nanode, Kajishokunin wo Mezasu
Expecting to Fall into Ruin, I Aim to Become a Blacksmith

Web Novel Online – CapĂ­tulo 94



CapĂ­tulo 94

Isso aconteceu a muito, muito tempo atrĂĄs.

O velho Moran não só não era velho como estava no auge da sua juventude. Moran, dezesseis anos de idade, era um jovem atraente, com feiçÔes delicadas, de cabelos prateados e um olhar forte. Essa é uma história de quando ele frequentava a Academia Elenoire como um jovem aristocrata.

Moran sempre foi sĂ©rio em seus estudos, ficando no topo de sua classe. Ele leria livros sozinho e teria uma atmosfera que tornava difĂ­cil para os outros se aproximarem dele. Sendo uma pessoa obstinada e propensa a menosprezar os outros. Seu temperamento era explosivo, no entanto curiosamente sua popularidade com as garotas foi alta. Obviamente, isso significava que ser odiado pela maioria dos estudantes masculinos. Todas estas circunstĂąncias o faziam nĂŁo ter uma Ășnica pessoa a qual pudesse chamar de amigo.

Um dia, durante o recesso, ele estava a observar algo ao invĂ©s de ler seus amados livros. Seus cabelos prateados sopravam ao vento e seu olhar firme permanecia voltado para uma Ășnica mulher. Aos dezesseis anos, o jovem Moran descobriu o significado de se apaixonar. Sua figura talvez pudesse expressar um olhar tenso, mas internamente, seu coração disparava. A mulher que capturou o coração de Moran finalmente notou o seu olhar ardente apĂłs ser notificada por uma amiga, voltando-se para ele. A expressĂŁo dela sugeria que nĂŁo estava agradada pela atenção, por isso, ele rapidamente fugiu do local. Outras garotas poderiam ficar contentes em serem olhadas tĂŁo apaixonadamente por Moran, mas esta mulher em especĂ­fico nĂŁo foi movida por tal sentimento.

O nome da garota era HarpHelan. Como seu nome sugere, possuĂ­a uma voz linda como uma harpa. Ela era uma mulher estonteante com cabelos curtos e ruivos. Sempre sorrindo, como se satisfeita consigo mesma, seus olhos reluziam como se tudo o que visse fosse interesse dela. Ficar no meio da multidĂŁo lhe desagradava, por isso, ela preferia ficar sozinha e fazer apenas o que queria. Em outras palavras, Harp era um pessoa um pouco excĂȘntrica. NĂŁo se sabe se foi isso que atraiu a atenção de Moran, mas nĂŁo havia dĂșvidas de que ele estava apaixonado.

Os sentimentos dele cresciam a cada dia, mas não eram correspondidos. Suas pernas não o permitiam agir e portanto não havia sinais de que ela notasse a sua presença. Moran passou dias ocioso e a distùncia entre eles não diminuiu.

Conforme o tempo ia passando, Moran foi lentamente observando o relacionamento que Harp tinha com as pessoas que a cercavam. Francamente falando, ela não tinha nenhum amigo especialmente próximo, mas havia um lugar que visitaria ao menos uma vez a cada dois dias. Moran sentia vergonha de suas próprias açÔes, mas continuou a perseguí-la mesmo assim. Durante toda a história da humanidade, as pessoas agiram de maneira idiota em meio ao calor da paixão.

O lugar visitado regularmente era o porão de um armazém repleto de livros velhos. Tratava-se de uma biblioteca empoeirada com livros praticamente jamais lidos, do tipo que mesmo um leitor åvido como Moran nunca se interessaria.

— VocĂȘ veio,nari! Harpveio,nari! RĂĄpido, tome um assento, nari!

Havia um homem no canto do armazĂ©m lendo um livro Ă  luz de um candelabro. Era a pessoa que Harp viria se encontrar e Moran o conhecia bem. Ele era de um colega classe entĂŁo como ele se esqueceria? Seu nome era Petel e sempre terminava suas frases com um “nari”! Sua aparĂȘncia tambĂ©m era bastante peculiar, tendo um fĂ­sico magro e baixa estatura, olhos cabisbaixos, de boca e nariz compridos. Ele dificilmente poderia ser considerado um homem bonito.

Teriam Petel e Harp esse tipo de relacionamento entĂŁo!? Naquele momento, Moran sentiu como se o chĂŁo estivesse desmoronando sob seus pĂ©s. Afinal, este homem chamado Petel era incrivelmente excĂȘntrico, ainda mais do que o prĂłprio Moran.

Quando aconteceu isto?

Ele amaldiçoou sua própria falta de iniciativa. Talvez se tivesse agido antes, as coisas poderiam ter acabado diferente. Em meio a amargura suas emoçÔes se transformaram em raiva. Mmoran furiosamente se intrometeu enquanto eles conversavam alegremente.

Os dois ficaram chocados. Supostamente ninguĂ©m viria atĂ© este porĂŁo, ainda mais o famoso em toda academia, Moran, que chegou fazendo uma expressĂŁo assustadora. NĂŁo era para menos que eles estavam sem palavras. Foi nesse momento que os trĂȘs vieram a conhecer um ao outro e nĂŁo muito depois, tornaram-se bons amigos.

Assim que Moran descobriu que os dois não tinham aquele tipo de relacionamento, o mesmo começou a enxergar Petel de maneira mais favoråvel.

— EntĂŁo o que estĂĄ acontecendo? O que vocĂȘs tĂȘm feito aqui em baixo? — Um dia perguntou Moran.

Harp e Petel se olharam e hesitaram em responder. Isso irritou ainda mais Moran, deixando-o com ciĂșme, pensando que ambos compartilhavam um segredo que o deixava de fora. Os dois entenderam entĂŁo que Moran era uma pessoa extremamente temperamental e, por fim, decidiram lhe contar o segredo como prova de sua amizade.

— HarpHelan. Como meu sobrenome sugere, minha família pertence ao território Helan.

— Aah, os nobres da periferia. Eu jĂĄ havia ouvido falar de vocĂȘs.

— Nobres da periferia!? Que rude! Bem, suponho que seja verdade. Mas ainda assim, Helan Ă© um Ăłtimo lugar. O territĂłrio Ă© rico em belezas naturais e suas flores sĂŁo incomparĂĄveis. VocĂȘ jamais conseguiria apreciar tamanho luxo plantando nos campos da Capital, nĂŁo Ă© mesmo?

— Hmph, como se eu pudesse chamar algo assim de luxo. Luxo para mim Ă© somente pedras e metais preciosos.

— VocĂȘ nĂŁo sabe o verdadeiro significado de riqueza.

— VocĂȘs dois Ă© que nĂŁo sabem,nari! Luxo mesmo Ă© viver cercado de livros, nari!

Cada um deles tinha a sua prĂłpria ideia do que era riqueza.

Harp disse que aquilo era irrelevante e tentou continuar sua histĂłria. Moran se virou para ela com um olhar apaixonado. Ele estava interessado em suas palavras, mas seu interesse maior era nela. Petel parecia completamente ignorante a isso e sentou-se ao lado dele, lendo um livro como se aquilo nĂŁo tivesse nada a ver com ele.

— Nós podemos debater sobre isso uma outra hora. Primeiro, acerca do que Petel e eu estamos pesquisando, tudo isso começa com um lenda passada pela família Helan.

— Lenda? Hmph, vocĂȘs ainda tĂȘm uma coisa dessas?

Moran a provocou um pouco. Era um costume dele menosprezar os outros. Ele era um pensador lógico, por isso, coisas como velhas lendas e mitos o aborreciam muito. Elas eram sempre tão vagas e incertas que não mereciam a sua atenção. Entretanto, Harp foi bastante insensível aos sentimentos alheios, por isso, ela não demonstrou qualquer chateação com a atitude de Moran.

— Sim, uma velha lenda que tem sido contada. Minha agora falecida avó me contou quando eu era bem nova que isso era muito importante.

— O que ela lhe contou?

Harp inspirou profundamente. Era algo tĂŁo importante que ela nĂŁo queria contar de Ăąnimo leve. Moran foi um bom amigo, entĂŁo ela queria dividir este segredo com ele.

— Centenas de anos atrĂĄs, a terra onde hoje Ă© conhecida como territĂłrio Helan era considerada amaldiçoada. NĂŁo sĂł era impossĂ­vel viver lĂĄ como sequer crescia grama ou ĂĄrvores. Havia inclusive boatos de que qualquer um que pusesse o pĂ© lĂĄ jamais retornaria a salvo. A terra pertencia ao territĂłrio de Kudan, mas nenhum nobre teve a coragem de reinvidicĂĄ-la…

Moran ouviu atentamente. A expressĂŁo honesta de Harp demandava isso. Ela normalmente teria uma atmosfera relaxada ao seu redor, mas enquanto contava a histĂłria, uma aura de seriedade emanava dela. Ele nĂŁo tinha vontade de fazer pouco caso agora.

— Isso tudo começou quando um certo nobre foi ordenado a ir viver sob estas terras impiedosas.

Ele havia se envolvido em uma trama de poder no PalĂĄcio Real e acabou sendo expulso da Capital. Como uma forma de insulto, foram-lhe concedidas novas terras, o territĂłrio Helan. Este homem chamado Helan seria o primeiro senhor feudal.

                                       

◇◇◇



◇Esta Ă© uma histĂłria que aconteceu centenas de anos atrĂĄs◇

O homem perdeu seu antigo nome de famĂ­lia e viveu sozinho em suas novas terras sob o nome de Helan.

Este homem chamado Helan possuía um brilhante cabelo vermelho, corpo magro porém forte e uma vitalidade que o impedia até mesmo de adoecer. Mas o que mais o distinguia era que este homem estava sempre a sorrir. Ele poderia se dar muito bem com qualquer um e amava rir. Embora descendesse de uma antiga e nobre linhagem, ele frequentemente interagiria com os plebeus e até mesmo visitaria as cervejarias locais. Até mesmo ofereceria sua ajuda de bom grado independentemente da situação. Ele era amado por muitos, mas tinha pouca consideração ao sangue nobre que carregava.

Helan não tinha interesse em poder ou fortuna, foi apenas azar ter acabado se envolvido em uma disputa de poder. Apesar disso, sua vontade de se opor a isso era nula e assim ele aceitou a ordem de passar o resto dos seus dias em uma terra amaldiçoada. No entanto, para viver em um lugar assim não lhe parecia ser falta de sorte em si. Ele sempre adorou trabalhar com a terra, mas por ter nascido como um nobre, além disso, um nobre talentoso, acabou sendo obrigado a viver na Capital. Agora ele seria capaz de viver por si mesmo e isso o deixava feliz de alguma forma. Estava sozinho em uma terra onde não crescia grama ou årvores. Sua sentença foi praticamente um banimento, ainda assim, ele sentia uma plenitude todos os dias em que estava ali.

Helan dormiria em um caverna natural durante as noites e, ao nascer do sol, iria plantar capim e årvores. Ele sempre estava sozinho durante o seu trabalho e a concentração era tão grande que frequentemente acabava até mesmo esquecendo de descansar. Os dias foram passando, as vezes com comida, as vezes sem. Assim, seu corpo foi ficando cada vez mais magro, sua pele clara foi queimada pelo sol e ele acabou parecendo uma pessoa completamente diferente. No entanto, sem se importar com isso, continuou a lutar sozinho na terra amaldiçoada.

A grama e as árvores não cresceram


Nada mudou. O que estava estéril continuou estéril. O mundo poderia estar mudando, mas aquelas terras jamais mudariam. Ainda assim, alguma coisa mudou em volta de Helan. Ele jå não estava mais sozinho.

Haviam trinta pessoas com ele no total. Cada uma delas tinha suas próprias razÔes para vir aqui, mas o que importava é que eles estavam aqui. Helan não questionou a qualquer um sobre suas motivaçÔes, ele não iria rejeitå-los e até compartilharia a pouca comida que tinha e assim todos viviam juntos.

Cada um deles sentia enorme gratidão por ele e admiravam sua humanidade. Havia aqueles que ainda tinham algum lugar para ir, mas decidiram ficar aqui junto a ele. Todos tinham fé que a força de vontade de Helan faria com que a terra amaldiçoada se tornasse habitåvel e rica.

Um dia, Helan reuniu todos os residentes. Ele disse que tinha algo importante a dizer.

— Pessoal, por muito tempo eu tenho ignorado este fato, mas hĂĄ algo de estranho com o fluxo de magia dessas terras. A mana que corre de maneira natural pelo mundo flui de maneira estranha aqui. E isso nĂŁo Ă© algo aleatĂłrio, mas parece intencional
 nĂŁo Ă© para menos que chamam esse lugar de amaldiçoado.

Mas no que saber disso ajudaria? Isso não faria apenas com que a nossa determinação fraquejasse? Foi o que todos pensaram quando ouviram suas palavras.

— A partir de agora irei investigar cada canto dessas terras. Irei atĂ© mesmo nas profundezas que sempre evitei e descobrirei o que estĂĄ causando a desordem no fluxo da magia deste lugar.

— E depois? — Perguntou alguĂ©m

— Farei com que tudo fique normal, Ă© claro! Desse modo, esse lugar estarĂĄ livre da maldição.

— Mas como vocĂȘ vai fazer isso?

— Felizmente, fui abençoado com um dom para a magia. Eu prometo a vocĂȘs que irei encontrar a causa e quebrarei a maldição. Esse dom me foi dado exatamente para esta razĂŁo
 Ă© nisso que tenho começado a acreditar.

— Eu nĂŁo acho que vocĂȘ deveria tentar mudar o fluxo natural da magia deste mundo. Algo desse tamanho deverĂĄ ter sĂ©rias consequĂȘncias. — AlguĂ©m com algum entendimento sobre magia levantou este ponto.

— Eu nunca imaginei que nĂŁo haveria consequĂȘncias, no entanto, este Ă© o meu sonho


Não havia mais razÔes para discutir. Helan decidiu abandonar a årea onde eles ainda conseguiam algum sustento e foi explorar as regiÔes mais profundas da terra amaldiçoada.

Cada um deles havia apoiado a sua decisão e queriam acompanhá-lo. O sonho de Helan tinha se tornado o sonho deles. Todos foram fascinados pelo seu cintilante sorriso. Os cabelos ruivos de seu líder os guiariam, não importa o quão longe fosse, seus seguidores jamais perderiam sua cabeleira de vista


A jornada foi muito mais årdua que o antecipado. Não havia sinal para um fim e nenhuma garantia de sucesso, ainda assim, ninguém abandonou a jornada e ninguém questionou a futilidade disso. Entretanto, o ambiente hostil foi derrubando os companheiros de Helan um a um. Aqueles com os corpos mais frågeis foram os primeiros a tombar.

Passados trĂȘs anos, ele finalmente foi capaz de ter uma noção inteira do fluxo mĂĄgico do territĂłrio, sendo capaz de determinar a fonte de toda a magia.

Ela se encontrava em um lugar que passou a ser conhecido posteriormente como o Pùntano Amaldiçoado de Helan. Apenas treze pessoas foram capazes de chegar até aquele lugar. Mais da metade de seus companheiros haviam sido perdidos durante a jornada.

— HĂĄ muito tempo atrĂĄs havia um outro paĂ­s onde hoje Ă© Kudan. Dizem que um homem conhecido como um filĂłsofo fugiu para cĂĄ e ficou atĂ© o fim dos seus dias. As lendas dizem que ele cantou uma canção amaldiçoando este lugar e entĂŁo morreu. Quem imaginaria que esta lenda seria verdadeira? — Disse alguĂ©m do grupo que era um grande conhecedor de histĂłria.

O pĂąntano era uma evidĂȘncia de que tudo era verdade. O turbilhĂŁo de magia que se erguia de suas profundezas,  machucava a terra. A alma do filĂłsofo dormia neste lugar e continuava a cantar mesmo apĂłs a morte, devido ao profundo Ăłdio que sentia. Entretanto, essa terra tambĂ©m era a esperança deles e se pudessem trazer paz Ă  sua alma, este lugar amaldiçoado floreceria.

A årea próxima ao redemoinho era estranhamente coberta pela natureza, bem diferente de todo o resto. Este lugar poderia ser comparado ao olho de um furacão, onde a maldição se mostrava mais forte, mas aparentava ser o local menos afetado.

Os treze sobreviventes decidiram fazer daquele ponto a sua base. Ali eles poderiam investigar como quebrar a maldição, o que renovou suas determinaçÔes e, ao longo de dez anos, o feitiço finalmente estava completo. Crianças nasceram e outras pessoas se juntaram, fazendo com que seu nĂșmero crescesse para cinquenta. Helan agora estava preparado para a batalha final contra a maldição.

— Pessoal, me escutem, por favor. Estarei pondo um fim na maldição desta terra. O feitiço finalmente está concluído.

Obviamente todos estavam cientes do fato. Durante estes dez anos, cada um ajudou com a pesquisa e assim, tornando-os especialistas em magia. Os pequenos detalhes tambĂ©m eram de conhecimento geral e por isso os companheiros de Helan tinham uma expressĂŁo sombria no rosto. Quando finalmente havia chegado o momento de erradicar a maldição


— Tenho certeza de que jĂĄ sabem disso, mas a maldição nĂŁo pode ser completamente derrotada. Minha força sozinha nĂŁo Ă© o suficiente. Para usar este feitiço eu terei de sacrificar a minha vida e mesmo assim o feitiço sĂł irĂĄ durar pelos prĂłximos trezentos anos. Me dĂłi o coração ter que passar um fardo tĂŁo pesado para os meus descendentes, mas nĂŁo hĂĄ outra escolha. Em trezentos anos, a maldição certamente irĂĄ retornar para esta terra. Entretanto, um jovem rapaz com as mesmas propriedades mĂĄgicas que as minhas irĂĄ certamente nascer entre os meus descendentes durante este mesmo tempo para se levantar contra a maldição. Infelizmente, ele terĂĄ de sacrificar sua prĂłpria vida, mas com toda certeza esta terra serĂĄ libertada para sempre quando o fizer.

Ninguém presente se importava com o que aconteceria a este descendente que ainda viria a nascer em um futuro distante. O maior pesar agora era perder seu precioso líder em troca destes mesmos trezentos anos de paz. Aquele que se ergueu diante deles e era o seu raio de esperança.

No entanto, todos entendiam que nĂŁo teriam a menor chance de vencer a maldição se Helan nĂŁo se sacrificasse. Eles entendiam em suas cabeças, mas nĂŁo em seus coraçÔes. Helan era a sua esperança e sĂł haviam chegado atĂ© aqui graças a ele. Mesmo que fossem capazes de retornar a paz a esta terra, se Helan nĂŁo estivesse junto, entĂŁo o mundo inteiro poderia


Apesar disso, a decisão foi tomada. Helan escolheu sacrificar sua vida para tornar a vida de todos que o seguiram mais feliz. Ele não tinha qualquer intenção de recuar agora jå que mais ninguém poderia tomar o seu lugar. Esta foi uma missão que somente Helan poderia cumprir através da magia suprema, fruto de todo o seu talento e esforço.

Um dia antes de realizar o feitiço, Helan foi sozinho atĂ© o pĂąntano de manhĂŁ cedo. O plano era ativĂĄ-lo no dia seguinte, na frente de todos os seus amigos, mas dizer adeus era muito doloroso para ele, portanto, sem dizer nada a ninguĂ©m, Helan caminhou solitĂĄrio atĂ© o centro do pĂąntano, apenas com seus reluzentes cabelos vermelhos atrĂĄs dele. Todos sempre foram encorajados ao verem seu cabelo vermelho, mas a vida de Helan foi perdida naquele dia. Enquanto todos ainda dormiam naquela manhĂŁ, Helan utilizou o seu Ășltimo grande feitiço.

O redemoinho da maldição parou e o feitiço de Helan reverteu Ă  direção da maldição. Quando tudo acabou, a terra ressecada foi regenerada e flores cresceram a partir do centro do pĂąntano. Chuva caiu por mais de um mĂȘs, formando rios, crescendo flores, gramas, ĂĄrvores, transformando aquele territĂłrio em uma terra abençoada, um pouco mais que um mĂȘs apĂłs a morte de Helan. Os companheiros sobreviventes batizaram a terra com o nome de Helan e seu filho se tornou o segundo lorde feudal. O feitiço criado por Helan foi compilado em cinco livros mĂĄgicos e a histĂłria foi passada de geração em geração para que um dia seus descendentes pudessem combater a maldição quando ela retornasse trezentos anos depois.

— Em trezentos anos, aquele que carrega o sangue de Helan irá apagar a maldição de uma vez por todas. Ele terá a propriedade mágica do redemoinho em si e terá um dom incomum para a magia. Será uma pessoa destemida e com cabelos ruivos assim como Helan.



◇◇◇



— Isso Ă© tudo. A Ășltima parte Ă© especialmente importante e minha avĂł a repetiu para mim inĂșmeras vezes.

Moran ouviu a histĂłria tĂŁo intensamente que ficou sem palavras. Ele ficou impressionado por ser ignorante sobre tal lenda. Era algo difĂ­cil de acreditar e ao mesmo tempo, chocante para si.

— Por que vocĂȘs dois
 manteriam algo assim em segredo? Se Ă© tĂŁo importante nĂŁo seria melhor espalhar para todo o mundo e obter ajuda nisso?

Foi uma opiniĂŁo sensata.

— NĂłs nĂŁo podĂ­amos e Ă© por isso que Petel e eu estamos trabalhando tĂŁo duro nisso. Investigando em cada um destes velhos livros.

— HĂŁ? Por quĂȘ? Essa histĂłria nĂŁo Ă© algo conhecido por todo mundo em Helan?

As palavras de Moran se deram por ele não saber as dificuldades que os dois tiveram que passar até hoje e por isso elas foram extremamente grosseiras para ambos. Depois disso, levou uma semana até que Harp e Petel voltassem a discutir o tópico novamente.

— Muita coisa aconteceu em Helan nas Ășltimas centenas de anos, levando os textos a serem perdidos e a lenda começar a fadar. Sendo franca, nĂŁo hĂĄ ninguĂ©m que a leve a sĂ©rio. Quando minha avĂł repetia isso em seu leito de morte, todos apenas ignoraram como sendo os delĂ­rios de uma velha. Meus pais, meus irmĂŁos
 todo mundo. E assim apenas Petel e eu decidimos fazer alguma coisa.

— Por que Petel está te ajudando?

— Porque eu tenho muito interesse nisso, nari! AlĂ©m disso, Ă© divertido passar o tempo com a Harp, nari!

Devido essas interaçÔes impensadas entre os dois que Moran ficava enciumado, dizendo coisas pelas quais se arrependeria depois.

— Hmph. Eu acho que a coisa toda não passa de mentira. Claramente tudo isso não passa de uma história para tentar tornar esse fim de mundo um lugar um pouco mais interessante


— VocĂȘ foi longe de mais, nari


— 


No entanto, Moran estava muito interessado em Harp e, uma vez que viu a determinação dela, ele tambĂ©m começou a investigar seriamente a lenda para poder ajudĂĄ-la. Os dias em que os trĂȘs passaram juntos foram frutĂ­feros e divertidos tambĂ©m.

— Este Ă© o quarto livro mĂĄgico
 mas ainda temos que achar o mais importante, o quinto livro.

— Sim
 Os primeiros quatro tinham como propĂłsito aprofundar os fundamentos mĂĄgicos, mas o quinto Ă© onde o feitiço supremo estĂĄ gravado. Ahh, porque nĂŁo conseguimos achĂĄ-lo???  

— NĂŁo precisa entrar em pĂąnico, nari. Vamos encontrĂĄ-lo eventualmente, nari. O quinto Ă© o mais importante, por isso deve estar mantido a salvo, nari. É apenas que ele foi esquecido em um local secreto e por isso nĂŁo conseguimos achĂĄ-lo ainda, nari!

— Isso Ă© muito triste em si. SĂł nos resta um ano de academia, por isso precisamos terminar o que pudermos.

Por volta desse tempo, Harp começava a ser atraída pela profunda gentileza de Moran e sua atitude determinada. Petel percebeu o sentimento dos dois e começou a ajudå-los a se aproximarem.

— Em qualquer caso, pergunto-me se Ă© obra do destino que Harp tenha a mesma cor de cabelo que o primeiro senhor de Helan. O seu cabelo Ă© muito bonito, Harp. Talvez vocĂȘ seja o descendente da profecia?

— Eu acho que nĂŁo. Ela nĂŁo se concretizarĂĄ por pelo menos sessenta anos ainda e eu nem tenho a aptidĂŁo mĂĄgica do primeiro Helan. Se houver algum significado na cor do meu cabelo
 talvez a minha missĂŁo seja continuar transmitindo a lenda para as futuras geraçÔes.

— VocĂȘ tambĂ©m precisa reunir os livros mĂĄgicos.

— Exatamente!

E assim os trĂȘs passaram suas juventudes a serviço do futuro de Helan, mas, ainda assim, eles apreciavam a presença um do outro e estavam felizes com isso.

O desastre aconteceu durante o Ășltimo ano como estudantes.

Moran sempre foi abençoado com o dom e, depois de ter estudado os livros de Helan, alĂ©m de vĂĄrios outros, seu conhecimento cresceu ainda mais. Desse modo ficou decidido que ele iria trabalhar no PalĂĄcio Real depois que se graduasse. NĂŁo se tratava de um posto ordinĂĄrio, mas de um importante passo que lhe geraria inĂșmeras possibilidades, inclusive a de se tornar o futuro Primeiro-Ministro.

Harp ficou de retornar para sua terra natal quando se graduasse e Petel decidiu seguí-la. Moran queria ir junto, mas
 o outro caminho era muito tentador para si. Seu coração vacilou, no entanto, ele eventualmente fez uma escolha que acabaria vindo a se arrepender.

Moran escolheu ir para o Palåcio Real. Neste país ele poderia alcançar uma posição que estaria abaixo somente a do rei. Ele era jovem e estava obcecado sobre esta possibilidade. Seu talento e espírito competitivo, retiraram de sua vista qualquer objeção que pudesse vir a ter. Não foi fåcil, mas sua vida seguiu tranquila depois disso.

Um dia, ele recebeu a carta de um velho amigo. Foi de Petel.

Muitos anos jå haviam passado desde que se apaixonara por Harp. Embora o sentimento tivesse enfraquecido, ele ainda permanecia em seu coração, assim, ele decidiu ir visitå-los logo que se tornasse o Primeiro-Ministro. Além disso, a nostalgia de receber uma mensagem de Petel o deixou genuinamente feliz de receber a carta.

O conteĂșdo dela foi basicamente acontecimentos que ele havia perdido, o deixando repleto de curiosidade, mas havia algo que o deixou incomodado. Harp nĂŁo estava bem de saĂșde. A carta incluĂ­a um pedido para que Moran fosse atĂ© Helan, pois Harp certamente iria melhorar se visse a sua face.

Moran queria sair voando até lå o mais råpido possível. Mas ele não poderia ir. O exame de promoção estava próximo e, caso desejasse tornar-se o Primeiro-Ministro, não poderia negligenciå-lo. Assim, Moran decidiu prestar o exame ao invés de ir para Helan. Evidentemente ele obteve a nota mais alta do exame e obteve um enorme crescimento social. Dia após dia, participaria de festas com os poderosos e para manter suas conexÔes, iria para todo e qualquer evento, mesmo sacrificando o seu tempo de sono.

A vida de Moran seguia muito bem e ninguém duvidava de que ele se tornaria o mais jovem Primeiro-Ministro da história
 e enquanto isso acontecia, uma nova carta de Petel chegou.

Harp estava muito mal. Petel implorava em cada sentença para que Moran se apressasse. Os exames haviam terminado e ele poderia ir se quisesse. Entretanto, havia um convite para a festa de aniversário da filha de um importante nobre. Caso fosse, poderia garantir um formidável apoio político. Ele poderia alcançar o tão sonhado posto de Primeiro-Ministro e assim o escolheu
 Mais uma vez, Moran ignorou o território Helan e foi a festa de aniversário de uma garota que nunca tinha visto antes.

De fato, ele sentiu que havia feito a decisão correta e ficou satisfeito com isso. Afinal, todos o tratavam de maneira especial onde quer que fosse e caso quisesse, poderia ir a Helan a qualquer hora
 a qualquer hora


Meio mĂȘs depois, uma nova carta de Petel chegou. Moran sentiu uma pontada de irritação enquanto a abria, achando que seria outra chamada qualquer para Helan. Entretanto, o conteĂșdo da carta excedeu e muito, muito mesmo, as suas expectativas.

Harp havia deixado este mundo. Ela havia chamado por Moran em seus Ășltimos momentos, mas suas sĂșplicas nunca tiveram resposta. Desamparada, sua alma ascendeu aos cĂ©us. Moran pĂŽde sentir o sofrimento de Harp, e o Ăłdio e a tristeza de Petel atravĂ©s da carta. Ele nĂŁo conseguiu ficar de pĂ© e caiu de joelhos, curvado para o chĂŁo.

Sua mente parou de funcionar. NĂŁo apenas a mente, seu corpo inteiro vacilou. Foi por apenas um instante, mas ele foi atingido pelo sentimento sĂșbito de estar morto. Petel escreveu o seu adeus no papel.

Com apenas uma carta, Moran perdeu seus dois melhores amigos. Foi entĂŁo que ele finalmente percebeu sua prĂłpria tolice. A estrada que havia escolhido nĂŁo tinha qualquer significado. NĂŁo, ela tinha significado, mas era tĂŁo pequena quando comparada com o que havia perdido, que praticamente nĂŁo havia nada.

Se ele tivesse escolhido seguir para Helan, poderia ao menos ter sido capaz de ver Harp uma Ășltima vez. Poderia ter visto o belo sorriso dela uma Ășltima vez. Poderia ter milagrosamente salvo a vida dela. Mas no final, ele escolheu fechar esta porta por seu livre arbĂ­trio.

Moran perdeu tudo o que tinha naquele dia. Ele não se importava mais em progredir, em se tornar Primeiro-Ministro, posição, fortuna, nada. Ele abandonou tudo e deixou o Palåcio Real. Seu coração estava vazio e assim viajou sem rumo. Uma jornada completamente sozinho.

Sem saber quantos dias ou meses haviam se passado desde que deixou a Capital, um dia ele encontrou uma linda flor desabrochando. Ele nĂŁo sabia o porquĂȘ, mas aquela flor lhe parecia especialmente bela. Moran esteve por tanto tempo em meio a escuridĂŁo, com sentimentos vazios
 que ficou surpreso que seu coração tenha sido encantado novamente. Depois de admirar aquela flor por um tempo, ele notou que outras flores estavam prĂłximas e continuou a caminhar, Ă s seguindo.

Diante de si estava algo chocante. O mais belo campo florido que jĂĄ havia visto estava diante de seus olhos, com cores vibrantes que pareciam pintar o seu coração acinzentado. Havia um colina inteira coberta de flores. Flores que cresciam de forma natural, vermelhas, azuis, verdes e amarelas. Elas cresciam em tantos lugares diferentes que criavam a ilusĂŁo de se estenderem atĂ© o infinito. Antes que percebesse, Moran havia se apaixonado por esta terra. Talvez ele pudesse encontrar o fim de sua jornada
 o fim dessa longa e cansativa jornada.

Aconteceu de um comerciante estar passando por ali e Moran correu até ele para perguntar onde estava.

— Aqui? Este Ă© o territĂłrio Helan Ă© claro


EntĂŁo este era o territĂłrio Helan
 os olhos de Moran subitamente se encheram de lĂĄgrimas. Esta era uma estranha coincidĂȘncia. Ele lamentou imensamente que nĂŁo tivesse vindo a tĂŁo belo lugar antes e recordou de seus velhos amigos. Recordou de seu primeiro e Ășnico amor. Recordou daquilo com o que ela se preocupava e decidiu proteger este lindo territĂłrio Helan no lugar dela.

Neste dia, Moran decidiu viver sua segunda vida. Decidiu que iria proteger a paz deste lugar. Por ela, a quem ele amava e que jå não estava mais aqui. Era muito tarde para receber o perdão, mas ele finalmente encontrou uma forma de viver com a sensação de ter feito a escolha certa em seu coração.

Depois disso, Moran usou seus talentos para ganhar a posição de bibliotecårio da Mansão Helan e por décadas, desde então, ele dedicou sua vida em investigar uma forma de derrotar a maldição que certamente um dia ressurgiria.

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