Botsuraku Yotei – CapĂ­tulo 90

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Botsuraku Yotei Nanode, Kajishokunin wo Mezasu
Expecting to Fall into Ruin, I Aim to Become a Blacksmith

Web Novel Online – CapĂ­tulo 90


CapĂ­tulo 90

— CHEFE!

— NÃO, CHEFE! POR FAVOR, NÃO VÁ!

— O QUE SERÁ DE NÓS SEM VOCÊ, CHEFE?

— DIGA ALGUMA COISA, CHEFE!

Hoje eu estava deixando a cadeia para poder participar do meu julgamento e o resultado disso foi que todos os meus capangas correram atĂ© a mim para chorar. Nunca imaginei que a minha popularidade fosse tĂŁo grande nesse tipo de lugar…

— LĂĄ fora existe uma batalha que preciso travar nĂŁo importa o que aconteça… Se eu perder, deverei voltar aqui.

— ENTÃO QUE PERCA!

— VÁ TOMAR UMA SURRA, CHEFE!

— PERCA PELO BEM DE TODOS NÓS!

Mas que bando de traidores! VocĂȘs estĂŁo fazendo as coisas ficarem ainda mais difĂ­ceis para mim. PorĂ©m, preciso admitir que viver aqui nĂŁo foi tĂŁo ruim. Passar o resto da vida na prisĂŁo estĂĄ fora de questĂŁo, no entanto nĂŁo me importaria de vir aqui de vez em quando para dar uma olhada.

— Eu nĂŁo posso perder. Essa batalha nĂŁo Ă© sĂł minha, ela tambĂ©m envolve muitas gente importante para mim. Por causa disso, preciso lutar para vencer. Eu tenho um carinho especial por este lugar…, mas realmente tenho que partir.

— Chefe… vocĂȘ estĂĄ lidando com um monte de coisas fora daqui, hein? VocĂȘ Ă© um cara incrĂ­vel. Se Ă© assim, acho que  nĂłs nĂŁo podemos ficar mais lhe segurando… CHEFE, VÁ E PROTEJA AS PESSOAS QUE LHE SÃO IMPORTANTES!

— Sinto muito, mas preciso ir pessoal. Por favor, ponham os planos que fiz em prática e vivam de forma digna nesse buraco. Agora eu irei partir!

Assim, sob o olhar afetuoso dos prisioneiros — para ser um pouco mais dramático — eu embarquei no elevador, retornando à superfície. A atmosfera estava muito diferente de quando cheguei aqui. A sombria e mórbida Prisão de Kudan já não existia mais, tornando-se um lugar iluminado e vívido. Isso ficava evidente olhando daqui de cima.

— Chefe, o senhor pode ficar tranquilo. Nós iremos fazer uma limpeza completa em todo quadro de funcionários da prisão para nos livrarmos dos corruptos. Quando tivermos uma noção mais detalhada, teremos certeza de lhe enviar um relatório.

Talvez seja só impressão minha, mas a forma como o guarda do elevador falou comigo parecia até que eu também havia me tornado o Chefe dos guardas da prisão. Seria esse o motivo pelo qual ele estava fazendo uma expressão tão séria?

— Excelente. Faça uma investigação cuidadosa e tenha certeza de me deixar totalmente a par da situação.

— COMO O SENHOR DESEJAR, CHEFE!

Em algum momento, acabei me tornando o Chefe da prisĂŁo inteira… era quase como se o sapo dentro do poço tivesse feito a ĂĄgua transbordar e se espalhar pela superfĂ­cie. Talvez eu seja um homem habilidoso no final das contas.

O elevador finalmente chegou ao seu destino, sacudindo e fazendo um estrondo. Na superfĂ­cie, os guardas estavam prestando continĂȘncia, formando uma passagem para mim.

— Chefe, todos os homens foram reunidos para assistir a sua partida!

Eh? Sério? Como diabos as coisas acabaram assim?

— …Bom trabalho. Continuem fazendo o seu melhor e gradualmente tentem interagir com os prisioneiros lĂĄ em baixo. Sim, esse serĂĄ o melhor curso de ação daqui para frente.

— AO SEU COMANDO, CHEFE!

Caminhando pela fileira de guardas, cheguei até uma carruagem que se encontrava no final do caminho.

Eles prepararam até mesmo uma carruagem


Quando cheguei na prisĂŁo, eu nĂŁo fazia ideia do que poderia acontecer, mas agora sentia um pouco de tristeza ao ter que partir.

Adeus, PrisĂŁo de Kudan.

— CHEFE! AGUARDAREMOS O SEU RETORNO EM BREVE!

No final, todos os guardas levantaram suas vozes e começaram a torcer por mim. Em outras palavras eles queriam que eu fosse encarcerado outra vez!? Sei de nada disso nĂŁo… talvez?

— Cara… o que diabos foi isso?

Quando entrei na carruagem, o Príncipe Arc falou comigo e ao lado dele, Iris estava com uma expressão incrédula. Os dois provavelmente estavam tão preocupados comigo que vieram pessoalmente me receber. Eu realmente tinha bons amigos.

— DESPERDICEI O MEU TEMPO ME PREOCUPANDO COM VOCÊ, KURURI HELAN! DAQUI PODÍAMOS OUVIR O CLAMOR DOS PRISIONEIROS NO SUBSOLO E VOCÊ ATÉ MESMO ADESTROU OS GUARDAS! QUE MERDA ANDOU FAZENDO NESTE LUGAR!? NÃO ERA PARA VOCÊ TER SIDO ENCARCERADO!?

— E eu fui, mas nĂŁo foi nada demais. O pessoal daqui foi muito legal comigo e eu atĂ© consegui um sofĂĄ.

— Foi isso mesmo? Nunca imaginei que a PrisĂŁo de Kudan fosse um lugar tĂŁo honesto. Mas me fale uma coisa, o que eles queriam dizer com “Chefe”? Parecia atĂ© que estavam se referindo a vocĂȘ…

— NĂŁo sĂł parecia, eu realmente me tornei o Chefe desse lugar. PrĂ­ncipe, se qualquer dia vocĂȘ acabar parando aqui, nĂŁo se esqueça de me pagar o devido respeito.

— Eu jamais pisarei num lugar assim! Ou melhor, vocĂȘ tambĂ©m nunca mais virĂĄ novamente!

Bem, isso pode ser verdade. Tudo bem, eu nĂŁo me importo que vocĂȘ nĂŁo pague meu devido respeito, entĂŁo.

— NĂŁo importa em que lugar esteja, vocĂȘ Ă© sempre o mesmo, Kururi. Ah, fiquei tĂŁo preocupada atoa. Talvez eu devesse ter tido mais fĂ© em vocĂȘ. Acho que teria sido melhor ficar sentada tomando uma xĂ­cara de chĂĄ preto e esperado.

— Exatamente, minha cara Iris. VocĂȘ finalmente começou a entender o tipo de cara que eu sou.

— É, eu sei. NĂłs estamos nesse tipo de relacionamento jĂĄ a um bom tempo, nĂŁo Ă©?

— “Relacionamento”!? Ei, KururiHelan! Que tipo de relacionamento ela está falando!?

— Quem sabe, Príncipe? Só posso dizer que se trata de algo anterior a quando o conhecemos.

Bem, fui capaz de provocar um pouco o PrĂ­ncipe, ao mesmo tempo conversar com a doce Iris apĂłs ficar tanto tempo sem vĂȘ-la. Isso era tudo o que eu queria fazer agora, mas claro, as circunstĂąncias nĂŁo me permitiam relaxar ainda.

— SĂł poderemos lhe acompanhar metade do caminho. VocĂȘ vai precisar ir sozinho para o tribunal, mas nĂŁo se preocupe, nĂłs reunimos evidĂȘncias suficientes. NĂŁo vai demorar muito atĂ© que sua inocĂȘncia seja provada.

— Fiquei sabendo pelo Rail que vocĂȘs trabalharam muito para me ajudar. Obrigado, PrĂ­ncipe. Ah! NĂŁo esqueça de agradecer ao Lahsa por mim.

— Faça isso vocĂȘ mesmo. Depois que tudo acabar, sua vida voltarĂĄ a rotina de sempre na academia, entĂŁo tenho certeza de que acharĂĄ alguma oportunidade para agradecĂȘ-lo.

O que o PrĂ­ncipe disse era verdade. EntĂŁo, eu simplesmente iria me encontrar com ele depois. De qualquer forma, agora que parei para pensar, o Lahsa nĂŁo veio com eles? Por quĂȘ? Estava certo de que era o mais ansioso de todos… talvez tenha ficado atarefado com outras prioridades.

— …O Lahsa nĂŁo veio com vocĂȘs?

Eu nĂŁo precisava perguntar, mas por alguma razĂŁo, a pergunta saiu naturalmente da minha boca. Foram palavras ditas de maneira leviana, mas pude perceber que a expressĂŁo do PrĂ­ncipe endureceu por um segundo.

— Meu irmĂŁo nĂŁo estava se sentindo bem. Ah, mas vocĂȘ irĂĄ encontrĂĄ-lo muito em breve.

— Algo aconteceu a ele?

— NĂŁo, nĂŁo foi nada demais. Ele apenas nĂŁo se sentiu bem. SĂ©rio…

Algo estava errado. SerĂĄ que aconteceu alguma coisa ao Lahsa? Embora nĂŁo parecesse ser algo sĂ©rio, eu sentia que o PrĂ­ncipe nĂŁo estava sendo sincero comigo. O que teria ocorrido? Uma emergĂȘncia? Os dois estavam escondendo alguma coisa de mim? Eu queria perguntar, mas ao mesmo tempo, pensei que seria rude tentar pressionar os meus dois amigos que vieram atĂ© aqui apenas para me ver, entĂŁo decidi ficar quieto.

◇◇◇

Com relação aos acontecimentos posteriores, cheguei ao tribunal com tamanha saĂșde que deixou os membros da FamĂ­lia Dartanel chocados. O julgamento em si ocorreu de maneira linear e totalmente favorĂĄvel a mim, sendo o testemunho do Zeni Geba o golpe decisivo para provar a minha inocĂȘncia, absolvendo todos os crimes. O resultado levou atĂ© mesmo ao BrauDartanel — o qual havia me acusado — vir pedir desculpas a mim. Essa rĂĄpida mudança de atitude e a falta de vergonha na cara, mostraram que ele nĂŁo era o lĂ­der da maior famĂ­lia de comerciantes a toa. Ele inclusive disse que me daria uma compensação financeira, algo que aceitei com muito prazer.

— Essa Ă© uma quantia insignificante… Achei que vocĂȘ iria recusĂĄ-la…

— SĂł o seu sentimento jĂĄ basta, portanto isso nĂŁo passa de um trofĂ©u de vitĂłria. Por hora, vamos apenas dizer que a vitĂłria dessa batalha foi minha. AlĂ©m disso, eu estou de volta em saĂșde perfeita e vocĂȘ nĂŁo acha que muito em breve os guardas corruptos irĂŁo começar a falar o seu nome?

—  …De fato. Tudo bem, vocĂȘ foi o vencedor, eu admito isso.

Hmm, algo nĂŁo parece estar certo… NĂŁo gosto disso, mas se assim ele quiser, nĂŁo me importo de enfrentĂĄ-lo novamente outro dia. De toda forma, estĂĄ na hora de começar a ganhar um pouco mais de confiança em minha prĂłpria força tambĂ©m.

◇◇◇

Minha calma rotina no Palåcio Real havia retornado. Embora grande parte das minhas férias tenham sido passadas na cadeia, a Prisão de Kudan foi um lugar tão acolhedor que eu poderia considerå-las como férias também. No entanto, o período em que pude relaxar foi por apenas um breve momento. Não tenho certeza se a informação havia vazado, mas descobri sobre um certo incidente que havia sido espalhado pelas ruas da Capital e estava sendo fofocado por todas as mesas de bares. O motivo para a história ter chegado até a mim foi devido a chegada de um repórter que veio nos fazer uma visita.

Como o Lahsa nĂŁo tinha vindo me encontrar, eu estava bem entediado, por isso decidi lidar com o repĂłrter que havia entrado no palĂĄcio, sĂł por curiosidade.

— Eu gostaria de escrever em detalhes um artigo que será intitulado “A Grande Colisão Entre Duas Casas Nobres”, portanto o senhor gostaria de me contar a sua história?

— Se for algo rápido eu não me importo. Afinal, não tenho nada melhor para fazer mesmo.

— Existem rumores de que a Família Dartanel foi a responsável pelo impasse. Qual seria a origem para tudo isso?

— Origem? Hmm, uma mulher… eu acho.

“Será que o incidente com a Iris foi realmente a causa de tudo?”

— Oh, uma mulher. Eu sabia…

Como assim vocĂȘ sabia? Se bem que talvez a maioria dos incidentes comecem assim.

—  E por qual razĂŁo essa mulher levou a uma colisĂŁo frontal entre duas casas tĂŁo distintas?

— O que levou? Hmm, dinheiro… eu acho.

Como Fregen substituiu os seus frontais por dentes de ouro e usou isso como evidĂȘncia do ataque, foi quando as coisas ficaram realmente complicadas.

— Ah, dinheiro. Eu sabia…

Como assim vocĂȘ sabia? Se bem que talvez a maioria dos incidentes comecem assim.

— Pode ser um pouco indelicado, mas eu gostaria de verificar a veracidade de outro rumor… Se nĂŁo se importa, Ă© verdade que vocĂȘ foi encarcerado na PrisĂŁo de Kudan?

— Sim, Ă© verdade.

— Oh… se houver qualquer coisa que queira dizer sobre isso…

— Foi bem confortável.

— ConfortĂĄvel, hein… O senhor se destaca nĂŁo importa onde esteja. Eu nĂŁo esperava nada menos do grande vencedor deste incidente. Dou-lhe os meus sinceros parabĂ©ns.

O “Grande Vencedor”… Algo nas palavras dele me incomodou, mas decidi nĂŁo ligar para isso.

— Agora, quais os seus pensamentos sobre a queda das famĂ­lias Dartanel e Deauville que, apĂłs a Casa Dartanel enviar ao Rei inĂșmeras evidĂȘncias de corrupção, abdicaram da posição de Primeiro-Ministro?

— O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE!?

— Eh? Bem, comente o que acha da queda de Dartanel e Deauville…

— EYAN DEAUVILLE ABDICOU DE SER O PRIMEIRO-MINISTRO!?

— Be-bem, sim… vocĂȘ nĂŁo ficou sabendo?

Imediatamente me levantei. Eu queria correr para algum lugar, mas para onde? EntĂŁo os crimes de EyanDeauville finalmente vieram Ă  tona…, mas nĂŁo foi muito rĂĄpido? AlĂ©m disso, por que ninguĂ©m me contou uma coisa tĂŁo importante? O PrĂ­ncipe sabia disso? NĂŁo havia como ele nĂŁo saber! E a Iris? É claro que ela sabia! E quanto ao Lahsa? Para onde ele foi?

— Sinto muito, mas eu tenho uma emergĂȘncia. Por favor, eu peço licença.

Deixei o repĂłrter na sala e fui procurar pela Supatifila-san. Ela normalmente ficava por perto, mas estranhamente eu nĂŁo a vi muito esses dias.

— Onde está o Lahsa!?

— Lahsa-sama nĂŁo estĂĄ se sentindo bem, portanto o senhor nĂŁo pode ir vĂȘ-lo…

— NĂŁo, eu preciso encontrĂĄ-lo agora! Leve-me atĂ© ele!

— …Por favor, nĂŁo culpe o PrĂ­ncipe pelo ocorrido, Kururi-sama. NĂŁo havia nada que pudesse se feito…

— Do que vocĂȘ estĂĄ falando!? Apenas me deixe ver o Lahsa agora, entĂŁo irei perguntar diretamente a ele o que aconteceu.

Assim, Supatifila-san levantou seu corpo pesadamente e me guiou até o quarto do Lahsa. Ela então bateu gentilmente na porta.

— Príncipe Lahsa, Kururi-sama veio visitá-lo.

NĂŁo houve qualquer resposta.

— Lahsa, sou eu, Kururi. Por que vocĂȘ estĂĄ aĂ­ dentro trancado?

ApĂłs um instante, uma voz veio do outro lado da porta.

— …Eu nĂŁo tenho o direito de me encontrar com vocĂȘ.

— Por quĂȘ? O que Ă© esse peso que vocĂȘ acha que precisa carregar sozinho?

— Eu nĂŁo pude fazer nada… enquanto eles levavam vocĂȘ, eu tentei o mĂĄximo que podia, mas nĂŁo pude fazer nada! Eu nĂŁo sabia como te ajudar…

— Do que vocĂȘ estĂĄ falando? Veja, estou sĂŁo e salvo! Eu voltei sem nenhum arranhĂŁo! NĂŁo tem nada pelo que se arrepender, Lahsa. Vamos, saia do quarto para termos a nossa reuniĂŁo.

— …Eu nĂŁo pude… eu nĂŁo pude fazer nada para te ajudar… ajudar a proteger uma Ășnica coisa importante para vocĂȘ!

— Coisa importante? Que coisa?

— …

Mais uma vez o quarto ficou em silĂȘncio. AtrĂĄs de mim, Supartifila-san se recusou a olhar nos meus olhos.

— O que aconteceu? Fale comigo. Eu nĂŁo sei o que fazer… por favor, Lahsa.

ApĂłs alguns instantes, a pesada porta se abriu e de lĂĄ, surgiu um Lahsa com olhos profundamente vermelhos.

— Aniki, nĂłs nĂŁo sabemos… nĂłs nĂŁo conseguimos descobrir onde a Eliza-san estĂĄ. Eu sinto muito… eu sinto muito mesmo… Isso Ă© tudo porque eu sou um inĂștil incompetente.

— …A Eliza… a Eliza sumiu por vontade prĂłpria?

— …Sim.

— Por acaso foi vocĂȘ que a forçou?

— …NĂŁo.

— Então por que está se desculpando? Por que a culpa seria sua?

— Eu não consegui proteger a Eliza-san. Eu não consegui mesmo sabendo que isso poderia ter acontecido a ela.

— NĂŁo seja arrogante. NinguĂ©m poderia ter previsto isso e mesmo se vocĂȘ pudesse, a responsabilidade nĂŁo Ă© sua. NĂŁo hĂĄ qualquer razĂŁo para se desculpar ou sofrer por isso.

— Mas, mas… mas eu…

— Lahsa, vocĂȘ deu o melhor que podia, nĂŁo foi? SĂł em saber disso o meu coração jĂĄ enche de alegria. Agora, meu astuto e perspicaz, mas tambĂ©m encantador irmĂŁozinho. Eu irei partir agora para encontrar aquela princesa teimosa que desapareceu sem dizer uma palavra. VocĂȘ viria comigo? Eu posso contar com a sua ajuda?

Eu nĂŁo fazia ideia de o porquĂȘ a Eliza decidiu desaparecer, mas ela nĂŁo era uma pessoa tĂŁo frĂĄgil assim. NĂłs apenas precisamos encontrĂĄ-la e isso era tudo.

— Eu vou… EU VOU AJUDÁ-LO COM TUDO DE MIM!

Ele desesperadamente conteve as lĂĄgrimas para terminar sua resposta. Lahsa, nĂŁo hĂĄ razĂŁo para vocĂȘ sofrer por mim. VocĂȘ deve estar sempre sorrindo, isso Ă© que me farĂĄ feliz.

◇◇◇

NĂłs conversamos muito sobre a FamĂ­lia Deauville. De grandes a pequenos, os crimes de EyanDeauville foram diversos. Uma vez que a rolha seja solta Ă© impossĂ­vel impedir que o seu conteĂșdo vaze. NĂŁo havia a menor possibilidade em esconder e era simplesmente impossĂ­vel se defender de tantas coisas. O Rei decidiu reconhecer todas as conquistas que ele havia realizado atĂ© agora lhe concedendo o perdĂŁo real, porĂ©m sua fortuna inteira foi confiscada a fim de apaziguar os Ăąnimos pĂșblicos.

A FamĂ­lia Deauville perdeu sua casa, seu prestĂ­gio e sua fortuna. O golpe que EyanDeauville recebeu foi tĂŁo forte que ele sequer deu ouvidos ao que sua esposa e filha, que lhe imploravam para recomeçar tudo do zero. Assim, o demĂŽnio sussurrou em sua orelha. BrauDartanel propĂŽs que Fregen e Eliza se casassem. Dessa forma, ele poderia lhe garantir uma posição e dinheiro, caso aceitasse. Ao que parecia, Fregen jĂĄ estava de olho em Eliza… Ela recusou e Tsukimi-san foi contra, mas Eyan havia sido duramente enfraquecido, tanto em corpo quanto em alma. Ele nĂŁo pode resistir ao cheiro tentador desse doce veneno e aceitou a oferta sem avisar ninguĂ©m.

Tsukimi-san não conseguiu perdoå-lo e, jå que originalmente pertencia a uma nobre família de outro país, ela decidiu ir embora em um navio levando Eliza consigo. No entanto, no dia da partida, Eliza fugiu do navio sem que ninguém percebesse, levando a situação atual. Dessa forma, Eyan perdeu não apenas a sua fortuna, mas sua preciosa família também acabou em pedaços.

◇◇◇

— …Obrigado por me contar tudo.

— …Eu devia ter feito isso mais cedo, mas… eu tinha medo… medo de te desapontar…

— Lahsa, sei bem como vocĂȘ se sente. Eu tambĂ©m teria medo de te desapontar.

— …Obrigado. Nii-san e Rail estĂŁo procurando por ela agora. Mas eles nĂŁo conseguiram qualquer pista.

— …Tudo bem, nĂłs vamos sair assim que eu me trocar.

— VocĂȘ tem alguma ideia?

— Nenhuma, mas Ă© muito melhor do que ficar esperando.

Depois de uma mudança completa emocional, tomei o determinado Lahsa comigo e fomos atrĂĄs dos rastros de Eliza. NĂłs visitamos o Eyan-san, mas ele nĂŁo tinha ideia de onde ela pudesse ter ido. Quanto a Tsukimi-san, ela jĂĄ havia embarcado para outro paĂ­s. Portanto, nossa Ășnica alternativa seria investigar a mansĂŁo… Ela jĂĄ havia sido vasculhada, mas precisĂĄvamos de qualquer maneira!

Eu bati na porta, mas ninguĂ©m respondeu. Esta casa perdeu seu proprietĂĄrio, mas continuava sendo um lugar especial. Apenas o Primeiro-Ministro e sua famĂ­lia eram permitidos morar e quando a posição ficava vaga, a casa era gerenciada pelo mordomo. Caso ele recusasse a nos receber, a Ășnica forma de abrir essa porta seria atravĂ©s da força.

— ABRA A PORTA!

— ABRA A PORTA!

Lahsa e eu ficamos irritados por ninguĂ©m vir nos receber, entĂŁo começamos a bater nela com mais força. NĂłs precisĂĄvamos bater e irĂ­amos fazer isso atĂ© que ela fosse aberta!  NĂŁo sei por quanto tempo ficamos fazendo isso, mas estranhamente a porta parecia ter ficado mais leve. Espere, nĂŁo sĂł parecia, ela realmente foi aberta!

— VocĂȘs irĂŁo machucar as mĂŁos se continuarem assim!

— Flotar! Onde está a Eliza!? Para onde a Eliza foi!?

— NinguĂ©m da famĂ­lia Deauville mora mais aqui. Mesmo que eu a tenha servido antes, ela jĂĄ nĂŁo possui mais o direito de entrar.

— Então ao menos me diga alguma coisa que tenha ouvido! Alguma coisa que a Eliza tenha dito!

— …Como mordomo, eu nĂŁo posso abrir minha boca levianamente. É uma questĂŁo de confiança.

— Quem se importa com isso! Se vocĂȘ sabe alguma coisa sobre a Eliza, me conte agora!

— Eu me importo. Como mordomo essa Ă© uma questĂŁo crucial.

— ARGH! TĂĄ, entendi! VocĂȘ nĂŁo tem qualquer ligação emocional com seu antigo patrĂŁo! VocĂȘ Ă© um mordomo leal e perfeito que se dedica somente ao trabalho! Mas vou te dizer uma coisa, um dia o seu trabalho vai ser substituĂ­do por uma mĂĄquina qualquer!

As palavras que acabei de proferir saĂ­ram em um ataque de raiva, por isso acabei me arrependendo depois. A culpa nĂŁo era de Flotar. Tudo o que ele fez foi cumprir fielmente o seu dever. O que estava fazendo agora nĂŁo passava de uma birra infantil que iria simplesmente bater em qualquer coisa em minha raiva.

— Como se uma máquina pudesse realizar o papel de um mordomo!

— Elas irĂŁo! Olhe para como vocĂȘ faz o seu trabalho! NĂŁo hĂĄ a menor diferença entre vocĂȘ e elas!

— Pirralho, eu nĂŁo irei ficar parado assistindo vocĂȘ denegrir a minha profissĂŁo! Ouça bem! Um mordomo tambĂ©m sente afeição! Ainda mais por mestres tĂŁo extraordinĂĄrios! O que irei dizer agora nĂŁo passa de um resmungo para mim mesmo, entĂŁo ignorem tudo o que vĂŁo ouvir, entenderam!? Minha antiga Mestra, Eliza-sama, ama bolo chiffon. Na manhĂŁ em que desapareceu, lembro-me dela ter dito que gostaria de comer algumas batatas no extremo leste! Obviamente ela Ă© alguĂ©m que ama bolo chiffon!

Batatas no extremo leste…?

— Aniki, vocĂȘ percebeu alguma coisa?

— Sim, ao extremo leste da Capital Real fica…

Se for restrito a este paĂ­s, entĂŁo no extremo leste existe um lugar muito especial.

— O TERRITÓRIO HELAN! ELIZA FOI PARA HELAN!

— ANIKI, VAMOS LÁ! SE FORMOS AGORA, PODEMOS ACABAR ENCONTRANDO ELA NO CAMINHO!

— É mesmo… CERTO, VAMOS LÁ!

Lahsa e eu partimos com tudo para nos encontrarmos com ela.

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