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Rakuin no Monshou – Prólogo – Volume 3

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Rakuin no Monshou
Emblem of the Branded

Light Novel Online – Volume 03:
[Prólogo]


A água se banhava em luz ao espirrar por todo lado.

— Orba! Você não vem? A água fria tá uma delícia!

Alice o chamou da beira do rio. As pernas brancas apareciam sob a barra enrolada da calça enquanto ela corria de um lado para o outro feito uma criança. Era um dia quente, afinal. Deitado na margem, Orba respondeu com pouco ânimo.

Naquele tempo, Alice também costumava chamar Orba e o irmão dele enquanto ficava em pé no meio do rio. O irmão mais velho, Roan, que não nadava tão bem quanto Orba, acabava sendo puxado por Alice e ficava lá, perdido, sem saber o que fazer dentro d’água.

Nada mudou, no fim das contas.

Foi o que Orba pensou, olhando pro alto com os olhos meio apagados. Aquilo tinha acontecido um mês antes de os conflitos entre Mephius e Garbera ficarem mais intensos. A Fortaleza de Apta, que ficava perto da vila onde viviam, foi cercada pelas tropas de Garbera, e o exército de Mephius começou a recrutar soldados das aldeias próximas. Tinha gente que se alistava por conta própria, cansada dos impostos altos, mas metade era levada mesmo sem querer.

Roan, o irmão de Orba, estava entre esses. Ele nunca foi de pegar em espada, preferia abrir um livro e ensinar as crianças, mas saiu da vila com um sorriso no rosto. Duas semanas antes, Orba e Alice tinham visto ele se afastar, cada vez menor na estrada.

E o que esperava por Orba era uma rotina nada comum. O vento seco soprava pelas terras secas, íngremes e cheias de pedras em volta da vila. A melhor maneira de passar o tempo era mergulhar no rio lá embaixo e nadar por um tempo.

— Você brigou de novo com o Doug da outra vila, né? — disse Alice, sorrindo, enquanto sacudia a água do cabelo.

— Não foi uma briga. Foi um duelo.

— Claro, claro um duelo — respondeu Alice, tentando não rir. — Mas por que vocês dois não se dão bem? Encontrei ele no festival do ano passado. Parecia um bom garoto, educado, perguntando “Como está o Orba-kun?” e tudo mais.

— Ele usa truques covardes quando sabe que vai perder. Pode até ter enganado você, Alice, mas eu não vou dar esse mole. É o mesmo cara que disse que viu um dragão selvagem. A gente acabou andando pra todo lado por causa disso…

— Não foi “a gente”. Foi você que caiu nessa. A gente só foi atrás porque teve que ir.

— Isso não é verdade. Todo mundo ficou animado com aquilo. Até o Roan-niisan, não ficou?

O sorriso de Alice sumiu de repente. Orba também se calou e deitou de novo no chão. O silêncio que veio depois ficou ali por um tempo, até que Orba ouviu a água espirrando de novo.

E junto veio o som de Alice cantarolando.

Alice gostava de cantar. Isso ela puxou do pai, que sempre soltava a voz quando bebia. Mesmo assim, raramente cantava na frente dos outros. Orba já tinha escutado ela cantar uma vez, entre as pedras fora da vila. E no festival do vilarejo, uma vez, os homens pediram que ela cantasse. Ele se lembrava de ver Alice corar na hora e se afastar, como se quisesse fugir.

E você tem uma voz tão bonita…

Orba olhou para o céu azul e limpo. Será que o irmão dele via o mesmo céu naquele momento?

Já fazia duas semanas desde que ele tinha ido embora. Roan vivia fora, sempre trabalhando na capital, então a ausência já era normal, mas agora o tempo parecia passar bem mais devagar. Principalmente quando Orba e a mãe se sentavam para comer.

Para distrair a cabeça, entre os cuidados com os poucos animais que tinham, ele se perdia nos livros que ganhou de presente do irmão. Quando lia, deixava de ser o menino fraco de uma vila no fim do mundo e virava o rei bárbaro Gape, o herói Clovis que matava dragões ou o aventureiro Marlow, que atravessava o oceano até chegar à terra de gelo onde morava a Tribo Alada.

E quando as emoções das histórias ficavam fortes demais, ele pegava a espada de madeira e treinava tanto que nenhuma gota de suor sobrava no corpo.

Um dia, eu também estarei lá!

Cobrindo o sol com a mão, Orba firmava aquela decisão mais uma vez.

Vou empunhar uma espada e lutar numa guerra qualquer. Vou vencer, virar herói e deixar a mamãe orgulhosa. Aí vou poder lutar no lugar do meu irmão.

Ele fechou o punho com força e, lembrando das histórias que lia, imaginou seu nome gravado nos registros da história militar.

Ainda havia um calor leve na mão. Naquele instante, ele desejou ter apertado a mão do irmão antes de ele partir. Aquela lembrança ainda estava viva na mente. Roan tinha estendido a mão com naturalidade, mas Orba, envergonhado, não tinha aceitado.

— Tá tudo bem — disse Roan, apertando com força a mão dele. — Logo, coisas boas vão acontecer pra você.

Desde aquele dia, Orba sentia que aquelas palavras guardavam algum sentido oculto.

— Alice?

Ele levantou a cabeça rápido ao notar que o som da água e o cantarolar tinham parado. Viu Alice mais distante. Perto da margem, onde o rio ficava mais fundo, nem um adulto conseguia ficar em pé. E ela já estava com a água no peito.

— Ei, Alice!

Ela virou a cabeça uma vez só e sorriu para ele de um jeito estranho. Depois virou de volta, deu mais um passo, e outro, e foi se afastando. Não adiantava chamar, ela não parava.

Gritando o mais alto que conseguiu, Orba correu pro rio. Seus pés afundaram na água e logo ele estava nadando com os braços e as pernas, determinado a alcançá-la. Mergulhou a cabeça, mas mesmo com a água límpida, não conseguia ver nada. Quando levantou para respirar, algo o agarrou por trás.

— Ah!

— Se assustou?

Alice ria baixinho no ouvido dele. As roupas estavam encharcadas, e ele podia sentir o corpo e o calor da respiração dela o tocando. Sem saber o que dizer, Orba tentou sair do abraço, apressado.

— Espera — sussurrou ela, três anos mais velha, com o hálito quente roçando no ouvido dele. — Fica assim só um pouco.

Ela… tá chorando?

Foi o que ele pensou de imediato.

Não fazia ideia de quanto tempo tinham ficado daquele jeito. Mas enquanto flutuavam juntos sob o sol forte, ele teve certeza de ouvir, de vez em quando, um soluço pequeno vindo dela.

Isso é…

Orba pensou de novo, escorregando devagar para aquele lugar entre o sonho e a realidade.

O toque da pele dela, mesmo que não fosse exatamente o que tinha acontecido, deixou uma marca quente no peito dele, uma marca que nunca saiu desde aquele dia tão quente, tão distante.

O que foi aquilo? O que será que a Alice queria de mim? Não… Isso nem era sobre mim…

Orba se virou na cama e acordou de repente. Não sentiu o toque frio do ferro. Ou seja, a máscara de ferro não estava em seu rosto. Sentando-se, passou os dedos com cuidado pela bochecha.

Era sua própria pele, afinal.

Depois de secar o suor, atravessou o quarto e abriu as cortinas. Lá da varanda, com vista para o jardim, enxergou as ruas da cidade imperial de Solon.

Aquela não era a vila cercada por penhascos e terra ressecada. Orba não era mais o garoto de antes, mas também não era mais escravo nem gladiador. De alguma forma, o destino o fizera carregar o nome e o rosto de Gil Mephius, o príncipe herdeiro do Império de Mephius.

Mas o céu… o céu ainda era azul.

Pelo menos isso não mudou. E os sentimentos que queimavam no peito dele também continuavam os mesmos da infância.

Encostado na cama, ele puxou a espada que sempre deixava por perto. Fitou o nome “Orba” gravado na lâmina e, com o coração firme, se preparou para vestir mais uma vez a “máscara cor de pele” de um príncipe naquele dia.


Tradução feita por fãs.
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