The Great Cleric – Capítulo 6– Volume 1

 

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The Great ClericSeija Musou

Light Novel Online – CapĂ­tulo 06:
[Crescimento e Partida]


Passei meus dias da maneira mais eficiente possĂ­vel, fazendo tudo o que podia para garantir minha sobrevivĂȘncia a longo prazo neste mundo. Dizer isso em voz alta parecia estranho. Nunca tinha pensado em precisar “sobreviver” na minha vida passada, mas neste mundo qualquer dia poderia ser o meu Ășltimo.

VĂĄrios dos aventureiros que vieram atĂ© mim em busca de cura jĂĄ haviam sido mortos. Às vezes, me pegava pensando: E se eu estivesse lĂĄ? Mas minha classe, curandeiro, era a mais fraca que alguĂ©m poderia ter neste mundo. Se eu me juntasse a um grupo, seria apenas um peso morto.

Descontava essa frustração nas minhas lutas de treino com Brod. Atacava com tudo o que tinha. Pelo menos, podia ter a certeza de que não morreria dentro das paredes da guilda. Isso, claro, assumindo que eu não fosse cortado ao meio onde estivesse parado.

Brod continuava sendo um verdadeiro demĂŽnio durante os treinos. Quando começava, desferia golpe apĂłs golpe em mim, segurando a força apenas o suficiente para que eu nĂŁo desmaiasse de imediato—mas inevitavelmente eu sempre acabava apagando. SĂł depois que eu acordava ele redescobria sua humanidade. Nunca parei de perseverar, mas ainda assim nĂŁo conseguia acertar um Ășnico golpe nele. Isso me irritava profundamente.

Seis meses se passaram na Guilda dos Aventureiros. As aulas com Nanaella terminaram um mĂȘs depois de começarem, entĂŁo usei meu tempo livre para ajudar Galba a retalhar monstros, auxiliar o pessoal da guilda com tarefas diversas ou simplesmente treinar por conta prĂłpria.

Os ensinamentos de Galba foram muito informativos. Ele me ensinou vĂĄrias coisas, como o fato de que monstros mortos nĂŁo exalavam miasma de imediato, entĂŁo podiam ser consumidos se fossem cozidos rapidamente. AlĂ©m disso, se vocĂȘ esfolasse um logo apĂłs derrotĂĄ-lo, o couro manteria as propriedades da criatura.

As tarefas e pequenos trabalhos que ajudava a fazer eram coisas mundanas, como listar aventureiros por classificação ou ganhos. Curiosamente, os maiores ganhadores eram um trio de homens-fera que eu conhecia—A Linhagem do Lobo Branco. Segundo os rumores, agora eram Rank A e haviam feito um acordo com as recepcionistas: as garotas aceitaram sair para jantar com eles assim que subissem de patente.

Mernell riu atĂ© nĂŁo poder mais, dizendo que provavelmente estavam atrĂĄs de Nanaella, a Ășnica mulher-fera entre as recepcionistas. Ainda assim, nĂŁo entendi muito bem o ponto dela ao me contar isso. Sim, Nanaella era linda, mas eu jĂĄ tinha preocupaçÔes demais. NĂŁo estava preparado para começar a sustentar mais alguĂ©m. E nĂŁo adiantava chorar pelo passado, pensando “Se ao menos fosse na minha vida anterior…”.

Falando nisso, estava me dando bem com Nanaella e as outras garotas, embora nunca tivesse passado do papel de irmãozinho do grupo. Ultimamente, no entanto, Mernell e Melina estavam ficando bem mais toque-toque comigo, alegando ser skinship. Normalmente, Nanaella ficava vermelha e mandava elas pararem, mas às vezes acabava se deixando levar e hesitava antes de entrar na brincadeira também.

Pelos padrÔes deste mundo, todas jå tinham idade para casar, então era inevitåvel que certos pensamentos passassem pela minha cabeça. Me lembrei de um episódio específico dessas provocaçÔes.

— Luciel, suas roupas estão meio apertadas, hein, grandão? — Melina brincou.

— VocĂȘ tambĂ©m parece mais alto. E olha esses mĂșsculos novos. — Mernell comentou.

— Senhor Luciel, acho que vocĂȘ deveria usar algo mais adequado. — Nanaella sugeriu.

— Eu não tenho um espelho, mas acho que realmente estou meio desleixado só vestindo qualquer coisa que encontro por aí. — admiti. — Mas não tenho dinheiro para comprar roupas novas. Talvez eu devesse falar com o treinador.

Num dos meus dias de folga, toquei no assunto com Brod quando ele voltou dos negĂłcios Ă  noite.

— Treinador Brod, queria te perguntar uma coisa, se tiver um tempinho.

— Que formalidade toda Ă© essa?

— Cresci bastante nos Ășltimos meses e queria comprar algumas roupas novas. Posso sair um pouco para trabalhar e conseguir dinheiro para isso?

— Se for dinheiro que vocĂȘ quer, temos de sobra. Fique por aqui.

— Eu realmente gostaria de comprar pelo menos umas roupas de baixo novas.

— Espera um pouco. Nanaella! — ele chamou.

Ela veio correndo. — Sim?

— O Luciel precisa comprar roupas novas. Quero que leve ele.

— Certo! — Ela olhou para mim e assentiu. — Só vou me trocar rapidinho.

Ah, droga… Isso tĂĄ parecendo um encontro. Minha vida (ou vidas?) passou diante dos meus olhos.

— Nem pense nisso. Considere isso trabalho da guilda, senĂŁo vocĂȘ vai colocar a vida do garoto em perigo. — Brod riu. O comentĂĄrio dele provavelmente me salvou, porque jĂĄ conseguia imaginar o Clube dos FĂŁs da Nanaella vindo atrĂĄs do meu pescoço.

— Me diz onde fica a loja que eu vou sozinho.

— As coisas tĂȘm andado meio agitadas ultimamente, entĂŁo Nanaella vai te acompanhar. Ela conhece o caminho. Estou saindo agora.

Seja lĂĄ o que ele quis dizer com “agitadas”, sĂł fez com que eu quisesse ficar dentro da guilda, mas quem sabe por quanto tempo eu ficaria sem roupas novas se fizesse isso. No fim, decidi aceitar.

— Tudo bem, então. Obrigado, Nanaella.

— Considere essas roupas compradas! — Ela sorriu, colocando a mão no peito com orgulho.

Brod entregou o dinheiro para Nanaella e subiu as escadas. Depois de vĂȘ-lo sair, nĂłs tambĂ©m partimos.

O pÎr do sol tingia o céu de laranja escuro.

— O cĂ©u estĂĄ lindo, mas Ă© melhor a gente se apressar antes que escureça. Tem certeza de que nĂŁo se importa de vir junto? — perguntei.

— De jeito nenhum. Quando cheguei a Merratoni pela primeira vez, tambĂ©m tive gente que me levou para fazer compras.

— SĂ©rio? Acho que vocĂȘ Ă© de Yenice, nĂŁo Ă©?

— Não. Grandol, nascida e criada.

— Ah, desculpa por isso. Fui meio presunçoso.

— Não precisa se desculpar, tá tudo bem.

— Isso quer dizer que vocĂȘ jĂĄ foi uma aventureira?

Ela sorriu.

— Talvez.

A loja de roupas ficava a trĂȘs minutos a pĂ© do guilda. Dentro, as peças estavam penduradas de maneira organizada por todos os lados. Pelo que eu tinha ouvido, essas lojas costumavam ser bem bagunçadas, entĂŁo talvez esse lugar fosse considerado sofisticado.

Eu examinei vårias peças, mas como não havia um espelho por perto, confiei principalmente na opinião da Nanaella. Exceto para as roupas íntimas, é claro. Com a ajuda dela, minha pequena saída foi um sucesso.

— Por que será que algo tão mundano me deixa tão feliz?

O atendente da loja me olhou com pena quando Nanaella pagou a conta. Só então me lembrei—era a primeira vez que eu fazia compras nesse mundo. Senti toda a tensão se esvair do meu corpo.

— Fico feliz que vocĂȘ tenha conseguido roupas novas — minha companheira sorriu.

— Obrigado mais uma vez pela ajuda.

A felicidade genuĂ­na dela sĂł me deixou envergonhado. Nossa saĂ­da durou cerca de vinte minutos, e o sol ainda nĂŁo havia se posto completamente. EstĂĄvamos voltando para casa quando o destino interveio.

Um grito estridente de uma mulher rasgou o ar ali perto. Antes mesmo de perceber, meu corpo jĂĄ estava em movimento. As habilidades que eu vinha treinando nos Ășltimos seis meses agora tinham um novo propĂłsito com aquele Ășnico grito—nĂŁo eram mais apenas para garantir minha prĂłpria paz, mas para salvar outra vida. Para falar a verdade, esse nĂŁo era o Ășnico motivo que me fez agir tĂŁo rĂĄpido, mas nĂŁo havia tempo para pensar nisso naquele momento.

Corri por uma rua lateral e entrei em um beco, onde vi uma garota caída no chão, coberta de sangue. Depois de olhar ao redor e confirmar que não havia mais ninguém por perto, coloquei minha mão sobre ela com cuidado. Ela ainda estava viva.

— Vamos ver o ferimento.

Segui o rastro de sangue nas roupas dela, encontrei a origem e lancei Cura sem hesitar. Uma vez, duas, trĂȘs, quatro. A pele finalmente se fechou e o sangramento parou, mas sua respiração continuava irregular.

— Por que não está funcionando? — murmurei.

Examinei suas roupas em busca de uma pista e vi manchas adicionais que não eram de sangue. Imediatamente, lancei Purificação nela também. Sem saber se o veneno jå havia sido neutralizado, usei a magia uma segunda vez, e depois fiz mais uma rodada de Cura para garantir.

Soltei um suspiro.

— Acho que ela vai ficar bem.

— VocĂȘ conseguiu salvĂĄ-la?

Virei-me e vi Nanaella parada atrĂĄs de mim junto com dois rostos familiares.

— Sim, de alguma forma. Magia de cura não pode restaurar o sangue que ela perdeu, então precisamos levá-la para um lugar seguro.

Olhei para o rosto da mulher ferida e percebi que a conhecia.

— Vamos levá-la para a Guilda dos Aventureiros — sugeriu Nanaella.

— Espera, eu conheço ela. O nome dela Ă© Monica. Ela Ă© recepcionista da Guilda dos Curandeiros.

— O que uma recepcionista da Guilda dos Curandeiros teria feito para ser atacada? — comentou o aventureiro ao lado de Nanaella.

— Recepcionistas não são curandeiros. Talvez seja alguma rixa pessoal — disse a garota ao lado dele.

Lembrei do que Monica havia me contado sobre alguns membros suspeitos da guilda.

— O culpado pode ser um mercenĂĄrio contratado por um curandeiro. Ela Ă© contra a corrupção no meio dos curandeiros, entĂŁo Ă© possĂ­vel que alguĂ©m tenha descoberto isso — arrisquei.

— O que vamos fazer com ela? — perguntou Nanaella.

— A Guilda dos Aventureiros pode ser a opção mais segura, mas vamos passar na Guilda dos Curandeiros primeiro. Podemos descobrir mais lá.

NĂŁo podia dizer na frente deles, mas havia uma chance real de que o agressor fosse um aventureiro. E o Brod nĂŁo estava por perto para manter a ordem no momento.

Como eu nĂŁo servia para lutar, carreguei Monica nas costas e confiei em nossos companheiros para nos proteger.

— VocĂȘs chegaram rĂĄpido — comentei para os dois aventureiros que estavam conosco. — Eram meus seguranças secretos?

O segundo motivo pelo qual eu tinha conseguido reagir tão råpido era porque achei que alguém estava me vigiando. O homem desviou o olhar, confirmando minha suspeita.

Eu ainda tinha dĂșvidas se eles estavam ali para me proteger ou me manter sob controle, mas isso nĂŁo importava.

— O mundo exterior Ă© assustador — lamentei. Eu ficaria perfeitamente feliz sĂł ficando dentro de casa e nunca saindo. — VocĂȘs acham que vamos encontrar o culpado?

— Saberemos mais quando ela acordar — respondeu Nanaella.

— É…

Apesar de haver muitas pessoas na rua naquela noite, ninguém nos parou enquanto seguíamos para a Guilda dos Curandeiros.

Kururu estava no balcão. Aliviado por ver alguém conhecido, levei Monica até lå. Ela hesitou ao ver os aventureiros, mas logo percebeu que eu estava junto.

— Bem-vindo à—espera, Luciel? E essa nĂŁo Ă© a Monica?

— Quanto tempo, Kururu. Como vocĂȘ tem passado?

— Estou bem, mas podemos pular as formalidades e ir direto para a parte em que vocĂȘ explica por que estĂĄ carregando ela?

DevĂ­amos estar com uma aparĂȘncia bem suspeita. Um grupo formado por aventureiros, uma mulher-coelho, um curandeiro e uma recepcionista quase morta.

— Resumindo, encontramos ela num beco, coberta de sangue. AlguĂ©m a atacou, mas o culpado jĂĄ tinha sumido quando chegamos. Eu curei ela, entĂŁo viemos direto para cĂĄ — expliquei.

— O quĂȘ?!

Kururu ficou paralisada de choque.

— SĂł a encontramos porque ouvimos alguĂ©m gritar. NĂŁo sabĂ­amos quem era no começo.

— Como… como ela estĂĄ?

— Quando cheguei, ela estava inconsciente e sangrando muito. A lĂąmina que a feriu devia estar envenenada tambĂ©m. Acho que consegui curĂĄ-la completamente, felizmente.

Kururu olhou para Monica em minhas costas.

— Graças aos cĂ©us. NĂŁo tenho palavras para agradecer por tĂȘ-la salvado.

Ela abaixou a cabeça em sinal de gratidão.

— VocĂȘ tem alguma ideia do motivo do ataque? Alguma pista?

A expressĂŁo de Kururu ficou sombria e seu silĂȘncio me disse tudo. Meu palpite nĂŁo estava longe da verdade.

— Imagino que saiba, mas não pode nos contar os detalhes?

— O que vocĂȘ faria com essa informação? NĂŁo tem provas para acusar ninguĂ©m.

— Quem atacou Monica fez isso com intenção de matĂĄ-la. Por que outro motivo teria usado veneno? Baseado nisso, sĂł posso concluir que foi um profissional. Nenhum aventureiro faria algo assim, entĂŁo deve ter sido um mercenĂĄrio. E um mercenĂĄrio pode virar um assassino se for bem pago. O Ășnico candidato com tanto dinheiro seria um curandeiro.

— VocĂȘ Ă© esperto, Luciel. NĂŁo acredito que ele foi tĂŁo longe. Isso nĂŁo foi intimidação, foi uma tentativa de assassinato.

— Parece que alguĂ©m tem uma rixa com a Monica. VocĂȘ sabe quem, nĂŁo sabe?

— Isso Ă© sĂł um palpite meu, mas provavelmente foi o Bottaculli, dono da maior clĂ­nica de curas de Merratoni. Uma amiga da Monica foi atĂ© ele para receber tratamento, mas nĂŁo conseguiu pagar a taxa, entĂŁo foi vendida como escrava, e Monica protestou publicamente. Bottaculli ficou furioso. Isso provavelmente foi vingança.

Eu nunca tinha ouvido falar desse homem, mas esse Bottaculli devia ser o mandante do ataque. Por que ele oferecia tratamento para pessoas que nĂŁo podiam pagar? E a escravidĂŁo nĂŁo era ilegal aqui? Eu tinha muitas perguntas sem resposta.

— VocĂȘ nĂŁo pode escravizar pessoas neste paĂ­s, pode? — Pelo que eu sabia, esse era o Ășnico lugar do mundo onde tal prĂĄtica era proibida. Vender alguĂ©m como escravo nĂŁo podia ser algo tĂŁo simples.

— Não, mas isso não impede que sejam vendidas para outros países.

Toda lei tem suas brechas, mas isso era absurdo.

— VocĂȘ acha que conseguimos provar que ele cometeu um crime? — NĂŁo estava muito esperançoso sem uma anĂĄlise forense de ponta. Identificar o criminoso nĂŁo seria nada fĂĄcil.

— Sinto muito, mas eu não contaria com isso. A menos que esteja planejando invadir a clínica dele.

Isso era perigoso demais. Fora de questão. A segurança da Monica era a prioridade.

— VocĂȘ pode protegĂȘ-la aqui na guilda?

— Enquanto ela estiver dentro dessas paredes, ele nĂŁo pode tocĂĄ-la abertamente, mas…

— E se, por exemplo, envenenassem a comida dela?

— Eu não descartaria essa possibilidade.

Ou seja, ela não estava completamente segura ali. E se esse caso envolvia o chefe da maior clínica da cidade, havia uma chance de que isso chegasse até o próprio mestre da guilda local. Para jogar pelo seguro, o melhor seria deixå-la sob a proteção da Guilda dos Aventureiros até as coisas esfriarem.

— Nanaella, a Guilda dos Aventureiros tem quartos para mulheres ficarem? — perguntei.

— Sim, tenho certeza de que conseguimos acomodá-la — ela respondeu.

— Então, vamos voltar. — Não havia mais motivo para ficarmos ali.

Kururu nos interrompeu.

— Luciel, ela Ă© funcionĂĄria da Guilda dos Curandeiros. VocĂȘ nĂŁo pode estar falando sĂ©rio sobre levĂĄ-la para a Guilda dos Aventureiros.

— EstĂĄ tudo bem, Kururu. NĂŁo Ă© tĂŁo perigoso quanto vocĂȘ imagina. Nunca tive problemas lĂĄ.

Infelizmente, isso nĂŁo foi o suficiente para convencĂȘ-la. As duas guildas tinham uma relação conturbada, para dizer o mĂ­nimo.

— Acho que seria melhor deixĂĄ-la na clĂ­nica onde vocĂȘ estĂĄ trabalhando — ela insistiu.

Eu havia me esquecido de que ela nĂŁo sabia sobre minha vida na Guilda dos Aventureiros, o que, no fim, foi conveniente para conseguir sua permissĂŁo.

— Tudo bem. Pensei que os aventureiros que conheço poderiam protegĂȘ-la, mas se vocĂȘ diz isso, vou levĂĄ-la para onde estou trabalhando agora.

— Obrigada. Onde fica exatamente? Quero visitá-la depois.

— Estou preocupado com vazamento de informaçÔes e nĂŁo quero incomodar meus colegas, entĂŁo, desculpe, mas nĂŁo posso dizer. Espero que vocĂȘ nĂŁo se importe em considerar isso como uma espĂ©cie de licença para ela.

Ela respirou fundo.

— Tudo bem. Vou confiar em vocĂȘ, Luciel.

— Vamos mantĂȘ-la segura. Nos vemos novamente quando eu precisar renovar minha associação.

Enquanto saĂ­amos, ouvi uma voz logo atrĂĄs de mim.

— Me desculpe por tudo isso, senhor Luciel.

Era Monica.

— Fico feliz que esteja de volta conosco.

— Acordei faz um tempo — ela murmurou. Sua voz estava fraca, mas ela estava consciente. Decidi contar a verdade enquanto podia.

— VocĂȘ deve ter ouvido tudo agora, mas na verdade estamos indo para a Guilda dos Aventureiros. É o lugar mais seguro para vocĂȘ.

Senti seu corpo enrijecer.

— Não se preocupe, eu tenho treinado e trabalhado lá o tempo todo, não em uma clínica.

— Mas curandeiros e aventureiros nĂŁo se dĂŁo bem… — ela protestou fracamente.

Pelo visto, isso era conhecimento comum, exceto para mim, que sĂł descobri depois de me tornar um aventureiro.

Forçando um sorriso torto, respondi:

— Gostaria de ter sabido disso há meio ano, antes de me tornar um.

Depois, mudei o tom.

— Mas, como eu disse, nunca tive problemas lá. Vai ficar tudo bem. Eu prometo.

Ela soltou um suspiro e seu corpo relaxou.

— Tudo bem. Vou confiar em vocĂȘ.

Senti o peso em meus braços aumentar.

— Ela desmaiou de novo — observou Nanaella.

— Ah, entendi.

Chegando à Guilda dos Aventureiros, demos de cara com um muro—ou melhor, um grupo de aventureiros chocados que nos cercaram assim que entramos. Quando terminamos de explicar, e eles viram as roupas rasgadas e manchadas de sangue de Monica, começaram a me encher de elogios.

Brod desceu para ver a confusão e nos deu permissão para abrigå-la depois de ouvir o que aconteceu. Os outros homens estavam nas nuvens com a chegada de uma nova garota bonita para interagir. Eu, obviamente, não tinha intenção de me envolver nessa bobagem, mesmo que isso significasse que Monica e eu nunca nos tornaríamos próximos.

Entreguei Monica para Nanaella e voltei para o meu quarto com minhas novas roupas. Os funcionårios e aventureiros me lançaram olhares curiosos e, ao mesmo tempo, cheios de pena, provavelmente especulando sobre meu passeio com Nanaella e como minha primeira saída havia terminado em confusão.

Decidi ignorĂĄ-los e fui para o andar de baixo, onde encontrei os dois aventureiros que me protegeram durante a viagem.

— Obrigado de novo, pessoal. Precisam de algum tratamento?

Eles se entreolharam, sorriram e entĂŁo se voltaram para mim.

— Se precisar de qualquer coisa, nos avise — disse o homem.

— Ou se houver algo que queira — acrescentou a mulher.

Eles nĂŁo disseram mais nada, apenas me olharam com um olhar caloroso, como se eu fosse um irmĂŁo mais novo, e subiram as escadas.

Pensei sobre o que acabara de acontecer.

— Acho que ainda depende da pessoa, mas não senti medo desses dois.

Mudanças estavam acontecendo dentro de mim, e eu começava a notå-las.

Voltei para o meu quarto e quase me joguei na cama, até me lembrar de que minha camisa ainda estava coberta de sangue da Monica. Trocar de roupa parecia uma boa ideia.

Olhar para as manchas me fez lembrar da fragilidade da vida neste mundo e do poder que eu tinha para protegĂȘ-la. Eu nĂŁo era um mĂ©dico. NĂŁo tinha conhecimento tĂ©cnico. Mas podia curar pessoas. Eu tinha o poder de impedir mortes injustas. E isso me deixava feliz.

O treinamento era difícil—muito difícil—mas eu estava melhorando, minhas habilidades aumentavam e não pareciam diminuir com o tempo.

— Sei que meu treinamento ainda vai durar um bom tempo, mas parece atĂ© trapaça conseguir ver meu progresso.

Um sorriso surgiu em meu rosto.

— Se ao menos eu tivesse tido essa habilidade de Avaliação de Maestria na Terra…

— Eh, não que isso tivesse mudado muita coisa — murmurei, enquanto começava meu treinamento noturno de magia.

Quando terminei, fui jantar no refeitório como de costume. No meio da refeição, Nanaella apareceu junto com Monica, que jå tinha trocado de roupa.

— Está se sentindo bem? — perguntei a ela.

— Sim. VocĂȘ salvou minha vida, senhor Luciel. Muito obrigada.

Seu rosto estava bem pålido. Por que Nanaella a trouxe aqui? Olhei para minha amiga de forma inquisitiva, mas só recebi um aceno de cabeça em resposta. O que diabos isso significava? Resolvi seguir em frente.

— Por favor, não foi nada. Fico feliz por ter podido ajudá-la, depois de tudo que fez por mim quando eu estava aprendendo magia.

— EntĂŁo… — ela hesitou. — Quanto acha que vai me custar?

Agora fazia sentido ela estar tĂŁo abatida. Eu ainda nĂŁo entendia completamente como as coisas funcionavam nesse mundo, mas se houvesse um momento ideal para extorquir dinheiro de um paciente, seria esse.

— Monica, pode atĂ© ter sido o seu trabalho, mas vocĂȘ foi muito gentil comigo nos meus dias na Guilda dos Curandeiros. Considere isso como meu agradecimento. Vamos dizer que vocĂȘ pagou minha taxa adiantado.

— O quĂȘ? — Ela me olhou completamente incrĂ©dula. Eu, no entanto, jamais me rebaixaria ao ponto de cobrar algo em uma situação dessas.

— Se isso não for suficiente, pode me acompanhar em uma refeição, se quiser. Gulgar faz a melhor comida.

Monica começou a chorar e se curvou profundamente.

— Obrigada. Obrigada. Muito, muito obrigada.

Nunca alguĂ©m tinha me agradecido com tanta intensidade — e chorando, ainda por cima —, entĂŁo eu fiquei completamente sem reação. Felizmente, Gulgar apareceu para salvar o dia.

— Passou por um sufoco, hein, mocinha? Aqui, toma isso e volta a ter um pouco de ñnimo — disse ele animado, colocando um copo de sopa no balcão.

— Obrigada, senhor.

NĂłs quatro passamos o jantar conversando. Expliquei que ela nĂŁo poderia voltar para casa e teria que ficar aqui por um tempo. No entanto, precisaria fazer uma Ășltima viagem de volta com um grupo de aventureiros para pegar suas roupas. Sem surpresa, o grupo que aceitou a missĂŁo era composto inteiramente por mulheres.

Eståvamos nos divertindo jogando conversa fora, mas eu tinha começado a comer antes e a Substùncia X estava por perto, o que deixaria meu hålito horrível por meia hora. Por consideração, me despedi, mesmo que um pouco relutante.

Nanaella e Monica me desejaram boa noite enquanto eu saĂ­a, o que manteve meu Ăąnimo alto. Como eu sou fĂĄcil de agradar, pensei comigo mesmo.

Depois de mais um pouco de prĂĄtica com magia, caĂ­ no sono.

Um mĂȘs depois, o mercenĂĄrio que atacou Monica foi capturado. Diziam que o cara estava completamente nu quando o pegaram. No entanto, nenhuma conexĂŁo foi encontrada entre ele e qualquer curandeiro. Com as coisas tĂŁo ambĂ­guas como estavam, Monica enfrentou uma escolha difĂ­cil e decidiu se juntar Ă  equipe da Guilda dos Aventureiros.

— Sempre ouvi dizer que aventureiros eram brutamontes e encrenqueiros, mas os de Merratoni tĂȘm sido maravilhosos — ela comentou animada. Sem que ela soubesse, esse comentĂĄrio acabaria desencadeando a formação de seu prĂłprio fĂŁ-clube.

Em contraste com essa tranquilidade, minha frustração no treinamento com Brod só aumentava. Eu continuava dando tudo de mim para acertar um golpe, qualquer golpe, nele, mas era como bater a cabeça contra uma parede de tijolos.

EntĂŁo, nove meses depois do inĂ­cio do meu treinamento, um enorme terremoto sacudiu a cidade. Monstros saĂ­ram em enxames de uma mina a sudeste de Merratoni, bem no meio da floresta. Nenhum deles era particularmente perigoso sozinho, mas o nĂșmero avassalador os tornava uma ameaça real. Todos os aventureiros, exceto eu, foram chamados para ajudar a conter a invasĂŁo. Tudo o que pude fazer foi ficar quieto e rezar com o restante da equipe.

Eu assumi que haveria muitos aventureiros feridos, mas certamente não haveria fatalidades. De alguma forma, eu tinha me convencido disso. Mas a realidade — a fragilidade da vida neste mundo — foi jogada em minha cara mais uma vez.

Aquele dia foi a primeira vez que perdi amigos, incluindo os dois guarda-costas que ajudaram a resgatar Monica. Pelo que ouvi, um monstro que amplificava miasma havia se aliado a uma fera que ficava mais forte Ă  medida que absorvia as toxinas do parceiro. Relatos indicavam que o grupo Linhagem do Lobo Branco foi quem finalmente derrotou a dupla letal.

Antes que eu pudesse sequer soltar um suspiro de alívio, Brod apareceu coberto de sangue de monstro e agarrou meu braço.

— Todos os membros da Linhagem do Lobo Branco estão à beira da morte. Preciso da sua ajuda para salvá-los.

Eu imediatamente assenti e corri atrĂĄs dele. Chegamos a uma estalagem, se Ă© que aquilo podia ser chamado de estalagem. Como os aventureiros mais bem pagos da guilda podiam estar se hospedando em um lugar tĂŁo miserĂĄvel? Antes que eu pudesse continuar esse raciocĂ­nio, entramos no quarto e eu fiquei paralisado de choque.

Eles estavam morrendo.

— Luciel, esses dois foram envenenados. Os ferimentos de Basura são profundos, mas fora isso, ele parece normal.

Priorizei Basura. Minha magia podia regenerar a pele e consertar ossos, mas sangue perdido era sangue perdido. Mesmo sem conseguir ver direito no escuro, meu instinto dizia que ele corria o maior risco.

Após vårias conjuraçÔes de Cura, seus ferimentos estavam completamente fechados. Procurei por ferimentos nos outros dois, mas não encontrei nada.

— Eles inalaram gĂĄs venenoso. Agiu rĂĄpido, jĂĄ que quase nĂŁo tĂȘm resistĂȘncia a isso — explicou Brod.

Lancei Cura em cada um deles e, em seguida, mudei para Purificação, cobrindo seus corpos inteiros — cabeça, ouvidos, nariz, boca, coração — rezando para que a toxina desaparecesse.

— Que monstro foi esse? — perguntei.

— Um Gastle. Provavelmente mutado.

Se bem me lembrava, o veneno do Gastle causava febre, vÎmito, paralisia e imunidade reduzida. Purificação servia para desintoxicação, então, enquanto o veneno fosse a causa dos sintomas, o feitiço deveria ser suficiente para aliviå-los. Agarrei-me a essa esperança e continuei conjurando até minha magia se esgotar e o cansaço me dominar.

Brod me entregou duas poçÔes mågicas, o que me permitiu rapidamente retomar o trabalho. Conjurei, e conjurei, e conjurei, até que finalmente, quando a fadiga começou a me atingir novamente, eles pareceram estabilizar.

Quando tive certeza da recuperação deles, voltei para Basura para aviså-lo.

— Eles devem ficar bem agora. Se algo mais acontecer, por favor, traga-os… para a… guilda…

Isso foi tudo o que consegui dizer antes de perder a consciĂȘncia.

Na manhĂŁ seguinte, vi a lista dos que morreram, aqueles que eu nĂŁo consegui salvar. Chorei por eles. Eu sabia que nĂŁo era onipotente, mas ainda assim minha impotĂȘncia me corroĂ­a por dentro.

Para afastar um pouco da tristeza, jurei aos falecidos que me esforçaria mais do que nunca.

O progresso começou a acelerar como resposta ao fogo reacendido dentro de mim.

— Artes Marciais nĂ­vel trĂȘs. Bom trabalho, garoto.

Era o nĂ­vel bĂĄsico para a maioria dos aventureiros de rank F. Nesse nĂ­vel, geralmente era possĂ­vel enfrentar vĂĄrios goblins de uma vez em combate, e goblins nĂŁo eram de se menosprezar. Cerca de um quarto dos aventureiros novatos acabavam fugindo de encontros com eles.

Abri um sorriso. Eu tinha trabalhado duro para isso, mesmo que nĂŁo fosse uma conquista que eu pudesse sair exibindo. Qualquer pessoa com aptidĂŁo suficiente teria passado a vida e alcançado o nĂ­vel trĂȘs naturalmente ao chegar na idade adulta. E, de acordo com um livro que eu tinha lido, treinar com seriedade por um longo perĂ­odo com um instrutor adequado permitiria atĂ© mesmo um leigo sem ocupação obter tais habilidades.

Eu havia dado o exemplo e, conforme os aventureiros ficaram mais unidos depois do incidente da mina, mais deles começaram a aparecer no campo de treinamento. Brod e eu continuamos nosso treinamento entre eles, até que um dia um homem reclamou do tratamento preferencial do treinador e decidiu testar a sorte.

Meu instrutor prontamente o nocauteou, e voltamos a treinar.

Se eu queria acertar um golpe em Brod, precisava me mover mais råpido, ser mais afiado, traçar estratégias. Não podia simplesmente confiar no meu corpo; tentei usar meus olhos ou magia para enganå-lo, mas foi em vão. O homem era um monstro. Nem mesmo quando a Linhagem do Lobo Branco se juntou a mim para um combate conseguimos arranhar ele.

Meu pedido para observar um dos duelos deles foi recebido com uma recusa educada, embora tenham elogiado minha rĂĄpida ascensĂŁo ao nĂ­vel de um aventureiro de verdade. Isso me deixou tĂŁo feliz que acabei esquecendo de insistir.

Quanto ao funcionamento das estatísticas, as vocaçÔes de linha de frente e as classes de suporte eram assuntos completamente diferentes. Resumindo, cada uma tinha certos atributos que eram mais fåceis ou difíceis de aumentar a cada subida de nível. Isso significava que, se um espadachim de nível dez lutasse contra um curandeiro de nível vinte em combate corpo a corpo, o curandeiro perderia na maioria das vezes. Era assim que as classes funcionavam. Eu não podia mudar isso, então aceitei a realidade.

Levou uma eternidade sĂł para eu conseguir levar minha habilidade em Artes Marciais ao nĂ­vel trĂȘs, e eu estava curioso para saber quais seriam os status de um monstro como Brod. No entanto, temia a resposta e nunca perguntei.

— NĂŁo teria chegado tĂŁo longe sem vocĂȘ, treinador — eu disse.

— Guarda a bajulação. Foi vocĂȘ quem se esforçou… Luciel.

— Isso significa muito para mim.

— Só não fique mole — ele alertou. — A partir de agora, vai ser ainda mais difícil subir de nível nas suas habilidades.

Assenti. Cada nĂ­vel exigia uma quantidade significativamente maior de experiĂȘncia. Brod sabia disso por experiĂȘncia prĂłpria.

— Luciel, vocĂȘ veio aqui porque queria sobreviver, certo?

— Sim, senhor.

— Certo. Hoje vamos adicionar uma nova habilidade ao seu repertório: Ambulação.

— Ambulação? Vou treinar caminhada? — perguntei, ligeiramente confuso.

— Isso mesmo. VocĂȘ pode usĂĄ-la para abafar seus passos e se manter leve nos movimentos. TambĂ©m vai te ajudar a manter uma postura baixa sem se cansar tanto.

Como um ninja. Legal. Agora sĂł faltava uma habilidade de invisibilidade para completar o pacote. Mas Brod nunca me treinaria em algo que nĂŁo fosse imediatamente prĂĄtico, entĂŁo descartei a ideia.

— Estou pronto para começar quando vocĂȘ quiser — declarei com entusiasmo.

— Certo. Se vocĂȘ dominar essa tĂ©cnica, vai fortalecer bem suas panturrilhas e coxas, mesmo sem a habilidade. Assim, seus chutes ficarĂŁo mais afiados; nada mais daquela porcaria desajeitada que vocĂȘ faz agora.

MĂșsica para os meus ouvidos. — Sim, senhor!

O treinamento de Ambulação começou e, pela primeira vez em muito tempo, os berros de Brod ecoaram pelo campo de treino novamente.

— Eu consigo ouvir cada um dos seus passos, droga! TĂĄ arrastando os pĂ©s por quĂȘ? Ensaiando para um recital de dança? Sua postura estĂĄ alta demais! Ótimo trabalho, se quiser ser atropelado por um javali selvagem!

“Javali selvagem” trouxe Ă  tona lembranças daquele monstro do tamanho de um carro que Galba havia retalhado no meu primeiro dia de açougueiro. Suor frio escorreu pelo meu rosto ao imaginar uma criatura daquelas vindo direto para mim.

Temendo que Brod transformasse essa sessão de treino em um exercício de campo se eu não aprendesse råpido, concentrei-me totalmente para dominar a técnica o mais råpido possível.

Minha rotina passou a ser a seguinte: acordar, treino de magia, café da manhã com uma dose de Substùncia X, treino de Arremesso, sparring de Artes Marciais, almoço com mais Substùncia X, mais treino de Arremesso, mais sparring de Artes Marciais, jantar e ainda mais Substùncia X, e por fim, mais um pouco de treino de magia.

Todos os dias, eu conjurava Cura pelo menos dez vezes, Ă s vezes mais de cinquenta nos dias mais agitados ou para tratar ferimentos mais feios, mas todos saĂ­am da minha clĂ­nica satisfeitos.

Passei a fazer mais e mais refeiçÔes com Monica e Nanaella, e terĂ­amos uma Ăłtima convivĂȘncia se nĂŁo fosse pela SubstĂąncia X, que Gulgar ainda me forçava a ingerir como um louco.

Ainda assim, meu tempo com elas me proporcionava algum alívio em meio ao treinamento. Isso me mantinha são. E graças a isso, consegui arranjar uma hora extra de treino de Ambulação de manhã e à noite.

Depois que Brod me pegou praticando sozinho, começou a reduzir o tempo dos nossos sparrings para dedicar mais tempo à Ambulação, embora eu não tivesse tanta certeza se valia a pena cortar o sparring por essa nova técnica.

— Não estou treinando Ambulação demais? — perguntei.

— Essa habilidade Ă© a mais importante para vocĂȘ agora. Entendeu? Ótimo. Vamos começar.

Eu não estava convencido, mas duvidava que ele fosse explicar mais. Talvez ele achasse que eu estava na idade de começar a me achar e querer testar minhas recém-desenvolvidas Artes Marciais. Uma preocupação razoåvel, mas eu não era tão infantil nem tão imprudente. Contudo, dado o meu corpo atual, não havia muito que eu pudesse argumentar.

Pensando pelo lado positivo, talvez meu corpo estivesse fraco demais para desenvolver ainda mais minhas Artes Marciais e precisasse ser recondicionado primeiro. De qualquer forma, sĂł me restava confiar no meu treinador. Talvez eu ainda nĂŁo conseguisse entendĂȘ-lo bem, mas sonhava com o dia em que suas intençÔes se tornariam claras para mim.

A vida seguiu, os dias passaram e, antes que eu percebesse, jĂĄ fazia um ano desde que eu havia chegado a Merratoni.

Status aberto.

Nome: Luciel

Ocupação: Curandeiro III

Idade: 16

NĂ­vel: 1

HP: 320 — MP: 100

FOR: 34 — VIT: 38

DES: 35 — AGI: 32

INT: 42 — MAG: 50

RMAG: 48 — SP: 0

Afinidade MĂĄgica: Sagrada

HABILIDADES

Domínio de Avaliação I — Sorte Monstro I — Artes Marciais IV

Manipulação Mágica IV — Controle Mágico IV — Magia Sagrada V

Meditação IV — Concentração IV — Recuperação de Vida II

Recuperação Mágica IV — Recuperação de Força IV — Arremesso III

Açougueiro II — Detecção de Perigo II — Ambulação II

ResistĂȘncias e TĂ­tulos mantĂȘm os mesmos valores.

Como resultado de todo o suor, sangue e lågrimas que derramei ao longo do ano, meus atributos aumentaram cerca de uma vez e meia, alguns até mais.

NĂŁo tinha base para saber se isso era bom ou ruim. Mas, apesar disso, estava orgulhoso. Eu era inegavelmente mais forte do que hĂĄ um ano; passei por tantas coisas nesse perĂ­odo. Fui socado, chutado, arremessado, cortado, explodido e jogado no chĂŁo, e ainda assim, estava aqui. Vivo.

— O que está murmurando aí?

— Ah, bom dia, treinador. Nada demais. Só estava pensando que já faz um ano e ainda não sei se melhorei tanto assim.

— Para de se preocupar. VocĂȘ estĂĄ melhorando — ele disse, sem rodeios.

— É mesmo? Ainda nĂŁo consigo ver seus ataques Ă s vezes, nĂŁo consigo te tocar, e as Ășnicas magias que posso usar sĂŁo Cura e purificar.

— VocĂȘ e eu estamos em ligas completamente diferentes em termos de experiĂȘncia e status. Eu morreria de choque se vocĂȘ conseguisse me acertar.

— Isso Ă© verdade.

Enfrentar atĂ© mesmo um inimigo de nĂ­vel mĂ©dio enquanto se estĂĄ no nĂ­vel um em um jogo resultaria em um “game over” mais rĂĄpido do que um piscar de olhos.

— Anda logo, levanta esse queixo, caramba. — Ele me deu um tapa nas costas.

— Ai! Isso dĂłi, sabia? — resmunguei. — Bem, acho que me saĂ­ bem, aguentando firme e vendo isso atĂ© o fim por um ano inteiro. Obrigado por tudo, treinador. Acho que agora pelo menos conseguiria fugir se encontrasse um monstro.

— Nah, acho que vocĂȘ conseguiria encarar um de frente. O que acha? VocĂȘ realmente aguentou firme. Bom trabalho por nĂŁo desistir no meio do caminho.

— Pra ser honesto, eu quis desistir vĂĄrias vezes… Mas fui eu quem começou isso. Eu decidi que precisava passar por isso para sobreviver.

Além disso, eu não tinha para onde ir, pensei, mas guardei essa parte para mim.

— Ei, Luciel, por que não fica por aqui? Torna isso oficial? Olha a Mînica, ela tá se virando muito bem.

Ele tinha mesmo que me colocar nessa situação? Aqui? Com todos esses aventureiros, incluindo a própria MÎnica, olhando?

— Ah, bem, não sei. Digo, sou uma pessoa pragmática. Quero ganhar algum dinheiro e aprender qualquer magia nova que puder.

Brod pausou por um momento.

— Faz sentido.

— E vocĂȘ pagou minhas despesas no ano passado. AlĂ©m disso, nĂŁo posso comprar novos grimĂłrios sem começar a economizar. Quanto mais eu aprender, mais vidas poderei salvar.

NinguĂ©m tinha morrido enquanto eu os tratava, mas algumas pessoas que conheci jĂĄ se foram para sempre, e isso doĂ­a. Morrer quando chegava a hora era uma coisa, mas eu nĂŁo suportava mortes de outro tipo—prematuras, injustas ou qualquer outra. Eu realmente precisava aprender novos feitiços.

— Bom, parece que vocĂȘ jĂĄ tomou sua decisĂŁo — cedeu Brod. — Ainda assim, considere trabalhar aqui, como te ofereci. Pense nisso.

— Vou pensar. De qualquer forma, pretendo continuar na cidade, então voltarei para mais treinamento. E me chama sempre que precisar de um curandeiro. Te faço um preço especial.

Nunca imaginei que chegaria o dia em que conversaria tĂŁo casualmente com Brod.

— E agora, qual Ă© o seu plano?

— Vou para a Guilda dos Curandeiros procurar uma clínica, onde espero economizar dinheiro suficiente para comprar alguns novos livros de magia.

— E depois?

— Estudar e trabalhar duro atĂ© conseguir conjurĂĄ-los perfeitamente, juntar dinheiro para pagar minhas despesas e, um dia, abrir minha prĂłpria clĂ­nica, com preços acessĂ­veis para as pessoas.

A principal coisa que aprendi neste ano foi a importĂąncia de levar uma vida tranquila.

— Hah. Isso combina com vocĂȘ — Brod riu.

— Ainda tenho algumas coisas no meu quarto, então voltarei para limpar tudo.

— Entendido. E ei, foi divertido, Luciel. — Ele sorriu para mim.

— Muito obrigado por tudo. — Sorri de volta e trocamos um aperto de mão firme.

Fiz minhas despedidas, agradecendo a equipe e me despedindo dos aventureiros. Ninguém tentou me impedir. Pelo contrårio, todos me viram partir com um sorriso. Minha vida na Guilda dos Aventureiros chegava ao seu fim agridoce.

Saí e olhei para o céu azul e claro.

— Clima perfeito.

LĂĄgrimas se acumularam nos meus olhos, mas segurei. Contanto que continuĂĄssemos vivendo, nos encontrarĂ­amos novamente. Encarei o caminho Ă  frente e dei meus primeiros passos de volta Ă  Guilda dos Curandeiros.


Tradução: CarpeadoPara estas e outras obras, visite o Carpeado Traduz – Clicando Aqui


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