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The Great Cleric – Capítulo 9 – Volume 4

 

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The Great ClericSeija Musou

Capítulo 5: Para Reviver a Guilda dos Curandeiros

Light Novel Online – Capítulo 9:
[Negociações no 51º Andar]


Quando abri os olhos, havia um círculo brilhante no meio da sala do chefe, mas logo além dele, na parede oposta, outra porta havia aparecido. Assim como da última vez. Me levantei e me espreguicei.

— Como está se sentindo? — perguntou Lionel.

— Perfeito. Onde estão os outros?

— Voltaram para a Guilda dos Aventureiros. Pretendem responsabilizar o Vice-Mestre da Guilda Grohala e muitos outros por seus crimes.

— É mesmo? Quase me sinto mal por eles. Goldhus não vai pegar leve.

Lionel riu.

— Verdade.

— De qualquer forma, as coisas ficaram perto demais do perigo. No fim, o dragão tentando me devorar acabou nos salvando. Ironia, né?

— Meus anos dourados já ficaram para trás. Dragões cuspidores de fogo parecem ser demais para mim agora.

— Nós dois ainda temos o que melhorar.

— Bem dito. Vamos treinar quando voltarmos.

— Me deixem participar também — disse Ketty, esfregando os olhos sonolenta. Estranhamente, ainda parecia alerta. — Você mandou bem lá, chefe.

— Vai ter tempo pra isso quando chegarmos em casa. Ainda temos trabalho a fazer — respondi, olhando para a nova porta.

— Não vamos sair pelo círculo?

Ketty me lançou um sorriso condescendente.

— Ainda tá meio dormindo?

— Vamos só ignorar essa porta gigante? — apontei para a entrada imponente, mas os dois só pareceram mais confusos.

Com licença, Senhor Dragão Sagrado, será que só eu conseguia ver essas coisas? Custava avisar?!

— Só… fiquem prontos pra sair quando todos acordarem.

Eles sorriram complacentes, como se eu estivesse mesmo meio dormindo, e se reagruparam com Nalia. Bom, se os fazia felizes… Enquanto isso, eu me aproximei da porta.

— Como será que essa aqui abre?

Coloquei a mão nela, e uma insígnia escarlate começou a brilhar na pedra.

— Lá se vai minha magia! Parece que minha afinidade não faz diferença!

Da primeira vez que isso aconteceu, precisei de uma poção de MP para não ser drenado completamente, mas agora não foi necessário. Ainda restava mais da metade da minha magia, e foi bom ver esse progresso. Antes de entrar, avisei alguém para não sumir do nada. Kefin estava mais perto.

— Ei, você consegue ver essa porta enorme?

Ele inclinou a cabeça, assim como Lionel e Ketty antes.

— Isso… Isso não é só uma parede?

Devia ser um efeito da bênção do dragão.

— Esquece. Avise os outros que, se eu desaparecer, eles devem entrar no círculo e me esperar do lado de fora do labirinto. Isso é uma ordem.

— Imagino que, pra onde você está indo, eu não posso ir.

Ele parecia confiar em mim, mesmo que com relutância. Bom sinal.

— Não. Parece que tem que ser eu. Só lembra do que eu disse.

Dei um tapinha no ombro dele e voltei para a porta. Ao olhar para trás, vi que ele ainda me observava, curioso. Ele assentiu. Levantei a mão em despedida, abri a porta e passei. Ela se fechou devagar enquanto eu subia as escadas, mas continuei andando.

— Será que essas bênçãos sumiriam se eu simplesmente ignorasse tudo isso e fosse embora?

Me abaixei perto do topo da escadaria e olhei para cima, para ver o que me esperava: um dragão, descansando pacificamente, assim como o Dragão Sagrado havia feito. Chamas enegrecidas pela energia maligna dançavam ao redor de seu corpo, cobrindo as escamas, algumas já apodrecendo. Sua corrupção estava bem mais avançada que a do seu primo sagrado. Será que quarenta anos eram tempo suficiente para salvar todos eles?

Concentrei minha magia no Cajado da Ilusão e me preparei para acabar com o sofrimento do Dragão Flamejante.

— Ó santa mão da cura. Ó sopro criador da terra. Pegue minha energia e me proteja com muralhas de luz angelical. Envolva a impureza em um bastião de radiância. Círculo Sagrado!

Assim como antes, o círculo mágico se expandiu sob a criatura até envolvê-la por completo, então explodiu em um pilar de luz. O dragão não resistiu. Não se debateu nem soltou um grito ensurdecedor. Apenas suportou a dor, como se soubesse que sua salvação havia chegado.

A luz desapareceu, e as manchas de corrupção sumiram de seu corpo. As chamas vermelhas que o envolviam diminuíram até se tornarem um brilho suave, como um pôr do sol tranquilo.

Respirei fundo e me aproximei, quando uma voz ecoou em minha mente de repente.

— Primeiro o sagrado, agora a chama. A maldição do Ímpio foi desfeita. Minha gratidão é sua.

— Telepatia? É você?

— Sou eu. A bênção do Dragão Sagrado lhe concede a compreensão de meus pensamentos, pois me falta força para usar palavras.

Então eu estava certo em me preocupar. Os quarenta anos que me deram eram só uma contagem regressiva para o nascimento do próximo herói. Mas os dragões não pareciam ter esse tempo todo.

— Quantos de vocês restam? E por que só eu posso entrar nesta sala?

— Você possui a habilidade de quebrar correntes. Somente aqueles com capacidades similares ou portadores de bênçãos, sejam divinas ou dracônicas, podem entrar.

Então era a proteção do deus do destino que me colocou nessa situação? Que coincidência absurda. Me deu até vontade de arrancar os cabelos. E ele nem respondeu minha outra pergunta.

— Você me derrotou sozinho e com um único golpe. Em reconhecimento a esse feito, ofereço-lhe tudo que há nesta câmara, bem como minha própria bênção. Gostaria de poder conceder meus restos, como meu irmão fez, mas eles virarão cinzas quando minha alma deixar este corpo.

Tanto faz, não me importava.

— Eu aceito o tesouro, mas… quantas dessas bênçãos eu posso ter, afinal?

— Não se preocupe. Heróis adquirem seus poderes e muitos mais dos divinos e de minha espécie.

Sério? “Ah, não se preocupe, os heróis lidam bem com isso.” Como se isso me acalmasse!

— Acho que vou passar dessa vez.

— Você é exatamente como o Santo Dragão me disse. Estranho, mas divertido.

— Estou falando sério. É o fim para mim. De verdade. Só quero relaxar, casar e levar uma vida tranquila por aqui.

— Ah, isso me lembra: agora que recebeu minha bênção e a do Santo Dragão, não demorará muito para que o destino o leve até uma mulher conhecida como a Dracosselada—uma mística ungida pelo divino Draconis.

Pelo visto, eu não tinha direito a opinar sobre isso. Talvez essa falta de consideração fosse hereditária. Isso explicaria por que os draconatos também nunca me ouviam. Mas havia coisas mais importantes a se considerar.

— Ela é bonita? Quantos anos tem?

O dragão riu baixinho.

— Você me diverte. No entanto, não se preocupe com aparências. O destino agirá como quiser. Como guardião da chama do amor, posso garantir que você não ficará desapontado.

Ele realmente podia me culpar por estar curioso? O destino tinha… uma alma gêmea reservada para mim? Espera, droga, esqueci de responder.

— Foi apenas um acaso eu ter sido a pessoa certa para o primeiro labirinto, e eu não teria passado por esse sem muita ajuda. Você acha mesmo que tenho o necessário para enfrentar mais?

— Você é jovem e ingênuo. O poder não se encontra em uma única alma, mas em muitas. Confie nos outros como fez no Labirinto da Vontade, e orarei para que cresça e se torne um sábio digno e nobre.

— Você pode ter um… Espera, você disse “sábio”?

— Não lhe peço mais do que o seu melhor. Salve meus irmãos.

— Sim, já prometi ao Santo Dragão. Agora, sobre essa coisa de sábio?

— Diga teu nome — o dragão de repente rugiu em alto e bom som.

Me encolhi.

— Luciel.

— Seu cajado. Ele é da minha linhagem. Apresente-o a mim.

— Assim?

Não recebi resposta, então uma luz vermelha brilhante surgiu e fluiu para dentro do cajado, como se fosse sugada.

— Boa sorte, Luciel — a fera sorriu. — E assim mais uma promessa se cumpre… Fjil…na…

— Espera, eu ainda tenho… — Mas seu corpo já começava a se desfazer. — Perguntas. Eu queria que esses dragões parassem de fazer isso.

De repente, como uma fênix renascendo em um conto de fadas, os restos se incendiaram e queimaram rapidamente até não sobrarem nem cinzas. Assim como com o Santo Dragão, uma grande gema mágica e um baú do tesouro apareceram onde o Dragão Flamejante havia caído. Quando abri o baú, uma pequena esfera disparou para fora.

— Uou!

De repente, uma luz brilhou da minha bolsa mágica e o colar que eu havia conseguido do Santo Dragão emergiu por conta própria, encontrando a esfera no ar e encaixando-a perfeitamente em uma de suas cavidades.

— Eu sabia — era um encaixe perfeito, deixando mais sete buracos do mesmo tamanho para preencher. — Bem, isso já são dois, então acho que é o suficiente, né?

Ri sem graça de mim mesmo e fiquei ali, parado como um idiota, antes de lembrar que tinha gente me esperando.

Sacudi a cabeça e me preparei para partir, guardando o tesouro na bolsa enquanto purificava cada item.

— O que é isso tudo? Moedas que nunca vi, palavras que não consigo ler… Esse lugar deve ser antigo.

Com tudo em mãos (exceto pela pedra mágica no centro, que eu não queria testar agora), pisei no círculo e ele começou a brilhar. Ping.

Título obtido: Proteção do Dragão Flamejante

Título obtido: Matador de Dracos

Título obtido: Escolhido de Draconis

Quando minha visão voltou, eu estava em frente ao labirinto, com o sol alto no céu. Todos correram até mim ao mesmo tempo e meu estômago roncou no momento exato. Quase me senti envergonhado antes de ver os outros segurando suas barrigas vazias também. Hora do café da manhã.

— Você quer dizer que a porta era real?

— Sim. Aparentemente, é preciso ter uma bênção para poder vê-la, por isso só eu consegui. Pelo menos foi o que o Dragão Flamejante disse.

— Dragão Flamejante?

Lionel parecia ansioso para testar sua lâmina contra um inimigo assim.

Ri.

— Não houve luta. Ele estava sofrendo, então eu o curei. Só isso.

— Entendo.

Enquanto a comida ficava pronta, contei ao lunático sedento por batalhas o que aconteceu depois que desapareci. Algo parecia estar martelando na cabeça dele, mas não perguntei. Com exceção de alguns aventureiros cuidando dos cavalos, os mais impacientes já tinham voltado para Yenice. Sem café da manhã para eles.

O céu claro e tranquilo combinava perfeitamente com nossa refeição. Imaginei que um churrasco algum dia seria uma boa ideia.

Depois do café da manhã, nos preparamos para partir. Montei Forêt Noire, entramos em formação e seguimos para Yenice mais uma vez.

— Alguém ficou bem emburrado por um tempo — disse, acariciando o pescoço da minha montaria. — O que será que você tem contra magia de purificação, hein?

A pobrezinha devia estar de mau humor depois de ser deixada de lado por tanto tempo, mas agora já estava bem. Pelo que parecia, eu a tinha transformado em uma espécie de maníaca por limpeza.

Conversar com Goldhus havia sido um bom passa-tempo no caminho para o labirinto. Na volta, no entanto, foi um tédio absoluto. Minha conversa com Forêt logo morreu e ninguém mais estava com vontade de falar. Só restavam eu e a estrada monótona, então abri minha tela de status sem motivo específico.

Nome: Luciel
 Classe: Curandeiro X — Dragão Gêmeo II
 Idade: 20
 Nível: 102

HP: 3020 — MP: 2610
 FOR: 366 — VIT: 389
 DES: 351 — AGI: 369
 INT: 422 — MGI: 460
 RMG: 454 — SP: 205

Afinidade Mágica: Sagrada


Habilidades:
 Maestria em Avaliação I — Sorte Monstro I — Artes Marciais VI
 Manipulação de Magia X — Controle de Magia X — Magia Sagrada X
 Meditação VIII — Foco IX — Recuperação de Vida VIII
 Recuperação de Magia IX — Recuperação de Força VII — Arremesso V
 Carnificina II — Detecção de Perigo V — Locomoção VI
 Aprimoramento Físico IV — Pensamento Paralelo V — Lançamento Rápido VII
 Lançamento Nulo V — Lançamento Livre II — Círculo Mágico IV
 Esgrima V — Escudos IV — Lanças IV
 Arco e Flecha I — Espada e Lança IV — Percepção V
 Detecção de Armadilhas II — Identificação de Armadilhas I — Cartografia IV
 Amplificação Mágica III — Pensamento Acelerado III

 Taxa de Crescimento de HP IX — Taxa de Crescimento de MP IX

 Taxa de Crescimento de Força IX — Taxa de Crescimento de Vitalidade IX

 Taxa de Crescimento de Destreza IX — Taxa de Crescimento de Agilidade IX

 Taxa de Crescimento de Inteligência IX — Taxa de Crescimento de Magia IX

 Taxa de Crescimento de Resistência Mágica IX — Taxa de Crescimento de Atributos Físicos III


Resistência a Veneno IX — Resistência a Paralisia IX — Resistência a Petrificação IX
 Resistência a Sono IX — Resistência a Encanto V — Resistência a Maldição IX
 Resistência a Enfraquecimento IX — Resistência a Silêncio IX — Resistência a Doenças IX
 Resistência a Choque VI — Resistência a Ilusão VII — Resistência Espiritual IX
 Resistência a Cortes VII — Resistência a Perfurações VI


TÍTULOS

Moldador do Destino (todos os atributos +10)
 Proteção do Deus do Destino (aumento de SP)
 Bênção do Curandeiro Divino (eficácia da magia sagrada de cura +50%)
 Proteção do Dragão Sagrado (concede a classe Dragoon Sagrado, aumenta habilidades e atributos de combate, e a capacidade de falar com dragões)
 Matador de Dragões (aumento de força e habilidades defensivas contra dragões)
 Aquele que Libertou o Selo (imune à maldição do Ímpio e escolhido dos poderes dos dragões selados)
 Proteção do Dragão Flamejante (concede a classe Dragoon Flamejante, aumenta habilidades e atributos de combate, e a capacidade de falar com dragões)
 Caçador de Dracos (aumento de força e habilidades defensivas contra dracos menores)
 Escolhido dos Draconis (um vínculo é formado com os grandes dragões e seus descendentes)


Guilda dos Aventureiros — Rank E | Guilda dos Curandeiros — Rank S


Para minha surpresa, eu tinha subido doze níveis. Meus atributos aumentaram consideravelmente, e parecia que meu ganho de SP tinha passado de dois para três por nível. O dragão vermelho sozinho não poderia ter causado isso, o que significava que power-leveling era totalmente viável neste mundo. Com a estratégia certa, poderíamos criar uma geração de jovens curandeiros poderosos em pouco tempo. Mas não havia como ser tão fácil assim. Eu precisava conversar com a Igreja.

Depois de encarar as habilidades que não tinham aumentado, estava prestes a fechar o menu quando notei a expressão “elemento de classe” na bênção do Dragão Flamejante. O que diabos isso significava? A afinidade do Dragão Flamejante? Por que essas coisas nunca eram explicadas?

Forêt relinchou, incomodada com minha distração. Fiz um pedido rápido de desculpas e fechei a janela de status. Yenice não estava longe agora.

— O que é dessa vez? — resmunguei.

Yenice já estava à vista, e nosso grupo ficou pasmo. Cidadãos yenitianos praticamente se derramavam pelos portões, ansiosos por nossa chegada. No momento em que nos viram (ou melhor, me viram) se aproximando, começaram a aplaudir e gritar. Droga, eu tinha esquecido de dizer ao Goldhus para ficar de boca fechada… aquele brutamontes falastrão. Graças aos deuses pelos meus guardas segurando os curiosos, senão isso teria ficado bem caótico.

Forçando um sorriso rígido e ignorando os gritos à minha volta, segui minha escolta, que abriu caminho entre a multidão até nosso destino: a propriedade de Shahza.

Quando o último de nós entrou no pátio, o portão se fechou atrás de nós.

— Vocês ouviram aquilo? Estavam gritando como se eu fosse um herói de conto de fadas. Ouvi “matador de dragões”, algo sobre “paladino”, “o invencível sei-lá-o-quê”… Alguns até me chamaram de discípulo do Curandeiro Divino!

— Você realmente matou um dragão, convenhamos — disse Lionel.

— Ele tem razão — acrescentou Ketty.

— Sozinho — comentou Pola.

Seu avô completou:

— Não precisou de nós nem um pouco.

— Você pode chamar de sorte — continuou Kefin —, mas aguentou um golpe direto de um dragão e sobreviveu. Ainda por cima contra-atacou. O fato é que você matou um dragão, e isso é impressionante.

— Sua apreensão é compreensível, mas tenho certeza de que sua fama ajudará a posição da guilda — concluiu Nalia.

Não havia muito sentido em argumentar quando todo o meu grupo estava claramente se divertindo às minhas custas. Ótimo para eles.

Suspirei e segui para o prédio.

— Ah, Luciel—-digo, senhor! Sua bênção ficou mais forte? — Goldhus gritou animado ao me ver.

Lancei um olhar de desaprovação.

— Algum problema, senhor?

Meu coração se endureceu.

— Não se preocupe com minha bênção. Tem algo a ver com matar um dragão. Falando nisso, aquela paradinha lá fora foi ideia sua? Eu sou um curandeiro, não um guerreiro em busca de fama.

— Sei que não é grande coisa para o começo de uma lenda, mas é o mínimo que podíamos fazer depois do que você conquistou!

Calmamente, tirei duas canecas e um barril. Um barril bem podre.

— Ah, entendi perfeitamente. Mas que tipo de celebração seria sem um brinde? — Um sorriso malicioso se formou nos meus lábios enquanto eu me aproximava do mestre da guilda.

— L-L-Luciel? Senhor? E-Eu fiz algo para ofendê-lo?

— O quê? Não, só quero brindar com você. Não vai me acompanhar?

Ele começou a tremer violentamente. Mas eu não estava com humor para misericórdia. Uma sonequinha não ia fazer mal, e qualquer possível salvador já estava prostrado diante de nós. Não havia escapatória.

Levantei minha caneca.

— Saúde.

Bebi tudo de uma vez, e Goldhus me acompanhou, hesitante ao encostar os lábios na borda. Um gole depois, seus olhos viraram para trás e ele caiu no chão, apagado.

— Ufa, isso sim é refrescante. Mas o cheiro tá horrível… deixa eu consertar isso rapidinho.

Lancei alguns feitiços e pedi para levarem Goldhus para um lugar onde pudesse descansar. Alguns homens-fera quase tropeçaram em si mesmos para carregar o mestre da guilda para fora dali num piscar de olhos.

Sorri para Jeiyas.

— Vamos para o próximo assunto, certo?

Acontece que o vice-mestre da Guilda dos Doutores era o cérebro por trás de tudo; um agente de Illumasia enviado para desestabilizar Yenice. Shahza e os outros homens-fera belicosos eram apenas marionetes que o império seduziu com conselhos sobre como subjugar seus colegas menos agressivos. E quando a venda de remédios para certas raças se tornou uma moeda de troca, não havia como sair dessa. Eles até foram proibidos de falar com aventureiros quando fugiram para o labirinto, então não teríamos descoberto nada com eles.

Falando nisso, o ritmo incomum deles se devia ao uso de duas drogas: uma que espalhavam para atrair monstros e outra que aplicavam em si mesmos para afastá-los. Algo parecido com a Substância X.

O que mais me chamou a atenção foi o envolvimento de Illumasia. Essa era a segunda vez que eu me deparava com eles, e em nenhuma delas o encontro foi amigável. Devem estar bem irritados comigo por atrapalhar os planos deles a cada passo, mas a situação em Yenice vinha em primeiro lugar. O país estava sob ataque, e eu estava curioso para saber como o conselho planejava se proteger e de que forma a Guilda dos Curandeiros poderia ajudar.

— Que pena o que aconteceu com Shahza — eu disse. — Felizmente, o vice-mestre da guilda, Grohala, ainda pode ser interrogado, mas como Yenice vai reagir a tudo isso?

— Nosso chefe de estado é eleito entre as várias raças de homens-fera: cão, lobo, gato, tigre, dragão, raposa, pássaro e coelho — explicou Orga, o antigo líder. — Desses, todos, exceto a raça do chefe do último mandato, podem concorrer.

— Certo. Isso eu já sabia.

— Mas este incidente é sem precedentes. Como punição, os homens-tigre e os dragonewts serão suspensos das eleições por dez anos, ou exatamente cinco mandatos. Eles também serão removidos de todos os cargos do governo executivo, e conduziremos investigações extensivas sobre outras áreas de possível corrupção.

— E quanto ao plano de curto prazo? O que acontece agora?

Orga de repente endireitou a postura e me encarou. Alguns segundos se passaram, e, quando eu estava prestes a perguntar qual era o problema dele, ele se abaixou até o chão e se prostrou.

— Imploramos por sua ajuda, senhor. Falta um ano para o fim do mandato atual, e é tudo o que pedimos de você.

Vários outros homens-fera seguiram o exemplo, e, antes que eu percebesse, estávamos no centro de mais uma cena digna de um drama histórico que eu jurava já ter visto antes.

— Desculpa, o quê?

— Os homens-fera precisam de uma mão firme, mas gentil, de alguém que respeitamos. Temo que nossa nação possa se desmantelar sem a sua liderança, senhor.

Desde quando eu tinha esse tipo de carisma ou magnetismo? Esses boatos sobre mim estavam saindo do controle.

— Se for só para usarem meu nome, por mim tudo bem. — Eu não queria que o país de ninguém desmoronasse, tanto quanto não queria enfiar meu nariz nisso tudo. Precisava consultar Sua Santidade antes de tomar qualquer decisão.

— Recentemente, enviamos um mensageiro para Sua Santidade da Igreja de Saint Shurule, pedindo permissão para que você sirva como membro temporário do conselho. Queremos ouvir suas ideias para tornar Yenice uma terra próspera.

Bom, pedir perdão era certamente mais fácil do que pedir permissão…

— Tá, isso já é meio exagerado. Eu vim aqui para reconstruir a Guilda dos Curandeiros, não para brincar de política. Eu mal conheço esse lugar!

Eu já estava em apuros até o pescoço. Isso tudo estava ficando ridículo. Mas ia ficar ainda mais insano, não ia?

— Garantiremos que nada atrapalhe suas funções nesse aspecto. Na verdade, planejamos estabelecer um distrito especial para realocar tanto a Guilda dos Curandeiros quanto a dos Doutores.

— Desde quando?

— Os lotes já estão reservados. Acreditamos que isso também criaria empregos para os moradores da favela. Quanto à atual sede da Guilda dos Curandeiros, gostaríamos de oferecê-la a você como presente. Sua própria residência.

Ter uma casa própria era ótimo e tudo mais, mas alguém precisava pisar no freio nisso. Nada disso fazia sentido. Pelo que eu sabia, não havia mais terrenos disponíveis para a guilda.

— Tudo isso em troca da minha liderança?

— Oh, não. É apenas por gratidão.

O homem-fera continuava pressionando a cabeça contra o chão. Meu estômago começou a doer.

— Deixem-me pensar nisso, tá? É muita responsabilidade, e não posso assumir tudo de uma vez sem falar com o papa primeiro.

Chega. Nem se me pagassem eu ficaria ali por mais um segundo.

— Por favor, considere! — gritou Orga, seguido pelos outros homens-fera que continuavam curvados.

Meu bom humor, depois de enfiar a Substância X goela abaixo do Goldhus, tinha ido por água abaixo. Quando saímos da propriedade, as únicas pessoas que ainda estavam por ali eram garotos e garotas jovens, nos observando de longe com admiração nos olhos.

Suspirei. Tinha muitas expectativas para atender e nenhuma ideia de como fazer isso.

— Grohala merece um caneco por ter começado essa bagunça.

Os homens-fera que tremeram ao ouvir meu resmungo ameaçador passaram despercebidos enquanto eu pensava no que incluir nas minhas cartas para Sua Santidade e para os irmãos bestiais de Merratoni.


Tradução: CarpeadoPara estas e outras obras, visite o Carpeado Traduz – Clicando Aqui


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