The Great Cleric – Capítulo 5.2– Volume 1

 

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The Great ClericSeija Musou

Light Novel Online – CapĂ­tulo 05.2:
[Outra Perspectiva — Um Curandeiro Inocente Entra na Toca dos LeĂ”es]


Eu estava suando no campo de treinamento da Guilda dos Aventureiros de Merratoni naquele dia.

— Ainda nĂŁo apareceu ninguĂ©m. VĂŁo mesmo desperdiçar a chance de treinar com o mestre da guilda? Talvez eu arraste alguns desses preguiçosos atĂ© aqui.

Eu me tornei mestre da guilda por um motivo: formar a prĂłxima geração. Foi por isso que deixei a vida de aventureiro para focar na administração ainda jovem. Mas os aventureiros de hoje em dia preferem correr atrĂĄs de dinheiro em vez de se comprometerem com um treinamento rigoroso. SĂł enxergam o que estĂĄ bem na frente deles e ignoram o caminho Ă  frente. NinguĂ©m sequer tenta entender que dominar o bĂĄsico tornaria a vida deles muito mais fĂĄcil a longo prazo. Às vezes eu forçava alguns a participar dos treinos, mas isso sĂł fazia com que evitassem a guilda por completo.

— Preciso de alguĂ©m para passar todo esse conhecimento adiante.

Enquanto murmurava para mim mesmo, algo raro de se ver na ĂĄrea de treinamento interrompeu minha rotina monĂłtona.

— VocĂȘ tem um momento, Mestre da Guilda?

— Ah, Ă© sĂł vocĂȘ, Nanaella. O que foi?

— Palavras machucam, Mestre da Guilda. Mesmo que não seja sua intenção — ela me repreendeu.

— Desculpa. EntĂŁo, qual Ă© o problema? Monstros invadiram a cidade?

Brinquei, mas Nanaella nunca aparecia no campo de treinamento durante o expediente sem um bom motivo. Para meu alívio, ela não parecia estar em pùnico, embora eu não pudesse negar que estava torcendo por um pouco de ação para quebrar a monotonia.

— E pare de me chamar de Mestre da Guilda. Já disse para me chamar de Brod.

Eu ainda estava nos meus quarenta anos, jovem demais para ser tratado como um velho ermitĂŁo.

— Agora, o que está pegando?

— Minhas desculpas, Brod. Tem um garoto de quinze anos na recepção que acabou de se registrar como aventureiro e, bem…

Ver Nanaella ali me deu esperança de que fosse algo especial, mas não poderia ser mais banal. Ela tinha dezoito anos e, contando o período probatório, fazia cerca de um ano que trabalhava aqui. Antes disso, fazia parte de um grupo, mas quando a equipe se desfez, ela veio para uma entrevista e o resto é história. Era boa no trabalho e os aventureiros gostavam dela, então por que estava falando desse garoto comigo?

— Ele Ă© um curandeiro — ela continuou.

— Um curandeiro? VocĂȘ quer dizer… um curandeiro?

— Do tipo que cura, sim.

Curandeiros… Uma das poucas profissĂ”es que eu desprezava. Agora tudo fazia sentido. Eles se acham superiores por terem poderes concedidos pelos deuses, cobrando preços absurdos e arrancando atĂ© a Ășltima moeda de seus pacientes. MercenĂĄrios, todos eles.

Supremacistas humanos também não eram raros entre eles. Muitos nem consideravam elfos ou homens-feras como pessoas e se recusavam a curar outras raças. Muitos aventureiros os odiavam, mesmo que não chegassem a brigar abertamente. E agora um deles apareceu na Guilda dos Aventureiros querendo se registrar? Só podia ser uma de duas coisas: um completo idiota ou um santo.

— VocĂȘ registrou ele?

— Sim, acabei o processo há alguns minutos.

Eu começava a entender a expressão preocupada dela.

— E por que veio falar comigo?

— Ele disse que quer aprender a lutar. Mas não tem dinheiro e quer oferecer cura como compensação.

— Quais são as habilidades de combate dele?

— Apenas nível um em Artes Marciais.

Isso estava estranho demais. Um curandeiro normal contrataria guarda-costas. Um curandeiro normal nĂŁo estaria falido, aliĂĄs. E nenhum curandeiro em sĂŁ consciĂȘncia iria querer treinar artes marciais.

Espera, ela disse que ele tinha quinze anos. Talvez ele ainda nĂŁo tivesse sido completamente mimado pela realidade?

— Tem alguma ideia do que ele quer? Como ele pareceu para vocĂȘ? — perguntei.

— NĂŁo perguntei o que ele quer, mas… — ela hesitou.

— Fala logo.

— Ele parecia diferente dos curandeiros normais. Olhou para mim sem recuar.

Alguns recuavam — os supremacistas humanos. Mas quando esse tipo de gente aparecia na guilda, geralmente acabavam num beco no dia seguinte, roubados de tudo o que tinham. O garoto de quem Nanaella falava parecia que evitaria esse destino.

— Diferente, hein? — Fiquei pensando por um momento. — Isso pode ser bom, desde que ele não seja só mais um maluco.

Diziam que apenas humanos podiam usar magia Sagrada ou de Luz, mas isso era uma mentira descarada. Talvez fosse verdade para elfos, que usavam magia espiritual, mas homens-fera eram perfeitamente capazes de empregar magia Sagrada e de Luz. Eles sĂł nĂŁo eram muito inclinados a usar magia em geral e tinham pouca energia mĂĄgica, o que tornava difĂ­cil aprender sem prĂĄtica desde a infĂąncia.

A magia espiritual também tinha habilidades de cura. Os curandeiros não tinham monopólio sobre esses feitiços. Mas os elfos consideravam um desperdício abusar dos poderes espirituais e evitavam esse tipo de magia, exceto em circunstùncias extremas.

— Se ele não for louco, por que não transformá-lo em um aventureiro de verdade? — Nanaella sugeriu.

Assenti, decidindo que veria o garoto pessoalmente. Mas antes, precisava reforçar um ponto.

— Ah, e não me chame de Mestre da Guilda, entendeu?

— Entendido.

Na recepção, estava um garoto alto e magricela que parecia nunca ter perdido sua inocĂȘncia infantil. Percebi na hora que ele nĂŁo era do tipo ardiloso. Estava ali, rĂ­gido como uma tĂĄbua e vermelho de vergonha.

Enquanto eu debatia se deveria chamå-lo, Nanaella mal conseguia conter o riso. As outras recepcionistas nem se davam ao trabalho de disfarçar.

EstĂĄ tĂŁo nervoso que nem percebe nada ao redor. Vamos ver do que esse pirralho Ă© feito.

— VocĂȘ Ă© o fedelho que sabe magia de cura? — perguntei rispidamente. Um pouco de intimidação revelaria sua verdadeira natureza.

O garoto se sobressaltou e olhou para mim.

— Isso mesmo. Sou Luciel, recĂ©m-registrado como aventureiro. Quero melhorar tanto minha magia de cura quanto minhas habilidades de combate, entĂŁo pensei em receber treinamento em troca de cura.

— É mesmo? VocĂȘ Ă© estranho, para um curandeiro. O que foi? Cansou do seu amado dinheiro?

Agora toda a guilda sabia quem ele era. E agora, garoto?

— Dinheiro Ă© importante, mas agora eu preciso aumentar minhas chances de sobrevivĂȘncia ao mĂĄximo. Por isso, como disse Ă  recepcionista, quero treinar enquanto trabalho para cobrir os custos.

Ele estava apavorado, mas manteve os olhos nos meus e nĂŁo estava mentindo. Esse garoto pensava de um jeito completamente diferente dos curandeiros comuns.

— Entendi o que vocĂȘ quer. E parece que nĂŁo estĂĄ sĂł falando da boca pra fora — falei. — Muito bem. Meu nome Ă© Brod e sou o instrutor da guilda.

— Prazer em conhecĂȘ-lo.

Ele nĂŁo recuou. Isso era promissor.

— EntĂŁo, garoto, vocĂȘ tem a habilidade de Artes Marciais. Por que um curandeiro quer saber lutar?

— Porque sou inĂștil em combate. Quero ficar forte o suficiente para me defender.

Decidi que não deixaria esse curandeiro sair da toca dos leÔes.

— Certo. VocĂȘ estĂĄ contratado como curandeiro de rank H para nosso campo de treinamento. Um prata por hora. Quando pode começar?

— Em trĂȘs dias, se estiver tudo bem.

Nanaella sorriu.

— Beleza. Nanaella, cuide de tudo.

— Claro! Ah, Nanaella sou eu. Prazer em conhecĂȘ-lo.

O garoto retribuiu o cumprimento, fez uma reverĂȘncia e saiu da guilda.

— Nunca pensei que conheceria um curandeiro tão modesto.

Como se podia perceber pelo choque de Nanaella, curandeiros costumavam ser tão arrogantes quanto possível. Dinheiro era a paixão deles. Todo mundo sabia disso. O homem que comandava a maior clínica em Merratoni era um demÎnio disfarçado de humano.

— Ele Ă© ousado, isso com certeza.

— Brod, nĂŁo me diga que vocĂȘ tentou intimidĂĄ-lo como sempre faz?

— Isso mesmo. Queria ver quem ele realmente era.

— O que hĂĄ de errado com vocĂȘ? Aquele garoto jamais poderia ser desonesto! — ela retrucou. Nanaella raramente se irritava, o que sĂł mostrava o quanto o garoto parecia sincero.

— Talvez eu nĂŁo devesse ter feito isso. Foi mal — pedi desculpas. — Mas enfim, esse garoto Ă© uma tela em branco, e eu vou transformĂĄ-lo em uma obra de arte. Vou fazer ele ficar por aqui, Nanaella.

— VocĂȘ estĂĄ falando sĂ©rio?

— Sim. Pode limpar o quarto de descanso pra ele? Vou pedir para o Gulgar preparar as refeiçÔes.

— Já estou indo.

HĂŁ, ela nĂŁo protestou dessa vez.

Ah, quase esqueci de algo. — Qualquer um que encostar um dedo naquele garoto vai ser punido. E feio. Avisem seus amigos — anunciei para os aventureiros por perto.

Provavelmente, eu estava sorrindo feito um idiota. Finalmente as coisas iam ficar interessantes de novo. Droga, espero que ele tenha força de vontade!

E se ele fosse tão inocente quanto parecia, pedir para o Gulgar servir aquele troço nojento pra ele não seria må ideia. Até um curandeiro poderia ficar um pouco mais forte com aquilo, desde que conseguisse engolir.

TrĂȘs dias se passaram. Acordei naquela manhĂŁ sem saber se ele realmente viria e esperei. Ele chegou mais cedo do que eu esperava.

— Esse lugar Ă© enorme — murmurou para si mesmo, completamente alheio ao fato de que eu estava bem atrĂĄs dele.

Essa falta de percepção me preocupava, mas eu ainda sorria. Eu com certeza teria trabalho pela frente. Talvez essa desatenção fosse a primeira coisa a ser corrigida.

— Nada mal esse campo de treinamento, hein? Bom trabalho por não ter fugido, pirralho.

Ele conseguiu acenar e responder, apesar da aura de pressĂŁo que eu jogava sobre ele. Eu estava certo sobre ele ter coragem.

A partir daĂ­, comecei a treinĂĄ-lo com rigor. Ele nĂŁo tinha quase nenhuma força fĂ­sica, provavelmente por causa da ocupação dele, e nĂŁo conseguia manter uma corrida sem perder o ritmo depois de pouco tempo. Era praticamente um bebĂȘ. Bem, ele estava no nĂ­vel um.

PrecisĂĄvamos dar um jeito naquele corpo dele, ou nĂŁo chegarĂ­amos a lugar nenhum. Por enquanto, fiz ele correr. Era um jeito entediante de treinar, para dizer o mĂ­nimo, mas uma boa forma de testar sua resistĂȘncia. Os aventureiros que eu arrastava para cĂĄ normalmente desistiam rĂĄpido. Para ser justo, eu geralmente precisava forçå-los a treinar em primeiro lugar, mas, mesmo assim, eram todos um bando de fracotes.

O garoto fez tudo o que eu mandei (atĂ© de forma exagerada Ă s vezes). Era como olhar para meu eu mais jovem. Fraco e lento, parecia prestes a desabar e morrer, mas seguia minhas ordens como se a vida dele dependesse disso. Eu estava começando a gostar dele. Meu Ășnico receio era saber atĂ© quando ele aguentaria.

Com apenas um dia de treino, ele jĂĄ parecia ter passado pelo inferno. Mas pelo menos conseguiu comer tudo.

Na manhĂŁ seguinte, pedi para o Gulgar adicionar “vocĂȘ-sabe-o-quĂȘ” Ă s refeiçÔes dele.

— Tem certeza de que isso não vai assustar o garoto?

— Aposto que ele vai beber tudo. Na verdade, tenho certeza disso. Quer apostar?

— Fechado. Se eu ganhar, quero pîr as mãos em uns ingredientes raros.

— E se eu ganhar, quero beber de graça aqui.

E assim começou nossa disputa silenciosa. Enquanto o garoto tomava café da manhã, Gulgar colocou uma caneca de Substùncia X na frente dele.

Maldito seja, esse troço fede pra caramba.

Não importava a distùncia, o cheiro era horrível. E olha que estava diluído. Me afastei discretamente e espiei de longe. O garoto parecia enojado, como esperado, mas se forçou a beber mesmo assim.

O quĂȘ?! Ele virou tudo de uma vez?!

Pelo jeito, Gulgar tambĂ©m estava em choque. Em todos os meus anos na guilda, nunca vi alguĂ©m virar aquilo assim. Esse garoto… estava começando a acreditar que ele era um diamante bruto. Ele poderia se tornar forte.

Foi então que decidi treinå-lo de verdade, até que ele veio com algo tão inesperado que me fez duvidar dos meus próprios ouvidos.

— Treinador Brod, o treino de ontem foi bem puxado, mas nĂŁo estou sentindo nenhuma dor muscular. VocĂȘ pode pegar mais pesado?

— Hmph, vocĂȘ Ă© mais resistente do que eu pensava, para um curandeiro.

Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Serå que ele era do tipo que brilha sob pressão? Que melhora mais quanto mais é empurrado ao limite? A partir daquele dia, comecei a forçå-lo ao extremo, sempre um passo antes de quebrå-lo. A curiosidade me dominou. Como ele ficaria depois de treinar o suficiente? Seu progresso era lento, mas constante, fortalecendo-o um passo de cada vez.

Com a empolgação também veio a frustração. Se ao menos ele tivesse aparecido antes. Que desperdício encontrar um talento desses só depois de ele jå ser adulto. Treinå-lo com cuidado, respeitando seus limites para não quebrå-lo, era um processo lento e irritante.

— Como o Luciel está indo, Brod?

Gulgar, que nunca se interessou muito por humanos, começou a simpatizar com o garoto… com Luciel. E eu nĂŁo podia culpĂĄ-lo depois de ver o jeito que ele bebeu aquele lixo.

— Para ser sincero, ele nĂŁo Ă© um prodĂ­gio — admiti. — Mas tambĂ©m nĂŁo Ă© comum. VocĂȘ viu como ele se adaptou a tudo isso. NĂŁo reclama, nĂŁo desiste, continua firme. Ele tem talento para se esforçar.

— Alguma notícia da Guilda dos Curandeiros?

— Nenhuma. Ele ainda Ă© rank G.

No passado, as guildas de curandeiros enviavam membros para atender as guildas de aventureiros, até que a relação entre os grupos se deteriorou completamente.

— Entendi. Por que não dá um livro de magia pra ele? Acho que temos um por aí, não temos?

Às vezes, guardĂĄvamos itens de aventureiros que falhavam em suas missĂ”es como garantia. Se nĂŁo pagassem a dĂ­vida dentro de um certo perĂ­odo, os itens eram leiloados. Se ninguĂ©m comprasse, viravam propriedade da guilda. Havia um grimĂłrio de Magia Sagrada armazenado desde antes de eu me tornar mestre da guilda.

No momento, Luciel só sabia o feitiço Cura e mais nada. Eu me lembrava de que o grimório tinha um feitiço para curar venenos.

— Talvez eu dĂȘ. Mas ele sĂł estĂĄ aqui por um mĂȘs.

— Então descobre o que ele quer fazer. Se quiser ficar, manda ele para a Guilda dos Curandeiros com dinheiro suficiente para manter o rank.

— Galba disse a mesma coisa. Sempre posso contar com vocĂȘs dois. VocĂȘ acha que ele vai ficar?

— Depende dele, mas acho que sim. Ele Ă© lĂłgico e nĂŁo parece do tipo que deixa as coisas pela metade.

— Se ele não fosse curandeiro, eu já teria feito dele meu discípulo.

Essas conversas plantaram uma sementinha em mim, que floresceu em pura alegria quando Luciel voltou da Guilda dos Curandeiros naquele mesmo dia. Eu nĂŁo esperava ficar tĂŁo satisfeito.

— Muito bem, vamos intensificar isso.

Comecei a planejar um novo regime de treinamento para o garoto, agradecendo a qualquer deus que estivesse por aĂ­ por trazer algo novo para a minha vida monĂłtona.


Tradução: CarpeadoPara estas e outras obras, visite o Carpeado Traduz – Clicando Aqui


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