×

Rakuin no Monshou – Capítulo 1 – Volume 2

Home/Light Novel / Rakuin no Monshou / Rakuin no Monshou – Capítulo 1 – Volume 2

Rakuin no Monshou
Emblem of the Branded

Light Novel Online – Capítulo 02:
[Batalha Sem Fim]


Ao descobrir que Kaiser havia sido aprisionado, Fedom Aulin deu um pulo. Kaiser Islan era um nobre que outrora servira como membro do Conselho Imperial.

Uma semana antes. No conselho matutino, o imperador de Mephius, Guhl Mephius, propôs a relocação do santuário do Deus Dragão, acompanhada por uma grande reconstrução. O santuário, construído duzentos anos antes para venerar o Deus Dragão, sempre estivera no subsolo da famosa Torre Negra da capital imperial, Solon. Agora seria transferido para as proximidades do palácio e transformado numa estrutura magnífica.

Diante do comentário súbito, alguns nobres ofereceram lisonjas, mas apenas Kaiser expressou diretamente sua oposição. A quantidade de ouro e mão de obra necessárias para tal façanha não tinha precedentes. Era hora de reparar as relações entre Mephius, Garbera e Ende, embora as circunstâncias não fossem as mais promissoras. Para começar, nos festivais dedicados ao Deus Dragão, realizados várias vezes ao ano, praticamente nenhum cidadão comparecia, tornando-se coisa do passado.

— Devemos priorizar questões mais urgentes. Perdoe minha insolência, mas peço que reconsidere, alteza.

— É isso, então — foi tudo o que o imperador dissera. E a discussão encerrou-se.

Kaiser já tinha passado dos cinquenta e cinco anos e mantinha uma longa relação com o atual imperador. Assim, ninguém deu importância à discussão.

Mas, cinco dias depois, durante uma festa em sua residência, Kaiser novamente criticou as medidas políticas do rei. “Ultimamente, sua majestade ignora tudo o que lhe dizem”, lamentou, embriagado, aos amigos próximos que convidara.

Normalmente, isso não teria consequências, mas desta vez o imperador enfureceu-se por alguma razão desconhecida e declarou: “São pensamentos de um rebelde!”. De repente, tropas cercaram a residência de Kaiser e o prenderam. “Como sua alteza se atreve a agir sem qualquer aviso prévio!” e, ironicamente, as próprias ações de Kaiser tornaram-se evidência contra ele.

A inquietação espalhou-se por Solon enquanto surgiam dúvidas sobre se o imperador executaria Kaiser. Três dias e noites se passaram. Kaiser foi confinado nas masmorras, prisão indigna para um nobre, sem permissão para sequer ver a família.

Fedom, atingido por uma mistura de choque e temor, pois também já tinha expressado sua opinião contrária ao rei, viu ali não apenas uma oportunidade para acelerar as negociações de paz com Garbera, mas também algo mais, algo completamente diferente. Seu peito encheu-se de uma alegria quase excitante.

Talvez seja finalmente minha vez.

O imperador Guhl Mephius mais uma vez colocaria em ação seu plano de fortalecer a autoridade imperial, atraindo a hostilidade de todos. E seria então que Fedom executaria seu próprio plano. Os alicerces de um novo poder político, em apoio ao príncipe Gil, seriam estabelecidos no império.

Era uma ambição grandiosa. Seriam seus sentimentos os mesmos que os de Kaiser? Não, o fato é que seus olhos severos, a partir de agora, não deixavam transparecer emoção alguma. E foi isso que o fez exclamar:

— Lorde Fedom.

Enquanto Zaat Quark o cumprimentava no corredor do Palácio Principal, Fedom pensou: Encontrei um sujeito problemático.

— Já soube das circunstâncias do lorde Kaiser?

— Evidentemente.

— O que sua majestade está planejando? Isso já vai longe demais para ser uma piada! Diga-me sua opinião cincera. Mas não se preocupe, a levarei para o túmulo.

Zaat o questionava de maneira implacável, mas Fedom respondeu adequadamente de forma evasiva aos seus questionamentos. Embora Zaat Quark liderasse a chamada facção anti-imperialnão era como se ele caminhasse com um aviso pendurado no pescoço declarando sua posição. Assim como Fedom, ele compartilhava de ideias semelhantes e, em suas advertências ao imperador, tão obstinado em guerrear até o último homem, ajudou a convencê-lo de promover negociações de paz. Zaat Também ocupava uma posição no Conselho Imperial, e era evidente que não nutria nenhuma simpatia pelo imperador que reduzira o Conselho a uma mera formalidade.

Dessa forma, Zaat considerava Fedom um companheiro. Ou pelo menos deveria considerar.

— Conseguimos evitar as repercussões mais graves até agora, mas certamente haverá consequências. Por isso, devemos espalhar rumores sobre suas intenções com essa “piada”, que acabarão se tornando verdade. Este é um assunto sigiloso. Você conhece muito bem o temperamento do rei.

— Como você pode estar tão calmo? Isso é traição contra o imperador! E você sabia? No outro dia, o rei se encontrou com um mensageiro de Ende e…

— Perdão. Tenho assuntos a resolver.

— Lorde Fedom — Zaat franziu as sobrancelhas negras —, isso não é como você. Preocupar-se tanto com o futuro do país a ponto de enfrentar o julgamento de Sua Majestade! Certamente, o caso do lorde Kaiser não o deixou tremendo nas bases. Deixou?

— Cuidado com suas palavras, lorde. — Fedom lançou um olhar afiado para Zaat. Em idade, Fedom era dez anos mais velho.

— Perdão, foi rude de minha parte. Mas ultimamente você tem agido de forma estranha.

“De forma estranha” provavelmente se referia ao fato de que Fedom andava sempre com o príncipe Gil Mephius. Deixando Zaat para trás, Fedom apressou-se. Para ele, que deveria estar na mesma facção anti-imperial, não havia alternativa senão aparentar mudar de aliança.

Maldito Zaat! Fazendo cara de quem sabe tudo. Está me testando, é?

Para começar, Fedom nunca nutriu simpatia por Zaat. Havia muitos intelectuais competentes na corte, mas apenas o conhecimento de Fedom atraíra homens poderosos em busca de favores. No caso das negociações de paz, após desvendar documentos históricos, “O precedente daquele país foi tal”, “Segundo as tradições antigas, deve-se fazer isso”, ele apresentou informações que deixaram a todos perplexos.

Ser tratado como covarde!

Longe disso, Fedom cruzou linhas muito mais perigosas ao expressar suas preocupações ao imperador. Em termos de risco, seu plano era incomparavelmente mais arriscado. E esse plano finalmente chegou ao estágio de implementação. A ideia o deixava eufórico.

— O que foi? — Orba perguntou, observando a expressão perturbada de Fedom. — Você ficou quieto de repente, seu rosto ficou azul, depois vermelho. Parece muito doente.

— Cale a boca! — Fedom rosnou, envergonhado. Estavam no quarto do príncipe no Palácio Principal. Para disfarçar, trouxe um presente de recuperação, mas continuou a agir rudemente.

— Deixando isso de lado, o que há com você? Apareço aqui e vejo que não fez nenhum progresso! O tempo está se esgotando. Dinn, como explica esta situação lastimável!?

Justamente porque o momento final se aproximava, ele não podia ser impaciente com a educação do príncipe Gil. Descontou suas frustrações em Dinn, o pajem encarregado do treinamento.

— Lamentável — resmungou Gil Mephius.

Fedom saiu assim que falou o que queria. Gil bocejou, tendo lido sem descanso todos os livros de história de Mephius espalhados sobre a mesa até pouco antes.

— É como se eu fosse um espadachim-escravo prestes a entrar na arena pela primeira vez novamente. Embora esses caras geralmente não tenham chance de aparecer uma segunda.

— De qualquer forma, Fedom-sama estava certo em repreendê-lo — Dinn disse, removendo as folhas de chá da infusão recém-preparada. — Se ao menos se esforçasse mais. Poderia assumir a aparência do príncipe em público sem envergonhá-lo, mas, neste ritmo, nem dez anos seriam suficientes.

— Boas maneiras à mesa, estudo da cultura mephiana, memorizar nomes e feitos dos imperadores, passar uma hora por dia em frente ao espelho corrigindo postura e sorriso… coisas que talvez eu nunca use na vida. Qual o sentido nisso?

— Tudo “nisso” é necessário.

— Já estou farto de aprender rostos e nomes daqueles velhos. Traga os documentos militares. Pode colocá-los ao lado dos registros de batalhas recentes.

Deitou-se no sofá, fingindo não ouvir as recriminações de Dinn. Fedom parecera irritado, mas Orba, o gladiador conhecido como Tigre de Ferro, também vinha acumulando frustrações.

Fora recrutado por Fedom como sósia, mas Orba nunca tive a intenção de o obedecer cegamente. Mesmo usando essa posição, ele alcançaria seu objetivo:

Vingar-se daqueles que lhe tiraram tudo. E recuperar o que perdera.

Finalmente chegara ao ponto onde, com suas próprias mãos, poderia aproximar-se de seus objetivos. Mas a situação se estagnou recentemente.

— Hoje, vinte pedidos de audiência foram recusados. Rodloom-sama já solicitou cinco vezes, Ineli-sama também, e Baton-sama… se lembra dele, é um dos melhores amigos do príncipe, veio duas vezes. Um mês precioso já se passou desde sua primeira campanha, e isso só parecerá mais estranho.

Por um mês, Fedom confinara Orba no quarto do príncipe. Sob o pretexto de que o estresse da primeira campanha e a mudança abrupta de ambiente afetaram sua saúde, ele foi proibido de participar de assuntos oficiais e de receber visitas. Durante esse tempo, dedicou-se a tornar Orba mais parecido com o príncipe, pouco a pouco.

Naturalmente, Orba acumulara conhecimento e dominou as boas maneiras. Obrigado a repetir atividades sem sentido, incapaz de procurar por sua mãe, irmão e Alice, sua paciência chegou ao limite absoluto.

— Como Fedom-sama não está ciente da situação aqui, acha que resolverá tudo dizendo “Recuse as audiências”, mas precisa se colocar no lugar de quem recusa. Todos finalmente começaram a ver o príncipe sob nova luz após sua primeira campanha, e agora isso — Dinn resmungou, mas hesitou.

— Ele é um tolo? — Orba interrompeu. — Se eu ainda estiver traumatizado pela primeira campanha, questionarão o que o “heróico” príncipe fez durante a batalha, e descobrirão que ele não seguiu o decreto para lutar, apenas tremendo de medo.

— Q-Quer dar um passeio?

— Foi algo que acabei de inventar. Não é bom? O antigo príncipe era assim. Isso nos livraria de suspeitas.

O problema é…

Brincando, Orba pensou em outra coisa. Quando Fedom esteve ali momentos antes, havia algo que não conseguiu perguntar.

…qual dos dois é o verdadeiro “tolo”?

Um sósia normalmente só atuaria em momentos cruciais. Não haveria necessidade de mantê-lo, especialmente em tempos de paz. Fedom alegara risco de assassinato mesmo em Solon, explicação que deveria bastar, mas Orba não acreditava naquilo.

Além disso…

Quando a batalha em na fortaleza de Zaim terminou, Fedom deixou escapar que ninguém mais sabia sobre a substituição do príncipe. Nesse caso, talvez apenas Fedom estivesse envolvido no plano. Se fosse verdade, nem Orba, que enfrentou a morte por dois anos como espadachim-escravo nas arenas, conseguiria abalar a sensação arrepiante que isso lhe causara.

Ninguém saber implicava que Fedom enganava todos em Mephius, exceto a si mesmo. Orba também não podia descansar. Sua vida dependia disso.

— O festival da fundação de Mephius se aproxima. Um festival que reúne todo o país. Se não aparecer, a situação piorará. Até quando Fedom-sama…

Nesse momento, um sino tocou. Dinn atendeu. Além da porta, ouviu-se a voz de Ineli. Logo após a imperatriz morrer, Guhl casou-se novamente, e a filha de sua nova esposa, Ineli, tornara-se meia-irmã mais nova de Gil.

Terminada a discussão acalorada, Dinn voltou. Seu rosto mostrava exaustão.

— Essa pessoa é a mais difícil.

— O que houve?

— O habitual convite para sair dos seus amigos e o comentário: “Em vez de ficar trancado nesse quarto com esse corpo fraco, ele precisa de recreação.”

— Entendo — disse Orba, distraído. — Naquela vez, o que Gowen lhe disse?

— Ah, perguntou se poderíamos ir juntos à residência do general Saian após seu convite.

— Então vamos até Ineli e o grupo. Resolverei os dois compromissos de uma vez. Leve a mensagem a ela.

— Mas Fedom-sama disse…

— É melhor eu aprender alguns rostos de perto. Usemos este estratagema: o príncipe está de mau humor devido à saúde. Ninguém estranhará se agir um pouco diferente, especialmente em casa. Se for só um pouco, funcionará.

Orba não tinha intenção de ficar parado como Dinn. Recusava-se à inação. Por maior que fosse, aquele quarto era como uma prisão, e a impaciência e insegurança o esmagavam a cada dia.

Isto também é uma batalha. Tornar-me completamente o príncipe me aproximará de Alice e minha família — murmurou para convencer-se.

E em Solon, havia mais alguém incapaz de dissipar sua crescente irritação.

— Que tal este vestido? Como se compara ao branco e vívido de antes? Ah, mas talvez o segundo vestido seja melhor, pois é mephiano… Mas então a tiara que trouxe de meu país não combinará. Precisarei perguntar às criadas aqui e agradecê-las depois.

— Aham, sim.

Num aposento nos fundos dos aposentos femininos, enquanto Theresia agitava-se, Vileena mal se mexia. Como convidada de Garbera, a princesa de catorze anos experimentava vestidos e adornos. Ao vê-la, até os inimigos de seus pais franziriam o rosto.

— Francamente, na corte de Garbera, não importa quão famoso fosse o designer. Ao anunciar que uma princesa precisava de roupas, uma pilha apareceria em seu quarto em uma semana. Pisar nelas era o que significava ser princesa.

— Certo.

— Solon, longe de rotas comerciais marítimas, tem poucos tecidos de qualidade. Mesmo sendo meu primeiro conjunto sob medida, se soubesse que era necessário encomendar com três meses de antecedência, teria tomado medidas antes do casamento.

— É mesmo?

— Se ficar mais dependente dos outros, talvez não tenha chance de se aproximar da imperatriz, sua madrasta. Está preocupada com vestido e tiara. Tornar-se noiva é entrar na família do parceiro. Para ser um casal harmonioso, tais esforços são necessários… Ah, mas se bem me lembro, a atual imperatriz é a segunda esposa. Como o príncipe não é seu filho, talvez não se importe com sua esposa?

— Sim.

Vileena olhou-se novamente no espelho. Theresia encarou-a e, após um momento, respirou fundo.

— Vileena-sama!

— Eek!

Vileena sobressaltou-se. — Gritar nos meus ouvidos assim…

— Se não usasse este volume, a princesa não me ouviria — Theresia inflou o peito. — A princesa escolhe roupas para o festival da fundação como se fosse problema alheio. Geralmente, quando mulheres escolhem vestidos e acessórios, ficam inquietas, incapazes de se acalmar. Antecipando seu parceiro ou enfrentando inseguranças, elas divertem-se enquanto se preocupam.

— Quanto a isso, tenho total confiança em você. Se é sua opinião…

— Oh, fico lisonjeada com tal elogio… e? O que realmente pensa? Partilhará comigo? Está pensando em como não anda de aeronave ultimamente, ou em voar pelos céus? Ou, se não é voar, então em passar tempo fazendo manutenção, ou sentir o cheiro de óleo. Ah! Deve ser sobre por que o príncipe não a visitou.

— Essa última foi totalmente desnecessária!

Vileena franziu o rosto, mas não conseguiu esconder o sorriso. Theresia sempre fora uma adversária formidável. Numa batalha direta, ela a dominaria. Então, encolhendo os ombros:

— Bem, desde seu retorno da primeira campanha, ele se trancou no quarto o tempo todo. O frágil príncipe é quase como uma princesa.

— Já se passou um mês, e ele não permitiu que ninguém o visse. Para uma donzela apaixonada, é tempo demais…

Ilustração Rakuin No Monshou Animexnovel Light Novel Volume 2 09 do capítulo Rakuin no Monshou – Capítulo 1 – Volume 2

— De qualquer jeito! — Vileena interrompeu com força. — Não estou escondendo nada. Estou irritada. Quanto tempo mais vai durar essa situação constrangedora? A data do casamento nem foi decidida e minhas atividades continuam restritas. Vou ser sincera: isso não tem a menor graça!

— Haaa..

Diante dessa afirmação, Theresia não soube o que fazer. Mas também queria entender as palavras da princesa. Independentemente da influência de Garbera, a cerimônia de casamento fora adiada indefinidamente. Havia pouquíssimos lugares onde Vileena poderia circular livremente, e sua irritação só aumentava com o passar dos dias.

Originalmente, mesmo em sua terra natal, ela era uma princesa cheia de energia que nunca ficava no mesmo lugar por muito tempo. Passar dias inteiros confinada nos seus aposentos era algo que ela não aceitava de jeito nenhum. Às vezes comparecia a chás e jantares quando convidada pelas nobres, mas sofria horrores para manter um sorriso falso no rosto.

— O príncipe também parece ter esquecido completamente que sua noiva está aqui. Mas em situações como essa, não existe aquela coisa? Ele poderia trocar cartas e mandar mensagens pelo camareiro, não?

— É comum nas histórias. A carta viria com um poema de amor.

— É claro que ficaria furiosa se ele nem ao menos me dissesse suas intenções. E para piorar, há problemas em Mephius, não importa por onde se olhe. O imperador se recusa a explicar seu julgamento contra Islan, que parece ter sido preso. Isso seria impensável em Garbera. Seus vassalos, no entanto, não o desafiam nem protestam, só ficam espiando sua expressão e tomando cuidado para não irritá-lo.

Ela está certa, pensou Theresia. Normalmente não dava atenção a rumores, mas conhecia Vileena há muito tempo e preferiu ficar quieta.

— Se os conselheiros não podem adverti-lo por medo, então o príncipe deveria intermediar. O imperador pode achar repreensões desagradáveis, mas se vierem de Gil, seu próprio filho e sucessor, talvez ele dê ouvidos.

— Verdade.

— E mesmo assim, ele não superou sua saúde frágil nem se recuperou da doença que pegou no front. Se ele se importa com o futuro do país, deveria se esforçar ao máximo. Se fosse meu avô, com certeza o repreenderia por falta de coragem.

— Falando nisso, você quer se encontrar com o príncipe, não é? Nesse caso — Theresia bateu palmas —, como devemos preparar o presente de recuperação?

— Presente de recuperação?

Na verdade, Theresia esperou o momento certo para tocar no assunto. Era óbvio que Vileena já tinha considerado isso, mas era difícil para ela admitir que iria pessoalmente ver o noivo que a negligenciava há tanto tempo.

— Vamos lá, a princesa não queria conquistar o príncipe? Para fazê-lo se apaixonar perdidamente por você, certo? Para isso, alguns preparativos são necessários. E esta Theresia, em quem você deposita toda sua confiança, fará de você a mulher mais bonita de Mephius!

Imediatamente, Theresia começou a escolher roupas que encantariam o futuro marido.

◇◇◇

— O que você acha de sua alteza, príncipe Gil?

— Como assim? — Ineli inclinou a cabeça.

— Você sabe muito bem do que estou falando — disse o interlocutor, fazendo beicinho. Era Baton Cadmos.

— Ainda não consigo acreditar. Que o príncipe herdeiro Gil tenha conseguido méritos em sua primeira campanha.

Montados em cavalos no topo de uma colina, os jovens que esperavam o príncipe Gil tinham cerca de vinte anos, todos filhos de nobres importantes, mas nenhum era o primogênito de suas famílias. O próprio Baton, terceiro filho da Casa Cadmos, já tinha 19 anos e passava os dias sem fazer nada de útil.

Os rapazes concordaram em uníssono.

— É verdade. Parece que há vários rumores também.

— Rumores?

— Que ele foi enviado à primeira campanha só para ganhar méritos e parecer mais adequado como sucessor, por exemplo. Depois da vitória, Oubary reclamou que teve dificuldades sob seu comando.

— Não está um pouco atrasado? Sua Majestade já declarou publicamente que ele é inútil.

— É justamente por isso agora. A família imperial não tem outro herdeiro homem adequado. A menos que você case e tenha um marido, aí seria diferente.

— Desculpe por isso — Ineli mostrou a língua. — Bom, o irmão que conheço não tem nada a ver com o que ouvi sobre ele no campo de batalha.

— Por isso, vamos testá-lo — Baton disse com um sorriso malicioso.

— Baton, quando você tem essas ideias, nada de bom acontece.

— Vai ficar tudo bem. Ninguém vai se machucar. Só quero ver como ele vai reagir. Se aquele príncipe que lutou tão bravamente vai manter a compostura quando confrontado com o valentão do bairro.

— Entendo — Ineli fez uma expressão exagerada. — Realmente, você tem uma personalidade maravilhosa, Lorde Cadmos!

— Shh! Lá vem ele.

Os guardas acompanhando o príncipe Gil Mephius apareceram no horizonte. Todos cumprimentaram com educação.

— Ah — Gil acenou com desleixo. Seu rosto estava pálido, o que era compreensível para alguém que estivera acamado e com cansaço mental da batalha.

— Faz tanto tempo, Vossa Alteza. Agora, todos, vamos saudar o novo herói de Mephius! — Baton gracejou, fazendo todos rirem. Gil manteve uma expressão séria, sem sorrir. Os guardas foram dispensados e Gil montou em seu cavalo.

Orba se juntou ao grupo enquanto cavalgavam lentamente. Aparentemente, Ineli sugerira o passeio a cavalo cerca de trinta minutos antes no palácio. “O tempo finalmente melhorou. Vamos dar uma volta”, propôs. Havia outros cinco acompanhantes, todos filhos de nobres importantes e conhecidos do príncipe desde a infância, segundo informações que Dinn coletara antes.

Para Orba, a primeira exposição ao sol em um mês era maravilhosa. O vento acariciava seu rosto e o aroma dos jardins do palácio não era desagradável, mas ele não baixou a guarda. Com uma expressão carrancuda, Orba prestava atenção nas conversas, analisando personalidades e relações de poder.

Isto também é uma batalha.

— Não pode animar um pouco? — Ineli apareceu por trás, abraçando sua cintura com braços surpreendentemente delicados.

— Eu não deveria ter vindo — Orba desviou o olhar. — Queria dormir mais um dia.

— Isso não pode. Se o príncipe recusasse um convite, até nós seríamos forçados a encontrar aquele grosseiro do Rogue sozinhos — Troa Hergei, um jovem que se debruçava sobre o pescoço do cavalo com ar lastimável, fez uma careta.

— O quê? A casa do Rogue de novo? — Baton resmungou, entediado.

— Isso mesmo.

— Vocês sempre foram tão próximos, assim?

— Ele me apoiou na primeira campanha. Não parava de falar sobre histórias de guerra e insistia que eu o acompanhasse pelo menos uma vez.

— Oh? Apoio em batalha, hein? Nada menos que o esperado do futuro sucessor do Império Mephius, parece que você já não é mais a criança que conhecíamos. Termos como “apoio”, com todo respeito, são palavras impensáveis da sua boca. Será que você já superou nossos tempos de brincadeira?

Baton, apenas um ano mais velho que o príncipe — e consequentemente dois anos mais velho que Orba — falava com um ar de superioridade que era, francamente, desagradável. Seu físico era imponente, mas seus modos mostravam que ainda era imaturo.

Maldito nobre insolente.

Não apenas Baton, mas todos os outros rapazes menosprezavam o príncipe Gil. Andar com esse tipo de companhia significava que Gil ou era muito paciente ou simplesmente não percebia nada.

Logo avistaram a Torre Negra no centro de Solon à esquerda, enquanto cavalgavam pelas colinas, chegando finalmente à mansão de Rogue Saian.

Rogue abriu os portões, recebendo a todos com um sorriso.

— Ah, se não é o príncipe! Desculpe o incômodo e espero que esteja com saúde. Afinal, o príncipe ainda é jovem. Coma bastante para recuperar as energias, beba até esquentar o sangue e afaste todas as doenças num instante.

O vigoroso Rogue já estava no pátio, assando carne e servindo vários tipos de vinho. Antes da chegada, Gowen trocou sorrisos com Orba. Antigo supervisor, agora era oficial da Guarda Imperial do príncipe. Rogue e Gowen tinham se dado bem na campanha anterior, como veteranos de batalha.

— Oh?

A presença de Hou Ran chamou a atenção de Baton. Sua pele negra brilhava sob o sol.

— Essa raça não é comum em Solon. De quem ela é convidada?

— Minha filha adotiva. Hou Ran também é oficial interina da Guarda Imperial.

Gowen respondeu com expressão levemente alterada. Após a batalha em Zaim Fortress, ela não puderia ficar nos alojamentos da Guarda, então Orba arranjou uma casa sob os cuidados de Gowen.

Baton não tirou os olhos curiosos de Ran, que ignorou completamente a conversa. Típico dela, Orba mal conseguia conter um sorriso.

A esposa de Rogue apareceu, levando uma criança pela mão, e cumprimentou.

— Este é o príncipe de Mephius. Romus, não vai cumprimentá-lo?

Era um menino de uns doze anos, com ar semelhante ao de Dinn — reservado, murmurando apenas algumas palavras antes de se esconder atrás de Rogue.

— Que neto adorável.

— Nada disso! É um filho inútil.

Com esse comentário, Ineli evitou dar sua opinião. A esposa de Rogue parecia bem mais jovem que ele.

— A única coisa que herdou foi minha covardia. Até agora, tem medo de sair. Me pergunto se conseguirá passar pela cerimônia de maioridade.

O festival da fundação seria na próxima semana, incluindo uma cerimônia de maioridade para filhos de nobres, e um evento único: cavalgar publicamente um dragão. Usavam filhotes de poucos meses, mas cujos dentes podiam matar um adulto. No passado, havia vítimas todos os anos.

Diferente de antes, agora o evento era raro. A cada alguns anos, famílias como os Saian, com tradição militar, exibiam seus filhos orgulhosamente. Desta vez, Rogue certamente queria que Romus participasse.

— Imploro que Vossa Alteza detenha meu marido. Tal prova é impossível para Romus. Tudo que ele lembrará será a cena horrível…

— Chega. Não incomode o príncipe com nossos problemas familiares. Não se preocupe, ele vai treinar muito. Não é, Romus?

Romus não concordou nem discordou, só olhou para o pai, indeciso entre o medo do dragão e o de irritá-lo. Rogue disse que pegaria um filhote emprestado do campo de treinamento militar para Romus praticar.

— Um dia, espero que ele queira entrar na escola de oficiais de dragões alados. Mas primeiro, Romus precisa mostrar espírito nobre diante das multidões.

Dragões alados — literalmente dragões com asas — existiam apenas nas ilhas vulcânicas ao sul do planeta.

Em Mephius, os oficiais de dragões alados comandavam mais de cem homens e operavam naves voadoras movidas a [Pedra-Dragão]. O próprio Rogue Saian tinha essa patente, com autoridade sobre esquadras inteiras.

— Agora, se já comeu, vá cuidar dos dragões, Romus. Você precisa de prática.

Romus se despediu formalmente e saiu.

Orba e os outros permaneceram sentados enquanto servos cortavam carne e legumes e preparavam vinho. Orba recusou o vinho com um gesto, pois não tinha tolerância ao álcool e não podia arriscar falar demais bêbado. Durante a refeição, Rogue contou histórias de guerra e Orba limitou-se a confirmá-las.

— Não estamos interessados em suas histórias — Baton e os outros disseram, entediados. Ineli, surpreendentemente, era a única interessada, ouvindo atentamente sobre a batalha.

— Princesa, vejo que você tem o espírito de uma guerreira — Rogue disse, satisfeito. — Só queria que meu filho fosse assim.

Quando a história chegou ao ponto em que, graças à astúcia do príncipe, conseguiram invadir a fortaleza onde guerreiros habilidosos esperavam, Ineli bateu as mãos, lembrando-se de algo.

— Ah, sim! Sempre quis perguntar quando te visse, irmão. Não foi um gladiador quem derrotou Ryucown? Fiquei surpresa ao ouvir seu nome. Lembra dele? O Tigre de Ferro, Orba!

Orba, que estava apreciando o chá, de repente engasgou.

— Você viu em Ba Roux, não? Aquele que me salvou do dragão Sozo!

— S-sim.

— Sabia que ele entrou para sua Guarda Imperial? Não pode me apresentar a ele?

— E o que você fará quando conhecer esse gladiador? — Baton fez uma careta.

Ineli ignorou-o e continuou:

— Nunca o agradeci por me salvar. E queria conversar com quem enfrentou o general Ryucown. Como ele era, quão bom com a espada? Não é emocionante? Estou tão perto de quem viveu um momento histórico!

Ineli continuou animada, sem perceber a expressão sombria de Orba.

— Ah, teria sido ótimo se Ryucown tivesse sido capturado e forçado a lutar com Orba na arena. A batalha da fortaleza recriada, e se Orba cortasse sua cabeça, o festival ficaria animado—

Boom! Orba bateu o copo na mesa, silenciando Ineli. Todos olharam para ele, que tremia.

— Príncipe.

Gowen inclinou-se, enchendo novamente o copo de Orba. Seu olhar dizia claramente: controle-se. Orba acenou levemente.

Virando-se para Ineli, disse, tentando acalmar os ânimos:

— Você o conhecerá em breve.

— Sério?

— Mas não espere alguém interessante. Ele não tem educação. Só vai te deixar irritada.

— Tudo bem, eu sou tolerante. Não espero que todos ajam igual. Não se conversa com um dragão da mesma forma que com pessoas, não é?

Orba esforçou-se para disfarçar seu desconforto. O incidente com Hou Ran veio à mente. Esperou que a garota que alegava ouvir a “voz” dos dragões aparecesse, mas ela não estava.

Enquanto todos conversavam, Baton levantou-se, olhando ao redor como se procurasse alguém.

Entre a mansão e o jardim havia um cercado. Dentro, um filhote de Baian de cerca de dois metros sibilava ameaçadoramente para Romus, que estava diante da grade.

Por um tempo, ficou a distância, assustado, mas pegou um pedaço de carne e aproximou-se. Com pernas quase desenvolvidas e garras afiadas, mal podia ser chamado de filhote.

Romus jogou a carne, que caiu diante da grade. Tentou empurrá-la com o pé.

Gawrr! O dragão rugiu, batendo a cabeça nas barras. Romus caiu para trás, tentando fugir. O Baian pegou a comida com a língua.

— Seu…!

Romus perdeu a paciência. “Seu, seu, seu!” Pegou uma lança de três pontas ao lado da grade — ferramenta para lidar com dragões, com pontas embotadas para não feri-los — e golpeou a cabeça do animal.

O dragão gritou, recuando. Romus golpeou novamente, acertando perto do olho. Quando ia atacar mais uma vez, Hou Ran apareceu, agarrando seu braço.

— Cuidado — disse ela, empurrando-o para o lado.

Romus caiu, ouvindo o rugido ensurdecedor. O dragão ergueu-se, mostrando os dentes, pronto para atacar.

— Cuidado — Ran repetiu.

Por um instante, Romus não soube se ela falava com ele ou com o dragão. Então a garota esticou a mão e acariciou a garganta do Baian.

Para seu espanto, o dragão, antes agressivo, emitiu um som suave e abaixou a cabeça. Ran acariciou sua testa.

— Venha.

Ela estendeu a outra mão para Romus, que aproximou-se nervoso.

— Você tem medo do dragão?

— N-não tenho. Mas ele pode atacar você.

— Porque você tem medo, o dragão também tem.

— O quê?

Romus hesitou quando ela pegou sua mão e a levou em direção à grade.

— Filhotes são como espelhos. Refletem seu coração. Olhe em seus olhos e sinta.

Ele respirou fundo e encarou os olhos vítreos do dragão. Não percebeu emoções, mas, inexplicavelmente, manteve a mão de Ran e tocou as escamas.

Sentiu um calor percorrer seu corpo, como se recebesse pancadas na testa. Quando percebeu, estava chorando, enquanto Ran abraçava suas costas.

— Você é forte — sussurrou ela. — E tem potencial. Ouviu sua “voz”, não? Não precisa mais ter medo. Mas também não mostre as costas. Dragões e humanos são diferentes: como criam laços, como falam, como passam o tempo, como ficam felizes. Você deve entender isso.

— Que cena tocante.

Baton apareceu, fazendo piada. Envergonhado, Romus levantou-se e enxugou as lágrimas. Baton aproximou-se de Hou Ran.

— Dizem que você esteve num campo de escravos masculinos? O que fazia lá? Ajudava os homens a aliviar o tédio?

Ran encarou-o, impassível. Baton lambeu os lábios, como um predador.

— Você não é ruim.

— Mesmo?

— Uma mulher que cheira a esterco de dragão de vez em quando não é nada ruim. Mesmo na Guarda Imperial, deve estar entediada. Deveria trabalhar em minha mansão. Tornarei uma experiência “boa”. Melhor que escravos ou dragões inúteis.

Ran olhou por cima do ombro dele e viu Orba encostado na parede, observando. Ela sorriu para o nobre.

— Gosto de homens fortes.

— Pois eu tenho poder — Baton sorriu. — O suficiente para mantê-la.

— Isso não basta. Terá que me mostrar sua força, como esta criança fez.

Ela apontou para Romus e o Baian. Baton riu.

— Os dragões são seu padrão, seguidora da Fé Ryuujin? Se esse garoto conseguiu, eu também. Até matei um Baian na caça anual.

Com confiança, Baton tocou a cabeça do dragão. Sorriu vitorioso, sem notar o olhar de Ran fixo no animal.

O Baian abriu a boca, saliva escorrendo, e rugiu, erguendo-se.

— W-Waahhh!

Baton pulou para trás. O dragão golpeou as grades furiosamente. Baton afastou-se, batendo o quadril, até sentir-se seguro. Seu rosto estava pálido.

— Que pena.

Ran virou-se, cuspindo desprezo com o olhar. Dirigiu-se a Orba. Antes que ele pudesse chamá-la, ela antecipou-se.

— Você estava me testando.

Pisou em seu pé. Orba pulou de surpresa.

— Você estava observando o que eu fazia. Sabia que não era seu lugar. Ainda assim, quis testar nossa amizade.

— E-espere. Ei, Hou Ran…

Era verdade, mas Orba não esperava que ela ficasse tão brava. De certa forma, entendia menos os sentimentos de uma garota que a “voz” dos dragões.

Dinn aproveitou o tempo enquanto o príncipe estava fora para limpar minuciosamente o quarto. Fazer isso sozinho seria trabalho demais, então ele conversou com o grão-camareiro e conseguiu ajuda de vários outros. Não era incomum que várias pessoas fossem designadas para cuidar de um membro da família imperial. Quem havia arranjado para que apenas Dinn fosse encarregado da tarefa era ninguém menos que Fedom, com medo de que a verdadeira identidade de Orba fosse descoberta. A razão oficial era porque o príncipe de temperamento explosivo não confiava em nenhum outro camareiro além de Dinn.

De qualquer forma, ele terminou pouco depois do meio-dia. Os outros camareiros se despediram e, quando ele soltou um suspiro de alívio, o sino anunciando visitas tocou. Os soldados que atuavam como guarda-costas do quarto haviam tocado.

De alguma forma, Dinn teve um mau pressentimento sobre isso.

◇◇◇

— Aconteceu alguma coisa?

Ineli sussurrou sorrateira em seu ouvido, apontando para Baton, que claramente estava de mau humor. Sua expressão brincalhão irritou Orba.

— Ele levou um fora de uma garota. Deixe-o em paz.

Ele respondeu, mais ou menos acostumado agora. Ineli deu uma risadinha e, pegando a mão de Orba, a envolveu em seus braços surpreendentemente delicados. Foi uma jogada bastante habilidosa, e então Orba a sentiu chamar para o lado:

— O que você vai fazer agora, Baton? Se quiser voltar e chorar, não vou te impedir.

— Não brinque comigo. Tem um lugar que quero conferir. É uma loja conhecida que até o príncipe aprovaria com prazer.

Era óbvio que Orba não tinha como saber, mas para Baton, este seria o evento principal do dia.

Os cavalos ficaram na residência Saian, e Baton foi o primeiro a tomar a frente e começar a caminhar.

O distrito sudoeste era separado pela área do palácio e das residências nobres pelo rio Sazan. Assim que entraram no Distrito da Cidade, fizeram algumas curvas aqui e ali e se afastaram da estrada principal. O forte cheiro de lixo, fez Ineli tampar o nariz com desprezo e os outros garotos também trocaram olhares preocupados.

— Tem certeza que este é o lugar certo, Baton?

Até Troa, que deveria estar ciente do plano, perguntou isso com preocupação. Baton bufou.

Afinal, eles foram criados como filhos de famílias abastadas.

Era improvável que nobres pisassem em um lugar desses sem guarda-costas. Mas para Baton, era uma visão familiar. Cansado de seus dias habituais de tédio, ele frequentava esses lugares com frequência. Era parte de suas aventuras em busca de emoções.

— Ei, espera aí!

Vários homens malvestidos vieram na direção da voz e se aproximaram deles. Um deles assobiou.

— Vejam só, um grupo de jovens senhores bem-vestidos.

— É perigoso aqui, sabem? Porque tem um monte de gente má por perto. Eles vão rapidamente tirar tudo de vocês.

— Como somos gente boa, vamos ajudar vocês a sair daqui, então se nos derem algo de valor, ficaremos muito contentes.

Estavam vestidos com trapos, parecendo bandidos, mas todos eles eram conhecidos de Baton.

Eles conferiram a Baton, financeiramente bem-sucedido, a posição de líder e costumavam andar em “grupos” por essas partes. Às vezes, chegavam a simular extorsões e roubos.

— Não brinquem comigo! — Baton se animou, tudo de acordo com o plano. — Como se daríamos o mínimo de dinheiro para passar por caras como vocês. Seus inúteis, sumam!

— Como é que é!?

O homem na frente cuspiu e então sacou uma adaga de suas costas.

Ineli recuou e deu um grito instintivo. Baton deu um tapinha casual em suas costas. “É uma atuação”, ele sussurrou, e então continuou:

— Como vamos resolver isso…

Ele encarou o príncipe, que parecia atordoado. O príncipe permanecera em silêncio o tempo todo. Baton teve o pensamento desdenhoso de que ele estava tremendo de medo, sem saber o que dizer.

Dizem que ele teve sucesso em sua primeira campanha? E o que esse príncipe mimado pode fazer em uma situação de vida ou morte?

Os dois se conheciam há muito tempo e sempre saíam juntos, mas no coração de Baton, ele sempre desprezou o príncipe. Ele se considerava um homem muito mais capaz, e agora aquele príncipe era aclamado como herói. Por isso, ele queria torná-lo um idiota em público. Queria que seus amigos vissem as habilidades do príncipe sob a perspectiva do que elas realmente eram.

Claro que Baton não tinha como saber os sentimentos que Gil – Orba – estava nutrindo naquele momento. Porque ele nunca imaginaria que Gil tinha trocado de lugar com um ex-gladiador, também não era exagero que Orba sentisse uma estranha nostalgia com aquela situação.

O cheiro característico, os becos, a extorsão ameaçadora com lâminas e o roubo – essas eram as únicas coisas que ele experimentara quando criança. Nos poucos anos após Oubary queimar sua vila até se tornar um gladiador, ele viveu bebendo água lamacenta das piores partes da cidade.

Diante de seus olhos, viu vários homens brandindo suas adagas.

— E aí, qual é o problema? Se suas bocas não funcionam, então que tal eu abri-las à força para vocês?

O garoto apontou sua adaga para a boca de Orba. Orba não se afastou, olhando atentamente além da lâmina e observando seus oponentes. Eles eram quatro. Todos provavelmente carregavam armas. Ele trazia uma pistola e uma adaga nas costas. Se conseguisse uma chance, estava totalmente confiante de que poderia vencê-los, mas não podia se dar ao luxo de fazer isso com muita habilidade na presença de Ineli e dos outros.

O que fazer então…

Enquanto Orba pensava em um comportamento principesco que pudesse tirá-los daquela situação, Baton de repente esticou a mão e afastou a adaga diante da boca do príncipe.

— Vocês não deveriam exagerar nas brincadeiras, ou vão se arrepender — Baton disse com um ar triunfante.

Ele já estava satisfeito, tendo conseguido mostrar a inutilidade do príncipe na frente de seus melhores amigos.

— Somos nobres de Mephius. Se vocês ousarem nos ferir, serão enforcados num piscar de olhos. Vamos deixar isso pra lá. Agora sumam!

Essa era a frase combinada, mas os homens opostos não mostraram o menor sinal de intimidação; estavam sorrindo. E para piorar:

— Oh? Nobres, é?

Assustado, Baton se virou para enfrentar a voz que chamou. Havia outros três homens se aproximando, vestidos com trapos como os outros. Mas ele não se lembrava de tê-los chamado para esse teatro.

— Agora que vejo melhor, diria que vocês são a coisa real. Ouvimos sua conversinha e não pudemos deixar de pensar nas coisas incrivelmente poderosas que disseram.

— Ora, não é uma presa maior do que eu imaginava.

— Seus bastardos! — Baton soltou em voz baixa. Ele estava bem ciente da cor que drenava de seu rosto. Eles haviam concordado com o plano proposto por Baton e armado uma armadilha por conta própria.

— O-o que vocês vão fazer? Se é dinheiro que querem, eu com certeza vou depois…

— Não precisamos do seu troco, garoto Cadmos. Com tantos reféns, não se importariam se exigíssemos ainda mais dinheiro, não é?

Ineli deu outro grito estridente; um dos bandidos havia colocado as mãos em seu vestido.

— Essas são roupas bem bonitas. Quero levar pra minha filha.

— S-solta! Seu plebeu, tire suas mãos sujas de mim!

Ineli deu um tapa em sua bochecha. Foi uma ação reflexiva que tensionou a situação.

— Essa putinha!

— Quem é realmente o sujo, seus malditos nobres de Mephius! Façam!

— E-esperem! Esperem, eu disse!

Baton gritou, enquanto as pernas de Ineli cediam. Com uma expressão frenética:

— Q-quem está aqui é o príncipe herdeiro de Mephius! Vocês devem entender que não vão escapar impunes…!

— O príncipe, é isso?

Uma expressão alegre surgiu em seus rostos, contrariando as expectativas de Baton, mas um deles direcionou olhos cheios de ódio para seu “convidado”. Ele era o homem mais velho do grupo.

— Príncipe de Mephius! Quem diria que eu o encontraria aqui! Ele foi o responsável pela desgraça de Layla! Não posso deixar que esse cara escape daqui inteiro!

Novamente, o mesmo homem agiu sozinho e sacou sua espada. A espada desembainhada deixou os jovens sem palavras e paralisados, enquanto um deles pensava:

Layla?

Ao ouvir o nome pela primeira vez, ele guardou na memória sua conexão com esses homens.

— Primeiro, entregue essa arma. Na verdade, fique aí mesmo. Eu pego.

Seguindo as instruções do homem que primeiro sacou a espada, Orba levou as mãos para as costas.

O tempo que parecia parado continuou a fluir. Orba rapidamente alcançou a outra metade de seu corpo e sacou a arma das costas. “Espera!” enquanto os companheiros bandidos chamavam, Orba rapidamente puxou o gatilho.

Tendo levado um tiro no peito do pé, o homem desmaiou de agonia. Orba não hesitou. Em uma situação com muitos inimigos, perder a chance de dar o primeiro golpe era fatal.

— SEU FILHO DA PUTA!

— CONTANTO QUE ELE ESTEJA VIVO, NÃO ME IMPORTO O QUE FAÇAM! TIREM A ARMA DELE! CORTE SEU BRAÇO INTEIRO!

Ele esquivou-se habilmente do homem que o atacou por trás.

— Corram! — Orba gritou.

Ele praticamente chutou Baton por trás, empurrando-o para o lado. Eles não precisaram de mais incentivo, e quando os outros bandidos perseguiram os garotos, foram recebidos com outra rajada de balas por Orba. Eles caíram de lado enquanto sangue jorrava de seus corpos.

— AGORA VOCÊ VAI VER!

Os homens restantes correram para Orba. Estavam a curta distância, e Orba, julgando que a pistola não poderia ser manuseada adequadamente tão perto, chutou o joelho do homem à frente, arrancando a espada curta de suas mãos. Duas, três vezes ele repeliu a chuva de adagas.

Uma cor de surpresa e impaciência pairava nos rostos sujos dos homens. Eles haviam concordado em sequestrar um bando de riquinhos jovens e mimados, mas tendo deixado todos escaparem, os nobres certamente voltariam com guardas e matariam a todos eles.

— SEU MERDINHA!

Com habilidade inesperada, ele cortou para baixo, diagonalmente pelos ombros de um homem, tropeçando.

— CERQUEM ELE!

E no instante em que Orba ouviu o brado, saltou para trás. Ele bloqueou a lâmina que vinha na sua direção usando, em sua mão direita, a espada que tomou de um dos bandidos para realizar um movimento ascendente na vertical e, com a adaga presa nas costas, esfaqueou o homem no peito com a esquerda.

Se diminuísse seus números, suas chances de sucesso aumentariam drasticamente. Ele girou a espada em sua direita em arcos, e os inimigos continuaram a cair em meio ao barulho, até que apenas um homem restou. Ele era o homem que gritara “desgraça de Layla”.

— S-Seu… Seu bastardo!!

Ele apertou sua lâmina, pronto para atacar. O rosto barbudo do homem tremia por completo, enquanto encarava Orba. Mas não era Orba que ele odiava. Era uma pessoa com a mesma aparência que ele, a quem o homem detestava.

Justo quando estava prestes a atacar, Orba disparou um tiro perto de seus pés.

— ARRGHH — o homem pulou e caiu de bunda.

— Quem é Layla? — Orba perguntou, estabelecendo sua mira.

— N-Não finja que não sabe! Não vou deixar você dizer que esqueceu o que fez com a Layla!

— Diga. — Ele enfiou o cano em seu queixo. — Quem é Layla? E o que quer dizer com se vingar?

◇◇◇

Passou-se um bom tempo até Orba alcançar Ineli e os outros à margem do rio Sazan.

— I-irmão!

Ineli olhou para Orba como se estivesse vendo um morto voltar à vida. Orba desabou no chão no local, fingindo ter escapado por pouco de uma situação de quase morte.

— Você está bem!?

— D-Difícil. Vocês, não foi demais correr e me deixar para trás assim?

— Isso… foi a próprio Alteza que nos disse para correr! — Um dos garotos disse, mas Orba fez uma cara como se não se lembrasse de nada.

No final, depois que ficou claro que todos haviam escapado em segurança, a expressão de Ineli se transformou em uma que saboreava completamente a emoção e voltou ao normal.

— Eu nunca teria pensado que você simplesmente atiraria neles de repente!

— Foi muito repentino para mim também, e não me lembro muito bem.

— Ei, Vossa Alteza? Não fique muito bravo ao ouvir isso, ok? Tudo isso foi…

— Ine… Princesa Ineli. — Baton tossiu violentamente para interromper Ineli. — Por favor, mantenha as informações sobre esse assunto em sigilo.

Mesmo estando sem fôlego, Ineli deixou escapar um sorriso. Orba podia adivinhar mais ou menos do que se tratava, mas manteve a boca fechada. Ineli planejava, sob a alavanca do “segredo”, explorar Baton ao máximo.

De qualquer forma…

O assunto sobre a tal “Layla” pesava na mente de Orba. De acordo com o que ouviu do homem que o ameaçou, Gil Mephius exercera o privilégio exclusivo da família imperial, o “direito à primeira noite”, em uma noiva local. Essa era Layla. Seu pai era um oficial da Guarda Imperial sob controle direto do imperador, mas após o incidente, ele explicou aos parentes e amigos próximos convidados para o casamento.

— É a brincadeira habitual do príncipe. Nada vai acontecer — ele explicou.

Ninguém ficou convencido. Mas isso manchou a honra de sua filha, e o oficial imperial os fez jurar nunca revelar esse assunto a outros. Depois disso, nunca mais viram o pai e a filha. Sua mansão na cidade de Solon também, em determinado momento, foi vendida. Rumores se espalharam sobre como haviam sido mortos para silenciá-los e, antes que percebessem, as conversas sobre esse assunto cessaram.

O homem que Orba interrogou era um parente distante de Layla.

Em constante medo de quando um assassino poderia chegar, ele perdeu toda vontade de trabalhar e chegou a realizar atividades de ladrão noturno que ele mesmo desprezava. Ele odiava os nobres de Mephius e, acima de tudo, Gil Mephius.

— Agora eu entendo.

Assim que terminou de ouvir tudo, Orba abaixou sua arma. Ele partiu, deixando os homens caídos em poças de sangue.

Rone Jayce.

Um oficial da Guarda Imperial. Isso valia a pena investigar. A perturbação do “direito da primeira noite” ocorreu logo antes de Orba se tornar o sósia de Gil. Além disso, Gil compartilhara a cama com Layla em um bar, quando o homem testemunhou ninguém menos que Fedom entrando no quarto.

O que aconteceu lá…?

No caminho de volta, sob o balanço do cavalo, Orba estava perdido em pensamentos.

— Vossa Alteza — Ineli se aproximou por trás e cutucou gentilmente Orba, sinalizando que o sol já estava se pondo.

— Lorde Zaat está aqui.

— Ah — Orba deixou escapar sem querer. Saindo da loja junto com vários homens armados com espadas atuando como guarda-costas estava um homem vestido com o que poderia facilmente ser identificado como roupas de nobre, e Oubary Bilan. Esses dois pararam, parecendo ter notado o príncipe.

— Se não é o príncipe. Que lugar incomum para encontrá-lo. Presumo que esteja com boa saúde.

Os lábios finos e roxos de Oubary se separaram para formar um sorriso. Apenas ver seu rosto foi suficiente para Orba sentir seu corpo esquentar, e ele só foi capaz de responder com um leve aceno. E a outra pessoa era:

Zaat Quark.

Graças aos retratos que Dinn o mostrou, ele foi capaz lembrar vagamente os rostos dos principais nobres de Mephius. Ele era membro do Conselho Imperial, membro da Casa Quark que existia desde a fundação de Mephius e permanecia uma família distinta nas gerações sucessivas. Enquanto olhava para Orba com um porte grandioso e olhos cheios de vigor, ele abriu a boca.

Rakuin No Monshou Animexnovel Light Novel Volume 2 10 – Rakuin no Monshou – Capítulo 1 – Volume 2 traduzido

— Parabéns por sua primeira campanha bem-sucedida… — Zaat Quark inclinou-se levemente. — Já se passou um mês desde então, só agora me lembrei, mas lamento informar que não tive a oportunidade de visitá-lo até agora. Sua Majestade Imperial também está preocupado. Que tal mostrar seu rosto para ele amanhã, se não antes?

— Ah, tudo bem.

— Se os outros nobres vissem que o príncipe, que supostamente está acamado doente, está se divertindo em um lugar como este, não haveria como impedi-los de falar mal de você. Mephius está mais ou menos à beira de uma rebelião. Como você é um príncipe importante, tome cuidado.

De fato, ele falava com um comportamento refinado e tom gentil, apesar do olhar penetrante. Zaat não era um dos doze generais, mas carregava o legado da Casa Quark que outrora dominava essa posição. Comparado a comandantes militares genuínos como Rogue ou Oubary, ele tinha poucos soldados e provavelmente nunca estivera pessoalmente em um campo de batalha. Mas aqueles olhos eram exatamente do tipo que se fixa intensamente no inimigo.

Então… ele é o líder da facção anti-imperial?

Essa informação não veio através de Dinn, mas de Fedom mencionando em algum momento. Zaat parecia ser o mais oposto ao aprisionamento de Kaiser Islan. O príncipe teria vacilado com isso? Enquanto Orba tinha esse pensamento, foi abruptamente interrompido.

— Bem, então, por favor, me desculpe.

Depois de cortesmente deixar sua mensagem, ele partiu com Oubary. Orba encarou as figuras dos dois homens entrando na carruagem que esperava em frente à loja, ou mais precisamente, apenas Oubary.

Um dia, Orba jurou em sua mente.

Um dia eu vou queimá-lo até a morte. Isso mesmo, “um dia”. Não agora. Não sou tão gentil a ponto de simplesmente matá-lo de qualquer jeito.

— É melhor não se preocupar com isso, irmão.

Ineli interpretou o silêncio de Gil como depressão pela repreensão indireta por sua ociosidade. Ela sorriu enquanto dava tapinhas em suas costas.

— Ainda assim, que combinação estranha — um dos garotos inclinou a cabeça. — Nunca vi os dois se darem tão bem até agora.

— Que seja. Vamos voltar rápido. Seremos repreendidos por outra pessoa importante.

Ou assim Baton disse, mas mesmo agora, seu rosto estava pálido. Era óbvio para todos que ele estava aterrorizado com os problemas em que poderia se meter.

Que dia estranho.

Orba pensou enquanto caminhava pelo corredor do palácio.

Muitas coisas aconteceram, mas no momento, os amigos mais próximos do príncipe ainda não suspeitavam de sua verdadeira identidade. Podia ser considerado seu primeiro passo. Era absolutamente necessário obter todos os direitos e privilégios que o príncipe possuía, e para isso, ele precisava aguentar vários acontecimentos inúteis.

Seja como for, as batalhas não habituais o deixaram exausto, corpo e mente.

— Dinn — ele chamou o pajem assim que abriu a porta. — Não vou precisar de banho ou refeição hoje. E também não vou-

— Príncipe.

Orba percebeu que Dinn tinha uma expressão desconfortável. O quarto do príncipe era uma suíte de três cômodos, e a primeira porta aberta levava a uma pequena sala onde cadeiras e um balcão eram dispostos para receber visitantes.

Lá, a sombra de uma figura podia ser vista sentada em silêncio sombrio. Com um único olhar, o cansaço de Orba desapareceu em parte. Era a terceira princesa de Garbera, Vileena. Com seus cabelos prateados e ricos pendurados nas costas, a beldade digna olhou diretamente para Orba.

— Dou as boas-vindas de volta, Sua Alteza o Príncipe Herdeiro, Gil.

— É, sim.

— Por favor, diga-me, para onde você foi?

— Bem, isso… ah, fui convidado para a casa do general.

— Você certamente parece estar com boa saúde.

Todos dizem exatamente a mesma coisa.

Tal pensamento passou por sua cabeça. Ele planejou conter o sentimento, mas deve ter transparecido em seu rosto.

— Eu disse algo estranho? Sou uma convidada inexperiente em Mephius, afinal. Não estou familiarizada com a cultura e o humor deste país. Ou seja, gostaria que chegássemos a um entendimento imediato, ou pelo menos, que você me respondesse firmemente.

— O que você está tentando dizer? — Orba olhou furioso para a garota dois anos mais nova que ele. — Isso não é muito próprio de uma princesa. Se tem algo a dizer, diga francamente.

— É mesmo? Então, sejamos francos. Príncipe, você está ciente do assunto sobre Kaiser Islan?

— Sim.

— “Sim” é tudo que você tem a dizer? — suas pupilas se alargaram.

— Como eu disse, o que você está tentando dizer? Apenas diga o que quer.

— Já é o suficiente!

Com o rosto vermelho, Vileena levantou-se de seu assento. Orba queria deitar e descansar, mesmo que um segundo antes, mas essa atitude só serviu para alimentar sua ira.

— O que quer dizer com “já é o suficiente”? Eu não ouvi nada ainda!

— Eu vim saber se estava tudo bem com sua alteza devido à doença, só para descobrir que estava vadiando por aí até tão tarde! Se estivesse angustiado com o futuro deste país, você pelo menos teria pensado nisso, mas pelo que parece, o assunto não pesou nem um pouco em sua mente! Não importa o que eu diga, seria inútil!

— Você tem muita coragem, criticando discretamente os outros que mal conhece com base em nada além de especulações!

Ele mal conseguira manter uma máscara de aparências na frente do grupo de amigos próximos, e de alguma forma, diante dessa princesa de quatorze anos, ela desmoronou em pó. Muito provavelmente, a princesa disse a única coisa que não deveria ser dita.

— Há coisas que uma criança não pode entender! Antes de se intrometer nos assuntos dos outros, que tal primeiro crescer, princesa!?

— Ah, com certeza vou!

Em um instante, Vileena levantou-se com grande força, e mais rápido que Dinn pudesse soltar um “Ah”, avançou em direção a Orba. Pensando que a força viria através de uma palma aberta, Orba recuou instintivamente contra a parede.

— Passar bem!

Deixando essas palavras afiadas, Vileena saiu da sala com um jeito nada próprio de uma princesa.

Orba relaxou as costas, escorregando pela parede.

Primeiro Ran, e agora essa princesa.

— Eu também sou culpado — Dinn disse com um olhar excessivamente triste.

— Quando a princesa chegou à tarde, eu expliquei que você saíra com seus amigos.

— Então a que horas ele voltará? — a princesa perguntou. Pensando que seria ruim se o príncipe demorasse demais brincando, Dinn deu a resposta vaga: — Ele voltará imediatamente.

— Eu repetidamente disse a ela, “Assim que ele voltar, eu avisarei imediatamente”, mas ela continuou esperando desta maneira…

Ela chegou no meio da tarde, e então já eram quatro horas, e agora passavam das cinco. Orba soltou um longo suspiro.

Não há tempo para descansar, enquanto eu engano todo este país. Droga, baixei minha guarda.

Não havia dúvida de que Vileena se tornaria mais uma ameaça na batalha contínua de Orba para manter sua falsa posição. Claro, por ser Orba, ele não notou nem um pouco que o vestido de Vileena Owell estava era mais ousado que o habitual.


Tradução feita por fãs.
Apoie o autor comprando a obra original.


Compartilhe nas Redes Sociais

Publicar comentário

Anime X Novel 7 Anos

Trazendo Boas Leituras Até Você!

Todas as obras presentes na Anime X Novel foram traduzidas de fãs para fãs e são de uso único e exclusivo para a divulgação das obras, portanto podendo conter erros de gramática, escrita e modificação dos nomes originais de personagens e locais. Caso se interesse por alguma das obras aqui apresentadas, por favor considere comprar ou adquiri-las quando estiverem disponível em sua cidade.

Copyright © 2018 – 2025 | Anime X Novel | Powered By SpiceThemes

Capítulos em: Rakuin no Monshou

    O que você achou dessa obra?

    Clique nas estrelas

    Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0

    Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.