Rakuin no Monshou – Capítulo 7 – Volume 2
Rakuin no Monshou
Emblem of the Branded
Light Novel Online – Capítulo 07:
[Veredito Vazio]
Mais de trinta espadas e armas de fogo foram apontas para os estadistas de Mephius. Os nobres empalideceram, e até os comandantes ficaram momentaneamente sem palavras diante da intenção assassina e silenciosa dirigida a eles. Os guardas responsáveis por proteger o coliseu tentaram avançar.
— Não se mexam! — Uma voz entre os soldados os fez parar abruptamente. — Ninguém se move! Dêem um único passo e começaremos a atirar um por um!
Com as figuras centrais de Mephius como alvo da ameaça, eles ficaram impotentes.
— V-Vossa Majestade…
O Imperador afastou o braço da Imperatriz Melissa, que tentou detê-lo, e se levantou.
— Identifiquem-se! — Guhl Mephius declarou, sua barba branca tremendo de raiva. — Sob ordens de quem agem? Seus tolos, entendem contra quem apontam suas armas?
Porém, os homens de capacetes que cobriam os olhos nem sequer vacilaram diante de seu rugido. Ele percebeu que o equipamento era de Mephius, mas não havia brasões nem bandeiras que revelassem suas origens. Era impossível saber a quem serviam ou se pertenciam a um poder externo que roubou o equipamento.
— Tch!
O Comandante Rogue Saian apertou o punho da espada na cintura, mas nada podia fazer. O jovem Romus se agarrou à sua perna. Ele abraçou os ombros do garoto e murmurou “É tudo minha culpa…” repetidamente.
— Não permitirei que se aproximem da princesa, seus canalhas!
— Theresia, recue!
Sua mestra, Vileena, também estava presente no meio do tumulto. Um suor frio escorreu por seu corpo, mas ela manteve a calma, observando todos os lados.
Sua serenidade contrastava com o tremor dos nobres. Alguns haviam deixado seus assentos, outros se encolhiam diante das armas, e alguns, paralisados, chamavam pelos nomes de seus servos, como se esperassem acordar de um pesadelo.
Então é isso que Mephius se tornou.
Apenas uma pessoa, Zaat Quark, sentia-se inundado por uma torrente de satisfação e, ao mesmo tempo, de desespero.
Sem saber que foram encurralados pelo artifício de Noue e Oubary, eu, que os elevei até aqui, posso fazê-los se render com um único golpe. Isso é Mephius hoje.
Zaat engoliu o riso com dificuldade. A nave capitânia da Guarnição foi uma substituição apressada. Ele infiltrou seus soldados nela com ordens de assumir o controle assim que a rebelião começasse.
O próximo passo era se levantar e sair do cerco. Então, o Imperador e seus cortesãos perceberiam quem ousava apontar uma espada contra eles, e quem segurava suas vidas em suas mãos.
E ele se declararia o novo líder de Mephius.
A maioria certamente se juntaria à causa. Ele sempre desprezou o imperador, fingindo lealdade apenas para chegar a esse momento.
Eles nunca tiveram talento para bajular o imperador. São como feras que obedecem ao forte.
Os dissidentes seriam presos. Claro, a família imperial não seria exceção.
Que cara Guhl Mephius faria? O pensamento o fez tremer de excitação. Dessa vez, ele estaria acima do velho que ignorava a todos.
Zaat, no ápice de seu orgulho, finalmente se endireitou. Deu o primeiro passo para criar um novo país. Mas, antes mesmo de completá-lo, suas mãos foram violentamente contidas.
— O que você-! — Ele começou, mas foi interrompido pela ponta de uma adaga pressionada contra seu pescoço.
Para os presentes, parecia que um rebelde o capturou durante sua fuga. Ineli e outros próximos caíram de seus assentos, gritando. Apenas Vileena reconheceu, quem deteu Zaat era a bela escrava que ela vira antes.
Ela também faz parte disso?
Zaat pensou o mesmo.
— O que está fazendo? — Sussurrou, confuso. — Você não é uma escrava que conhece o plano? Esses soldados todos são meus.
— Exatamente por isso.
O tom desrespeitoso da escrava fez Zaat arregalar os olhos. Aquela voz não era de uma mulher. A força que o imobilizou também não era frágil e, enquanto mantinha a adaga no pescoço de Zaat, a “escrava” falou com uma voz clara e ressonante:
— Nobres presentes, peço perdão por interromper esta crise, mas tenho algo que certamente lhes interessará. Pois revelarei o verdadeiro mentor desta rebelião!
— O quê! — Zaat gritou, tão estupefato quanto os outros.
Finalmente, Vileena percebeu a verdadeira identidade da “escrava”. O corte de cabelo impecável, o olhar cativante, o nariz afiado, traços tão belos que justificavam a confusão.
— Não pode ser… Shique? Da guarda imperial do príncipe…?
A “escrava” vestida de mulher piscou para ela.
— Guarda imperial? — Rogue Saian cuspiu. — Mas suas ações só apoiam a rebelião! Quem é o mentor? Diga!
— Não entenderam? Eu já o estou apresentando.
Mesmo descoberto como homem, Shique sorriu de modo encantador.
— Ah! — Rogue e Simon responderam, atônitos.
Com a adaga ainda no pescoço de Zaat, ele usou o nobre como escudo e virou-se para os soldados.
— Está vendo? E agora, o que farão, senhores soldados? Por que não se moveram até agora? Estão preocupados com a vida de Zaat-dono? Por que, entre Sua Majestade e os estadistas, ele não está sob suas armas?
Como Shique dissera, os soldados, com rostos ocultos, tremiam visivelmente.
Enquanto isso, no outro lado da arena, outro tumulto começava.
Homens disfarçados de guardas tentaram escalar a torre de vigia, mas foram surpreendidos por um obstáculo.
— Parece que alguém fez a escolha certa.
Shique murmurou e lançou um olhar fugaz a Vileena.
Eles planejavam aproveitar o caos para alvejar a princesa, mas a antecipação de Orba os impediu. Os guardas imperiais, disfarçados de escravos, prenderam os homens sem resistência.
Ao perceber o sinal, Shique sorriu.
— Agora é um empate, não?
— N-Não sei do que fala. Solte-me, escravo! Como ousa me tocar? Você é que é suspeito!
— Está se contradizendo, Zaat-dono. Um escravo jamais seria o mentor. Por que acha que eles não se moveram? Atirem em nós dois, se ousarem.
Enquanto Shique avançava, os soldados recuavam. Todos na arena agora os observavam. O pânico cessou. Até os nobres, antes desesperados, fixaram os olhos neles.
Zaat, à beira do desespero, lembrou-se de uma última esperança e sorriu.
— Idiota! Disse que é da Guarda Imperial, não? Então não pode deixar aquele príncipe incompetente morrer, pode? O mesmo que os escravos capturaram!
Todos olharam para a arena, onde o príncipe Gil supostamente estava preso. Zaat riu.
— Entendeu? Solte-me, seu vira-lata!
Shique não vacilou.
— O que diz, meu príncipe? — Chamou.
Então, Zaat viu o impossível: as cordas que deveriam prender o príncipe caíram, e ele caminhou livremente. Nenhum escravo o impediu.
— MALDITO!
A única reação foi Pashir rangendo os dentes. Os escravos fitavam o príncipe com ódio, mas não se moveram.
Gil — ou melhor, Orba — sentiu-se amargo.
Sua “captura” pelos escravos foi um plano desde o início. Orba usou a jovem escrava Mira, amada por todos, como refém para controlá-los.
Quando Pashir o descobriu com Kain, até ele não pôde reagir com Mira ameaçada. Kain anunciou que “ouviu o plano de Orba”, quebrando o ânimo dos escravos. Sem sua surpresa, a vontade de lutar até a morte desmoronou.
Apenas Pashir continuou a encarar o príncipe com um ódio mortal. Orba reprimiu seu próprio desconforto sob aquele olhar.
Isso bastaria para acabar com a rebelião, mas não para encurralar o verdadeiro inimigo. O plano precisava avançar, mesmo que significasse fingir uma revolta.
Mas Orba queria evitar mortes, daí sua “captura” pelos escravos.
— Você mesmo confessou, Zaat — Orba bradou, enquanto a arena se silenciava. — Como usou os escravos e participou da revolta. Agora está claro, você é o mentor.
O rosto de Zaat ficou vermelho.
— É verdade, Zaat? — Simon Rodloom levantou-se, com voz agustiada. — Você planejou isso?
Zaat desviou o olhar. Não suportava a decepção nos olhos de Simon.
O Imperador, a Imperatriz, os nobres, todos observavam Zaat e o guarda que o ameaçava. Um silêncio sobrenatural pairava. Orba, sem qualquer sinal de orgulho por seu feito, olhou indiferente.
Ele não viu a sombra que se aproximava.
— Príncipe! — Vileena gritou.
Orba virou-se e viu um escravo atacando. Ele desviou, mas caiu de joelhos, seu corpo, já ferido, não reagiu a tempo.
O escravo atacou novamente, mas Pashir o agarrou como um furacão e o jogou ao chão.
— Seu bastardo! Vai deixar Mira morrer? — Pashir tremia de raiva. — Você nos traiu! Fez pacto com esse nobre e nos levou à morte!
O escravo, encurralado, cuspiu sangue e morreu.
Veneno.
Os outros sniper capturados também sucumbiram.
Nesse instante, Zaat agiu como um animal acuado. Aproveitando a distração de Shique pelo ocorrido, empurrou-o, agarrou Ineli e a usou como escudo.
— AJUDEM-ME! — Ineli estendeu a mão, mas Baton recuou como um covarde.
Zaat arrastou-a para uma nave e decolou.
— MÃE! — Seus gritos se distanciaram.
As naves de Zaat subiram em formação. Um porta-naves os aguardava.
Orba reagiu rápido. Reuniu a Guarda Imperial, ordenou que vigiassem os escravos e perseguiu Zaat com as poucas naves disponíveis.
Pashir observou Orba — ou “Gil” — com rancor, mas também certa admiração.
As naves imperiais decolaram, mas as de Zaat as bloquearam. Orba tinha pilotos habilidosos, mas em menor número.
— Não há outras naves!? — Orba agarrou um soldado, mas não havia mais no coliseu.
Se Zaat alcançasse o porta-naves, Ineli estaria perdida.
Maldito Zaat, resistindo inutilmente!
Orba queria capturá-lo vivo para revelar todos os cúmplices.
— DROGA!
Então, uma nave pousou ao seu lado. Alguém conseguira uma.
— Ótimo! — Orba sorriu, mas surpreendeu-se ao ver quem a pilotava.
— Vai ou não? — Era Vileena.
Ela ignorou os protestos de Theresia, subiu em uma nave de evacuação e a trouxe de volta até ele.
Sem tempo para discutir, Orba pulou atrás dela.
— Claro!
Vileena acelerou. O motor zumbia, e a nave, com forma de wyvern, ganhou altitude.
— Você… — Ela começou, entre manobras.
— O quê?
— Fez Orba entrar no torneio para isso?
Orba ficou tenso ao ouvir seu próprio nome.
— F-foi.
— Por que não me contou? Para rir da minha birra infantil?
— C-claro que não…
— Então por quê…? Não confia em mim como sua futura esposa? Ainda me vê como uma assassina de Garbera?
Mulheres…
Por que discutiam isso agora? Enquanto balas silvavam ao redor, uma nave inimiga mergulhou em sua direção.
— Mais importante, eles estão vindo!
— Eu sei! Não me subestime! — Vileena virou bruscamente, quase arremessando Orba para fora, que se agarrou no último segundo na cabine do piloto.
— Eu posso ter esquecido de mencionar — Vileena disse calmamente, com os olhos fixos à frente —, mas como um aviso, isso não vai ser um passeio tranquilo.
Desgraçada!
Orba quase soltou uma sequência de insultos do seu tempo como líder de bandidos, mas se segurou. Em vez disso, agarrou a arma montada na parte traseira da nave e disparou um tiro de advertência contra a embarcação que acabara de passar por eles e agora começava a virar. O rastro laranja do projétil curvou-se como um chicote abaixo dele.
— Espere! Você poderia não atirar, por favor? Atrapalha o voo.
— Mas…
— O ar é o meu domínio.
Mesmo enquanto falava, Vileena continuou a desviar dos tiros de volta com maestria. Enquanto Orba era repetidamente atingido por uma sensação de frio na espinha, ela passou habilmente pelas naves inimigas que tentavam se espalhar em formação defensiva e alcançou a embarcação pilotada por Zaat.
Impressionante.
Orba ficou maravilhado com as habilidades de manobra da princesa. Ela seria uma instrutora de aeronaves promissora para a Guarda Imperial.
A nave de comando da guarnição aproximou-se, bloqueando a luz do sol e escurecendo a visão à frente. Sem hesitar, alinhou-se com a nave de Zaat e abriu a escotilha, de onde ele saltou para dentro.
Vileena reduziu a velocidade da aeronave. Orba, sem parar, pulou e tentou correr em direção a Zaat.
— Não se aproxime!
Zaat também havia saltado e aterrissou rolando, segurando Ineli pelos ombros, mas não esqueceu de apontar a arma para a testa dela.
Não havia sinais de ninguém no hangar. A maioria dos soldados tinha sido enviada para fora, e o resto provavelmente estava a bordo da nave de comando.
— I-Irmão…!
Usando a jovem, que tremia violentamente, como escudo, Zaat levantou-se mais uma vez.
— Quem diria que seria o príncipe. Nunca imaginei que seria pego em flagrante por você. — Seus olhos ardiam de ódio. — Você chegou a esta conclusão graças ao estilo de vida concedido por Sua Majestade? Ou talvez tenha sido os ensinamentos de Lord Simon? Aquele homem fala demais o que pensa. Mas, mesmo assim, nunca imaginei que você enxergaria até mesmo a rebelião dos escravos…
— Chega, Zaat! Não há mais para onde fugir! Se você também é um nobre, aceite a derrota como um homem e entregue Ineli.
— Ha! — Zaat bufou. — Olhe só o herói que se tornou, príncipe. Aposto que adoraria ver isso escrito na história. Mas, infelizmente para você, isso não vai acontecer. Como se eu deixasse qualquer pedaço da sua história imperial sobreviver. Pelo amanhecer que me celebrará como o rei “fundador” de Mephius, primeiro, terei que queimar essa história manchada em pedaços!
— Isso seria ótimo.
— Cale a boca!

Zaat apertou a arma com mais força contra Ineli, que parecia prestes a chorar como uma criança.
Um vento forte entrou pela escotilha aberta. Enquanto roupas e cabelos esvoaçavam com o barulho do vento,
— Isso não vai acabar assim. A estagnação que vocês, autoproclamados imperiais, criaram vai destruí-los por dentro. E quando isso acontecer… eu voltarei. Para cá, para estas terras de Mephius!
Ao dizer isso, Zaat disparou para o lado de Orba. Era um aviso para conter Vileena, que começava se mover sorrateiramente pela aeronave, tentando chegar atrás dele. Até a princesa se abaixou e gritou. Naquele momento, Orba correu em direção a Zaat.
Puxando a espada das costas, ele tentou atingir o braço de Zaat. O rebelde jamais esperaria que o príncipe avançasse com uma arma em mãos e, em pânico, mudou o alvo. Mas já era tarde. Em um instante, Orba estava ao seu alcance.
Um tiro ecoou. Dessa vez, a sorte sorriu para Zaat. Os ferimentos de Orba das batalhas contra Gash e Pashir o afetaram mais do que ele esperava, e quando estava a pouca distância, ele caiu por causa do vento.
— Guh!
Orba tombou para trás com um gemido. A bala perfurou seu peito.
— Irmão…!
— Príncipe!
Os gritos das duas garotas se sobrepuseram. Zaat deu uma risada baixa e maníaca, com as sobrancelhas brilhando de suor.
— Com isso… com isso, não há mais volta!
Orba permaneceu imóvel no chão.
— Príncipe! — a princesa chamou novamente da aeronave.
Zaat apontou a arma para Vileena, que começava a descer de sua nave. Seus cabelos platinados balançavam enquanto ela encarava o rebelde com ódio.
— Você…!
— Isso é o que ele ganha por bancar o herói. Devia ter continuado sendo o príncipe covarde e ficado tremendo num canto!
— E foi você quem acabou encurralado por esse mesmo príncipe, não foi? Renda-se, Zaat! Assim, pelo menos, será lembrado como um homem que apenas se perdeu!
— É justamente para devolver Mephius às mãos dos homens que eu fiz tudo isso! Não entende, garotinha!?
— Homem patético — Vileena murmurou. — Cego pelas próprias palavras. Um país não pode ser governado por uma só pessoa. Você é um pobre homem que ignora os tempos e persegue uma ilusão, assim como o lamentável Ryucown!
Vileena tentou provocá-lo, na esperança de fazê-lo vacilar. Mas a sorte ainda estava com Zaat. Vendo que a Guarda Imperial estava contida, uma nave de um de seus subordinados surgiu no horizonte. Mesmo assim, ela não desistiu.
— Para onde você vai fugir? Não há potências dispostas a abrigar um traidor!
— Ah, e quanto a Garbera? — Zaat sorriu, de repente se divertindo com a conversa. — Como cavaleiros honrados, não me receberiam de braços abertos, eu, que ousei desafiar o infame Mephius?
— Que tolice. Enquanto eu estiver aqui, Garbera e Mephius permanecerão unidos. Acha que pode romper esse laço tão fácil?
— Moça, você fala como se soubesse de tudo. Mas não entende nada. Foi Garbera quem a envolveu nesse plano, até mesmo sua vida.
— O que quer dizer?
— Bem, me pergunto… já falei demais. Teremos muito tempo a partir de agora. Que tal eu explicar devagar durante nossa viagem pelos céus?
A escotilha se abriu, e uma aeronave adentrou. Dois soldados desceram e se aproximaram dela. Vileena cerrou os dentes. O príncipe estava no canto de sua visão. Ele ainda não se mexia.
Não pode ser…, ela pensou.
O príncipe criticado e zombado por todos. Verdade seja dita, Vileena também se irritava com sua fraqueza. Já havia se zangado com ele. Mas ele era um príncipe que, às vezes, agia com ousadia e astúcia, confundindo seus inimigos. Todo dia, ele mostrava uma face diferente, e mesmo quando ela tentava entendê-lo, o dia passava e ela se perguntava se, talvez no dia seguinte, finalmente o compreenderia.
E esse príncipe encontraria seu fim ali…
Enquanto trocavam olhares, Zaat gritou para os soldados com baionetas.
— Levem as mulheres conosco! Afastem o cadáver do príncipe. Livrem-se dele direito. Melhor fazer parecer que temos mais reféns.
Os soldados passaram por cima do corpo de Gil e arrancaram Ineli de Zaat. Nesse momento, a garota resistiu fracamente.
— E-eu? O que vão fazer comigo?
— Você? Hmm… usaremos como escudo contra os perseguidores de Mephius — Zaat deu um sorriso cruel. — E depois… quando minha conquista estiver completa, acho que a colocarei na guilhotina como símbolo da família imperial. O povo vai comemorar e certamente zombará e atirar pedras enquanto você é executada.
— Eu… eu não acredito nisso! Não fiz nada de errado!
Zaat riu, satisfeito.
— Até você deve saber dos sofrimentos diários do povo. Deve conhecer a angústia dos vassalos, sabendo que o próprio alicerce do país pode mudar a qualquer capricho do imperador — ele disse, cantarolando.
Sem dúvida, Zaat Quark se via agora como um enviado da justiça, alguém que seria lembrado nos livros de história. Por que será que aqueles olhos, que antes não enxergavam a dor do povo, agora pareciam compreendê-la? Nesse momento, ele tinha a certeza de que lutava pelo povo.
— Aaah!
O soldado que segurava Ineli gritou de repente.
Alguém o agarrou por trás. Enquanto o homem se debatia em pânico, essa pessoa arrancou a baioneta dele, desferiu um golpe na cabeça com o cabo e o chutou para longe.
— Impossível!
Zaat recuou. Diante dele, viu uma aparição de rosto pálido.
— Não pode ser! A bala… eu jurei que tinha acertado você…
Orba, ofegante, desviou por pouco de uma investida de outro soldado e o cortou no estômago. O homem caiu em silêncio, e desta vez foi Orba quem pisou sobre seu corpo.
A cada passo, uma dor ardente percorria seu torso. A bala tinha acertado ele. O impacto ainda reverberava em seu corpo como um tijolo. Ignorando Ineli, que agora se arrastava para fugir, Zaat gritou como um possesso.
— N-NÃO SE APROXIME!
Ele mirou a arma novamente. Orba a afastou com a mão direita.
— O que foi aquilo? O que você disse sobre os escravos, como eles arriscaram a vida e você os esmagou? Como se pudesse entender!
Orba falou com voz rouca e golpeou Zaat na têmpora com a mão esquerda.
Seus joelhos fraquejaram. Orba o deixou cair inconsciente no chão. Foi então que…
— Zaat-sama!
Um homem apareceu nas escadas do hangar. Orba não conhecia seu rosto ou nome, mas era Gary Lynwood, um oficial da Divisão Arco Azul.
Infelizmente para ambos, Gary interpretou a queda de Zaat como um sinal de que ele estava morto. Cego de raiva, ele disparou. Uma bala ricocheteou perto dos pés de Orba.
Orba revidou. Naquele momento, uma vertigem violenta o atingiu. Seus reflexos, já lentos pelos ferimentos, ficaram ainda piores.
Bang! Bang! Bang!
Três tiros foram disparados, e um corpo se contorceu. Não era o de Orba, mas o de Zaat, que ele usou como escudo.
— Tss.
Orba cuspiu sangue e atirou por cima do ombro de Zaat. O projétil acertou Gary no peito, arremessando-o contra a parede, onde ele escorregou, deixando um rastro de sangue.
Assim, a luta — onde cada respiração queimava seu corpo inteiro — chegou ao fim.
— Droga!
O corpo de Zaat escorregou de seus braços. O próprio Orba caiu de joelhos, curvando as costas com força. O suor escorria por seu rosto e pingava no chão do hangar.
Sem dúvida, Zaat estava morto. Orba mordeu os lábios.
Agora o elo com Oubary se foi.
Ele poderia tentar capturar os subordinados de Zaat, mas as chances de que soubessem do plano completo eram mínimas.
A fúria que o mantinha em pé, agora que a batalha acabara, deu lugar a um vazio angustiante.
Pelo que eu estava lutando? Para proteger o status do príncipe? Para salvar aqueles nobres fedorentos de Mephius?
No momento em que quase cedeu à vontade de chutar o cadáver de Zaat…
— Príncipe Gil.
Uma garota correu em sua direção como se quisesse voar.
Vileena franziu a testa, seus lábios levemente úmidos se abriram. Seus cabelos, soltos pelo vento da escotilha, esvoaçavam atrás dela. Quando Orba a viu, um sentimento estranho brotou dentro dele.
Entendo…
Veio de repente, preenchendo um pouco do vazio sem fundo em seu peito.
Se há um motivo, se há um motivo, então o meu objetivo foi…
— Está ferido? Deixe-me ver onde foi atingido. Não, na verdade, não se force, deite-se ali…
— Estou bem.
— Mas…
Foi nesse momento que Orba sucumbiu ao cansaço. Ele levou a mão ao peito, onde uma queimadura latejava, e tirou uma medalha dourada e brilhante. A bala estava cravada na parte superior, deformando-a, mas ainda quente. Vileena arregalou os olhos.
— Príncipe? — ela perguntou, confusa. — Por que o príncipe está carregando isso?
Orba ficou sem palavras. Apenas o choro de Ineli ecoava pelo hangar.
◇◇◇
Logo depois, Orba se prendeu a uma aeronave pilotada por um soldado. Ineli embarcou na nave de Vileena.
Abaixo deles, a batalha ainda continuava. De cima, Orba anunciou a morte de Zaat e o resgate de Ineli, fazendo com que os movimentos dos soldados de Zaat rapidamente perdessem coordenação. A vitória já estava praticamente decidida na arena. Eles sabiam que sua resistência final seria inútil, não passando de uma luta sem sentido.
A nave de comando capturada pelos homens de Zaat também foi tomada pela frota reorganizada da guarnição. Assim, o último dia do festival da fundação chegou ao fim, e a série de revoltas foi encerrada.
E Orba…
— Bem, ele estava sentindo uma dor excruciante em todo o corpo, especialmente no ombro direito.
Apesar de a medalha ter parado a bala, o impacto provavelmente fraturou sua clavícula. Mesmo assim, ele não podia descansar ainda. Havia trabalho a ser feito.
Orba garantiu que Vileena e os outros fossem deixados em um local seguro e mandou sua nave voltar para a arena.
Embora ainda fosse antes do meio-dia, os corredores do Palácio Principal estavam sombrios.
Nuvens cobriam o céu.
Orba, acompanhado por Shique e Gowen, caminhou com passos firmes pelo corredor.
Menos de sete dias haviam se passado desde o fim do festival. Orba usava um gesso no braço, mas andava com o peito erguido.
As criadas e camareiros que encontrava pelo caminho paravam e se curvavam diante dele. Seus olhos mostravam um respeito nunca visto antes pelo príncipe que deteve a rebelião de Zaat Quark.
A fama de como, após sua primeira campanha, ele revelou sua astúcia oculta se espalhou pelo país. Mas também surgiram comentários que o chamavam de excêntrico.
Isso veio da decisão de Gil logo após resgatar Ineli da nave de Zaat.
Ele voltou para a arena e anunciou aos escravos que iria “tê-los sob seu comando”.
Eles podem ter sido incitados e usados por Zaat, mas era difícil imaginar qualquer coisa além de pena capital para escravos que planejaram uma rebelião. Isso significaria se tornarem escravos de guerra, ou como Gil disse:
— De cem a duzentos dos nossos próprios soldados se revoltaram contra Mephius. Com uma rédea curta, certamente se tornarão heróis que trarão vitória para Mephius.
— O que você acha, Colyne?
O imperador perguntou a seu conselheiro, incapaz de esconder sua surpresa por como seu filho conseguiu pôr fim à série de distúrbios.
O mesmo valia para Colyne Isphan. No entanto, ele era natural em ler as intenções de seu senhor e, desta vez também, respondeu com cortesia.
— …O príncipe tem habilidade. Acredito que é melhor deixar as coisas com ele.
Com essa única conversa, o imperador Guhl Mephius tomou sua decisão. Como recompensa para Gil, ele aceitou o pedido.
No entanto, foi apenas desta vez que Guhl mostrou generosidade como imperador. Desde o incidente com Zaat, o imperador começou a agir cada vez mais cheio de si. Como se tivesse esquecido a oposição de Kaiser à realocação do Santuário do Dragão, ele agora levantou a questão da construção do santuário e, em pouco tempo, começou sua edificação. Como conselheiros do imperador, foi decidido que o grupo de anciãos moraria no santuário, e o imperador, usando a rebelião de Zaat a seu favor, fortaleceu seu poder político.
Isso me torna o responsável por seu sucesso, pensou Orba.
Além de deter a rebelião de Zaat, Orba lutou uma batalha onde ganhou pouco do que queria. Mesmo assim, a pequena satisfação que teve foi a queda na reputação de Oubary Bilan. Sabendo do plano, Oubary provavelmente desapareceu da rebelião e planejou ajudar o lado vencedor, seja o imperador ou Zaat, atuando como um herói patriótico. No entanto, com os resultados, ele foi criticado por “ter abandonado o imperador e fugido sozinho”.
Um leve sorriso surgiu nos lábios de Orba quando, no caminho oposto, apareceu Noue Salzantes. Noue o cumprimentou com um sorriso. Ele permaneceu em Solon mesmo após o fim do festival para continuar as negociações sobre a transferência do território de Apta, mas isso também terminaria hoje.
— Lorde Noue.
Orba chamou casualmente o homem, que estava prestes a passar por ele sem incidentes.
— Sim? — Noue se virou.
— Acima de tudo, é ótimo que a princesa esteja a salvo.
— Como assim?
Noue ficou confuso por um momento. Então, confirmando com um aceno de cabeça:
— Sim, é mesmo.
— Havia um verdadeiro risco de a princesa estar em perigo durante aquele distúrbio. Os esforços heroicos de Sua Alteza, o príncipe herdeiro, também nos salvaram, os vassalos de Garbera…
— Da próxima vez — Orba apontou para a própria cabeça —, podem mirar em mim.
E continuou caminhando, acompanhado por Shique e Gowen, sem se virar.
Noue encarou suas costas, incrédulo. Essas palavras pareciam sugerir que a princesa não havia sido “apanhada no distúrbio”, mas que o inimigo realmente mirava em sua vida. E transmitir isso deliberadamente a Noue…
Sua intenção era clara.
A fachada sorridente de Noue, que normalmente nunca caía, se desfez.
Gil Mephius.
Sem perceber, ele enxugou o suor da testa. Claro, ele sentia raiva e surpresa por como Gil arruinou seus planos. Mas, neste momento, ele experimentou um calafrio genuíno.
Que homem insondável. Assim, teria sido melhor se eu apenas o tivesse observado.
Neste momento, Noue Salzantes não conseguia entender Gil. Embora fosse fato que Gil causara a morte de Ryucown, quando Noue o viu, concluiu que ele não era uma grande ameaça e negligenciou coletar seus “fragmentos”.
Meus olhos ficaram nublados. O único a temer em Mephius é aquele homem.
Com um movimento de cabelo, Noue se virou novamente.
Interessante. Quem diria que, no país bárbaro que é Mephius, existiria um homem do mesmo tipo que eu. Que medo… e que interessante.
A última vez que sentira isso fora quando vislumbrou o futuro deslumbrante de Ryucown? Enquanto pensava nisso, uma risada escapou de seu rosto pálido.
— Depressa, princesa. Por favor, apresse-se. Lorde Noue está partindo.
— Espere. Só mais um pouco.
Vileena estava, naquele momento, trancada em seu quarto, sentada em frente a uma escrivaninha incomum. Ela escrevia cartas para serem enviadas às pessoas de sua cidade natal. Ela as entregaria a Noue, que retornava a seu país.
Recentemente, ela vinha fazendo isso todas as noites, mas sua caligrafia era ruim e, para piorar…
— Ora ora, está agindo como se tivesse sido separada de Garbera por décadas. Você não para de escrever mais e mais!
Assim como Theresia comentou, o que ela havia escrito não era pouca coisa, mas estava insatisfeita com a quantidade.
Porque ela era a Vileena com o mau hábito de amassar as folhas de rascunho sempre que escrevia cartas, o quarto rapidamente virava uma bagunça de papéis descartados. Naturalmente, cabia a Theresia juntá-los.
— Que tal dedicar um pouco dessa paixão a escrever uma carta de amor para o príncipe?
Naturalmente, Vileena ignorou o comentário e continuou obcecada em como queria contar isso ao seu avô querido, e como queria escrever sobre aquilo.
Falando no príncipe…
Sua caneta parou subitamente.
Era sobre a medalha. Depois, quando questionou o príncipe Gil sobre ela:
— Eu… peguei emprestado com Orba.
Ele respondeu, meio hesitante.
— Parecia um bom amuleto. Então peguei emprestado enquanto detinha a rebelião de Zaat. Acabou assim… mas não se preocupe, vou consertar de algum jeito. Deve ficar bem. Provavelmente.
Vileena certamente escrevia agora suas impressões sobre o príncipe Gil.
Ele é meio que uma criança.
Ela anotou. Continuando:
Mas não é alguém com quem eu possa baixar a guarda.
Entre mim e o príncipe, quem controlará Mephius? Ele será um bom competidor.
Vileena sorriu ao terminar de escrever.
◇◇◇
— Você finalmente chegou
— Sim, pai.
Orba juntou os pés em saudação, e atrás dele, Gowen e Shique se curvaram, então se retiraram.
O imperador o convocou pessoalmente.
Ele estava em uma das quatro torres que cercavam o Palácio Principal. Do andar superior, o imperador observava os jardins e os abrigos de dragões dentro do palácio. Dois dragões Gor de tamanho médio treinavam um contra o outro, e em outro local, um cavaleiro montado em um dragão Tengo pequeno dava voltas.
Orba tinha alguns palpites sobre o motivo da convocação. E Fedom também não estava sem suas reclamações.
— Sério… a audácia de você!
Fedom Aulin estava à beira de um ataque de nervos. A fama crescente do príncipe era boa para Fedom, mas ele não podia perdoar o fato de tê-lo deixado de fora, incapaz de compartilhar os louros.
— Não faria mal algum colocar uma única palavra boa sobre mim! Tudo poderia ter sido melhor. O pior foi você colocar aqueles escravos sob seu comando por conta própria outra vez! Sua majestade, Guhl, pode tê-lo aceitado de braços abertos, mas certamente vai repreendê-lo depois. Melhor não falar nada! Espere, e apenas espere até a raiva de sua majestade passar.
Mas nem mesmo Orba ousava desafiar o imperador ali. Ele encarou as costas do imperador, esperando por repreensões.
Algum tempo passou.
Daquele ângulo, ele não via mudança no que pareciam ser apenas as costas de um velho. Claro, ele estava sem espada e sem arma, mas Orba ainda tinha receios de que sua vida pudesse ser tirada ali.
— Você conhece Ax Bazgan?
Perguntado de repente, Orba só pôde responder:
— Sim, senhor.
A oeste de Mephius havia uma nação composta por várias fortalezas espalhadas. Ela já servira à corte imperial, mas se separou após rebeliões e agora competia com Mephius por poder. Dessa nação vinha o velho inimigo de Mephius, Ax Bazgan.
A Casa Bazgan vinha de uma linhagem que serviu a Mephius, mas há cerca de duzentos anos, eles arbitrariamente massacraram os Zerdianos espalhados pelas terras ocidentais em sua busca por domínio. Orba ainda não sabia o que tinha acontecido depois, mas, independentemente disso, desde então mantiveram uma relação antagônica com a Dinastia Imperial de Mephius.
Ax Bazgan invadiu o território de Mephius três vezes, e em todas, Mephius o repelira. Mas Ax era um homem astuto e oportunista, e, por três vezes, Mephius falhou em matá-lo.
Doze anos atrás, Guhl Mephius enviou um exército para o oeste atrás de sua cabeça. No entanto, Ax prontamente abandonou sua própria fortaleza e, com a ajuda de um parente, escapou em segurança para uma cidade-Estado diferente. O exército ocupou a fortaleza, mas a pequena cidade-Estado, que deveria estar em guerra civil, estranhamente cooperou com os invasores e lançou um ataque simultâneo com três forças.
Entre eles estava, claro, Ax, e ele logo reestabeleceu o terreno como seu depois que o exército de Mephius recuou, sem dificuldade. Depois disso, Mephius começou sua guerra de dez anos com Garbera, e as fortalezas ocidentais reacenderam a hostilidade entre eles.
Os movimentos de Ax Bazgan estavam suspeitos ultimamente.
A fortaleza de Apta ficava no sudoeste de Mephius. A fortaleza onde o irmão de Orba, Roan, fora recrutado e Oubary assumira o comando logo seria devolvida a Mephius. Eles receberam notícias de que Ax se preparava para atacar, aproveitando a oportunidade.
— Rumores da rebelião de Zaat se espalharam pelos países vizinhos. De qualquer forma, muitos enviados chegaram. É impossível conter o fluxo de informações. Além de Ax, não seria estranho se alguém atacasse Mephius vendo sua instabilidade política.
— Não, não seria, pai.
— Pode haver outros incitados por Zaat e dispostos a me desafiar novamente. Não posso destinar um exército grande para Apta. É para lá que você irá, Gil.
— …
Orba não tinha palavras para se expressar. Suas forças consistiam em sessenta e três membros da Guarda Imperial e duzentos e seis escravos da rebelião que agora trabalhavam para ele. Além disso, a Divisão de Armadura Negra de Oubary e a Divisão Machado Dourado de Odyne emprestariam cinquenta soldados cada para ajudar a proteger Apta.
— Um mês será suficiente — Guhl disse, ainda de costas. — Segure as tropas de Ax em Apta por esse tempo. Quando o mês acabar, enviarei reforços se não houver movimentos de Ende ou das facções anti-imperiais. O amanhecer daquele dia celebrará seu casamento e sua nomeação oficial como responsável por Apta.
Orba ficou em silêncio, curvando a cabeça.
Ele está testando o próprio filho?
Embora nenhum som escapasse de seus lábios, dezenas de milhares de palavras passaram por sua mente.
Das tropas dadas ao príncipe, três quintos haviam se revoltado recentemente contra o país, e era questionável se ele poderia controlá-las. Se Ax realmente atacasse, era duvidoso que ele aguentasse três dias, quanto mais um mês.
Era uma jogada ruim do imperador. Se as coisas dessem errado, ele perderia o território finalmente devolvido e possivelmente até seu sucessor.
No entanto, Orba também não deixou de coletar informações. A possibilidade de uma guerra entre Ende e Garbera tornou-se assunto entre os estadistas. O imperador só podia estar pensando em usar o ataque de Ax como desculpa para não enviar reforços e manter sua relação com Ende.
Então ele quer esperar o máximo possível para ver qual lado é mais forte?
Guhl era cauteloso. Se ele simplesmente apoiasse Garbera, havia a possibilidade de o aliado oriental de Ende, Arion, intervir. Até agora, Arion concentrou a maioria de suas forças em uma expedição para o leste e, tendo quase concluído essa missão, provavelmente voltaria seus olhos para o centro do continente. Além disso, sabendo da turbulência política em Mephius, o poderoso Arion poderia mirar sua força diretamente na capital Solon.
Mas se Mephius se aliar a Ende, o que acontecerá com Vileena? Como isso afetará a posição de Gil Mephius?
E, embora ainda não confirmado, outro assunto se tornou tema de fofoca no palácio.
Uma equipe de médicos da corte foi vista frequentando os aposentos das mulheres. Rumores diziam que isso poderia significar que Melissa estava grávida.
Sem perceber as emoções que percorriam a mente de Orba, o imperador continuou.
— Infelizmente, a princesa terá que esperar mais. Você também deve levar a princesa Vileena com você. Apta eventualmente será seu próprio castelo. A princesa também deve se acostumar a viver lá.
— Celebraremos seu casamento depois de um mês — Guhl murmurou.
Enquanto mantinha a cabeça curvada, ele sentiu uma raiva queimar em seu peito. Na enxurrada de pensamentos que fluíam em seu corpo, o mais primitivo dos instintos, seu desejo de lutar, fora aceso.
Entendo agora. A ameaça não se limita a Ax e aos escravos.
Uma batalha com chances mínimas de vitória.
Mais especificamente, ainda mais batalhas.
O que Orba podia esperar era, no fim, uma luta contínua.
Nesse caso…
— Entendido, pai.
Orba juntou os pés em saudação.
Eu farei isso.
Comparado a quando jurou vingança, Orba agora tinha posição, mesmo que isso significasse que sua vida estivesse constantemente ameaçada. Comparado a quando jurou vingança, Orba agora tinha suas próprias tropas, mesmo que as chamas da discórdia ainda agitassem aquelas tropas.
Comparado a quando jurou vingança…
Eu farei isso. Voltarei aqui, para Solon, em triunfo.
Apta, perto de sua cidade natal, tornaria fácil obter informações sobre seu irmão e sua mãe. No entanto, Orba talvez não percebesse, mas as vezes que cruzou espadas com Ryucown e Zaat mudaram sua visão sobre a batalha.
Quanto mais difíceis as batalhas e maiores os inimigos, mais os sentimentos de Orba se acendiam como uma chama para enfrentá-los.
Os olhos e todo o corpo de Orba agora irradiavam a ferocidade de um tigre.
Tradução feita por fãs.
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