The Great Cleric – Capítulo 10 – Volume 4
The Great ClericSeija Musou
Capítulo 5: Para Reviver a Guilda dos Curandeiros
Light Novel Online – Capítulo 10:
[Problemas no Paraíso]
Eu estava lendo o relatório de Kefin sobre Yenice quando bateram na minha porta. Estávamos prontos para partir.
Kefin e eu saímos, onde as equipes dele e de Verdel, assim como Lionel e Ketty, nos aguardavam em uma formação impecável. A disciplina estranha da companhia hoje me fez pensar no que Lionel tinha feito com eles.
— Vamos nessa.
Seguimos para onde o conselho nos aguardava.
— Sou só eu ou os moradores parecem assustados?
A opinião da cidade sobre mim certamente tinha mudado depois do dragão.
— Acho que é porque eles estão assustados — disse Kefin. — Espalharam por aí que você fez Goldhus beber a Substância X.
Parecia que essa coisa já tinha até uma espécie de aviso popular.
— Ei, ele já estava acordado quando saímos.
— Ouvir seu nome é o suficiente para assustar as pessoas agora. E, aparentemente, também ouviram falar das outras me… coisas que rolaram na propriedade.
— Não gosto do som disso.
— Acho que te deram um apelido tipo…
Tapei os ouvidos e comecei a andar mais rápido.
— Não! Não estou ouvindo! Esse assunto está encerrado!
Algumas risadas dispersas vieram dos meus guardas.
***
Um sentinela nos recebeu no portão, e os representantes nos encontraram dentro do prédio junto com seus assistentes. Até mesmo um Goldhus tremendo estava lá, ladeado pelo irmão Jeiyas, que o mantinha de pé. Talvez eu tivesse pegado pesado demais? Nah. Apenas fiz justiça, só isso.
— Olá, e obrigado por me receberem. Por ordem do papa, aceito humildemente a oferta para fazer parte do conselho e juro trabalhar pelo bem de Yenice. Sou o mais inexperiente possível quando se trata de administração de cidades, então vou precisar da ajuda de todos vocês e do amor que têm por este país se quisermos que ele prospere.
Tirei um tempo para relaxar e reorganizar minha mente nos últimos dez dias. A decisão a que cheguei foi que eu devia pensar positivo e continuar seguindo em frente. No início, eu não queria. Afinal, eu não tinha nada a ver com os problemas de Yenice. Isso cabia aos oito representantes resolverem. Mas Kefin e seus homens conheciam a cidade como a palma da mão, e quando reuniram todas aquelas informações para mim, tudo mudou. A presença de Lionel na minha guarda também pode ter influenciado minha mudança de opinião, caso a política virasse algo mais físico. Honestamente, aquele cara devia ter servido no exército em algum lugar.
Havia também o que o Dragão Flamejante me disse: confiar nos outros.
Era só um ano. Quão difícil isso poderia ser? Na verdade, eu estava começando a me empolgar com o que o futuro reservava.
— Yenice se sente honrada em tê-lo, Senhor Luciel.
Trocamos apertos de mão e cumprimentos com os membros do conselho, e então partimos para os assuntos sérios.
***
O conselho me explicou muitas coisas sobre Yenice. Para começar, dez raças habitavam a cidade, mas duas delas (as raças ursa e tanukin) eram tão raras que não tinham assentos no governo. Isso não significava que não tinham voz, claro. Suas opiniões e necessidades ainda eram consideradas.
A população, excluindo os aventureiros, totalizava apenas cerca de seis mil pessoas, o que era bem baixo comparado a Shurule. Ainda assim, segundo Kefin, essa exclusão era significativa. Aventureiros compunham uma grande parte da ocupação de Yenice.
As raças bestiais eram aparentemente tão territoriais que cada uma tinha sua própria vila. Não cidade, vila. Soava complicado.
Depois, passaram para a geografia. Yenice abrangia uma área vastíssima, bem maior do que eu esperava e mais que o dobro do tamanho de Shurule. Mas metade disso era coberta por montanhas, penhascos e desertos. Ao sul, havia uma floresta selvagem, rica em recursos naturais, mas tecnicamente fora da jurisdição de Yenice. E, supostamente, nenhum humano conseguia viver lá. Blanche ficava a leste, Grandol ao nordeste e Shurule diretamente ao norte, garantindo a Yenice boas oportunidades de comércio internacional. Na extremidade oeste se estendia uma cadeia de montanhas que, segundo rumores, ocultava um vasto oceano, mas ninguém jamais o vira. No mapa, apenas um borrão sem nada preenchia aquele espaço.
As indústrias e o comércio da nação giravam quase inteiramente em torno dos aventureiros. A floresta ao sul era repleta de monstros raros que muitos caçavam para ganhar a vida, tornando Yenice o segundo local mais ativo para aventura, depois de Grandol. Muitos cidadãos cultivavam especiarias nos campos ou se tornavam aventureiros, enquanto aqueles com habilidades técnicas se juntavam a guildas. Mas a maioria vivia do cultivo de uma pimenta parecida com a caiena. O clima era perfeito para isso e elas eram populares no exterior, então vendiam bem.
A dieta consistia no que cada um conseguia cultivar (principalmente trigo) ou no que comerciantes estrangeiros vendiam. Vegetais não faziam parte importante da culinária local, que se baseava principalmente em carne de monstro. Mas eu atribuía isso à cultura, e não ao fato de eles serem… bem, homens-fera.
Quanto às políticas atuais, era uma bagunça. Tudo era voltado para atrair aventureiros ou para a agricultura, sem ninguém prestando atenção ao bem-estar geral da população. Enquanto tomava notas e escrevia pontos importantes, ficou cada vez mais claro que um ano não seria suficiente para resolver tudo. Suspirei.
Problema número um: o governo não cobrava impostos. A única fonte de receita vinha da venda municipal das especiarias locais, mas não era um setor nacionalizado, então era longe de ser confiável. Que Deus os ajudasse se o clima virasse contra eles. Para piorar, não tinham nenhuma outra forma de arrecadação. Agora eu estava me perguntando de onde diabos tinham tirado dinheiro para construir um distrito médico.
— Então, sua fonte de renda mais estável vem das taxas da guilda. Isso, somado às vendas de especiarias, compõe o tesouro nacional. Como são seus gastos?
Teríamos que fazer alguns cortes, dependendo de quão ruim fosse a situação. Talvez também investigar maneiras de estimular novas indústrias.
Orga levou a mão ao queixo. — Há os custos com mão de obra. E encomendamos ferramentas mágicas a cada poucos anos.
Algo não parecia certo.
— Vocês têm registros que eu possa ver?
Mão de obra e itens mágicos eram os únicos gastos? Eles deviam estar comprando coisas muito caras para que isso fosse suficiente para deixá-los no vermelho.
— Um momento — disse um homem-raposa chamado Forence, levantando-se. Pouco depois, ele voltou com um livro grosso e o entregou para mim.
Fiquei um pouco confuso com o conteúdo. — Hum, por que eu estou aqui mesmo? Pelo que vejo, vocês não precisam da minha ajuda.
Não havia gastos exorbitantes, nem grandes dívidas ou números negativos. O país estava navegando tranquilamente há um bom tempo, acumulando excedentes ano após ano. Eles estavam bem no verde. Sem fonte de renda? Sei.
— Mas é claro que precisamos — insistiu Orga, sorrindo. — É verdade que nosso tesouro está saudável, mas não pode permanecer assim para sempre. É por isso que precisamos da sua perspectiva externa. Para expandir nossos horizontes e garantir que as futuras gerações possam continuar sonhando como nós. Talvez até haja curandeiros entre os homens-fera no futuro.
E então me dei conta. Eles realmente vieram a mim em busca de liderança. Mas não como um arquiteto para reconstruir o governo do zero. Eles queriam um contrapeso, uma mão firme, porém gentil, para corrigir o rumo da nação. Minhas altercações com Shahza e as informações que Kefin me mostrou estavam influenciando minha percepção. Graças a Deus percebi isso antes que fosse tarde demais.
Senti meu rosto esquentar de vergonha. O que havia de errado comigo? Esse era o lar de Gulgar e Galba. A administração atual estava fazendo um bom trabalho, e claramente não eram do tipo que se acomodava. Esses salões certamente foram palco de muitos debates sobre o futuro do povo e da nação. E o império tentou se aproveitar disso. Plantando Grohala e, talvez, até mercadores de escravos, eles tentaram seduzir os já corruptos, como Shahza, para corroer o país por dentro. Se essa suposição fosse verdadeira, Illumasia era de fato uma força intimidadora.
Agora, no entanto, era hora de seguir em frente. Se queríamos que os homens-fera ocupassem novas funções, precisávamos considerar seus talentos e o que podiam oferecer. As crianças precisavam de lugares para aprender, e a vasta área aberta fora da cidade era perfeita para isso.
Comecei a anotar minhas ideias.
— Basta olhar para esses registros para perceber o quanto vocês amam este país — disse. — Talvez eu não possa fazer muito, mas juro que farei o que estiver ao meu alcance.
Baixei a cabeça. Mais para mim mesmo do que para eles. Houve um leve burburinho, mas quando ergui o olhar, a sala estava em silêncio, como se todos sentissem o peso das minhas palavras.
Continuei. — Tenho algumas ideias básicas. Primeiro, acho que deveríamos criar escolas para educar as novas gerações. Podemos ir um passo além e oferecer algo para adultos também.
O ar parecia ter saído da sala.
Sebeck, o homem-cão, ergueu a mão. — Adultos, senhor?
— Exato. Todos deveriam saber ler, escrever e fazer contas. Não estou preocupado com ninguém aqui, mas tenho certeza de que o analfabetismo ainda é um problema para muitos que nunca tiveram a chance de aprender quando eram jovens. Não saber matemática, por exemplo, pode afetar o raciocínio crítico.
— Mas isso não afetaria a força de trabalho? — perguntou Cathrel, a mulher com orelhas de gato, levantando a mão.
— Boa pergunta. Por isso as aulas seriam de manhã e à noite.
— E as famílias que precisam que seus filhos trabalhem? — questionou Orga.
— Considerei isso também. O país poderia comprar escravos por dívida, utilizá-los no trabalho e libertá-los assim que tivessem pago sua dívida. Eles seriam tratados com humanidade, é claro. Isso não está em discussão. Mas acredito que dar a eles um propósito pode ajudá-los a recomeçar suas vidas.
— Apenas escravos por dívida? — perguntou Thouzer, o homem-pássaro.
— Pessoas presas por delitos menores também poderiam trabalhar. Claro, isso é considerando que não podemos simplesmente libertar todos de uma vez, o que sei que seria difícil. E não gosto da ideia de usar prisioneiros de guerra ou criminosos para trabalho forçado, então isso está fora de questão.
Liliard girou suas orelhas de coelho. — Mas quem será o educador dessas pessoas?
— Estou pensando em aventureiros aposentados. Tenho certeza de que a guilda poderia encontrar pessoas se eu pedisse.
Os olhos de Forence brilharam. — Quanto custaria um serviço assim?
Ainda não tinha pensado nisso com profundidade. — Os adultos provavelmente pagariam uma mensalidade, algo que precisaríamos discutir melhor depois, mas as crianças teriam ensino gratuito. Isso não significa que todos devem ser aceitos sem restrições. Quem tiver um comportamento ruim e se recusar a melhorar pode ser expulso, incluindo casos de bullying por raça. Isso vale para os halflings também.
Os membros do conselho cruzaram os braços e refletiram. Então Orga se manifestou. — Mas o que exatamente vamos ensinar?
— Como eu disse antes, leitura, escrita e aritmética devem ser a base, então começaremos por aí. Essas habilidades não demoram tanto para aprender e abrem muitas portas. Qualquer um que seja bom com números pode entrar no ramo do comércio.
— Então isso é um teste — ponderou Liliard. — Se for um sucesso, qual seria o próximo passo?
— Podemos incluir aulas de todos os tipos de guildas, como combate ou feitiçaria. Quanto mais opções oferecermos, mais oportunidades abriremos para todos. Mas lembre-se, uma população educada geralmente não quer fazer trabalhos monótonos, como a agricultura, então será necessário considerar aumentos salariais com o tempo, conforme o custo de vida aumentar.
— Em resumo, as escolas são onde as crianças moldam seu futuro e onde os adultos podem trocar ideias — murmurou Orga.
A sala ficou em silêncio. Deixei o público pensar. Se não concordassem, paciência. Eu apenas teria que bolar outra coisa.
— Como você propõe atrair mais aventureiros para nossa cidade?
— Bem, vocês têm muita terra. Poderiam usar isso para atrair idosos, pessoas com deficiência, casais, novas famílias… todos os tipos de pessoas que não podem mais se aventurar por algum motivo. Ofereça a elas tranquilidade e a garantia de que não passarão dificuldades quando chegarem à próxima fase da vida.
— Mas o que queremos são aventureiros ativos, não aposentados.
— Então, vamos levar essa ideia um passo adiante. Oferecemos emprego e moradia, como mencionei, mas baseamos isso no número de missões que um aventureiro completou em Yenice.
— E isso traria aventureiros ativos e mais gente?
Eu entendia a preocupação deles, mas aventurar-se era um trabalho árduo, com alta rotatividade. Não era exatamente uma carreira com perspectivas a longo prazo, mas quem escolhia esse caminho provavelmente não queria abrir mão da liberdade que ele proporcionava. Eles gostariam de viver em um lugar onde pudessem ser livres.
— Uma população maior é algo positivo. Há muito espaço ao sul que poderia ser usado para oferecer moradia aos aventureiros, e o financiamento disso poderia vir de uma taxa de cinco a dez por cento da renda deles. Saber que há uma rede de segurança caso suas carreiras sejam interrompidas despertaria bastante interesse.
— Então, o que você acha que Yenice deveria fazer?
Não era exatamente isso que estávamos discutindo? Ok, do começo.
— De qualquer forma, acho que criar esse ‘distrito médico’ especial, como podemos chamá-lo, ajudaria bastante. Um corpo saudável significa um aventureiro lucrativo, e as pessoas se reúnem onde podem ganhar a vida com segurança.
O conselho ficou empolgado ao ouvir minha avaliação do plano. Embora a magia de cura pudesse lidar com a maioria dos ferimentos, os medicamentos da Guilda dos Médicos ainda tinham sua utilidade. Com a ajuda de Jord, uma colaboração entre os dois seria uma presença tranquilizadora.
— Senhor — Jhak, o draconídeo, levantou a mão hesitantemente. — Já considerou novas indústrias que poderíamos desenvolver?
— Não muito, mas madeira poderia ser uma opção enquanto vocês desenvolvem essa floresta. Contanto que replantem o que cortam, podem continuar indefinidamente.
— Você quer dizer desmatamento.
Parece que toquei num ponto sensível.
— Para deixar claro, ninguém aqui é obrigado a seguir todas as minhas ideias ao pé da letra. Não tenho intenção de ser um ditador, e acho que um ano nem seria tempo suficiente para realizar muita coisa. Mas darei sugestões sempre que tiver alguma. — Sorri e olhei ao redor. — Vocês construíram um país incrível sem mim, então, por favor, não deixem que eu interrompa o debate. Juntos, podemos melhorar a infraestrutura, fazer até os mais territorialistas dos bestiais se orgulharem de viver aqui e transformar Yenice num lugar que as pessoas queiram atravessar o mundo para visitar.
A tensão no ar diminuiu gradualmente. Depois de decidirmos que eu faria um tour pela cidade no dia seguinte, o conselho foi encerrado. Foi bom ter a chance de expor minhas ideias, e eu estava empolgado e motivado para tornar Yenice um lugar melhor do que encontrei.
Mas eu não conseguia parar de pensar nas informações que Kefin e seu grupo me deram… ou naquele livro-caixa.
Na manhã seguinte, nos encontramos em uma enrascada.
— Isso não vai funcionar, pessoal.
Meu grupo de escolta, todos os membros do conselho e seus assistentes formavam um verdadeiro esquadrão — um esquadrão que tornaria difícil observar a cidade de perto e conversar com seus habitantes. As raças de Yenice viviam em assentamentos diferentes dentro da cidade, então tomei a decisão de visitar cada um separadamente.
— Hoje, irei com Orga conhecer os lupinos — expliquei. — Amanhã, Forence pode me apresentar aos kitsunes e, depois, continuamos. Também gostaria que alguém familiarizado com os ursa ou os tanukin me apresentasse a eles.
— Suponho que seria difícil percorrer as ruas com essa multidão — admitiu Thouzer. Os outros concordaram, e assim ficou decidido.
Será que eles sempre andavam pela cidade como se estivessem em um desfile, ou hoje era um dia especial?
De qualquer forma, minha agenda estava mais livre, então enviei Kefin e seu grupo para as favelas a fim de fazer contato com os halflings ou qualquer um que estivesse no comando por lá. Precisaríamos da cooperação deles para a construção do distrito médico, e eu não estava convencido de que eles a cederiam tão facilmente quanto o conselho parecia acreditar.
Nosso guia nos levou direto ao território dos lupinos.
— Muitas casas — comentei.
Foi a primeira coisa que chamou minha atenção quando entramos na área dos bestiais, especialmente o fato de todas serem térreas.
— Os bestiais são um povo comunitário — Sheila se agarrou ao braço de Orga. Ele sorriu e afagou seus cabelos. — Pelo menos por um tempo, até nos tornarmos independentes. Mantemos nossas casas compactas.
Pelo visto, eles não eram muito adeptos da ideia de espaço pessoal.
— Interessante. Mas onde está todo mundo?
Levamos cerca de meia hora para chegar, mas mal vimos um único lupino pelo caminho.
— A maioria dos homens já está na patrulha ou de guarda a essa hora, e as mulheres estão trabalhando nos campos com as crianças.
— Ah, então as diferentes raças têm funções distintas?
— Sim. O clima da região muda pouco ao longo do ano, então sempre há solo para arar, ervas daninhas para arrancar, colheitas para colher, comida para processar e monstros para vigiar.
Eu tinha ouvido em algum lugar que arrancar ervas daninhas era a parte mais difícil da agricultura, mas talvez a existência de monstros anulasse isso.
— Isso me lembra, os lobis não são naturalmente alérgicos a nada, certo?
Gulgar havia dito algo assim.
Orga balançou a cabeça.
— Não, isso é um mito. Houve um boato que se espalhou há um tempo dizendo que cebolas nos deixam com coceira, mas era totalmente infundado.
Então, ao contrário do que eu imaginava de outra vida, cães e lobis realmente não eram alérgicos a cebolas. Só precisava ter certeza absoluta. Usar Gulgar ou seu irmão como referência era uma receita para o desastre, e eu me recusava a ser responsabilizado. Desta vez, porém, eles não falharam comigo.
— Não que gostemos particularmente delas — ele continuou. — Algumas raças até comem cebolas cruas.
Então cebolas estavam fora de questão, mas do que eles gostavam? Talvez da mesma iguaria que todos os caninos da minha vida passada apreciavam?
— O que você acha de queijo?
— Gosto muito! O cheiro é simplesmente incrível — ele sorriu.
Aparentemente, queijos fortes e fermentados eram os favoritos. Mas ele fez questão de esclarecer que a Substância X era forte de um jeito muito, muito ruim. Sua insistência (e o visível arrepio ao mencionar o nome) me arrancou uma boa risada.
Por via das dúvidas, eu tive o bom senso de não perguntar qual era a diferença entre pessoas-cão e pessoas-lobo. Não ia me meter nessa.
Paramos no poço onde os moradores pegavam água e notei que ele usava o mesmo mecanismo do salão da guilda de Merratoni.
— Já vi esse mecanismo de alavanca antes.
— Dizem que a ideia veio de um sábio que viveu muitos anos atrás — Orga respondeu. — Naquela época, não havia um lençol freático sob Yenice, mas, com a ajuda de um anão, eles trouxeram água para a cidade.
— Sério?
Orga continuou explicando vários legados desse sábio, incluindo a criação do queijo, das especiarias necessárias para fazer curry e de várias receitas. Se eu tivesse que apostar, diria que essa não tinha sido sua primeira vida. Lorde Reinstar ainda era um mistério, mas eu tinha quase certeza de que ele também havia reencarnado. Esses caras estavam em todo lugar. Fiquei imaginando o que encontraria se um dia seguisse seus rastros.
Terminamos nosso tour no início da tarde. Orga me convidou para almoçar, então aproveitamos um delicioso curry e naan recém-assado em um restaurante próximo.
— Os lobis são cozinheiros incríveis — comentei. — Qual é o segredo?
— Segundo o sábio, é o nosso olfato aguçado. E dizem que nossa raça tem uma tendência a se perder em algo quando se dedica de verdade.
— Faz sentido.
Mais tarde, perguntei se havia algum humano famoso que a maioria dos yenicianos conhecia, e Lorde Reinstar foi a resposta imediata. Aparentemente, Reinstar veio para a região antes de Yenice ser uma nação formal e ensinou os segredos da… fabricação de sabão. Uma indústria que não durou, pois muitos outros países já competiam nesse mercado.
Também se dizia que o primeiro homem a mergulhar em uma fonte termal yeniciana foi — adivinhe — Lorde Reinstar, o que desencadeou uma corrida para cavar mais fontes e compartilhar suas maravilhas com o mundo. Infelizmente, o cheiro sulfúrico atraía monstros (algo que os elfos aparentemente já sabiam), e o plano nunca foi adiante.
Teve também aquela vez em que ele fertilizou os campos com algo que não entendia direito (um tipo de composto com calcário), fazendo com que toda a safra da estação fracassasse. Para compensar, ele comprou comida do próprio bolso e a distribuiu às famílias de agricultores que haviam ajudado no processo. Essa história ficou tão famosa que acabou se tornando um programa estatal que sobreviveu ao tempo.
Ouvir essas histórias sobre um homem que a Igreja considerava quase um mito, mas contadas por forasteiros, me fez sentir um certo alívio. Era como se ele tivesse sido trazido mais para perto da realidade. Dito isso, não havia dúvida de que a fundação de Yenice havia sido estabelecida por Reinstar. Ele era realmente incrível.
— Gostaria de ouvir mais? — Orga ofereceu.
— Não, tudo bem. Estou um pouco chocado. Nunca imaginei que ouviria sobre Lorde Reinstar realmente cometendo erros.
Eu caminhava na sombra daqueles que haviam reencarnado antes de mim, e isso me marcou. Queria deixar minha própria marca. Não necessariamente construindo uma nação, mas talvez tornando a vida das pessoas um pouco mais fácil.
Naquela noite, Kefin me levou a um encontro com a figura mais influente dos becos da cidade.
— Você veio nos perguntar se os moradores dos becos estariam dispostos a trabalhar, Senhor Curandeiro? É isso?
— Sim, até que a construção do distrito médico seja concluída. Não posso garantir nada além disso, infelizmente, mas há muitas pessoas vivendo aqui. Podemos chegar a um acordo?
O meio-humano meio-raposa chamado Dolstar balançou a cabeça e me lançou um olhar duro.
— Escute bem, Rank S. A vida não é justa. Igualdade não existe. Não que eu espere que você entenda isso, considerando que escravizou meu povo. O que acha que está fazendo, trazendo-os até mim? Como acha que me sinto ao vê-los melhor do que nunca, mas com correntes no pescoço?
Era fácil entender o seu ponto. Não deviam existir tantas organizações clandestinas em uma cidade como Yenice, então fazia sentido que fossem unidos.
Olhei para Kefin.
— Esse não é um sentimento que eu conheço, mas parece que eles são como uma família para você. Se for o caso, imagino que você queira me matar agora.
— E você me olha nos olhos e pede para trabalharmos com você? Você me encara e diz que não pode garantir nada para nós? Nada nunca foi garantido para nós! Nunca foi! Então por que você está aqui?! Para nos ridicularizar?!
A raiva ardia em seus olhos, junto com um traço de algo mais. Algo complicado.
Eu balancei a cabeça lentamente. — Sabe, eu já dei a eles a opção da liberdade. Eles recusaram. Me disseram que queriam criar uma escola onde os mestiços não fossem discriminados. Um lar onde fossem iguais. Diga-me, senhor, como isso faz você se sentir?
Dolstar encarou Kefin.
— O distrito médico provavelmente não vai mudar nada — eu disse. — Não vai ajudar você nem seu povo.
— Diga mais uma maldita palavra e eu te mato aqui mesmo.
Uma malícia assustadora emanava de seu olhar.
— Mas eu tenho uma ideia. Um empreendimento, por assim dizer. Financiado por mim.
— Negócio? O quê?
— Como eu disse, eu financiaria tudo, mas tenha em mente que será arriscado.
— O que diabos você está planejando?
— Ah, nada. Só…
Dolstar ficou boquiaberto ao ouvir minha ideia.
— O quê?! Você está louco!
— Nem tanto. Lorde Reinstar foi um grande homem, mas até ele tentou e falhou em muitas coisas. Então não tenho medo de um pouco de perigo. Se conseguirmos fazer isso acontecer antes de eu deixar este lugar, farei tudo que puder para nacionalizar o projeto oficialmente.
E se falhássemos, isso não significava que o sonho estaria completamente morto.
— Você mal nos conhece. Por que está fazendo isso?
— Todos merecem felicidade, independentemente das circunstâncias de seu nascimento. Quero que o mundo seja um lugar onde você não seja sobrecarregado pelo peso da sua herança, onde não tenha que lidar com o estigma de ser chamado de “mestiço” se não quiser. Você pode ser um sangue-duplo.
Eu sorri, mas, por dentro, desprezei minha própria hipocrisia. Sentia-me culpado por não ter estado lá para um colega de trabalho meio-japonês quando ele precisou de mim. Mas talvez ajudar essas pessoas aliviasse um pouco minha consciência. Espero.
Dolstar abaixou a cabeça. — Obrigado.
E o acordo foi feito.
No dia seguinte, Forence me guiou pela área que os astutos e perspicazes raposa-homens chamavam de lar.
— Trabalhamos principalmente com aventureiros ou, às vezes, diretamente com o Sindicato do Comércio no caso de mercadores.
O principal objetivo do Sindicato do Comércio era atrair mercadores sem sobrecarregar o governo. Eles compravam as especiarias cultivadas pelo estado de Yenice e gerenciavam as exportações, revendendo-as a um preço mais alto para outros comerciantes. Uma porcentagem das vendas voltava para o tesouro. Infelizmente, para aqueles que desejavam fazer negócios por conta própria, as importações só podiam ser adquiridas pelo mercado nacional do sindicato, que então as revendia para empresas privadas a preços fixos. A concorrência simplesmente não existia na economia de Yenice.
— Os mercadores não ficaram felizes quando começamos a fazer as coisas desse jeito — explicou o raposa-homem. — Muitas reclamações sobre uma coisa ou outra. Dizem que onde não há desafio, não há propósito. Mas há muito pouco que não possa ser vendido aqui, e muitos comerciantes falidos encontraram seu caminho de volta ao mercado fazendo negócios conosco. — Ele sorriu com orgulho. — Acho que nos tornamos uma fonte confiável de lucro.
Forence continuou, explicando que o Sindicato do Comércio mantinha registros dos preços de vários produtos e onde eram vendidos. O poder da nacionalização em ação.
— O modelo 5W2H. Não, talvez seja o 6W2H — murmurei.
— Disse algo?
— Só lembrando de algumas coisas. O mercado de escravos funciona sob as mesmas regras?
— Não, esses comerciantes operam fora da nossa jurisdição. Não podemos definir os preços deles.
— Eles não passam pelo sindicato como os outros?
— Eles submetem um pedido, e se for aceito, recebem permissão para vender. Vinte por cento de seus lucros vão para Yenice e dez por cento vão para o sindicato. Todas as mercadorias são inspecionadas na importação, é claro. E nosso país não escraviza pessoas por crimes menores.
— Trinta por cento no total, hein? — Que facada.
— Coisas como carne de monstro vendida no Sindicato dos Aventureiros têm preço fixo.
Lembrei-me do leilão que o mercador de escravos (que já estava fora do jogo, a propósito) havia mencionado e pensei que algo assim deveria ser ilegal, mas, quando perguntei, descobri que não era.
A propósito, todos os comerciantes que se recusaram a vender para nós, exceto aqueles que foram coagidos, agora estavam ou escravizados ou tiveram seus bens confiscados. Não pude deixar de me perguntar quanto tempo esse sistema poderia durar de forma realista. Certamente não por muito tempo, à medida que a população crescesse.
Forence continuou a explicação enquanto a visita prosseguia.
A noite caiu, a manhã chegou, aprendi mais coisas e, no nono dia, chegou a hora de encontrar os tanukin.
— Este é Walabis, e ele será seu guia tanukin — anunciou Orga.
Ele apontou para um ornamento em forma de tanuki… espera, não, aquilo não era um enfeite. Era uma pessoa-fera… acho.
— Olá. Sou Luciel, membro temporário do conselho de Yenice.
— Oláááá — ele arrastou a palavra. — Pooode me chamar de Walabis. Suponhooo que eu vá falar peelos tanukin hooojééé.
Já estava sentindo o sono chegar com cada vogal prolongada, mas esse era exatamente o tipo de pessoa com quem eu não podia baixar a guarda.
— Por favor, me diga o que podemos fazer para aliviar qualquer preocupação que possam ter. É para isso que estou aqui.
— Poode deexar. Aceite istoo. Um presentee para comemooraar nosso encontrooo.
Ele me entregou um colar dourado.
— Uau, isso é bem feito. Quase pensei que fosse de verdade.
Walabis lançou um olhar fulminante para Orga. — Vooocêe coontoooou.
Falso. — Na verdade, ele não contou. Um amigo meu me disse há um tempo que os tanukin têm o costume de dar itens falsos para as pessoas que conhecem.
— Qquueemmm eeestariaa aacaabando coom aa surpriiisaaa?
— Eu não sei se você vai reconhecer o nome, mas é Galba. Um homem-lobo.
O rosto de Walabis ficou pálido. Pelo visto, ele reconhecia o nome.
— M-Meus mais sinceros pedidos de desculpa! Isso foi muito rude da minha parte! Não há necessidade de levar esse incidente ao senhor Galba! — ele disparou.
Galba, mas o que diabos…
— Certo. Bom, se você conhece Galba, então deve conhecer Gulgar— Ei, alô?
No instante em que o último “gar” saiu da minha boca, o tanukin simplesmente desmaiou.
Orga sorriu com nostalgia.
— Nunca imaginei que você seria próximo desses dois.
— Eles trabalham na Guilda dos Aventureiros em Shurule, numa cidade chamada Merratoni. Gulgar foi o primeiro a me fazer começar a beber a Substância X, sabia? Galba me ensinou a talhar carne e a esconder minha presença. Eu devo muito a esses caras.
— Ele ainda continua com isso, né?
— Quem? Com o quê?
— Gulgar, tentando enfiar aquela coisa na comida dele.
— Você quer dizer a Substância X?
— Sim. Walabis foi um dos cobaias frequentes nos experimentos dele. Os dois têm idades parecidas, então se conhecem bem.
Pelo visto, o lado cientista maluco de Gulgar tinha raízes bem profundas. Mas então, e o irmão mais novo?
— Qual é o problema dele com Galba?
— Esse aí foi um prodígio na infância. Talentoso e assustadoramente famoso pela cidade. Mas um dia, quando ele ficou furioso, dizem que todo homem, mulher e criança puderam sentir a ira dele, e desde então, os Yenitianos compartilham uma regra não escrita: nunca deixe aquele homem irritado.
Orga não perdeu o sorriso em momento algum, mas eu com certeza notei o suor frio escorrendo. Ele falava por experiência própria.
— Então, hum, o que fazemos com Walabis?
— Existe um jeito de acordá-lo. — O homem-lobo sorriu e, convenientemente, puxou alguns tampões de nariz. — Ah, Walabis. Acorde ou sinta o cheiro da Substância X.
O tanukin voltou à vida em um segundo.
— Booom diaaa!
— Não se preocupe, eu teria tomado com você se ele fosse além disso. — Sorri.
Walabis então começou a defender o povo dele e o valor da própria vida. Os tanukin eram habilidosos com as mãos, especialmente em ofícios mais detalhados como alfaiataria e marcenaria. Além disso, eram a única raça bestial com talento notável para magia.
— É graças a nóóós que aqueles rapooosas aprenderam a parar de contar dinheiro e ser algo maaaais. Eu treinei o leeendário Trett pessoalmente.
— Sério? Eu conheço ele, na verdade.
— V-Você conheece?
— Sim. Ele é um bom sujeito. Até me deu alguns itens mágicos. Na verdade, foi ele quem fez esta túnica. Vou dizer a ele que te encontrei na próxima vez que o vir. Só vou avisando que ele… é meio excêntrico.
Com isso, Walabis me disse para “chamaaaar” caso precisasse de alguma coisa e partiu.
— Eles parecem ser um povo talentoso, contanto que você consiga mantê-los focados… e que não estejam pregando peças.
— Posso confirmar isso — respondeu Orga.
A imagem de uma Yenice melhor na minha mente estava ficando cada vez mais clara.
***
No dia seguinte, apareceu um ursan chamado Bryan. Bastou um olhar para que minha alma deixasse meu corpo.
— Olá! Eu sou Bryan! — ele me cumprimentou com um sorriso e uma voz rouca, então flexionou o bíceps. — Não se deixe enganar pela minha aparência. Sou bastante formidável!
Lá no fundo, no que restava do meu coração despedaçado, eu gritei. O QUE DIABOS UM URSINHO DE PELÚCIA ESTÁ FAZENDO AQUI?!

— Ursos-vermelhos, ursos-de-sangue e ursos-do-inferno eram apenas alguns dos muitos inimigos temáticos de urso que existiam neste mundo. E aqueles eram ursos. Mas isso aqui? O Gulgar era mais urso do que isso. Um Urso Chef, até. Mas minha primeira vez encontrando um ursan e era um bichinho de pelúcia fofo, mal passando de um metro de altura. Me senti enganado.
— Olá. Sou Luciel, membro temporário do conselho de Yenice. Quero ouvir quaisquer problemas ou sugestões que você possa ter.
— Prazer em conhecê-lo.
Apertamos as mãos, e eu me atrevi a fazer a pergunta.
— Nunca conheci um ursan antes. Todos vocês se parecem com isso?
— Ah, isso? Sim, mas na verdade é só por aparência, veja bem.
Bryan brilhou e, de repente, se transformou em um urso enorme. Um de verdade, dessa vez.
— Esta é minha verdadeira forma.
Aí está, pensei, antes que Thouzer, meu guia do dia, destruísse meus sonhos.
— Bryan, você não precisa esconder isso dele — riu.
— Esconder o quê? — perguntei.
O urso voltou à sua forma fofa.
— Ok, a verdade é que esta é minha verdadeira forma. Meu povo foi tratado como brinquedos ou animais de estimação há muito tempo por pessoas que nos achavam “fofos”. Um pouco como o que aconteceu com o povo-coelho. Por isso usamos magia para assumir outra forma quando há estrangeiros por perto.
Não era uma história difícil de acreditar. Sua aparência e a maneira como se movia eram tão absurdamente fofas que eu conseguia ver claramente pessoas más querendo seu povo apenas para diversão.
— Sinto muito. Isso parece horrível. Há algo que você ache que possamos fazer para ajudar? Qualquer coisa.
— Talvez importar mais mel. Isso seria bom. Sei que é um luxo, mas nós, ursans, simplesmente não conseguimos viver sem isso!
Aqueles olhinhos brilhantes tinham o poder de destruir por completo qualquer conceito de gênero. Fofo era fofo, ok? Espera aí… será que abelhas existiam nesse mundo?
— Vou… ver o que podemos fazer. De qualquer forma, adoraria saber mais sobre seu povo.
— Vamos ver… Cultivamos ervas medicinais, para começar. E trabalhamos com os dragonewt na expansão da cidade.
Gentis e fortes.
Nos despedimos logo depois.
***
A pauta da cúpula do conselho no dia seguinte estava cheia. A maior parte da discussão girava em torno dos planos de construção do principal centro de cura do distrito médico, bem como da escola e das residências para o programa habitacional destinado a aventureiros de nível médio e alto.
— A escola poderia ser construída no distrito médico, e os arredores da cidade serviriam para as moradias extras. Dependendo da demanda, talvez precisemos considerar a floresta ao sul também.
— Mas de onde virá o orçamento para isso? Ou os recursos? O distrito médico já estava planejado, mas escolas e casas não.
— E a mão de obra? As pessoas já têm empregos e não vão querer largá-los.
— Os benefícios de atrair aventureiros para desenvolver terras inexploradas valem o custo para o tesouro da cidade?
Não demorou muito para que começassem a recuar. Políticos sendo políticos. No papel, eles adoraram as ideias, mas agora que viam a realidade do trabalho necessário, estavam perdendo a coragem. Todo aquele papo sobre o que era melhor para Yenice era superficial. O que realmente os preocupava era manter o status quo e o medo de uma população educada.
Para ser justo, o país não estava exatamente em crise, de acordo com os registros financeiros. Isso faria qualquer um hesitar em provocar mudanças drásticas.
— Eu mesmo irei até a floresta buscar os materiais de que precisamos — ofereci, com um sorriso educado.
— Onde a escola será construída? Não pode ocupar espaço no distrito médico.
— Provavelmente você tem razão. E se fosse nos cortiços? E as moradias dos aventureiros também. Acho que deveríamos começar dentro da cidade e expandir aos poucos.
— Essa é uma sugestão ousada. Se estiver disposto a assumir total responsabilidade pelas consequências, então vá em frente. Terá meu apoio.
— Não se preocupe, tenho algo planejado para os moradores dali. Talvez você nem reconheça o lugar quando tudo estiver pronto.
O clima mudou instantaneamente. A ansiedade e o ceticismo deram lugar à aprovação.
— Se isso significa mais fundos para os custos do distrito médico, acho que encontramos nossa solução.
— Então, posso assumir os assuntos nos cortiços? — perguntei.
Ninguém se opôs. Havia muito trabalho pela frente, incluindo encontrar empregos para aventureiros aposentados, mas eu conseguia sentir os ventos da mudança soprando pelas ruas de Yenice. E, com eles, a esperança de uma vida melhor. Eu garantiria isso.
Tradução: CarpeadoPara estas e outras obras, visite o Carpeado Traduz – Clicando Aqui
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