The Great Cleric â CapĂtulo 4 â Volume 4
The Great ClericSeija Musou
CapĂtulo 5: Para Reviver a Guilda dos Curandeiros
Light Novel Online – CapĂtulo 4:
[O Orgulho do Mestre]
Diferente de ontem, nossa ida Ă s compras terminou sem incidentes. Quando voltamos para a guilda, os curandeiros estavam cutucando e examinando os utensĂlios mĂĄgicos da cozinha como crianças curiosas. Era atĂ© fofo.
â Voltamos, pessoal. VocĂȘs vĂŁo fazer o jantar hoje?
Jord se aproximou com um sorriso.
â JĂĄ terminamos o treino de magia e estĂĄvamos procurando algo pra fazer de qualquer jeito. NĂŁo deve ser fĂĄcil cozinhar pra todo mundo sozinho. Ah, e esses itens mĂĄgicos sĂŁo insanos, mas nĂŁo tanto quanto essa sua lista de receitas. Tem atĂ© comida da minha cidade natal!
O resto do grupo ficou animado ao ver pratos de suas terras na lista.
â Vou deixar com vocĂȘs, entĂŁo. AmanhĂŁ, eu e os curandeiros vamos Ă Guilda dos Aventureiros para demonstrar nossa magia.
Os rostos deles escureceram. Qual era o problema? A SubstĂąncia X era ruim, sim, mas extremamente Ăștil depois que se acostumava com ela. Todos tinham ficado aliviados quando perceberam que eu tinha esquecido de reabastecer o estoque, como se minha simples presença significasse barris daquela coisa.
â Vai ser um evento especial e gratuito. JĂĄ conversei com o papa sobre isso â continuei. â Vamos sair depois do almoço. Alguns cavaleiros vĂŁo nos acompanhar como guardas, mas o resto ficarĂĄ aqui, tomando conta dos escravos. Enfim, boa sorte com o jantar. Vou descer.
Jord sorriu e bateu o punho no peito em saudação, seguido pelos outros. Retribuà o gesto, grato por ter um segundo no comando tão bom em manter o ùnimo do grupo.
Ketty ficou no andar de cima para conversar com Nalia, e Lionel me acompanhou atĂ© o porĂŁo, o que significava que ele foi o Ășnico a testemunhar minha reação.
â NĂłs… estamos no subsolo, certo?
Nem mesmo o guerreiro de expressĂŁo impassĂvel conseguiu esconder o choque.
â Acredito que, em algum momento, sim.
Palavra-chave: “acredito”. O que estava diante de nĂłs nĂŁo era mais um porĂŁo subterrĂąneo, mas um espaço aberto. O sol brilhava onde, atĂ© aquela manhĂŁ, havia um teto iluminado magicamente. O vento soprava pelo que antes eram paredes. O modesto cercado de cavalos tinha se transformado em um pasto, com cercas, campos recĂ©m-arados e espaço de sobra para ForĂȘt Noire correr Ă vontade. No momento, ela e os outros cavalos estavam deitados confortavelmente.
â Isso nĂŁo pode ser real. Os anĂ”es sĂŁo impressionantes, mas nĂŁo tem como alguĂ©m ter feito isso. Parece… natural demais!
â Subi de nĂvel, chefe â disse Pola do nada. â Meu trabalho. E minha habilidade de artificie tambĂ©m.
â Ah, vocĂȘ estĂĄ acordada. Quer dizer… espera, foi vocĂȘ que fez tudo isso?
â NĂŁo estĂĄ bom o suficiente. â Ela balançou a cabeça. â Ainda nĂŁo consigo expandir o espaço.
Essa garota era maluca.
â Ah, vocĂȘ voltou! â Dhoran apareceu, e eu me preparei para a enxurrada de bajulação que viria. â Acabei de reforçar todos os pisos. Acho que agora vou poder experiâ digo, criar umas coisas pro bem da guilda.
O maldito anĂŁo quase disse “experimentar”. Antes que eu pudesse dar uma bronca nele, Pola ergueu as mĂŁos para mim.
â HĂŁ… sim? â perguntei.
â Pedras, por favor.
Fiquei olhando para ela, sem entender. Ela devolveu o olhar. Ficamos assim por um tempo. EntĂŁo olhei para Dhoran, que imediatamente desviou o olhar.
â Acabaram. Eu disse isso quando entreguei as Ășltimas pra ele de manhĂŁ.
Pola fez uma careta, os olhos se enchendo de lĂĄgrimas.
â VocĂȘ mentiu, vovĂŽ.
Dhoran gritou de agonia, como se o desprezo da neta tivesse perfurado seu coração.
â Escuta, menina, vocĂȘ tem que entender! O chefe queria a guilda segura, entende? Precisei de muitas gemas pra fazer essa barreira, vocĂȘ sabe disso.
â Mas vocĂȘ disse que ele tinha um monte.
â E-eu disse…
Olhei para Lionel.
â SerĂĄ que esses dois sĂŁo bons em comparação a outros profissionais?
â SĂŁo provavelmente alguns dos melhores na ĂĄrea. Entre os muitos rostos que jĂĄ vi e nomes que jĂĄ ouvi, posso contar nos dedos de uma mĂŁo os mestres no nĂvel de Dhoran. No caso de Pola, talvez precisasse de duas.
Se Dhoran e Pola eram incrĂveis, e Lionel e Ketty tambĂ©m, entĂŁo isso significava que…
â NĂŁo me diga que a Nalia tambĂ©m Ă© talentosa como vocĂȘs. O que Ă©? Combate? Artesanato?
â Nalia nĂŁo tem muito interesse em luta ou magia.
Graças a Deus. Pelo menos uma normal.
â Mas ela Ă© extremamente perceptiva, hĂĄbil em ocultar sua presença e magia, e tem grande conhecimento em etiqueta da realeza.
Retiro o que disse. Nenhuma dessas pessoas era normal. Comecei a achar que a insanidade era padrĂŁo nesse mundo.
â Luciel, rapaz, eu te imploro! â Dhoran caiu de joelhos. â Ordene que eu vĂĄ buscar mais pedras mĂĄgicas ou vĂĄ atrĂĄs delas vocĂȘ mesmo! Por favor!
Pola cruzou os braços, as bochechas infladas. Mas agora que as reformas estavam quase prontas, eu estava ficando sem tarefas para eles.
â Desculpe, mas nĂŁo. Aqui, quero que escrevam suas ideias nesse caderno e tragam as propostas para mim. As pedras mĂĄgicas vĂȘm depois.
â I-isso Ă© cruel…
Dhoran pegou a pena e o papel com os ombros caĂdos. Pola, antes estoica, estava boquiaberta. A menina reservada da cela tinha desaparecido.
Fazia isso pelo meu prĂłprio bem. Meu coração nĂŁo aguentava mais “experimentos”.
â Sejam detalhistas. Quero saber tudo o que o item faz, seus efeitos, essas coisas. Se eu achar Ăștil, arrumo as pedras necessĂĄrias.
Eles se animaram um pouco e voltaram para seus ateliĂȘs no terceiro andar.
â Nunca Ă© entediante com esses caras por perto â murmurei.
â Independente do equipamento que tivermos, protegerei vocĂȘ â garantiu Lionel. â Ă sĂł dizer a palavra.
â Verdade.
Lancei Purificação em ForĂȘt, torcendo para que a demonstração de magia na Guilda dos Aventureiros no dia seguinte fosse um sucesso.
O jantar daquela noite estava delicioso. Com a orientação de Nalia, os sabores tinham um toque que eu nunca imaginei. Parecia que eu tinha encontrado uma rivalâ ou melhor, nĂŁo. NĂŁo fazia sentido ser orgulhoso quando havia tanto a aprender com ela.
Lionel e Ketty dividiram os escravos criminosos para o turno da noite, e depois de contatar Sua Santidade, finalmente fui dormir.
Na manhã seguinte, me espreguicei, treinei um pouco de magia e passei na cozinha para separar os ingredientes do café da manhã.
â Bom dia, senhor â cumprimentou Nalia.
â Bom dia. A cozinha Ă© sua a partir de agora. Vou descer para treinar um pouco.
Ela fez uma leve reverĂȘncia.
â Como desejar, senhor.
Quando cheguei ao quarto andar do porão, percebi que alguém jå estava lå.
â Bom dia, Lionel.
â Estava esperando.
Ele sorriu. Um enorme espadão estava preso às suas costas, e um escudo gigantesco repousava em seu braço esquerdo.

â Como vocĂȘ sabia que eu viria aqui embaixo?
â Somos criaturas de hĂĄbito.
â Justo. EntĂŁo, o que estĂĄ fazendo aqui?
â Acho que prometi treinĂĄ-lo e queria cumprir essa promessa.
â Certo, agora qual Ă© o verdadeiro motivo? Eu consigo correr sozinho sem problemas.
Ele deu de ombros.
â Quero ver o quanto minhas habilidades ficaram enferrujadas. E tem mais uma coisa. No passado, um amigo meu falou sobre um aprendiz que encontrou, alguĂ©m que nunca recuava diante de um ferimento, e eu fiquei com inveja na Ă©poca.
NĂŁo podia ser o meu mestre, certo? Lionel sorriu, como se tivesse lido meus pensamentos.
â O nome dele era Brod, tambĂ©m conhecido como o FuracĂŁo. Duas dĂ©cadas atrĂĄs, nosso duelo terminou em empate, e desde entĂŁo trocamos cartas.
Sabia! O ditado “os iguais se atraem” me veio Ă mente. Infelizmente, agora eu tinha certeza absoluta de que Lionel era tĂŁo obcecado por batalhas quanto seu amigo.
â SĂł um lembrete: eu sou um curandeiro. Por favor, nĂŁo me mate por acidente.
â Verdade, vocĂȘ tem um compromisso importante hoje. Vou me lembrar disso.
â Isso jĂĄ Ă© alguma coisa, eu acho â gemi. â Vou fazer um pouco de corrida para aquecer primeiro.
Dei algumas voltas e fiz alongamentos sob seu olhar atento. Estava começando a sentir aquele meu famoso pressentimento ruim sobre essa luta, mas não havia como fugir, então engoli em seco, ergui uma barreira e segui em frente.
Logo percebi uma coisa. Embora não pudesse dizer quem era mais forte, aprendi que Lionel e Brod tinham forças em åreas diferentes. Enquanto meu mestre se destacava em velocidade, precisão e movimento, Lionel era como um golem resistente. Ele era uma muralha, e não havia como passar pelo seu escudo ou pelos golpes devastadores de sua lùmina titùnica. Simplificando, Brod era a pantera, enquanto Lionel era o urso.
Outra diferença marcante era o estilo de ensino deles. Meu mestre era muito meticuloso em seu treinamento, enquanto Lionel era mais direto e prĂĄtico. Ainda assim, o jeito que ele entrou em pĂąnico quando acidentalmente arrancou meu braço esquerdo me lembrou de Brod nos tempos em que eu ainda o chamava de “instrutor”.
Espera aĂ⊠sem Cura Extra, eu teria morrido agora mesmo! De que serviam aqueles selos de escravo se ele podia me mutilar tĂŁo facilmente?
Durante toda a luta, rezei e implorei aos cĂ©us para que alguĂ©m viesse nos chamar para o cafĂ© da manhĂŁ e garantisse que isso nĂŁo se tornasse um hĂĄbito. No final do treinamento, jĂĄ tĂnhamos reunido uma plateia de escravos curiosos.
â Ah, bom trabalho ontem Ă noite, pessoal. Descansem depois do cafĂ© da manhĂŁ â disse a eles.
Eles me olharam boquiabertos, mas eu estava faminto demais para me importar. Entrei no elevador mĂĄgico e subi. Ontem, nos certificamos de que ele realmente funcionava.
Os outros jĂĄ estavam me esperando na cozinha, a comida intocada.
â VocĂȘs nĂŁo precisavam esperar.
Sentei-me, dei graças pela refeição e comecei a comer, quando alguém do grupo perguntou:
â VocĂȘ vai fazer curas quando formos Ă Guilda dos Aventureiros hoje?
â Se for necessĂĄrio. Vou intervir em casos de petrificação, venenos ou coisas que o Cura Avançada nĂŁo possa resolver, mas quero que vocĂȘs sejam a base de Yenice.
â Podemos assistir vocĂȘ trabalhar, se tivermos oportunidade?
â Claro. JĂĄ expliquei o essencial do meu mĂ©todo, mas ver com os prĂłprios olhos sempre ajuda.
Conversamos enquanto comĂamos, e mais uma vez fiquei impressionado com Nalia. Ela era extremamente habilidosa com esse tipo de trabalho domĂ©stico, mas devia ser difĂcil lidar com tudo sozinha. Talvez um escravo assistente para ajudĂĄ-la nĂŁo fosse uma mĂĄ ideia.
Guardei esse pensamento e peguei um mapa da Guilda dos Aventureiros, mostrando onde queria que cada um ficasse posicionado. NinguĂ©m se opĂŽs ao plano enquanto discutĂamos os detalhes. Eu me vi grato ao papa e a Granhart por me colocarem nessa posição.
â Vamos mostrar do que somos capazes!
â Sim, senhor!
Depois disso, me tranquei na sala do mestre da guilda até ouvir uma batida na porta naquela tarde.
â Entre.
Dhoran e Pola entraram, trazendo rolos de pergaminho amarrados com fitas.
â Hum⊠vocĂȘs conseguiram dormir um pouco, nĂ©?
Eles pareciam exaustos, com olheiras e os olhos vermelhos. Colocaram os pergaminhos sobre minha mesa sem dizer uma palavra.
â Tudo isso…
â Metade Ă© nossa. Metade Ă© pra vender.
â Vai vender por um bom preço â acrescentou Pola. â Queremos usar metade do dinheiro para comprar mais pedras mĂĄgicas.
Era um monte de coisa para ler de uma vez. EntĂŁo tive uma ideia. SĂł precisava usar um pouco de “mĂĄgica de escritĂłrio”.
â Vou dar uma olhada e responder depois. Agora, vĂŁo tomar cafĂ© e descansar um pouco, certo?
Mas nĂŁo havia mĂĄgica aqui.
â NĂŁo sairemos atĂ© que vocĂȘ leia â disse Pola, pequenas lĂĄgrimas nos cantos dos olhos cansados.
â Olha pra ela, Luciel. VocĂȘ nĂŁo pode fazer a garota chorar â insistiu Dhoran.
â Pelo amor de Deus. E vocĂȘ Ă© pĂ©ssimo ator, aliĂĄs. Mas tudo bem. Quem quer ser o primeiro?
â Ora, quem mais…
â Eu! â gritou Pola, encarando seu avĂŽ.
â Certo, entendi. Vai descansar no sofĂĄ enquanto isso.
Por algum milagre, consegui revisar tudo a tempo de Nalia vir me chamar para o almoço.
â Pola, dois aprovados, cinco adiados. Dhoran, cinco aprovados, um adiado.
â E as pedras mĂĄgicas?
â As pedras mĂĄgicas!
As propostas que rejeitei eram tĂŁo absurdas que simplesmente nĂŁo dava para aprovĂĄ-las com a consciĂȘncia limpa, sĂł pelo que vi de relance nos relatĂłrios.
â Vamos Ă s compras em breve para pegar os materiais necessĂĄrios. E sim, prometo comprar as pedras mĂĄgicas.
Pola e Dhoran deram um high-five e finalmente relaxaram. Se juntaram a mim para o almoço, mas estavam visivelmente exaustos. Eles realmente incorporavam a ideia de colocar a vida no próprio trabalho.
Pouco depois, era hora de ir Ă Guilda dos Aventureiros.
â Certo, pessoal, vamos nessa!
â Sim!
â Boa viagem.
â Façam um bom trabalho!
Palavras de incentivo nos acompanharam enquanto partĂamos para o Sindicato dos Aventureiros. NinguĂ©m disse nada durante os dez minutos que levamos para chegar ao destino. EntĂŁo, parei na porta e me virei para o grupo.
â Vamos mostrar a Yenice do que somos capazes.
â Sim, senhor! â responderam com entusiasmo.
Eu esperava que este lugar se tornasse como uma segunda casa para eles.
â E nĂŁo se esqueçam de garantir que as pessoas saibam o quĂŁo fortes sĂŁo nossos guardas. Fiquem alertas, cavaleiros.
â Sim, senhor!
â Lionel, Ketty, comigo.
â Como desejar.
â Mmhmm!
Abri a porta e parei no lugar.
â Hm, entĂŁo Ă© isso que estamos enfrentando.
Ainda nem tĂnhamos descido as escadas e o salĂŁo jĂĄ estava lotado de pacientes, alguns se contorcendo pelos efeitos do veneno, outros imobilizados pela petrificação.
â Vamos seguir o plano C! â gritei para minha equipe. â Paramos na recepção e depois descemos. Sem desvios. Vamos direto ao porĂŁo, entenderam? Eu cuidarei dos casos mais graves.
Seguimos em frente. Eu havia planejado trĂȘs cenĂĄrios para hoje. O plano A era para o caso de encontrarmos resistĂȘncia, o plano B se nĂŁo houvesse pacientes e o plano C assumia que o Sindicato dos Doutores era ainda menos qualificado para curar do que eu imaginava.
â Meu nome Ă© Luciel, curandeiro de rank S â disse Ă recepcionista. â Estou com o Sindicato dos Curandeiros de Yenice, a pedido do vice-mestre Jeiyas. Por favor, avise que chegamos.
â S-Sim, senhor.
Ela saiu apressada e eu me virei para a multidĂŁo.
â Vamos tratar todos vocĂȘs, cortesia do Sindicato dos Curandeiros! Por favor, mantenham a calma e a ordem, e prometo que todos serĂŁo atendidos. Estabeleceremos uma ĂĄrea de triagem para que os pacientes mais urgentes tenham prioridade. Quem reclamar disso pode e serĂĄ recusado. Da mesma forma, quem se tornar violento nĂŁo receberĂĄ tratamento. NĂŁo somos anjos, nem uma instituição de caridade. Mas queremos curar, e essa Ă© a mais pura verdade. Deixem-nos ajudĂĄ-los.
â Por favor! â completaram os outros curandeiros em unĂssono.
TĂȘ-los ao meu lado me deu confiança. Vi Jeiyas subindo as escadas e disse a ele:
â Vou me concentrar nos que estĂŁo em estado mais crĂtico aqui no primeiro andar. Farei o que puder, mas, como disse, nĂŁo sou um deus.
â Entendido, senhor. Por aqui, homens.
Ele guiou os outros curandeiros para o andar de baixo, deixando-me com Lionel e Ketty ao meu lado. Comecei a curar.
Notei um jovem aventureiro encurvado perto das escadas, metade do corpo transformada em pedra, incapaz até de falar. Olhei para seu companheiro.
â Ele foi envenenado? HĂĄ alguma paralisia? Se nĂŁo tiver certeza, apenas me diga o que sabe.
O homem segurou o que restava do amigo e disse, com a voz embargada pelas lĂĄgrimas:
â F-Foi um gĂĄs no labirinto. Por favor, faça alguma coisa!
Ele tentou se agarrar a mim, mas Lionel se colocou no meio. Enquanto eu começava a entoar Dispel, o homem voltou-se para o amigo com desespero. O corpo do aventureiro ferido brilhou, sua forma ossificada retornando à carne e ao sangue. Após um Cura Intermediåria, ele parecia estar bem, mas ainda pålido, então lancei um Recuperar para normalizå-lo.
â Ele deve estar estĂĄvel agora. Se perdeu sangue, deixe-o descansar por alguns dias.
Olhei para o homem que Lionel tinha impedido de se aproximar, suspirei e lancei Recuperar nele também.
â Eu entendo querer cuidar de quem vocĂȘ ama, mas cuide de si mesmo primeiro. VocĂȘ estava quase tĂŁo mal quanto ele.
Atravessei a multidĂŁo de pacientes, restaurando consciĂȘncias e trazendo outros de volta do limite, arrancando gritos de comemoração a cada “milagre”. Honestamente, tudo estava indo perfeitamente.
Até que não estava mais.
â Formem uma fila! Vou atender todos! â gritei, mas entĂŁo um tumulto no andar de baixo chamou minha atenção.
â JĂĄ estou de saco cheio! Me curem logo, seus desgraçados! Quem vocĂȘs acham que eu sou?! â um homem-besta musculoso berrou, sendo contido por dois cavaleiros enquanto Jeiyas tentava, sem sucesso, acalmĂĄ-lo.
â Podemos parar com tudo agora, se preferir! â retruquei. â Eu nĂŁo sei quem vocĂȘ Ă© ou de onde veio, mas nĂŁo tenho paciĂȘncia para o seu tipo. Que direito vocĂȘ tem de reclamar de um trabalho voluntĂĄrio que nĂŁo te custa um cobre?
Desci as escadas para o campo de treinamento.
â NĂŁo me faça apresentar uma queixa oficial ao seu sindicato.
â E quem diabos Ă© esse moleque?
â O “moleque” Ă© um curandeiro de rank S. Luciel. Eu dirijo o Sindicato dos Curandeiros aqui, o que me dĂĄ autoridade para te dar duas opçÔes: fique quieto e espere sua vez ou estrague tudo para todo mundo e ninguĂ©m mais serĂĄ curado.
Lionel se posicionou Ă minha frente, Ketty atrĂĄs, e vĂĄrios aventureiros ainda aguardavam ansiosos por tratamento.
O homem me lançou um sorriso arrogante.
â Certo, senhor rank S, vamos ver como vocĂȘ lida com isso! Agora!
Do nada, nuvens de pĂł negro voaram em minha direção. Lionel estalou a lĂngua e ergueu seu escudo, seguido por Ketty com seu manto, mas era impossĂvel para os dois bloquearem todos os grĂŁos.
â Quero ver vocĂȘ curar sem poder usar magia! Estamos fora! â ele gargalhou.
â VocĂȘ nĂŁo vai escapar! â gritou Lionel. Parecendo frustrado por ter falhado em me proteger, ele ergueu sua grande espada, quase a lançou contra o homem em fuga, mas se conteve. â Maldição!
Nosso alvo começou a desaparecer rapidamente, deixando para trås apenas um tronco com um pedaço de papel preso.
Ninjutsu?! Esse cara Ă© um ninja?!
â Uma ilusĂŁo. Magia negra! â Lionel gritou, correndo para a outra escadaria, por onde nosso inimigo e vĂĄrios outros homens-besta fugiam. â AlguĂ©m pare aquele homem!
Mas muitos ainda estavam gravemente feridos, e Jord e os outros tinham sido afetados pelo pĂł. Nossos atacantes atravessaram o campo de treinamento e subiram as escadas. Estavam livres, e tĂnhamos muitas pessoas para tratar para desperdiçar tempo na perseguição.
â InacreditĂĄvel… â Jeiyas afundou os ombros dramaticamente. â Quero todos que puderem se mover procurando por esses bastardos!
â A expressĂŁo de Lionel era semelhante Ă do mestre da guilda. â Sinto muito, Luciel.
â Escapou bem debaixo das minhas patas â choramingou Ketty.
â Ei, isso significa que nĂŁo vamos ser curados? â resmungou um aventureiro.
â Ă sĂł isso que vocĂȘs curandeiros podem fazer? Qual Ă©, eu tĂŽ morrendo aqui â queixou-se outro.
â VocĂȘ sabe o quanto foi difĂcil eu me arrastar atĂ© aqui?
Sem ter para onde direcionar sua frustração, os aventureiros se voltaram contra os curandeiros, cuja magia de cura havia sido completamente anulada. PrecisĂĄvamos fazer algo sobre essa falta de resistĂȘncia.
Caminhei lentamente até o centro e entoei:
â Ă santa mĂŁo da cura. Ă sopro nascente da terra. Ouça minha prece. Expulse as impurezas diante de mim e conduza-as Ă salvação. Purificação!
Meu corpo brilhou e cada partĂcula de poeira desapareceu. Em seguida, voltei minha atenção para os curandeiros.
â Ă santa mĂŁo da cura. Ă sopro nascente da terra. Ouça minha prece. Expurgue tudo que apodrece e restaure o equilĂbrio. Recuperação!
O feitiço os envolveu.
â Parece que algumas pessoas precisam de mais uns canecos.
Jord e os outros recuaram. Agora, a magia deles voltaria a funcionar normalmente, e os reclamÔes conseguiram se recompor.
â Isso resolve essa parte. Desculpem pelo transtorno, pessoal. Agora, aqueles que ainda precisam de cura, aguardem pacientemente â anunciei. â Ou vou amarrĂĄ-los na parede. Que tal isso, vice-mestre da guilda?
Jeiyas se recuperou do choque e assentiu.
â Quem tiver algo a dizer pode dizer na minha cara!
â Certo, vamos continuar de onde paramos.
Mais uma vez, me vi grato Ă SubstĂąncia X. Apesar de seus efeitos colaterais (especialmente o quĂŁo difĂcil tornava o aumento de nĂvel), seu aumento de resistĂȘncia foi extremamente Ăștil aqui. Seria bom para esses caras simplesmente se sentarem e beberem um pouco disso.
A cura continuou. Embora Jord e seu grupo não fossem habilidosos o suficiente para lançar Dissipar, Recuperação funcionava bem para a maioria das afliçÔes. Eu intervinha nos casos mais graves ou em ferimentos e deformaçÔes severas. Enquanto o membro ainda estivesse tecnicamente preso ao corpo, um lançamento de Cura Avançada bastava para restaurå-lo, e essa demonstração de poder rendeu ainda mais devotos. Amigos e entes queridos se abraçavam, dançavam juntos e explodiam em alegria.
Mas uma coisa me intrigava. Por que ninguĂ©m estava indo embora? CurĂĄvamos e curĂĄvamos, mas ninguĂ©m realmente saĂa do salĂŁo da guilda. Essas pessoas nĂŁo tinham mais nada para fazer? Meus companheiros jĂĄ estavam exaustos devido ao grande nĂșmero de pacientes, entĂŁo decidi entrar em ação e fazer as rodadas por conta prĂłpria.
â Ă santa mĂŁo da cura. Ă sopro nascente da terra. Ouça minha prece. Expurgue tudo que apodrece e restaure o equilĂbrio. Recuperação! Pronto, isso deve bastar.
Olhei ao redor.
â AlguĂ©m mais precisa de tratamento? Conseguimos atender a todos? Por favor, olhem em volta e nos avisem se virem alguĂ©m com dor.
Nenhuma resposta veio.
â Aventureiros â chamou Jeiyas â, nossa guilda falhou com a Guilda dos Curandeiros, apesar da boa vontade deles. Alguns de vocĂȘs criticaram esses homens generosos quando a culpa nunca foi deles. SĂŁo aqueles homens que merecem sua raiva!
Os aventureiros se encolheram, envergonhados.
â Disseram que o serviço de hoje seria gratuito, mas isso Ă© suficiente para nĂłs? NĂŁo! Inferno, nĂŁo! NĂłs, aventureiros, nĂłs, bestiais, sempre pagamos nossas dĂvidas! Vamos encontrar esses desgraçados e quem os colocou nisso! Vamos, pessoal, temos uma reputação a manter!
O salĂŁo tremeu com os vigorosos gritos e aclamaçÔes, e, apĂłs um rĂĄpido olhar e uma leve reverĂȘncia, eles subiram as escadas Ă s pressas.
â Sinto muito por isso, Luciel. Vamos compensar vocĂȘ â disse o dragonewt, abaixando a cabeça.
â Por favor, Jeiyas, isso nĂŁo Ă© necessĂĄrio. Eles estavam preparados para nĂłs. O plano deles era claramente impedir nossa cura e depois espalhar que nĂŁo conseguimos cumprir nossa promessa. Queriam manchar a reputação da guilda.
â Isso… Ă© bem provĂĄvel.
Bom, nĂŁo fique todo evasivo comigo.
â VocĂȘ acha que eles estĂŁo ligados a Shahza? Ou talvez Ă Guilda dos Doutores?
Minha equipe ficou surpresa. Eu nunca havia contado a eles sobre o envolvimento da guilda rival nos nossos problemas. Ou para ninguém, na verdade. Era uma informação delicada.
â NĂŁo posso afirmar nada com certeza â respondeu Jeiyas. â Mas sei que a Guilda dos Doutores vende aquele pĂł negro. Ele Ă© mais comumente usado contra monstros para impedir que usem magia.
â EntĂŁo praticamente qualquer um poderia conseguir isso. De qualquer forma, sua guilda conhece a cidade melhor do que nĂłs. Vou deixar isso com vocĂȘs.
Eu tinha a sensação de que sĂł piorarĂamos as coisas se nos metĂȘssemos, e nĂŁo podia colocar os outros (ou, cof cof, a mim mesmo) em mais perigo.
â NĂŁo sei o quanto confia em nĂłs depois disso, mas vamos chegar ao fundo disso. Eu juro.
A verdade era que eu realmente nĂŁo confiava neles. SĂł estava dando o benefĂcio da dĂșvida.
â Vamos voltar para a Guilda dos Curandeiros. Entre em contato assim que descobrir algo.
â Faremos isso.
Ele fez uma Ășltima reverĂȘncia e nos acompanhou atĂ© a porta.
â AtĂ© a prĂłxima â despedi-me.
Lionel nos conduziu para fora e deu um passo antes de parar abruptamente.
â O que foi…?
Um grupo carregando vĂĄrios aventureiros feridos passou correndo por nĂłs e entrou no salĂŁo, me cortando no meio da frase. Jeiyas olhou para eles e arregalou os olhos.
â IrmĂŁo! â gritou ele.
â Coloquem todos a trĂȘs metros de mim, e eu usarei Cura Avançada em Ărea â ordenei. â Quero que o resto de vocĂȘs cuide de venenos e paralisias.
â Sim, senhor! â responderam os curandeiros.
O dragonewt incapacitado, presumivelmente o mestre da guilda, despertou de repente e lançou um olhar furioso para nós.
â Malditos curandeiros! â rosnou ele. â O que mais vocĂȘs querem tirar de nĂłs?!
Ele estava em pĂ©ssimo estado, a pele descolorida. Ainda lembrava Jeiyas, mas com traços mais rĂșsticos que aumentavam a ferocidade em seus olhos. Ainda assim, aquilo nĂŁo intimidava. Fiquei aliviado por ele estar consciente, mas, mais uma vez, confrontado com a dura realidade dos curandeiros, nĂŁo pude evitar um certo desĂąnimo.
â Desta vez, nĂŁo estamos cobrando nada â disse eu, com uma calma surpreendente atĂ© para mim. â Agora deite-se e nos deixe ajudĂĄ-lo, droga!
ApĂłs minha mudança completa de calma para frustração, o dragonewt relaxou. Certifiquei-me de que todos estavam ao alcance e lancei um Ărea de Cura Elevada. A maioria dos ferimentos parecia interna, entĂŁo rapidamente usei Purificação, Dissipar e Recuperação no pomposo mestre da guilda atĂ© que sua pele finalmente voltasse a um tom saudĂĄvel. Ignorando o choque em seu rosto enquanto ele apalpava o prĂłprio corpo, virei-me para os outros dez aventureiros que ainda precisavam de atenção.
Quando tudo se acalmou, Jeiyas me apresentou ao seu irmĂŁo mais velho, Goldhus.
â Me desculpe por gritar mais cedo. Sou Luciel, curandeiro de Rank-S e mestre da Guilda dos Curandeiros de Yenice. Conversei com Jeiyas ontem sobre fazer uma demonstração dos nossos serviços hoje, sem custo, e Ă© por isso que estou aqui agora.
O mestre da guilda ficou boquiaberto, entĂŁo olhou para o irmĂŁo, que acenou em resposta. Goldhus imediatamente caiu de joelhos e se prostrou.
â Eu peço desculpas do fundo do meu coração pelo meu comportamento anterior!
Rapidamente o fiz se levantar, temendo continuar uma conversa com a nuca dele. Mas provavelmente jå era tarde demais para impedir a fåbrica de rumores. Droga, eu jå podia sentir uma dor de cabeça chegando.
â Mestres de guilda nĂŁo deveriam se ajoelhar assim, muito menos bem na entrada. As pessoas vĂŁo começar a falar.
â Sim! Sim, vocĂȘ tem razĂŁo! Minhas mais profundasâ
â Por favor, apenas fique de pĂ©.
â Certo. Muito obrigado.
Felizmente, evitamos um loop infinito, mas esse nĂŁo podia ser o mesmo cara que me encarava com tanta hostilidade momentos atrĂĄs.
â Sou o mestre da guilda daqui. Me chame de Goldhus. Sinto muito pelo que aconteceu antes. Ficar preso naquele labirinto afeta a mente, e eu nĂŁo fazia ideia de que vocĂȘ era Rank-S.
Labirinto ou não, a reação dele antes estava longe de ser suave.
â Parece que vocĂȘ entende o que um curandeiro pode fazer, senhor. Mas sua impressĂŁo sobre nĂłs nĂŁo Ă© muito boa, nĂŁo Ă©?
A expressĂŁo dele se fechou.
â NĂŁo exatamente. Quando era mais jovem, fui negado tratamento muitas vezes, fui extorquido. Mas hĂĄ alguns anos, durante uma reuniĂŁo na sede da Guilda dos Aventureiros, ouvi falar de um curandeiro diferente. Meio esquisito. VocĂȘ, Luciel.
Brod era um ex-aventureiro, então provavelmente Goldhus também era. Não era incomum que eles fossem menos receptivos comigo. Mas o que me intrigava mais era quem andava espalhando boatos sobre mim.
â Isso Ă©… interessante.
â Dizem que vocĂȘ morou na Guilda dos Aventureiros de Merratoni, onde treinava e curava qualquer um, independente de sexo, raça ou gravidade dos ferimentos, por uma prata cada e com uma paixĂŁo absurda.
Agora as coisas estavam saindo do controle.
â Eu adoraria ouvir mais.
â Bem, em menos de dois anos, vocĂȘ foi transferido para a Cidade Santa e, em menos dois, chegou ao Rank-S. Chamam vocĂȘ de curandeiro criado entre aventureiros.
Droga, tudo isso era verdade. NĂŁo tinha como negar.
â Mas ouvi dizer que os dragonewts eram contra a fundação de uma Guilda dos Curandeiros por aqui.
â Certo. Por mais elogios que eu ouvia sobre vocĂȘ, minha visĂŁo era limitada, jĂĄ que eu lidero uma guilda cheia de feras. Na Ă©poca, concordei com a decisĂŁo do conselho.
â E agora?
â Nunca imaginei que vocĂȘ faria tanto por nĂłs sem esperar nada em troca.
Ele franziu a testa.
â VocĂȘ atĂ© curou ferimentos que a Guilda dos MĂ©dicos jĂĄ tinha desistido de tratar.
Havia apenas uma coisa que eu precisava corrigir.
â SĂł para deixar claro, os serviços gratuitos foram apenas por hoje.
Entreguei a ele uma cĂłpia das nossas diretrizes.
â Esses sĂŁo os preços normais que cobramos.
â Isso aqui?
â Sim. Usando o tratamento que fiz em vocĂȘ como exemplo: a Cura Elevada custa trĂȘs ouro, a Purificação sai por cinquenta pratas, Dissipar por dois ouro e Recuperação por um ouro, totalizando seis ouro e cinquenta pratas. Acha que Ă© caro?
As diretrizes também especificavam que os preços poderiam variar até cinquenta por cento para cima, mas eu preferia seguir os valores padrão.
â De jeito nenhum! Isso Ă© uma pechincha! PoçÔes de alto nĂvel podem custar cinco ouro cada, e antĂdotos chegam a um ouro Ă s vezes. E nem sĂŁo tĂŁo eficazes quanto sua magia.
â Bom ouvir isso. Demorei muito tempo e sofri bastante para definir essas taxas, entĂŁo fico feliz que pareçam justas.
JĂĄ tinha perdido a conta de quantas pesquisas de mercado fizemos. E nĂŁo sĂł com curandeiros e clĂnicas, mas tambĂ©m com aventureiros e cidadĂŁos que seriam impactados pelos preços.
Outra proposta que fizemos foi empregar curandeiros iniciantes com pouca habilidade nas Guildas dos Curandeiros de Shurulean ou dos Aventureiros, onde poderiam treinar magia pela metade do preço em troca de moradia e alimentação. Os arcebispos adoraram a ideia e estavam bem animados para criar um ambiente melhor para formar curandeiros mais qualificados. Eles só não queriam que eu ficasse responsåvel pelos detalhes.
â Um jovem com menos de vinte anos nĂŁo tem que fazer inimigos! â o arcebispo Muneller, com aquela cara de mercador de rua, me disse. â NĂłs jĂĄ estamos no fim da vida, e as pessoas aceitarĂŁo nossas propostas com mais facilidade. Se nĂŁo aceitarem, pelo menos teremos que suportar o desprezo por pouco tempo. Isso tem potencial para durar geraçÔes, e queremos deixar nossa marca na histĂłria, como vocĂȘ.
Então cedi e deixei que cuidassem de tudo. Além disso, comecei a me sentir mal por sempre pensar que o rosto de Muneller parecia o de um camelÎ.
No fim das contas, os arcebispos mereciam muito mais crĂ©dito pela criação das diretrizes do que eu, mas Sua Santidade decidiu que eu seria o rosto pĂșblico do movimento. Os anciĂŁos foram devidamente creditados no documento, e isso foi o suficiente para eles. Graças a eles, fui para Yenice com uma paixĂŁo renovada pelo meu trabalho, entĂŁo era gratificante ver suas contribuiçÔes sendo reconhecidas.
â Agora, me diga uma coisa… Luciel, vocĂȘ Ă© um aventureiro, certo? â perguntou o mestre da guilda.
â HĂŁ, sim?
Eu sentia muitas coisas sobre essa conversa, e âcoisa boaâ definitivamente nĂŁo era uma delas.
â EntĂŁo aceitaria uma missĂŁo?!
â Desculpe, nĂŁo tenho nĂvel alto o suficiente para isso.
Eu jĂĄ esperava por isso, mas, felizmente, meu ranque de aventureiro era muito baixo para que ele pudesse me nomear para um trabalho particular.
Goldhus fez uma careta. â EntĂŁo, seria possĂvel montar uma clĂnica temporĂĄria na frente do labirinto? O Adventurerâs Guild cobriria os custos!
Ele estava realmente se agarrando a qualquer possibilidade agora. E, infelizmente, estava pedindo demais.
â Nem pensar. NĂŁo depois do problema que tivemos hoje, e ontem mesmo fomos atacados na rua. NĂŁo posso sair atĂ© que a guilda consiga operar com segurança e eficiĂȘncia sozinha. NĂŁo enquanto eu estiver no comando, pelo menos.
â Eu… eu entendo.
Soltei um suspiro de alĂvio ao ver que ele finalmente desistira.
â Nesse caso, vocĂȘ estĂĄ dizendo que pode ser possĂvel depois que tudo estiver resolvido.
Er… retiro o que disse. Agora ele estava dobrando a aposta. â Escuta, eu sei que vocĂȘ me quer especificamente, mas eu sou um mestre da guilda. NĂŁo posso simplesmente deixar a guilda para outra pessoa.
â Que coincidĂȘncia! Eu tambĂ©m sou um mestre de guilda. E minha guilda farĂĄ tudo ao seu alcance para garantir que a sua possa operar sem problemas. VocĂȘ tem a minha palavra!
O cara não estava ouvindo nada do que eu dizia. Lancei um olhar para meu grupo em busca de uma salvação, mas todos desviaram o olhar. Até os cavaleiros. Os dois escravos, no entanto, pareciam genuinamente animados com a sugestão de Goldhus.
E assim, nossa demonstração terminou sem maiores incidentes… se Ă© que qualquer coisa do que acabou de acontecer poderia ser considerada âsem incidentes.â Eu sentia que estava sendo puxado cada vez mais fundo em tramas sombrias alĂ©m do meu controle.
Tradução: CarpeadoPara estas e outras obras, visite o Carpeado Traduz â Clicando Aqui
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