Rakuin no Monshou – Capítulo 3 – Volume 1
Rakuin no Monshou
Emblem of the Branded
Light Novel Online – Capítulo 03:
[Uma Nova Máscara]
Nos últimos dias, Tarkas parecia mais ocupado que o normal, correndo de um lado para o outro, e quanto mais ocupado ele ficava, mais animado parecia se tornar. Tão leve eram seus pés que pareciam ter ganhado asas, exibindo o que parecia o ápice do orgulho.
Quer fosse construindo um estádio exclusivo para o uso do Grupo de Gladiadores Tarkas, ou planejando comprar uma dúzia de uma nova espécie de dragão, Tarkas tinha planos grandiosos para seus espadachins-escravos. Mas, como sempre, Orba não pensava da mesma forma.
— Se conseguir chamar a atenção da família imperial, talvez eu pense em recompensá-lo, Orba. O oponente também estará excepcionalmente preparado, então faça uma boa luta. Olhe, se você não conseguir se animar, terá que fazer como sempre faz.
Embora Tarkas batesse em seu ombro com um sorriso de orelha a orelha, aquilo tinha um gosto estranho, para ser sincero. Gowen, que ouvira tudo, também deu um risinho irônico, mas logo assumiu uma expressão séria.
— Não tenho dúvidas de que o Grupo de Gladiadores Tarkas é uma grande empresa neste ramo. Mesmo assim, nunca ouvi falar que Tarkas tivesse conexões com a família imperial ou outros do alto escalãos. Ele só trabalhou com nobres como Fedom, o Senhor de Birac e diretor do Grêmio dos Gladiadores. Embora Tarkas aparentemente só o tenha conhecido pessoalmente durante reuniões. No entanto, até agora, ele nunca recebeu um único trabalho direto de Fedom. Mas acho que este é um trabalho enorme. Sempre disse a ele que seria melhor pedir cooperação de outros lugares, mas Tarkas recusou todas.
— Você é propenso a se preocupar, velho — disse Shique, encolhendo os ombros. — Não está tudo indo bem? Mesmo que ganhemos a desaprovação deles, não seremos nós que perderemos a cabeça. Significa apenas que teremos que encontrar outro lugar para lutar como gladiadores.
Orba compartilhava do mesmo sentimento. Pouco importava onde ele estivesse, a única maneira de um gladiador garantir sua vida era ganhar ouro e se isso significasse que seu caminho para a liberdade estivesse um passo mais próximo, ele continuaria a lutar onde quer que fosse. Era simples assim.
Vários dias se passaram após isso, e os preparativos para a partida até o Vale de Seirin finalmente começaram. Eles carregaram suas armas e armaduras nas carroças, e realizaram a árdua tarefa de tirar os dragões de suas gaiolas.
Dentro do amplo abrigo dos dragões, Orba observava em silêncio enquanto Hou Ran guiava os dragões. Embora já tivesse visto vários treinadores de animais por ali, ele não conhecia outro ser humano que pudesse lidar com dragões daquela forma.
Houve um treinador especialista que conseguia “fazer três Sozos dançarem ao som da música” usando uma flauta, que os alimentava todos os dias em um horário fixo, escovava gentilmente seus focinhos e mantinha essa rotina diariamente. Ele foi morto facilmente, devorado pelos Sozos em um momento de capricho.
Essa era, essencialmente, a natureza de um dragão.
Um humano que mostrasse afeto e os treinasse poderia obter resultados até certo ponto, mas nunca havia algo como certeza absoluta. Mesmo dragões que deveriam estar domesticados há muito tempo guardavam ressentimento profundo. Na realidade, não se podia ter tanta certeza de sua inteligência, já que eram enganados por humanos que armavam armadilhas elaboradas, como buracos e paredes desmoronadas.
Mas, até onde ele sabia, entre esses dragões, Orba nunca vira um momento em que as ordens de Ran não parecessem eficazes. E ela não usava chicotes ou os atraía com iscas. Ran apenas assovia baixinho, e eles se alinhavam como soldados bem treinados, carregando seus corpos enormes na direção da mão que ela estendia.
No entanto, parecia haver diferenças individuais entre eles.
— Orba. Me ajude em vez de ficar só olhando.
Com palavras levemente irritadas, Ran cruzou os braços perto de um dragão Baian de tamanho médio. Ele havia se encolhido no canto da gaiola e não parecia disposto a se mover. Embora Orba não achasse que fosse seu lugar culpá-lo por ignorar as ordens de Ran, ao se aproximar do canto, parecia que o dragão não sairia dali de jeito nenhum.
— O que devo fazer? Amarrar uma corrente no pescoço dele?
Uma arma tranquilizante mal fazia efeito em um Baian. No entanto, era preciso muita mão de obra para puxá-lo com correntes. O Baian de tamanho médio era bem mais baixo que um Sozos, mas seus ombros ainda estavam na altura da cabeça de um homem adulto. Tinha cerca de três metros de comprimento, e a pele rugosa de seu corpo era como uma armadura ao toque. Pequenas escamas angulares em forma de pente se alinhavam, dando-lhe a aparência de um lagarto atroz.
— Você deveria subir, Orba.
— O que quer dizer?
Orba ficou surpreso. Não que não houvesse jogos de gladiadores em que montavam em Baians, mas era extremamente difícil colocar alguém não familiarizado em suas costas. Resumindo, você nunca sabia quando o dragão iria sacudi-lo e esmagá-lo, e, enquanto isso, você tinha que tentar matar seu oponente. A intenção era entreter o público com a emoção da situação, mas, sem magia ou o efeito de drogas, era impossível lidar com os Baians, que pareciam tanques pesados.
— Dragões são diferentes de bestas. Mesmo que sejam degenerados, dragões têm a inteligência de um dragão. Humanos simplesmente não conseguem entendê-la. Mas você estará bem, Orba. Eles certamente abriram seus corações.
Quando os lábios da garota se separaram, ela falou como se estivesse cantando. No entanto, pelo conteúdo, que praticamente ordenava a Orba que “morresse”, era incompreensível até para um gladiador. Mas, como mencionado anteriormente, a verdade era que ele nunca vira alguém mais habilidoso em lidar com dragões do que ela. Além disso, ao ver seu sorriso característico e desprotegido, por alguma razão misteriosa, ele estava disposto a acreditar em qualquer coisa absurda que ela dissesse.
Orba se aproximou lentamente do Baian. O dragão começou a chutar as patas traseiras no chão, soltando um único rosnado e puxando a língua, que era bifurcada, para dentro e para fora inquietamente, enquanto olhava para Orba com olhos semelhantes a contas de vidro.
Orba instantaneamente reuniu sua coragem. Ao se mover para o lado, transmitiu-a para as pernas e pulou em direção às costas do dragão e, em um instante, ele aterrissou na parte traseira do dragão. Para evitar ser jogado fora, Orba envolveu os braços ao redor do pescoço grosso. Embora inesperadamente, parecia quase como se o sangue quente do dragão fosse transmitido ao tocá-lo, e Orba naturalmente não sabia se havia alguma mudança na mentalidade do dragão. No entanto, o Baian lentamente se levantou e começou a caminhar em direção ao lugar guiado pela jovem.
— Este filhote nasceu há apenas meio ano — disse Hou Ran enquanto guiava a besta. — Mesmo após meio ano, seu corpo já não é menor que o de um adulto. No entanto, eles ainda são crianças no coração. Mesmo assim, entre os treinadores de animais, há aqueles que não conseguem ver a distinção.
Os quatro Baians foram colocados em uma nova gaiola com um sistema de polia. Essa gaiola poderia ser puxada por dois Sozos ou um único Houban, mas como os Sozos eram considerados imprevisíveis — embora Hou Ran dissesse que os dragões Baians eram na verdade os mais caprichosos, já que era impossível suprimir um completamente — eles passariam a jornada em uma gaiola.
Então, enquanto todos estavam apressados nos preparativos, a uma hora da partida, dragões de pequeno porte de repente invadiram o campo de parada.
Eram três Tengos em fila. Eles eram ainda menores que os Baians e, por causa de sua capacidade de manobrar em curvas fechadas eram frequentemente usados no campo de batalha em vez de cavalos. Suas cabeças grandes se assemelhavam às de pássaros, com pescoços longos quase curvados ao chão, e se moviam saltitando sobre duas pernas finas.
Quando os dragões pararam bruscamente, o líder dos cavaleiros, quase lançado ao chão pela força, caiu.
— Droga, é por isso que dragões…
O homem, cuspindo a areia que parecia ter entrado em sua boca, tinha seu corpo rechonchudo coberto por uma túnica roxa. A julgar por sua aparência, ele parecia um mercador rico que ganhava dinheiro fácil. As duas figuras atrás dele, também montadas em seus respectivos dragões, desceram rapidamente e estenderam a mão ao homem que parecia ser seu patrão, enquanto Hou Ran corria em sua direção.
O Tengo da frente havia dobrado as pernas e se agachado. Provavelmente havia sido sobrecarregado, pois vomitava uma espuma branca pela boca. Ran estava prestes a acariciar a nuca do dragão quando,
— Não se aproxime de Sua Excelência, escrava!
Houve o golpe único de um chicote. Embora Ran tentasse imediatamente pular para trás, ela caiu e arranhou o tornozelo. Ran não fugiu, no entanto, mas encarou o soldado armado bem à sua frente. Ele ainda era um soldado jovem, e quando notou o cabelo e a pele de Ran, sua expressão ficou ainda mais furiosa.
— A tribo que adora o Deus Dragão, hein? Malditos selvagens impertinentes…
A tendência de menosprezar os nômades, que não possuíam território fixo, como um povo incivilizado era forte em todas as terras. Nesse sentido, assim como no caso de Orba, Tarkas era completamente pragmático.
O soldado brandiu o chicote mais uma vez.
Mas logo depois, ele soltou um gemido baixo e ficou rígido. A mão de Orba veio de lado, agarrou seu pulso e o torceu para cima. Enquanto ele se contorcia de dor, curvando a coluna, foi chutado para frente.
— Não sei onde está sua “Excelência”, mas temos nossos próprios métodos aqui. Se você odeia se misturar com escravos, não deveria pisar em um antro de escravos. Por favor, retire-se.
Ele arrancou o chicote do soldado e o jogou no chão.
— V-Você! Saiba seu lugar, caramba!
O soldado estava prestes a se levantar e sacar a espada da cintura quando,
— Espere! Espere, Orba!
Tarkas corria em sua direção. Ele usou toda sua força para impulsionar seu corpo robusto, que era proporcional ao do homem de túnica.
— S-Seu idiota! Basicamente, você não deveria falar fora de hora. Volte imediatamente para os preparativos!! …Ohh, Fedom-sama, se houve alguma falta de cortesia, peço humildemente seu perdão. Especialmente considerando que sua excelência veio pessoalmente a um lugar tão sórdido como este…
— Ah, pode relaxar. Não precisa se curvar, Tarkas — disse o homem de túnica, esfregando as mãos e apertando a mão do mercador de escravos. — Tenho negócios com este homem aqui. Orba? Sim, era Orba. Você.
Ele apontou o dedo para a máscara que Orba, que estava prestes a partir apoiando o ombro de Ran, usava.
Naturalmente, Tarkas ficou surpreso, mas Orba também. Em primeiro lugar, era bastante raro que alguém de fora se referisse a um espadachim-escravo pelo nome.
Orba parou. Quando tentou se lembrar onde ouvira o nome Fedom antes, o rosto se distorceu de forma bizarra, já que não se parecia com o de nenhuma pessoa que Orba já vira até então. Só muito depois ele percebeu que era um sorriso, sufocando o desdém usual por escravos, como se tentasse adivinhar seu humor geral.
Naquele momento, ele esqueceu completamente aquela expressão estranha, pois o homem começou a dirigir palavras inesperadas a Orba.
— Você se lembra de mim? Não, talvez não se lembre. Na época, você mal estava consciente. Sou um membro do conselho da Dinastia Imperial de Mephius, o Senhor de Birac. Também atuo como chefe do Grêmio dos Gladiadores, e fui eu quem colocou essa máscara em você.
Era a primeira vez que ele entrava no escritório de Tarkas sem o próprio dono presente. Mas, é claro, ele não se importava com algo assim. Acima de tudo, os olhos famintos de Orba estavam fixos no homem diante dele — aquele que se chamava Fedom, um aristocrata proeminente de Mephius.
— O que há com esses olhos? Parece que você imediatamente sacaria uma espada e cortaria minha cabeça, se tivesse uma.
Eu poderia até estrangulá-lo até a morte com as mãos nuas, pensou Orba, mas é claro que não disse essas palavras em voz alta. Ao lado de Fedom estava um menino que poderia ser um pajem, um jovem pálido semelhante a um criado, e um soldado que era o único armado. Seria realmente descuidado.
— Mesmo que você guarde rancor de mim, é como se estivesse culpando a pessoa errada. Não é por minha causa que você foi aprisionado, mas por causa de seus próprios crimes.
— Então…
Foi a primeira vez que Orba abriu a boca desde que o homem chamara seu nome.

— Por que você me fez usar essa máscara? Isso é o que vocês nobres chamam de diversão? Não importa o quanto eu sofra, porque sou apenas um escravo!?
— Cuidado com suas palavras, moleque! — o soldado gritou com raiva.
Mas Fedom disse:
— Eu não me importo. Não tenho a liberdade de brincar com escravos que não têm certeza do seu amanhã — ele continuou. — No entanto… só porque seus dias eram incertos, sim, como é admirável que você tenha sobrevivido até hoje. Naquela época, você não passava de uma criança. Ter sobrevivido como gladiador por dois anos… pode ser chamado de sorte? Não. Em vez de algo como sorte, isso é, como dizem, capricho do destino? Supostamente, isso decide a vida de todos os humanos desde o instante da criação do universo, certo?
Ele virou a cabeça para o jovem atrás dele. O jovem deu um sorriso fino e acariciou levemente o queixo. Embora, de certa forma, fosse mais desrespeitoso do que a atitude de Orba entre a nobreza de Mephius, Fedom não mostrou sinais de que estava incomodado com isso.
— Além disso, você era praticamente uma criança na época, mas seu físico também se tornou consideravelmente mais adulto nesses dois anos. Você não seria a mesma pessoa se não fosse pela máscara… Hmph, o timing está um pouco fora, no entanto. Dê mais um ano e seu corpo teria se desenvolvido cada vez mais, mas também poderia ter acabado mal.
Claro, Orba não tinha absolutamente nenhuma ideia do que esse homem estava falando. Fedom falava como se tivesse se reunido com um velho amigo que sentia falta, enquanto, para Orba, aquilo tinha sido uma maldição, por assim dizer, já que a máscara sempre separou seu rosto do exterior com ferro durante aqueles dois anos, durante os quais continuou a queimar seu rosto ferozmente por um período.
Ele se debatera, manchado de sangue por tentar arrancar a máscara com as unhas, e quebrou os tornozelos onde a corrente prendia seus pés devido às suas lutas. E, cada vez, Orba amaldiçoava tudo pelo destino que perdera e pelo destino que recebera em troca.
De fato, por dois anos, aquela máscara estivera com Orba, que ainda não aceitara as dificuldades e mortes, e ela se tornara o próprio símbolo de sua determinação em recuperar o que lhe fora tirado pela mesma mão que tirou sua mãe, irmão e Alice.
E então, de repente, um nobre desconhecido apareceu diante dele, dizendo que foi ele quem o fez usá-la. Era como Fedom dissera, se ele tivesse uma espada à mão… Não, poderia ser uma espada ou uma adaga, ou apenas um vaso muito pesado, qualquer coisa por perto que pudesse ser usada para matar. No instante em que Fedom mostrasse uma abertura, ele saltaria e a esmagaria no rosto do homem. Claro, mesmo agora, ainda não era tarde demais para isso.
Mas, independentemente de Fedom saber ou não sobre o potencial suicídio duplo de Orba, o homem continuou a protelar.
— Muito bem, Orba. Vou tirar essa máscara, bem aqui neste lugar.
— O quê?
— E isso não é tudo. A partir de agora, você também será liberado de seu status de escravo. Não há mais necessidade de você pegar uma espada e matar. No entanto, isso não significa que você será um homem livre. É simples, estas são as condições. Daqui a pouco, Tarkas o deixará sob minha custódia, mas não é mais do que isso.
— Espere-!
— E durante esse tempo, você não vai contrariar minhas palavras e fazer o que digo. Não há necessidade de ter medo. É muito mais fácil do que estar entre escravos e matar uns aos outros. Você apenas me obedecerá como um fantoche. No entanto—
— Espere!
Orba deixou escapar um grito sem querer. Ele balançou a cabeça irritado diante do Fedom sem palavras à sua frente.
— Se você é quem me fez usar essa máscara, por que agora de repente vem removê-la? E por que você me libertaria da escravidão se eu ainda tiver que seguir suas ordens? Que tipo de piada é essa!? Qual é a razão de você querer remover minha máscara aqui e agora? Por que você me fez usá-la em primeiro lugar? Vocês, bastardos, manipularam tão facilmente o destino de uma pessoa para suas próprias satisfações caprichosas! Quanto mais entretenimento vocês buscam!?
Embora não estivesse interessado nas palavras em si, provavelmente porque não conseguia entender quanto sofrimento havia sido incluído naquele período de dois anos, Fedom se encolheu, surpreso. Ele trocou de lugar com o soldado, que avançou para proteger seu mestre. Orba encarou a figura de Fedom sobre o ombro do soldado, enquanto um brilho afiado surgia em seus olhos por trás da máscara.
— O que você pretende fazer ao tirar a máscara, me libertar da escravidão e me comprar? Está criando algum tipo de assassino infantil!?
— E-Espere. Espere, eu digo.
Desta vez, era Fedom quem assumia o controle. Escondido atrás das costas do soldado, ele enxugou o suor da testa.
— Eu entendo. No entanto, não temos tempo suficiente e este não é o lugar. Seria melhor se eu dissesse que você será morto se não seguir minhas ordens?
— Então é melhor você começar a falar logo! O que pretende fazer comigo!?
O pomo de Adão do soldado subiu e desceu. Mesmo que fosse apenas uma pessoa desarmada à sua frente, parecia que ele estava enfrentando um animal carnívoro com aqueles olhos dourados e brilhantes encarando-o.
Nobre e escravo. Basicamente, os dois nem deveriam se olhar nos olhos, mas a aura de intimidação que invertia essas posições entre eles estava gradualmente ocupando a sala. Então,
— Tudo bem, espere um pouco.
O jovem estudante interveio na conversa. Ele deu um passo à frente, posicionando-se entre Orba e Fedom.
— Esta não é uma história extremamente complicada. Mas para explicá-la desde o início, certamente leva um tempo precioso. O que devo fazer para tentar convencê-lo primeiro? Posso começar tirando a máscara?
— Uma vez removida, ela não pode ser usada novamente — disse Fedom, infeliz. — Se esse cara disser que não vai obedecer depois, qualquer vantagem, exceto matá-lo, desaparece.
— Há inúmeras maneiras de fazer isso. Gostaria que você tivesse fé em mim.
Enquanto ouvia a estranha troca entre os dois, Orba percebeu que o homem, que parecia um jovem, na verdade tinha uma idade considerável. Ele tinha uma voz um tanto rouca, e seus cabelos eram misturados com fios brancos.
— Entendo, Hermann. Vá em frente.
Recebendo a permissão de Fedom, o homem chamado Hermann se dirigiu ao lado de Orba. Orba recuou por reflexo e se surpreendeu quando sentiu os dedos do homem se fixarem firmemente em sua máscara.
Orba era capaz de determinar a distância de sua própria espada e lança, e também medir instantaneamente o alcance de ataque de seu oponente. Esse era o talento que Orba também tinha dois anos atrás, e o que o fez sobreviver por tanto tempo.
E, no entanto, Hermann conseguiu se aproximar silencia e facilmente de seu peito.
— Não tenha medo — disse Hermann com um sorriso. Tendo aplicado os dedos na máscara, ele se aproximou ainda mais de seu rosto.
— Essa máscara não sai nem com força sobre-humana. Além disso, não existe algo como uma “chave” para removê-la. Mas acho que você sabe disso melhor do que ninguém depois desses dois anos, certo?
Orba duvidou se quem estava usando a máscara não era Hermann. Seria porque parecia que ele havia colocado pele humana em sua face e, na verdade, estava escondendo seu verdadeiro rosto por trás dela? A pele estava estranhamente rígida e, dependendo do ângulo da luz, ele poderia não parecer um jovem afinal.
Mas, acima de tudo, eram aqueles dois olhos fitando-o. Diferente de sua expressão facial, apenas os olhos emitiam uma luz afiada semelhante à de uma espada. O homem não se parecia com nenhum dos muitos oponentes formidáveis que Orba enfrentara, mas ele foi tomado por um medo que superava todos eles.
— Não me toque — disse Orba, tremendo, sem querer admitir para si mesmo que havia perdido suas presas. — Além disso, se você não tem uma chave, como vai remover a máscara?
— A chave foi algo que eu inventei. Eu disse para não ter medo. Agora, depois de dois anos, vou libertá-lo.
Antes que Orba pudesse retrucar, houve sinais de dedos se mexendo e tocando. Parecia vir de dentro do próprio corpo de Orba.
Um som feroz ecoou. Parecia que o mundo inteiro começara a rachar, enquanto a máscara de Orba começava a se mover. Ao perceber que não sentia nenhum apego por terem estado juntos por esses dois anos, enquanto ela lentamente se movia para os lados, de repente caiu. Ela caiu com um som estranhamente doce e estridente no chão. Incapaz de se mover depois disso, Orba acariciou suavemente suas bochechas.
Era uma sensação deslumbrante, sem emitir som, e ele imediatamente cobriu os olhos com a mão. Embora parecesse que Hermann usara algum tipo de ataque mágico, na verdade, ele já sabia a resposta. De alguma forma, isso era mais chocante para ele do que alguém mirando em sua vida a curta distância, o que fez seu corpo tremer.
Orba — amplamente reconhecido como um espadachim de primeira classe que, uma vez que pegava uma espada, não temia nada — irritou-se consigo mesmo por agora estar se assustando como uma criança e lentamente abriu os olhos.
Havia a figura de Fedom parada, imóvel. Não, não era só ele. O soldado presente e o pajem também estavam olhando fixamente, de boca aberta. Eles não moviam um único músculo.
Então, de repente, o jovem soldado se mexeu. Parecia que ele voltara a si, quando de repente se ajoelhou no chão.
— P-Príncipe herdeiro!? — o jovem disse com uma voz trêmula. — Isso… p-peço desculpas pela minha grosseria. Eu não sabia que você era o príncipe. Por favor, imploro seu perdão!
— Impossível — disse Fedom. Seu corpo gordo tremia por completo. — É impossível! Mas… mas, Hermann. Ele não se parecia nem um pouco assim antes. Mesmo levando dois anos em consideração, eu nunca esperaria uma imagem espelhada como esta…
— É por isso que se chama feitiçaria — Hermann riu com uma voz abafada. — Eu não te disse? Com sorte ao seu lado, esse homem certamente se tornará útil ao mestre.
Por um tempo, nenhum som saiu da boca de ninguém.
Orba claramente perdeu a consciência de sua voz e corpo. Ele timidamente tocava suas bochechas de carne e osso. Não havia toque de ferro. Aquela máscara dura e fria estava completamente ausente, substituída por uma pele quente e macia. Meio atordoado, Orba se perguntou se tudo isso não seria apenas um sonho.
— Quer um espelho?
O único calmo, Hermann, indiscriminadamente revirou a mesa de Tarkas, pegou um espelho de mão e o jogou para Orba. Ao pegá-lo em suas mãos, Orba olhou para ele com a respiração presa.
Um homem de rosto pálido e olhos estreitos o encarava. Esses dois anos, sempre que ele olhava em um espelho, apenas aquela máscara de ferro imitando um tigre aparecia diante dele. Inicialmente, ele sentiu que não havia como confundir isso com a realidade, mas logo, Orba teve uma sensação desconfortável que obstruía sua felicidade.
Era definitivamente seu próprio rosto. E, no entanto, algo estava diferente. Embora seus olhos, nariz e boca certamente tivessem permanecido os mesmos, ele tinha a suspeita de que certos ângulos sutis haviam mudado.
Dois anos se passaram. Era possível que ele tivesse esquecido seu próprio rosto?
Não… mas ele não sabia o motivo disso. Afinal, ele tinha a sensação de que seus olhos estavam estranhamente afiados em comparação com antes, seus lábios haviam ficado um pouco mais finos e seu nariz parecia ter ficado ligeiramente maior.
— Bem, então.
Fedom quebrou abruptamente o silêncio que fluía até então.
— Se for assim, suas intenções não serão mais um problema. Parece que você foi decidido há dois anos. Por algum poder dos deuses, demônios, o Deus Dragão antigo, ou talvez até uma existência da qual não sabemos o nome. Sem isso, você nunca poderia ser tão parecido.
No momento em que Orba sentiu vontade de perguntar sobre o que ele estava falando, Fedom imediatamente fez uma declaração.
— Você já não é mais este “Orba”. Claro, você também não é mais um espadachim-escravo. A partir do momento em que a máscara foi removida, você nasceu de novo como uma pessoa diferente. Mais do que isso, você nem é um homem comum que se pode encontrar em qualquer lugar. Entendeu? A partir de hoje, você graciosamente se tornou o conhecido herdeiro do trono da Dinastia Imperial de Mephius, Gil Mephius!
Fedom imediatamente tirou Orba do campo de treinamento de gladiadores do Tarkas. Como tudo foi feito tão rapidamente, por um momento, nem parecia que ele havia sido libertado da escravidão. Estava mais para terem chegado a um acordo sem informar Tarkas sobre isso.
Como Orba obviamente não esperava que seu inferno como espadachim-escravo terminasse de repente dessa forma, ele não sentiu que realmente havia sido libertado. Mais do que isso, ele realmente não sabia em cujas mãos havia caído e quais planos para o futuro ele seria envolvido, como sempre aconteceu desde sua infância até agora.
Fedom possuía várias mansões espalhadas pelo território de Mephius. Embora ele tenha levado Orba para uma delas, por algum motivo, Orba foi instruído a cobrir o rosto com um manto durante o trajeto.
Fedom levou Orba a um quarto com um tapete estendido por todo o chão, trancou a porta e disse que ele finalmente poderia tirar o manto. O soldado e o pajem que também estiveram no campo de treinamento eram os únicos outros presentes na sala. O mago chamado Hermann havia desaparecido.
Depois que ele tirou o manto, todos os presentes mais uma vez olharam atentamente para seu rosto.
— Não importa quantas vezes eu veja… isso. Parece que alguém está pregando peças na minha mente. Como se você fosse realmente o príncipe imperial de Mephius, Gil, e estivesse me testando.
— Sou eu que não entendo essa merda! O príncipe imperial de Mephius!? Do que diabos você está falando? Fale de um jeito que um gladiador como eu possa entender!
Orba estava ficando consideravelmente irritado. Sem se ofender com sua maneira insolente de falar, Fedom balançou a cabeça.
— Naturalmente — ele disse, e começou do início.
A história remontava a dois anos atrás. Do dia em que Orba foi preso.
Fedom, que era o Senhor de Birac, originalmente não daria atenção ao relatório sobre a prisão de Orba, já que ele era apenas um criminoso insignificante, mas, por algum motivo, ele recebeu uma mensagem urgente dos guardas da cidade.
Mas quando ele deu uma única olhada na figura de Orba deitado em sua cela, não pôde evitar soltar uma voz de surpresa.
— Você realmente se parecia muito com o príncipe herdeiro de Mephius.
Fedom refletiu sobre isso por um tempo. Mesmo nos melhores momentos, o príncipe herdeiro era conhecido por seus maneirismos excêntricos. Embora ninguém realmente acreditasse que o príncipe apareceria na arena como um gladiador, dúvidas sobre sua linhagem poderiam manchar a dignidade da família imperial e, no máximo, causar problemas no futuro distante, o que, por sua vez, poderia questionar a lealdade de Fedom.
Então, ele decidiu esconder o rosto de Orba. Foi por isso que o fez usar aquela máscara específica.
Claro, Orba acreditava que não era só isso. Embora ele estivesse surpreso ao ouvir que se parecia com o príncipe herdeiro, parecia um pouco exagerado solicitar a ajuda de um mago.
A dor que parecia queimar seu rosto com chamas. A sensação estranha que ele teve de si mesmo ao tocar o rosto depois de remover a máscara. Eles não levaram todas essas coisas em consideração desde o início?
Seu corpo inteiro mais uma vez fervendo de raiva, Orba fingiu estar calmo.
— Entendo o motivo de ter que usar a máscara. Então, qual é o motivo de você tê-la removido?
— É como eu disse antes.
— Tornar-me o príncipe? Você quer dizer para me tornar um sósia?
— Oh? Parece que você está pensando corretamente. É exatamente isso. Se é tão parecido com o príncipe, deve ser capaz de servir à nação simplesmente por isso. Acho que você deveria se sentir honrado. Além disso, tudo será em troca de sua libertação da escravidão, e de sua liberdade. Certamente não há mais nada a dizer além disso.
— Mephius não deveria assinar a paz com Garbera? Outra guerra está prestes a acontecer?
— Um sósia não é alguém útil apenas no campo de batalha. Mas se você sabe da paz, também sabe sobre o casamento do príncipe?
— É porque eu era um dos gladiadores.
— Bem, agora você seguirá para o Vale de Seirin por um motivo diferente.
Fedom explicou que parecia haver muitas pessoas dentro e fora do país que não estavam à vontade com o casamento. Por algum acaso, era possível que alguém tentasse interferir no casamento, causando deliberadamente um tumulto, e alguns deles poderiam tentar assassinar o príncipe herdeiro ou a princesa de Garbera.
— A probabilidade de que o perigo alcance o príncipe é alta. Naturalmente, pretendemos realizar uma unidade de guarda impecável. No entanto, como queríamos construir uma relação de aliança mútua o mais rápido possível, decidimos por este casamento às pressas. Decidimos usá-lo como um seguro, caso o pior cenário aconteça.
Orba passou um tempo pensando. Parecia que ele havia sido colocado nessa posição em um prazo muito curto. O casamento seria em três dias. Tendo sido apenas um gladiador há pouco tempo, ele teria que agir como um príncipe em três dias.
Que história absurda!
Embora ele quisesse recusar, já que a história não parecia ter fundamento, se fosse verdade que a maioria das circunstâncias mencionadas eram segredos de Estado altamente confidenciais, isso já poderia ser uma questão de vida ou morte para Orba. Se ele recusasse, significava a morte.
Antes, Orba já havia trocado palavras ameaçadoras, mas seu oponente não havia sido dissuadido. Suor começava a se formar vagamente em seu rosto, exposto ao ar pela primeira vez em dois anos. Isto era diferente das lutas de gladiador até agora. Não era um oponente que ele poderia vencer apenas lutando.
O príncipe de Mephius, hein…?
Um pensamento passageiro surgiu em sua mente. Seu coração batia violentamente do outro lado de seu peito largo. Orba inspirou fundo e, mais uma vez, manteve uma aparência calma enquanto perguntava:
— Se eu tiver que ser um sósia, por quanto tempo terei que agir como o príncipe? E quanto à parte final da cerimônia de casamento?
— Por quê? Você deseja pular para essa parte tão rápido? — disse Fedom, rindo satisfeito. — Escusado dizer, você não pode se infiltrar na cama da princesa na noite de núpcias. Você terá que manter o papel até que julguemos que foi o suficiente. Não será por muito tempo.
— Deixe-me perguntar mais uma coisa.
— O que é? Fale.
— Onde está a garantia de que você não me matará quando isso acabar?
— O quê?
— Se descobrirem que você usou um sósia para um casamento entre membros da realeza, podemos assumir que isso manchará o orgulho de Garbera e a guerra pode se espalhar novamente. Até a pessoa mais insignificante que sabe sobre o sósia pode comprometer a história. Mas dizem que mortos não contam segredos, certo?
Orba lançou um olhar para o soldado e o pajem dentro da sala. O pajem já estava pálido, mas o soldado também mostrava sinais de tremor. Fedom fez um som de desaprovação com a língua, seu bom humor dando uma virada completa.
— Você é apenas um escravo, e ainda assim pretende fazer um acordo comigo? Não há necessidade de se preocupar com coisas desnecessárias. Mas você está certo, alguém pode agir como você diz. Obviamente, é fora de questão deixá-lo ir, já que você tem o rosto do príncipe. No entanto, e digo isso porque não contradiz o que eu disse antes, um sósia não é útil apenas no momento da cerimônia de casamento, certo? Embora geralmente haja alguns inconvenientes que possam dar razão para você cobrir o rosto, pretendo deixá-lo levar uma vida decente como uma pessoa sob minha proteção.
Orba ficou em silêncio por um tempo novamente. Seu rosto se parecia tanto com o do príncipe herdeiro que até mesmo Fedom ficou surpreso. Então, certamente isso não fazia parte de seu plano original. Mas, é claro, isso de forma alguma levaria a uma garantia perfeita para tudo.
— Entendo — disse Orba, dando seu consentimento. — É um acordo. Essas não são condições ruins. No entanto, não tenho confiança de que alguém será capaz de me fazer memorizar os gestos apropriados para um príncipe herdeiro.
— Então é um acordo, pelo que posso ver. As negociações estão concluídas.
Dando um sorriso, Fedom saiu de seu lugar, como se nem tivesse vindo para ficar parado e olhar para os frutos de seu trabalho.
— Venha aqui. É por isso que trouxe meu pajem Dinn, que, para começar, ensinará a você as etiquetas necessárias enquanto isso.
Um período agitado se passou para Orba nos três dias seguintes. Ele não precisava limpar os alojamentos, cuidar dos dragões, praticar sua espada ou se ocupar com outros trabalhos que desgastavam sua mente e corpo. No início, ele presumiu que a única correção necessária era simplesmente endireitar sua postura. Jogar o peito para frente, endireitar as costas e puxar o queixo para dentro. Mas ele também teve que se familiarizar com uma nova maneira de andar.
O pajem, Dinn, não só tinha traços encantadores, mas também demonstrava suas habilidades como um excelente treinador, dando a Orba ordens rigorosas passo a passo.
Usando partes de sua mente que normalmente não usava, ele honestamente ficou tão exausto que estava sem fôlego, mas outro tipo de treinamento o aguardava imediatamente depois.
Dinn pegou um espelho de mão. Quando Orba perguntou o que viria a seguir, o garoto entregou-lhe o espelho e disse:
— Como sorrir — enquanto lhe dava um sorriso.
Aquela agenda lotada, em três dias, não parecia poupar tempo para ele descansar a mente. Embora Orba nunca esperasse se tornar repentinamente um príncipe herdeiro – parecia uma noção ridícula, toda vez que ele pensava em como havia sido jogado nisso – o lembrava de seu tempo como espadachim-escravo.
Eu vivi esses dois anos para quê? Fui ordenado como um cachorro estúpido a arriscar minha vida, matar outras pessoas, e para quê?
Ele continuou a jogar lenha na fogueira para manter a chama azul da vontade ardendo no fundo de seu coração.
Se eu fugir daqui, serei morto imediatamente ou, na melhor das hipóteses, voltarei a ser um escravo.
Era difícil perceber, já que tudo aconteceu tão de repente, mas havia pelo menos um lado positivo. E se até mesmo uma única luz brilhasse em sua vida, já que Orba havia caminhado e tateado no escuro todo esse tempo, era inegavelmente um sinal de progresso dentro dessa mudança drástica em seu ambiente.
Esses dois anos, ele quase se perdeu entre o sangue, vômito, fluidos espinhais e entranhas, sabendo que não poderia alcançar um lugar tranquilo. Mas não havia como ele parar de estender a mão, mesmo que o que ele visasse segurar fosse quase como tentar alcançar o céu.
Pelo menos, era isso que Orba acreditava. E assim, ele continuou a receber obedientemente a educação do garoto.
Quando o sol se pôs, embora Dinn também o tivesse instruído a isso, ele se imergiu em uma banheira de água quente e limpou seu corpo. Ele podia esticar o corpo o quanto quisesse, e cortaram uma grande quantidade de seus cabelos negros desgrenhados que estavam amarrados nas costas. Também barbearam seu rosto com uma navalha, e quando ele saiu da banheira, roupas íntimas de linho fino, uma túnica de seda e calças de veludo estavam preparadas para ele.
Para dormir, ele recebeu uma cama tão grande que tinha espaço de sobra, mesmo que estendesse os braços e as pernas excessivamente. A cama o lembrava do toque das mulheres de pele clara com quem ele havia passado várias noites quando ainda era o líder dos garotos.
Onde estou?
Enquanto vagava sonolento entre o sono e o despertar, Orba de repente ouviu sua própria voz dentro de si.
Irmão… não consigo dormir.
Segure minha mão…
Irmão…
Vale de Seirin – a terra onde dizem que pisaram pela primeira vez neste planeta a partir da Nave de Imigrantes Espaciais. Era uma história da era mitológica, há mais de quinhentos anos. Quando você ouvia o conto, parecia de fato uma terra sagrada, embora bastante exagerada, mas havia virtualmente dezenas de lugares com lendas semelhantes espalhados por todo o mundo.
O vale ficava em uma parte isolada ao sul. Escavado nos penhascos, havia um pequeno palácio construído de madeira e mármore. Havia relevos rasos exibidos nas paredes da passagem que mostravam os muitos eventos lendários que ocorreram desde o tempo da “descida sagrada” da nave espacial até a fundação de Mephius. Como eram decorados com muitos tipos de joias, as sombras se contorciam para frente e para trás sempre que eram iluminadas pelo fogo dos braseiros de ferro, fazendo parecer que estavam vivos e respirando.
E, o amplo salão aberto que ficava ainda mais no interior havia reunido uma enorme multidão de damas e cavalheiros. Embora estivesse dentro do penhasco, havia muita luz, e as luzes cintilantes de vidros suspensos estavam espalhadas por todo o lugar.
Um grupo de músicos mestres havia se posicionado em um canto e tocava várias músicas, desde o estilo antigo até as músicas de ritmo acelerado atualmente populares, dependendo do pedido. Várias pessoas começaram a improvisar suas danças, e as risadas aqui e ali não cessavam.
— Príncipe — alguém o chamou.
— Sua Alteza, parabéns.
— Príncipe Gil!
— Parabéns pelo seu casamento.
Todas as pessoas se misturavam, embora o chamassem de “Sua Alteza” ou “Príncipe Gil”, e o cumprimentavam com sorrisos. Orba fez exatamente o que lhe ensinaram quando foi confrontado com eles, dando um sorriso generoso e levantando levemente a mão em resposta.
Fedom estava caminhando perfeitamente perto de Orba.
— Ouça, Orba — Fedom dissera naquela manhã, quando veio buscar Orba de carruagem. Um ar tenso de um guerreiro pronto para lutar uma batalha até a morte pairava ao seu redor.
— Naturalmente, as pessoas que participam da festa do lado de Garbera, mas até mesmo as do lado de Mephius, não foram informadas sobre sua verdadeira identidade. Afinal, não sei de onde tal informação pode vazar. Mas o comportamento e tal da família imperial não é algo que você pode dominar em três dias ou mais. Você não faz nada. Você não pensa em nada. Você não olha para nada. Você se move quando eu digo e fala quando eu digo. Isso é tudo. Entendeu?
Apesar de tudo, ele sentia que seu corpo de forma alguma estava acostumado com sua maneira de andar. Parecia-lhe difícil caminhar, mesmo comparado a ter os pés acorrentados.
Acima de tudo, eram as pessoas – as muitas pessoas. Elas estavam vestidas com roupas tão finas que seus olhos giravam, e nenhuma delas estava ignorando Orba. As que estavam por perto se curvavam, expressavam sua gratidão ou se aproximavam com as mãos levantadas. E todas sorriam, dizendo a palavra “parabéns”.
As que estavam à distância apontavam para Orba. Agrupando-se e conversando entre si enquanto o olhavam.
Não – não era sobre Orba. A pessoa que eles viam em seus olhos e cumprimentavam com suas vozes não era Orba. Ele entendia isso. Embora ele soubesse disso há não mais que três dias, ainda achava impossível se imaginar como o príncipe herdeiro.
De repente, Orba até esqueceu como andar e mal conseguiu retribuir os cumprimentos de um de seus servos. No entanto, eles apenas interpretaram como um gesto encantador, aparentemente pensando que a tensão era causada porque ele estava prestes a ter seu primeiro encontro com sua noiva.
— Jogue o peito para frente um pouco mais — Fedom sussurrou obstinadamente em seu ouvido. — Você não é um gladiador? Como pode ter medo de um lugar como este?
Ele queria chamá-lo de idiota, mas não pôde, e quanto mais ele se dava conta de sua maneira desajeitada de andar, mais seu rosto continuava a se contorcer. Longe de ter um comportamento digno de um príncipe, Orba ainda não havia se acostumado com seu próprio rosto após remover a máscara de ferro.
Ele rapidamente desviou o olhar para a mesa, onde havia tanta comida disposta que, não importa quantas pessoas estivessem neste salão, elas definitivamente não conseguiriam comer tudo. Para piorar, nenhum prato estava vazio, pois se até mesmo um único prato vazio se destacasse, era imediatamente substituído por outro completamente cheio de iguarias.
Se ele estendesse a mão para pegar um punhado, provavelmente valeria mais do que a comida anual de um espadachim-escravo. Quando criança, ele só conseguia ver frutas coloridas e brilhantes penduradas nas beiradas, ou sentir o aroma fragrante de carne grelhada estimulando seu apetite, quando terminavam um trabalho muito grande. Mas, embora fosse apenas uma pequena quantidade, mesmo isso não era nada comparado à montanha de alimentos caros empilhados diante dele.
Será que aqueles que comem essas coisas todos os dias são os mesmos que queimaram minha vila?
Mesmo pensando nisso agora, ele não podia deixar de se lembrar, já que as famílias nobres de Mephius estavam gravadas em seu coração como alvo de seu ódio por muito tempo, nossa gente mal conseguia administrar a colheita do ano, mas eles levaram a pequena quantidade de provisões que tínhamos em estoque, queimaram tudo e ainda mataram pessoas…
Orba apertou o punho com força sob as longas mangas de suas roupas cerimoniais.
Com rostos orgulhosos, eles afirmam que algo como essa quantidade desperdiçada de comer, beber, dançar e rir é civilização e o modo de vida nobre. Eles estão olhando para o meu povo com desdém, rindo de nós.
Vocês todos podem morrer!
Seus filhos da puta são bárbaros devoradores de homens. Vou botar fogo neste lugar. Vocês podem assar nas chamas, eu não me importo! Vou elogiar seu orgulho nobre se ainda conseguirem rir enquanto seus membros estão sendo devorados!
Uma onda de raiva passou por um momento, mas logo após a febre atingir o ápice, apenas o frio permaneceu.
Ainda não.
Orba lutou para manter um sorriso no rosto enquanto rangia os dentes com dificuldade. Ele eventualmente os assaria e mataria, mas aqui e agora não era o momento ou o lugar para agir.
No momento, Orba não podia fazer nada. Essa situação de Fedom usá-lo como sósia do príncipe aconteceu tão rápido, mas algum dia ele encontraria uma oportunidade. Até lá, de certa forma, para conservar suas forças e como meio de obter informações, ele tinha que fazer o que Fedom mandava…
Então, o barulho ao seu redor aumentou, e Orba, entendendo por experiência que a atmosfera no salão havia mudado, também ergueu a cabeça. Até agora, o vento de seus olhares só soprava contra Orba, mas agora havia uma rachadura na tampa.*
Uma única garota apareceu do outro lado do salão e, naturalmente, também atraiu os olhos de Orba. Acompanhada por uma mulher mais velha, ela entrou graciosamente com o rosto pálido inclinado.
— A terceira princesa de Garbera — Fedom sussurrou.
Embora Orba esperasse por isso, ele ainda não conseguiu esconder sua surpresa.
Ela não é ainda só uma criança?
Esses foram os pensamentos honestos de Orba. Até os braços que saíam de suas mangas eram finos, mas, embora parecesse que ele poderia quebrá-los se apenas os agarrasse, por algum motivo ela não passava uma impressão frágil. Ele até sentiu a dignidade de tirar o fôlego, com a coluna ereta e os longos cabelos balançando levemente ao longo de sua figura enquanto ela caminhava.
O vestido que ela segurava na barra tinha pouquíssimos bordados ou decorações requintadas, mas a falta de adornos não a impedia ou a tornava simples. O material de seda branca pura, na verdade, enfatizava ainda mais a pureza de sua beleza jovem e inocente, e sua sensualidade feminina.
— Princesa Vileena Owell. De fato, ela é atualmente sua noiva. Vá cumprimentá-la logo. Não seja grosseiro, mas também não se rebaixe. Você é o príncipe de Mephius, afinal.
Recuando um pouco no tempo, do outro lado estava a Terceira Princesa de Garbera, Vileena Owell.
Enquanto seguia pelo caminho através dos penhascos, assim como Orba, muitos olhares se voltaram para ela. Alguns deles soltaram suspiros profundos e lamentosos. Vileena, indiferente a eles de maneira quase infantil, ouvia a música tocada pelos músicos enquanto caminhava em direção ao salão.
— Bem, acho que eles mostram pelo menos alguns sinais de civilização — disse Theresia, caminhando ao seu lado, enquanto inclinava a cabeça em concordância.
Sentindo o mesmo, Vileena também abaixou levemente o queixo e acenou com a cabeça.
— Mas, princesa, por favor, seja discreta com o que diz. No máximo, chame-os de “trogloditas sábios” ou “remanescentes de ogros que adoram matar uns aos outros”. — Theresia então, acrescentou, pensativa.
— Enquanto Theresia estiver perto de mim — Vileena riu —, seja em Mephius, num campo de neve remoto ou em qualquer lugar, com certeza nunca ficarei entediada.
Theresia, que estava próxima a ela desde o nascimento, sempre agiu como sua guardiã. Embora seus cabelos já começassem a ganhar fios brancos, quando estava de bom humor, também fazia piadas perigosas como essas.
Ao entrarem no salão, Vileena ofereceu um sorriso diplomático enquanto vários nobres do Império de Mephius se aproximavam para cumprimentá-la, e Theresia deu um passo obrigatório para trás, posicionando-se atrás de sua senhora.
Embora não fosse a primeira vez que ela trocava palavras com a nobreza Mephiana, até agora sempre havia sido de natureza beligerante. Portanto, a maneira superficial com que eles forçavam um ar de pessoas cultas a enojava. Quando os nobres se despediram, Vileena relaxou os ombros com letargia.
— Mesmo assim, eles parecem querer tipos bem tradicionais para suas mulheres. Quando a primeira delegação que fez o pedido de casamento mencionou meu prazer em pilotar aeronaves, seus olhos ficaram, bem, grandes e arregalados. Em Mephius, mulheres não podem montar cavalos ou dragões, e parece que também não podem usar roupas que não cubram as pernas.
— Bem, então a princesa deve parecer bem masculina para eles. Sinto pena do seu parceiro, o príncipe Gil Mephius. Eles valorizam o “orgulho e a história” da família imperial, mas terão que aceitar que a princesa “marrenta” de Garbera, a pessoa que ficará ao lado do herdeiro do trono imperial, será feita imperatriz de todo o povo.
— É mútuo, somos dois iguais — disse Vileena, dando uma risada sem alegria, enquanto ajustava o enfeite no cabelo com a mão.
— Posso ser marrenta, mas o parceiro que tenho que acompanhar é o primeiro príncipe Gil Mephius, do Império de Mephius. Nunca ouvi uma única palavra boa sobre ele. Mesmo que a delegação deles tenha falado bem, tentando glorificar freneticamente o príncipe com lisonjas, foi uma cena lamentável. Porque tudo o que disseram soou hipócrita aos ouvidos, e parecia que nem eles mesmos acreditavam no que diziam.
Gil Mephius. Embora agora fosse um jovem de dezessete anos, era o primeiro herdeiro do trono imperial, destinado a assumir o Império de Mephius. Essa pessoa, que ela só havia visto em retratos, seria o marido de Vileena.
Eles se encontrariam face a face pela primeira vez agora. E no dia seguinte, de acordo com os costumes de Mephius, o ritual de casamento seria realizado no altar no topo do vale. Então, no terceiro dia, eles partiriam para a capital imperial, onde uma grande recepção seria realizada.
Não era apenas o casamento que seria consumado. Mais importante, com isso, a paz e a aliança entre Mephius e Garbera seriam estabelecidas. As batalhas que haviam florescido ao longo de dez anos finalmente chegariam ao fim.
É claro que até Vileena ansiava por isso, mas não havia nenhum bom rumor sobre o príncipe imperial que seria seu noivo. Diziam que ele era um covarde, nada parecido com seu pai — o atual imperador, Guhl Mephius —, que ele andava com seus jovens amigos, festejando noite após noite, e que exibia hábitos excêntricos.
— Dizem que ele é um tolo — Vileena havia declarado diante de seu pai quando ele lhe contou sobre o noivado.
Originalmente, um homem chamado Ryucown seria seu noivo. Ele era um general que comandava uma frota de aeronaves de guerra. Possuía uma coragem intrépida e era creditado por ter realizado serviços de destaque na guerra contra Mephius. Assim, o noivado dele com a terceira princesa Vileena tinha sido decidido durante os tempos de guerra.
Vileena também havia conhecido o homem em questão. Embora, francamente, seu primeiro encontro fosse algo tão dramático que até hoje era comentado no país, ela tinha apenas nove anos na época. Quando se reencontraram quatro anos depois, após o noivado ser arranjado, Vileena não tinha uma impressão clara do tipo de homem ele supostamente se casaria.
E então, quando se viram novamente, Ryucown era uma pessoa incrivelmente tímida, em contraste com as histórias ferozes de sucesso no campo de batalha. Ele não conseguia pensar em uma única história para contar à princesa do reino, e seu sorriso, quase como uma zombaria de si mesmo, era desajeitado. Ela não sabia se gostava dele ou se o odiava. Apenas sabia que parecia um argumento adequado que seu casamento seria em prol de toda a nação.
No entanto, por vários meses, a frente de guerra havia entrado em um impasse. Mephius e Garbera estavam secretamente progredindo nas negociações de paz. E apenas dois meses atrás, decidiram pelo noivado do Príncipe Herdeiro Gil com a Princesa Vileena.
Vileena tinha sentimentos conflitantes sobre isso. Por mais de dez anos, eles haviam lutado contra Mephius, e ela sabia por experiência própria o quanto isso havia exaurido os soldados e o povo. Alguns cidadãos e senhores locais apelaram por uma resistência até o fim, mas, embora houvesse também alguns cavaleiros entre eles, eram uma minoria.
O pai de Vileena, Ainn Owell, o Segundo, não tinha a personalidade audaciosa de Guhl Mephius. Diante de sua filha, ele apenas disse uma única palavra, “Por favor” e Vileena respondeu apenas com um, “Eu aceito”. Mas ela sabia que sua mãe e Theresia estavam enxugando silenciosamente as lágrimas pelas suas costas.
Então, alguns dias atrás, sentindo como se sua mente e corpo estivessem sendo divididos, ela foi até seu amado avô, Jeorg Owell, para se despedir. A princesa orgulhosa e decidida, que adorava cavalgar e pilotar aeronaves, a quem ele até permitira manusear uma arma, e que nunca fazia concessões, havia se tornado como uma criança pequena diante do avô. Ela queria ser levantada para sempre em seu colo e encostar-se nele, para ouvir as histórias heroicas que ele sempre lhe contava.
No entanto, tudo isso foi deixado completamente de lado, e ela teve que vir para este lugar.
Não, podia-se dizer que era bom que ela pudesse proteger as memórias de seu avô assim. Era por seu país, por seu pai e por seu avô. Por eles, ela havia marchado para o território inimigo com o espírito de uma cavaleira.
Território inimigo.
De fato, este era o inimigo. Até pouco tempo atrás, este era o país com o qual haviam cruzado espadas. Vileena estava agora no território desse inimigo.
Eles haviam matado muitas pessoas, algumas das quais ela até conhecia de vista. E, claro, o oponente pensava o mesmo, mas Vileena ainda não era madura o suficiente para deixar o passado para trás.
— Chegamos — sussurrou Theresia gentilmente em seu ouvido.
Vileena se acalmou. Havia muitas pessoas da nobreza de Mephius olhando em sua direção. No meio deles, estava um jovem vestindo roupas cerimoniais brancas.
— Aquele é o Primeiro Príncipe de Mephius, Gil Mephius.
— Sim — disse Vileena.

Suas bochechas eram puramente femininas, mas ela ainda estava tensa.
A outra parte também pareceu notar, e o nobre gordo ao lado do príncipe sussurrou algo em seu ouvido. Depois disso, ele se aproximou deles com uma expressão nervosa no rosto.
À primeira vista, o príncipe Gil não parecia ser o homem de mente frágil que os rumores pintavam. Ele tinha um rosto esguio, mas seu corpo parecia surpreendentemente robusto. Se apenas estufasse o peito com orgulho, pareceria um homem destemido e bonito. No entanto,
Aquele nobre que o acompanha está tão colado a ele que parece precisar guiá-lo pela mão. Ele ainda é uma criança?
É claro que ela não fazia ideia de que ele tinha tido a mesma primeira impressão dela. Mas, para piorar, o príncipe parecia incapaz de se acalmar. Seus olhos vagavam para cá e para lá, como se fosse uma criança perdida procurando pelos pais.
Enquanto Vileena tinha a tendência de olhar para a outra pessoa como se a estivesse avaliando completamente, recebeu uma cotovelada discreta de Theresia e rapidamente corrigiu sua expressão.
O príncipe parou diante de Vileena. Ela baixou a cabeça, como era de cortesia, e esperou por sua saudação. No entanto, ouviu claramente uma única pigarreada, e não parecia ter vindo do príncipe. O nobre gordo de antes sussurrou novamente em voz baixa, e parecia estar instruindo-o sobre como cumprimentá-la.
Em uma ocasião como essa, era de bom tom que a dama fingisse não notar, é claro, e pelo menos não o constrangesse, ao encontrar seu parceiro de casamento pela primeira vez, e não apenas os dois.
— É um prazer nos encontrarmos frente a frente, príncipe — disse ela.
Theresia abriu a boca surpresa. Indiferente, Vileena levantou levemente a barra do vestido com ambas as mãos e curvou-se diante dele.
— Sou a filha do rei Ainn Owell, o Segundo, de Garbera, a terceira princesa Vileena. A partir de agora, adoraria me familiarizar melhor.
— Ah, sim.
Foi a primeira coisa que o príncipe disse. E então, hesitante e em voz baixa, ele se apresentou, com palavras mais vacilantes do que qualquer tipo de saudação que Vileena já tinha ouvido.
Esse homem será meu marido?
Ela havia treinado seu sorriso, mantendo meticulosamente a leve inclinação da cabeça, especialmente para este dia, apenas para ser vista como “modesta”. Uma raiva jorrou no coração de Vileena.
Mas, por outro lado…
Um brilho de emoções intensas começou a cintilar em seus olhos levemente abaixados.
Se ele é um homem assim, talvez eu consiga moldá-lo à minha vontade…
Se conseguisse manipular o príncipe herdeiro, poderia eventualmente ser ela a puxar as cordas neste país.
É como o vovô disse. Isso também é uma batalha. Sem derramamento de sangue e sem tirar a vida de ninguém.
Se fosse possível fazê-lo agir conforme sua vontade, poderia ser mais lucrativo para sua terra natal, Garbera, do que se tivessem vencido a guerra. Embora estivesse longe de ser uma luta com aeronaves ou armas, que eram sua especialidade, e ela teria que lutar em um campo que considerava seu ponto fraco, Vileena acreditava que, se estivesse totalmente comprometida em obter a vitória, certamente encontraria um jeito.
Embora isso provasse que Vileena não reconhecia que estaria travando uma “batalha feminina”, assim como não via a diferença entre isso e um tiroteio, naquele momento, havia apenas uma emoção queimando ferozmente dentro dela.
Naquela hora, Theresia, que estava com ela desde criança, provavelmente foi a única que percebeu o significado por trás do sorriso de Vileena, que havia mudado. Sem saber que a mulher que se tornaria sua noiva escondia ideias tão assustadoras, o príncipe Gil de Mephius, ainda cheio de tensão, continuou falando sobre coisas irrelevantes.
Tradução feita por fãs.
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