The Great Cleric – Capítulo 9 – Volume 4

 

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The Great ClericSeija Musou

CapĂ­tulo 5: Para Reviver a Guilda dos Curandeiros

Light Novel Online – CapĂ­tulo 9:
[NegociaçÔes no 51Âș Andar]


Quando abri os olhos, havia um cĂ­rculo brilhante no meio da sala do chefe, mas logo alĂ©m dele, na parede oposta, outra porta havia aparecido. Assim como da Ășltima vez. Me levantei e me espreguicei.

— Como está se sentindo? — perguntou Lionel.

— Perfeito. Onde estão os outros?

— Voltaram para a Guilda dos Aventureiros. Pretendem responsabilizar o Vice-Mestre da Guilda Grohala e muitos outros por seus crimes.

— É mesmo? Quase me sinto mal por eles. Goldhus não vai pegar leve.

Lionel riu.

— Verdade.

— De qualquer forma, as coisas ficaram perto demais do perigo. No fim, o dragĂŁo tentando me devorar acabou nos salvando. Ironia, nĂ©?

— Meus anos dourados jĂĄ ficaram para trĂĄs. DragĂ”es cuspidores de fogo parecem ser demais para mim agora.

— Nós dois ainda temos o que melhorar.

— Bem dito. Vamos treinar quando voltarmos.

— Me deixem participar tambĂ©m — disse Ketty, esfregando os olhos sonolenta. Estranhamente, ainda parecia alerta. — VocĂȘ mandou bem lĂĄ, chefe.

— Vai ter tempo pra isso quando chegarmos em casa. Ainda temos trabalho a fazer — respondi, olhando para a nova porta.

— Não vamos sair pelo círculo?

Ketty me lançou um sorriso condescendente.

— Ainda tá meio dormindo?

— Vamos só ignorar essa porta gigante? — apontei para a entrada imponente, mas os dois só pareceram mais confusos.

Com licença, Senhor Dragão Sagrado, serå que só eu conseguia ver essas coisas? Custava avisar?!

— SĂł… fiquem prontos pra sair quando todos acordarem.

Eles sorriram complacentes, como se eu estivesse mesmo meio dormindo, e se reagruparam com Nalia. Bom, se os fazia felizes… Enquanto isso, eu me aproximei da porta.

— Como será que essa aqui abre?

Coloquei a mão nela, e uma insígnia escarlate começou a brilhar na pedra.

— Lá se vai minha magia! Parece que minha afinidade não faz diferença!

Da primeira vez que isso aconteceu, precisei de uma poção de MP para não ser drenado completamente, mas agora não foi necessårio. Ainda restava mais da metade da minha magia, e foi bom ver esse progresso. Antes de entrar, avisei alguém para não sumir do nada. Kefin estava mais perto.

— Ei, vocĂȘ consegue ver essa porta enorme?

Ele inclinou a cabeça, assim como Lionel e Ketty antes.

— Isso… Isso nĂŁo Ă© sĂł uma parede?

Devia ser um efeito da bĂȘnção do dragĂŁo.

— Esquece. Avise os outros que, se eu desaparecer, eles devem entrar no cĂ­rculo e me esperar do lado de fora do labirinto. Isso Ă© uma ordem.

— Imagino que, pra onde vocĂȘ estĂĄ indo, eu nĂŁo posso ir.

Ele parecia confiar em mim, mesmo que com relutĂąncia. Bom sinal.

— Não. Parece que tem que ser eu. Só lembra do que eu disse.

Dei um tapinha no ombro dele e voltei para a porta. Ao olhar para trĂĄs, vi que ele ainda me observava, curioso. Ele assentiu. Levantei a mĂŁo em despedida, abri a porta e passei. Ela se fechou devagar enquanto eu subia as escadas, mas continuei andando.

— SerĂĄ que essas bĂȘnçãos sumiriam se eu simplesmente ignorasse tudo isso e fosse embora?

Me abaixei perto do topo da escadaria e olhei para cima, para ver o que me esperava: um dragão, descansando pacificamente, assim como o Dragão Sagrado havia feito. Chamas enegrecidas pela energia maligna dançavam ao redor de seu corpo, cobrindo as escamas, algumas jå apodrecendo. Sua corrupção estava bem mais avançada que a do seu primo sagrado. Serå que quarenta anos eram tempo suficiente para salvar todos eles?

Concentrei minha magia no Cajado da IlusĂŁo e me preparei para acabar com o sofrimento do DragĂŁo Flamejante.

— Ó santa mão da cura. Ó sopro criador da terra. Pegue minha energia e me proteja com muralhas de luz angelical. Envolva a impureza em um bastião de radiñncia. Círculo Sagrado!

Assim como antes, o cĂ­rculo mĂĄgico se expandiu sob a criatura atĂ© envolvĂȘ-la por completo, entĂŁo explodiu em um pilar de luz. O dragĂŁo nĂŁo resistiu. NĂŁo se debateu nem soltou um grito ensurdecedor. Apenas suportou a dor, como se soubesse que sua salvação havia chegado.

A luz desapareceu, e as manchas de corrupção sumiram de seu corpo. As chamas vermelhas que o envolviam diminuíram até se tornarem um brilho suave, como um pÎr do sol tranquilo.

Respirei fundo e me aproximei, quando uma voz ecoou em minha mente de repente.

— Primeiro o sagrado, agora a chama. A maldição do Ímpio foi desfeita. Minha gratidĂŁo Ă© sua.

— Telepatia? É vocĂȘ?

— Sou eu. A bĂȘnção do DragĂŁo Sagrado lhe concede a compreensĂŁo de meus pensamentos, pois me falta força para usar palavras.

Então eu estava certo em me preocupar. Os quarenta anos que me deram eram só uma contagem regressiva para o nascimento do próximo herói. Mas os dragÔes não pareciam ter esse tempo todo.

— Quantos de vocĂȘs restam? E por que sĂł eu posso entrar nesta sala?

— VocĂȘ possui a habilidade de quebrar correntes. Somente aqueles com capacidades similares ou portadores de bĂȘnçãos, sejam divinas ou dracĂŽnicas, podem entrar.

EntĂŁo era a proteção do deus do destino que me colocou nessa situação? Que coincidĂȘncia absurda. Me deu atĂ© vontade de arrancar os cabelos. E ele nem respondeu minha outra pergunta.

— VocĂȘ me derrotou sozinho e com um Ășnico golpe. Em reconhecimento a esse feito, ofereço-lhe tudo que hĂĄ nesta cĂąmara, bem como minha prĂłpria bĂȘnção. Gostaria de poder conceder meus restos, como meu irmĂŁo fez, mas eles virarĂŁo cinzas quando minha alma deixar este corpo.

Tanto faz, nĂŁo me importava.

— Eu aceito o tesouro, mas… quantas dessas bĂȘnçãos eu posso ter, afinal?

— NĂŁo se preocupe. HerĂłis adquirem seus poderes e muitos mais dos divinos e de minha espĂ©cie.

SĂ©rio? “Ah, nĂŁo se preocupe, os herĂłis lidam bem com isso.” Como se isso me acalmasse!

— Acho que vou passar dessa vez.

— VocĂȘ Ă© exatamente como o Santo DragĂŁo me disse. Estranho, mas divertido.

— Estou falando sĂ©rio. É o fim para mim. De verdade. SĂł quero relaxar, casar e levar uma vida tranquila por aqui.

— Ah, isso me lembra: agora que recebeu minha bĂȘnção e a do Santo DragĂŁo, nĂŁo demorarĂĄ muito para que o destino o leve atĂ© uma mulher conhecida como a Dracosselada—uma mĂ­stica ungida pelo divino Draconis.

Pelo visto, eu não tinha direito a opinar sobre isso. Talvez essa falta de consideração fosse hereditåria. Isso explicaria por que os draconatos também nunca me ouviam. Mas havia coisas mais importantes a se considerar.

— Ela Ă© bonita? Quantos anos tem?

O dragĂŁo riu baixinho.

— VocĂȘ me diverte. No entanto, nĂŁo se preocupe com aparĂȘncias. O destino agirĂĄ como quiser. Como guardiĂŁo da chama do amor, posso garantir que vocĂȘ nĂŁo ficarĂĄ desapontado.

Ele realmente podia me culpar por estar curioso? O destino tinha… uma alma gĂȘmea reservada para mim? Espera, droga, esqueci de responder.

— Foi apenas um acaso eu ter sido a pessoa certa para o primeiro labirinto, e eu nĂŁo teria passado por esse sem muita ajuda. VocĂȘ acha mesmo que tenho o necessĂĄrio para enfrentar mais?

— VocĂȘ Ă© jovem e ingĂȘnuo. O poder nĂŁo se encontra em uma Ășnica alma, mas em muitas. Confie nos outros como fez no Labirinto da Vontade, e orarei para que cresça e se torne um sĂĄbio digno e nobre.

— VocĂȘ pode ter um… Espera, vocĂȘ disse “sĂĄbio”?

— Não lhe peço mais do que o seu melhor. Salve meus irmãos.

— Sim, já prometi ao Santo Dragão. Agora, sobre essa coisa de sábio?

— Diga teu nome — o dragão de repente rugiu em alto e bom som.

Me encolhi.

— Luciel.

— Seu cajado. Ele Ă© da minha linhagem. Apresente-o a mim.

— Assim?

NĂŁo recebi resposta, entĂŁo uma luz vermelha brilhante surgiu e fluiu para dentro do cajado, como se fosse sugada.

— Boa sorte, Luciel — a fera sorriu. — E assim mais uma promessa se cumpre… Fjil…na…

— Espera, eu ainda tenho… — Mas seu corpo jĂĄ começava a se desfazer. — Perguntas. Eu queria que esses dragĂ”es parassem de fazer isso.

De repente, como uma fĂȘnix renascendo em um conto de fadas, os restos se incendiaram e queimaram rapidamente atĂ© nĂŁo sobrarem nem cinzas. Assim como com o Santo DragĂŁo, uma grande gema mĂĄgica e um baĂș do tesouro apareceram onde o DragĂŁo Flamejante havia caĂ­do. Quando abri o baĂș, uma pequena esfera disparou para fora.

— Uou!

De repente, uma luz brilhou da minha bolsa mĂĄgica e o colar que eu havia conseguido do Santo DragĂŁo emergiu por conta prĂłpria, encontrando a esfera no ar e encaixando-a perfeitamente em uma de suas cavidades.

— Eu sabia — era um encaixe perfeito, deixando mais sete buracos do mesmo tamanho para preencher. — Bem, isso jĂĄ sĂŁo dois, entĂŁo acho que Ă© o suficiente, nĂ©?

Ri sem graça de mim mesmo e fiquei ali, parado como um idiota, antes de lembrar que tinha gente me esperando.

Sacudi a cabeça e me preparei para partir, guardando o tesouro na bolsa enquanto purificava cada item.

— O que Ă© isso tudo? Moedas que nunca vi, palavras que nĂŁo consigo ler… Esse lugar deve ser antigo.

Com tudo em mãos (exceto pela pedra mågica no centro, que eu não queria testar agora), pisei no círculo e ele começou a brilhar. Ping.

Título obtido: Proteção do Dragão Flamejante

TĂ­tulo obtido: Matador de Dracos

TĂ­tulo obtido: Escolhido de Draconis

Quando minha visão voltou, eu estava em frente ao labirinto, com o sol alto no céu. Todos correram até mim ao mesmo tempo e meu estÎmago roncou no momento exato. Quase me senti envergonhado antes de ver os outros segurando suas barrigas vazias também. Hora do café da manhã.

— VocĂȘ quer dizer que a porta era real?

— Sim. Aparentemente, Ă© preciso ter uma bĂȘnção para poder vĂȘ-la, por isso sĂł eu consegui. Pelo menos foi o que o DragĂŁo Flamejante disse.

— Dragão Flamejante?

Lionel parecia ansioso para testar sua lĂąmina contra um inimigo assim.

Ri.

— Não houve luta. Ele estava sofrendo, então eu o curei. Só isso.

— Entendo.

Enquanto a comida ficava pronta, contei ao lunåtico sedento por batalhas o que aconteceu depois que desapareci. Algo parecia estar martelando na cabeça dele, mas não perguntei. Com exceção de alguns aventureiros cuidando dos cavalos, os mais impacientes jå tinham voltado para Yenice. Sem café da manhã para eles.

O céu claro e tranquilo combinava perfeitamente com nossa refeição. Imaginei que um churrasco algum dia seria uma boa ideia.

Depois do cafĂ© da manhĂŁ, nos preparamos para partir. Montei ForĂȘt Noire, entramos em formação e seguimos para Yenice mais uma vez.

— AlguĂ©m ficou bem emburrado por um tempo — disse, acariciando o pescoço da minha montaria. — O que serĂĄ que vocĂȘ tem contra magia de purificação, hein?

A pobrezinha devia estar de mau humor depois de ser deixada de lado por tanto tempo, mas agora jå estava bem. Pelo que parecia, eu a tinha transformado em uma espécie de maníaca por limpeza.

Conversar com Goldhus havia sido um bom passa-tempo no caminho para o labirinto. Na volta, no entanto, foi um tĂ©dio absoluto. Minha conversa com ForĂȘt logo morreu e ninguĂ©m mais estava com vontade de falar. SĂł restavam eu e a estrada monĂłtona, entĂŁo abri minha tela de status sem motivo especĂ­fico.

Nome: Luciel
 Classe: Curandeiro X — DragĂŁo GĂȘmeo II
 Idade: 20
 NĂ­vel: 102

HP: 3020 — MP: 2610
 FOR: 366 — VIT: 389
 DES: 351 — AGI: 369
 INT: 422 — MGI: 460
 RMG: 454 — SP: 205

Afinidade MĂĄgica: Sagrada


Habilidades:
 Maestria em Avaliação I — Sorte Monstro I — Artes Marciais VI
 Manipulação de Magia X — Controle de Magia X — Magia Sagrada X
 Meditação VIII — Foco IX — Recuperação de Vida VIII
 Recuperação de Magia IX — Recuperação de Força VII — Arremesso V
 Carnificina II — Detecção de Perigo V — Locomoção VI
 Aprimoramento FĂ­sico IV — Pensamento Paralelo V — Lançamento RĂĄpido VII
 Lançamento Nulo V — Lançamento Livre II — CĂ­rculo MĂĄgico IV
 Esgrima V — Escudos IV — Lanças IV
 Arco e Flecha I — Espada e Lança IV — Percepção V
 Detecção de Armadilhas II — Identificação de Armadilhas I — Cartografia IV
 Amplificação MĂĄgica III — Pensamento Acelerado III

 Taxa de Crescimento de HP IX — Taxa de Crescimento de MP IX

 Taxa de Crescimento de Força IX — Taxa de Crescimento de Vitalidade IX

 Taxa de Crescimento de Destreza IX — Taxa de Crescimento de Agilidade IX

 Taxa de Crescimento de InteligĂȘncia IX — Taxa de Crescimento de Magia IX

 Taxa de Crescimento de ResistĂȘncia MĂĄgica IX — Taxa de Crescimento de Atributos FĂ­sicos III


ResistĂȘncia a Veneno IX — ResistĂȘncia a Paralisia IX — ResistĂȘncia a Petrificação IX
 ResistĂȘncia a Sono IX — ResistĂȘncia a Encanto V — ResistĂȘncia a Maldição IX
 ResistĂȘncia a Enfraquecimento IX — ResistĂȘncia a SilĂȘncio IX — ResistĂȘncia a Doenças IX
 ResistĂȘncia a Choque VI — ResistĂȘncia a IlusĂŁo VII — ResistĂȘncia Espiritual IX
 ResistĂȘncia a Cortes VII — ResistĂȘncia a PerfuraçÔes VI


TÍTULOS

Moldador do Destino (todos os atributos +10)
 Proteção do Deus do Destino (aumento de SP)
 BĂȘnção do Curandeiro Divino (eficĂĄcia da magia sagrada de cura +50%)
 Proteção do DragĂŁo Sagrado (concede a classe Dragoon Sagrado, aumenta habilidades e atributos de combate, e a capacidade de falar com dragĂ”es)
 Matador de DragĂ”es (aumento de força e habilidades defensivas contra dragĂ”es)
 Aquele que Libertou o Selo (imune Ă  maldição do Ímpio e escolhido dos poderes dos dragĂ”es selados)
 Proteção do DragĂŁo Flamejante (concede a classe Dragoon Flamejante, aumenta habilidades e atributos de combate, e a capacidade de falar com dragĂ”es)
 Caçador de Dracos (aumento de força e habilidades defensivas contra dracos menores)
 Escolhido dos Draconis (um vĂ­nculo Ă© formado com os grandes dragĂ”es e seus descendentes)


Guilda dos Aventureiros — Rank E | Guilda dos Curandeiros — Rank S


Para minha surpresa, eu tinha subido doze nĂ­veis. Meus atributos aumentaram consideravelmente, e parecia que meu ganho de SP tinha passado de dois para trĂȘs por nĂ­vel. O dragĂŁo vermelho sozinho nĂŁo poderia ter causado isso, o que significava que power-leveling era totalmente viĂĄvel neste mundo. Com a estratĂ©gia certa, poderĂ­amos criar uma geração de jovens curandeiros poderosos em pouco tempo. Mas nĂŁo havia como ser tĂŁo fĂĄcil assim. Eu precisava conversar com a Igreja.

Depois de encarar as habilidades que nĂŁo tinham aumentado, estava prestes a fechar o menu quando notei a expressĂŁo “elemento de classe” na bĂȘnção do DragĂŁo Flamejante. O que diabos isso significava? A afinidade do DragĂŁo Flamejante? Por que essas coisas nunca eram explicadas?

ForĂȘt relinchou, incomodada com minha distração. Fiz um pedido rĂĄpido de desculpas e fechei a janela de status. Yenice nĂŁo estava longe agora.

— O que Ă© dessa vez? — resmunguei.

Yenice jĂĄ estava Ă  vista, e nosso grupo ficou pasmo. CidadĂŁos yenitianos praticamente se derramavam pelos portĂ”es, ansiosos por nossa chegada. No momento em que nos viram (ou melhor, me viram) se aproximando, começaram a aplaudir e gritar. Droga, eu tinha esquecido de dizer ao Goldhus para ficar de boca fechada… aquele brutamontes falastrĂŁo. Graças aos deuses pelos meus guardas segurando os curiosos, senĂŁo isso teria ficado bem caĂłtico.

Forçando um sorriso rígido e ignorando os gritos à minha volta, segui minha escolta, que abriu caminho entre a multidão até nosso destino: a propriedade de Shahza.

Quando o Ășltimo de nĂłs entrou no pĂĄtio, o portĂŁo se fechou atrĂĄs de nĂłs.

— VocĂȘs ouviram aquilo? Estavam gritando como se eu fosse um herĂłi de conto de fadas. Ouvi “matador de dragĂ”es”, algo sobre “paladino”, “o invencĂ­vel sei-lĂĄ-o-quĂȘ”… Alguns atĂ© me chamaram de discĂ­pulo do Curandeiro Divino!

— VocĂȘ realmente matou um dragĂŁo, convenhamos — disse Lionel.

— Ele tem razão — acrescentou Ketty.

— Sozinho — comentou Pola.

Seu avĂŽ completou:

— Não precisou de nós nem um pouco.

— VocĂȘ pode chamar de sorte — continuou Kefin —, mas aguentou um golpe direto de um dragĂŁo e sobreviveu. Ainda por cima contra-atacou. O fato Ă© que vocĂȘ matou um dragĂŁo, e isso Ă© impressionante.

— Sua apreensĂŁo Ă© compreensĂ­vel, mas tenho certeza de que sua fama ajudarĂĄ a posição da guilda — concluiu Nalia.

Não havia muito sentido em argumentar quando todo o meu grupo estava claramente se divertindo às minhas custas. Ótimo para eles.

Suspirei e segui para o prédio.

— Ah, Luciel—-digo, senhor! Sua bĂȘnção ficou mais forte? — Goldhus gritou animado ao me ver.

Lancei um olhar de desaprovação.

— Algum problema, senhor?

Meu coração se endureceu.

— NĂŁo se preocupe com minha bĂȘnção. Tem algo a ver com matar um dragĂŁo. Falando nisso, aquela paradinha lĂĄ fora foi ideia sua? Eu sou um curandeiro, nĂŁo um guerreiro em busca de fama.

— Sei que nĂŁo Ă© grande coisa para o começo de uma lenda, mas Ă© o mĂ­nimo que podĂ­amos fazer depois do que vocĂȘ conquistou!

Calmamente, tirei duas canecas e um barril. Um barril bem podre.

— Ah, entendi perfeitamente. Mas que tipo de celebração seria sem um brinde? — Um sorriso malicioso se formou nos meus lábios enquanto eu me aproximava do mestre da guilda.

— L-L-Luciel? Senhor? E-Eu fiz algo para ofendĂȘ-lo?

— O quĂȘ? NĂŁo, sĂł quero brindar com vocĂȘ. NĂŁo vai me acompanhar?

Ele começou a tremer violentamente. Mas eu não estava com humor para misericórdia. Uma sonequinha não ia fazer mal, e qualquer possível salvador jå estava prostrado diante de nós. Não havia escapatória.

Levantei minha caneca.

— SaĂșde.

Bebi tudo de uma vez, e Goldhus me acompanhou, hesitante ao encostar os lĂĄbios na borda. Um gole depois, seus olhos viraram para trĂĄs e ele caiu no chĂŁo, apagado.

— Ufa, isso sim Ă© refrescante. Mas o cheiro tĂĄ horrĂ­vel… deixa eu consertar isso rapidinho.

Lancei alguns feitiços e pedi para levarem Goldhus para um lugar onde pudesse descansar. Alguns homens-fera quase tropeçaram em si mesmos para carregar o mestre da guilda para fora dali num piscar de olhos.

Sorri para Jeiyas.

— Vamos para o próximo assunto, certo?

Acontece que o vice-mestre da Guilda dos Doutores era o cérebro por trås de tudo; um agente de Illumasia enviado para desestabilizar Yenice. Shahza e os outros homens-fera belicosos eram apenas marionetes que o império seduziu com conselhos sobre como subjugar seus colegas menos agressivos. E quando a venda de remédios para certas raças se tornou uma moeda de troca, não havia como sair dessa. Eles até foram proibidos de falar com aventureiros quando fugiram para o labirinto, então não teríamos descoberto nada com eles.

Falando nisso, o ritmo incomum deles se devia ao uso de duas drogas: uma que espalhavam para atrair monstros e outra que aplicavam em si mesmos para afastĂĄ-los. Algo parecido com a SubstĂąncia X.

O que mais me chamou a atenção foi o envolvimento de Illumasia. Essa era a segunda vez que eu me deparava com eles, e em nenhuma delas o encontro foi amigåvel. Devem estar bem irritados comigo por atrapalhar os planos deles a cada passo, mas a situação em Yenice vinha em primeiro lugar. O país estava sob ataque, e eu estava curioso para saber como o conselho planejava se proteger e de que forma a Guilda dos Curandeiros poderia ajudar.

— Que pena o que aconteceu com Shahza — eu disse. — Felizmente, o vice-mestre da guilda, Grohala, ainda pode ser interrogado, mas como Yenice vai reagir a tudo isso?

— Nosso chefe de estado Ă© eleito entre as vĂĄrias raças de homens-fera: cĂŁo, lobo, gato, tigre, dragĂŁo, raposa, pĂĄssaro e coelho — explicou Orga, o antigo lĂ­der. — Desses, todos, exceto a raça do chefe do Ășltimo mandato, podem concorrer.

— Certo. Isso eu já sabia.

— Mas este incidente Ă© sem precedentes. Como punição, os homens-tigre e os dragonewts serĂŁo suspensos das eleiçÔes por dez anos, ou exatamente cinco mandatos. Eles tambĂ©m serĂŁo removidos de todos os cargos do governo executivo, e conduziremos investigaçÔes extensivas sobre outras ĂĄreas de possĂ­vel corrupção.

— E quanto ao plano de curto prazo? O que acontece agora?

Orga de repente endireitou a postura e me encarou. Alguns segundos se passaram, e, quando eu estava prestes a perguntar qual era o problema dele, ele se abaixou até o chão e se prostrou.

— Imploramos por sua ajuda, senhor. Falta um ano para o fim do mandato atual, e Ă© tudo o que pedimos de vocĂȘ.

VĂĄrios outros homens-fera seguiram o exemplo, e, antes que eu percebesse, estĂĄvamos no centro de mais uma cena digna de um drama histĂłrico que eu jurava jĂĄ ter visto antes.

— Desculpa, o quĂȘ?

— Os homens-fera precisam de uma mĂŁo firme, mas gentil, de alguĂ©m que respeitamos. Temo que nossa nação possa se desmantelar sem a sua liderança, senhor.

Desde quando eu tinha esse tipo de carisma ou magnetismo? Esses boatos sobre mim estavam saindo do controle.

— Se for sĂł para usarem meu nome, por mim tudo bem. — Eu nĂŁo queria que o paĂ­s de ninguĂ©m desmoronasse, tanto quanto nĂŁo queria enfiar meu nariz nisso tudo. Precisava consultar Sua Santidade antes de tomar qualquer decisĂŁo.

— Recentemente, enviamos um mensageiro para Sua Santidade da Igreja de Saint Shurule, pedindo permissĂŁo para que vocĂȘ sirva como membro temporĂĄrio do conselho. Queremos ouvir suas ideias para tornar Yenice uma terra prĂłspera.

Bom, pedir perdĂŁo era certamente mais fĂĄcil do que pedir permissĂŁo…

— TĂĄ, isso jĂĄ Ă© meio exagerado. Eu vim aqui para reconstruir a Guilda dos Curandeiros, nĂŁo para brincar de polĂ­tica. Eu mal conheço esse lugar!

Eu jå estava em apuros até o pescoço. Isso tudo estava ficando ridículo. Mas ia ficar ainda mais insano, não ia?

— Garantiremos que nada atrapalhe suas funçÔes nesse aspecto. Na verdade, planejamos estabelecer um distrito especial para realocar tanto a Guilda dos Curandeiros quanto a dos Doutores.

— Desde quando?

— Os lotes jĂĄ estĂŁo reservados. Acreditamos que isso tambĂ©m criaria empregos para os moradores da favela. Quanto Ă  atual sede da Guilda dos Curandeiros, gostarĂ­amos de oferecĂȘ-la a vocĂȘ como presente. Sua prĂłpria residĂȘncia.

Ter uma casa própria era ótimo e tudo mais, mas alguém precisava pisar no freio nisso. Nada disso fazia sentido. Pelo que eu sabia, não havia mais terrenos disponíveis para a guilda.

— Tudo isso em troca da minha liderança?

— Oh, não. É apenas por gratidão.

O homem-fera continuava pressionando a cabeça contra o chão. Meu estÎmago começou a doer.

— Deixem-me pensar nisso, tá? É muita responsabilidade, e não posso assumir tudo de uma vez sem falar com o papa primeiro.

Chega. Nem se me pagassem eu ficaria ali por mais um segundo.

— Por favor, considere! — gritou Orga, seguido pelos outros homens-fera que continuavam curvados.

Meu bom humor, depois de enfiar a SubstĂąncia X goela abaixo do Goldhus, tinha ido por ĂĄgua abaixo. Quando saĂ­mos da propriedade, as Ășnicas pessoas que ainda estavam por ali eram garotos e garotas jovens, nos observando de longe com admiração nos olhos.

Suspirei. Tinha muitas expectativas para atender e nenhuma ideia de como fazer isso.

— Grohala merece um caneco por ter começado essa bagunça.

Os homens-fera que tremeram ao ouvir meu resmungo ameaçador passaram despercebidos enquanto eu pensava no que incluir nas minhas cartas para Sua Santidade e para os irmãos bestiais de Merratoni.


Tradução: CarpeadoPara estas e outras obras, visite o Carpeado Traduz – Clicando Aqui


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