Grieving Soul – Prólogo – Volume 6
Nageki no Bourei wa Intai shitai
Let This Grieving Soul Retire Volume 06
Prólogo: Retornando Para Casa
Era um dia lindo. Nossas férias em Suls haviam terminado, e passamos os últimos dias viajando tranquilamente de carruagem. Uma brisa refrescante passava pelo ar. E então, pela primeira vez em um mês, eu estava diante dos portões da capital imperial de Zebrudia.
No geral, eu diria que foram férias maravilhosas. Tivemos a questão do Arnold nos perseguindo e o ataque do Povo das Cavernas, mas agora tudo isso já era memória. Transformar todas as minhas lembranças em boas pode ter sido a única maneira de lidar com todos os problemas que insistiam em me encontrar.
No final de tudo, eu me reuni com Luke, Ansem e Lucia. Pedir qualquer coisa a mais seria pura ganância.
A carruagem estava abarrotada de lembranças que comprei em Suls. Todas as compras foram feitas para que eu pudesse me gabar para Eva e o resto do clã sobre o quão ótimo tinha sido o passeio. Eram principalmente manjús de dragão de águas termais, ovos de dragão de águas termais e produtos de banho de dragão de águas termais.
Havia também uma lembrança da princesa do Povo das Cavernas (segundo Sitri, o nome dela era Ryuulan). Era um pingente incrustado com uma pedra estranha. Não sabia se tinha algum valor, mas ainda havia muito a se descobrir sobre o Povo das Cavernas. Talvez alguém pudesse me dizer se era um item raro ou algo do tipo.
Embora nosso grupo usasse carruagens, a maioria de nós não costumava andar nelas. Normalmente, apenas Sitri, Lucia e eu viajávamos nelas, e mesmo assim, às vezes as duas preferiam correr do lado de fora. Ver Luke, Liz e Ansem (e Tino) correndo ao lado da carruagem para treinar me trouxe lembranças dos velhos tempos.
Os portões da capital imperial estavam danificados e sendo reparados. Uma imponente fileira de cavaleiros estava posicionada na entrada, bem diferente de como as coisas estavam em Suls. Lucia mencionara que havia uma confusão na capital imperial, e parecia que a situação ainda não havia se resolvido por completo.
Tem perigo aqui, perigo ali. Que lugar perigoso. Bem, pelo que posso ver, pelo menos não há caos no momento.
— Vou relaxar e tirar uma soneca assim que chegar em casa — eu disse com um bocejo, espreguiçando-me.
— Eu nunca vi você fazer outra coisa que não seja relaxar — Lucia comentou.
Claro que eu estava relaxando, estávamos de férias. No entanto, não importa o quanto você tente descansar, quando está viajando, sempre fica um pouco tenso. Relaxar durante uma viagem é um tipo diferente de relaxamento do que aquele feito em casa.
Lucia pressionou as têmporas e suspirou.
— Depois de tanto tempo fora, vou ter que recarregar todas aquelas Relíquias…
— Hm? Ah, eu deixei a maioria delas carregada, então não deve ser tão ruim assim.
— Não deve?
Lucia me olhou como se eu tivesse enlouquecido. Imagino que o que eu disse tenha sido um choque para ela; normalmente, eu dependia dela para carregar todas as minhas Relíquias. Mas eu conseguia me virar quando era necessário.
— A pedido da Sitri, Kris e os outros carregaram minhas Relíquias.
— Eles fizeram o quê?!
Lucia soltou um suspiro enorme. Pelo olhar que me lançou, parecia que não estava nada feliz com isso.
— O que você estava pensando ao deixar outras pessoas carregarem tantas Relíquias?! Você não devia colocar esse peso sobre os outros!
— E-Eles ficaram felizes em ajudar. Disseram que consideraram isso um treino.
Eu tinha certeza de que entendia o peso disso. Não era minha intenção que todas as Relíquias fossem carregadas, mas Sitri era uma negociadora implacável.
O olhar fulminante da minha irmã não desapareceu.
— E-Está tudo bem — tentei amenizar. — Ainda tem muitas Relíquias sobrando para você carregar.
— Vou te bater.
Não era apenas o portão principal. A maior parte da capital imperial não estava como eu me lembrava. Era como se a cidade tivesse sido bombardeada. Telhados estavam destruídos pela metade, ruas foram arrancadas do chão e cavaleiros tentavam controlar o trânsito desesperadamente. Até mesmo as árvores nas ruas e um dos meus cafés favoritos tinham sido afetados. Quem não soubesse de nada poderia pensar que estávamos em guerra.
Eu tinha ouvido falar do confronto entre a Torre Akashic e a Maldição Oculta, mas parecia que a mestra do clã Maldição Oculta, a piromaníaca, havia perdido o controle. A Torre Akashic era uma poderosa organização de magos, mas a Maldição Oculta não ficava atrás. Se aquele clã de Magos estivesse usando magia de grande escala por toda a cidade, seria difícil dizer quem era a verdadeira organização criminosa.
Mas, olhando ao redor, não vi corpos. Talvez tivessem sido reduzidos a cinzas, mas os cidadãos da capital imperial estavam acostumados a lidar com esse tipo de situação. Sem mencionar que a guerra aparentemente já tinha terminado.
Isso é algo que nenhum caçador deveria dizer, mas eu não conseguia lidar com a visão de corpos. Mais um motivo para ficar feliz por não estar na capital quando tudo aconteceu. Não que eu pudesse ter feito algo, mesmo se estivesse presente.
Deixei Sitri cuidando da carruagem, como sempre, e subi correndo as escadas da sede do clã, carregando uma caixa de manjús. Eu havia provado alguns pelo caminho e descobri que os manjús de dragão de águas termais eram bem gostosos.
Eles não eram feitos de dragão de verdade, mas a mistura de sabores doce e azedo fazia com que até mesmo quem não gostasse de doces pudesse apreciá-los. Nunca entendi a relação deles com dragões de águas termais, mas me lembrava de ter visto um dragão de águas termais saboreando-os alegremente.
— Estou de volta! — gritei ao entrar na sala.
— Hã?
Fiquei congelado, ainda com um sorriso no rosto. A sala, normalmente organizada, parecia ter sido atingida por um tornado. Várias mesas tinham caçadores com olhos mortos apoiando a cabeça nelas, e garrafas de cerveja estavam espalhadas pelo chão.
Eu senti como se tivesse visto algo assim recentemente. Lúcia olhou para o salão com os olhos arregalados, enquanto Luke franzia a testa, (provavelmente) pensando que nada de bom sairia dali. Para piorar, em uma das mesas estava a Obsidian Cross, inegavelmente uma das nossas melhores equipes. O líder deles, Sven, congelou ao me ver, seus olhos parecendo os de um zumbi.
Ah, é verdade, acho que ouvi algo sobre os membros do nosso clã se envolvendo nessa confusão.
Sorrindo, me aproximei da mesa deles e coloquei uma caixa de manju de dragão das fontes termais na frente de Sven. Seus ombros estremeceram e sua bochecha tremeu ao olhar para a caixa e para o dragãozinho estilizado desenhado nela. Dei um tapinha no ombro dele, virei nos calcanhares e saí correndo. Atrás de mim, ouvi o barulho de uma cadeira sendo empurrada com força.
— Ah! Espera aí! Para, droga…
— Luke, estou ocupado, pode cuidar do resto!
— Tudo bem, vamos nessa! O salão de treinamento nos aguarda, Sven. Vou te mostrar minhas novas técnicas!
Acabamos de voltar e ele já está cheio de energia. Minhas desculpas, Sven. Não tenho tempo para suas reclamações, preciso entregar um presente para Eva.
— Merda! Ei, seus inúteis, não deixem o Krai escapar!
Os gritos de Sven quase me fizeram sentir pena dele. Como mortos-vivos se levantando de suas tumbas, os outros caçadores levantaram a cabeça, os olhos brilhando com intenções predatórias. Enquanto passava por Lúcia, dei um tapinha em seu ombro, recebendo uma série de xingamentos em resposta.
Ouvi um grito vindo do salão enquanto subia a escada com entusiasmo.
Enquanto Sven perdia a cor do rosto ao me ver, a vice-mestra do clã, Eva Renfied, me recebeu como sempre.
— Bem-vindo de volta, Krai. Como foi sua viagem? Ouvi… rumores.
— Tivemos altos e baixos, mas foi divertido. Aqui, um presente.
Eva aceitou o manju com uma expressão de exasperação. Era isso que eu queria. Senti minhas feridas sendo curadas. Qual era o problema de Sven, afinal? Ele me olhou como se eu tivesse matado seus pais ou algo assim. Ele teve a chance de vir de férias e recusou! Bem, se ele tivesse vindo, isso teria causado problemas por si só.
— Sei que você teve que lidar com a Ladino Squad Barrel, mas, com sua ausência, também tivemos nossa cota de problemas aqui. Algumas palavras de agradecimento para os membros do clã seriam muito apreciadas.
Eu já dei a eles uma caixa de manju.
— Agora que mencionou, você parece um pouco abatida.
Ela não tinha cabelos desgrenhados, seu uniforme estava impecável e seus óculos brilhavam sem uma mancha sequer. Ainda assim, algo em Eva parecia diferente do que eu me lembrava. Ela não era uma caçadora, mas era, de fato, a chefona do nosso clã. Se os outros membros estavam exaustos, não era de se estranhar que ela também estivesse sentindo o peso das coisas.
Eu era apenas um enfeite, então não fazia diferença se eu estava presente ou não, mas suponho que fosse estressante não ter alguém para assumir a responsabilidade caso algo desse errado.
— Imagino que minha ausência tenha te causado muitos problemas — eu disse. — Se houver algo que precise ser feito, eu cuido disso. Tire um tempo para descansar.
Gerenciar um clã era um trabalho enorme e eu não fazia ideia de como fazer isso, mas imaginei que ficaria bem contanto que Lúcia e Sitri estivessem por perto para ajudar. As duas eram respeitadas pelos subordinados de Eva; Sitri, porque conseguia fazer qualquer coisa, e Lúcia, porque estava sempre ajudando. Provavelmente, ela apenas não suportava ver o irmão dela se fazendo de idiota.
Eva relaxou um pouco e suspirou, balançando a cabeça.
— Está tudo bem. Os problemas já foram resolvidos. Tem um relatório na sua mesa, mas uma batalha entre a Maldição Oculta e os remanescentes da torre Akashic causou estragos na capital. Eu os chamei de remanescentes, mas parece que a Torre Akashic ainda tem um bom número de membros escondidos. Por isso, solicitamos assistência emergencial da Primeiros Passos e tivemos que mobilizar vários membros.
— Isso, uh, parece bem complicado.
Agora eu estava realmente feliz por ter saído de férias. A líder da Maldição Oculta, a Abyssal Inferno, era uma Maga aterrorizante. Quão aterrorizante? Tão aterrorizante que a mera menção do nome dela fazia Lúcia ficar com uma expressão de desgosto. Na minha cabeça, eu a chamava de “a piromaníaca” porque ela queimava tudo que via pela frente. Se alguém podia ser descrita como uma bruxa, era ela.
Sem contar que ela tinha um motivo pessoal contra mim. O assunto já tinha sido resolvido, mas quando a Grieving Souls foi fundada, convidamos um grupo que a Maldicao Oculta já estava de olho. Por algum motivo, esse grupo escolheu se juntar a nós. Esse grupo acabou se tornando o nosso segundo maior problema—Starlight. Depois disso, nunca mais consegui andar tranquilamente pelas ruas da capital imperial.
Se aquela velha assustadora estava envolvida, então era natural que Sven Anger parecesse um defunto. Não havia a menor chance de eu conseguir lidar com uma pessoa que tratava até mesmo Ark como uma criança e se divertia queimando pessoas. Era um verdadeiro mistério como ela ainda podia andar livremente por aí.
— Para piorar, o outro Mago era um verdadeiro monstro — Eva disse, sua voz carregada de exaustão. — Você acredita? Ouvi dizer que eles tentaram invocar um elemental de raio. Um elemental de raio em um espaço lotado!
Isso parece um inferno.
A invocação elemental era um dos feitos mais desafiadores da magia. Nós acabamos de fazer Lucia invocar um elemental de água para criar cachoeiras, mas alguns eram poderosos o suficiente para serem classificados como uma arma estratégica ofensiva. Até eu sabia que essas coisas não deviam ser usadas em locais cheios de espectadores. Esse é um sindicato de magia para você.
Que desastre. Eu lembrava que Arnold aparentemente havia derrotado um elemental de raio, mas um elemental seguindo as ordens de um Magus habilidoso era magnitudes mais forte do que um selvagem.
— E o que você acha que a Inferno Abissal fez quando soube disso?! — perguntou Eva. — Ela invocou o elemental de fogo com o qual tem contrato! Ela respondeu à força com mais força! No meio da capital imperial! Completamente inacreditável. Esse é o problema com os nível 8…
Eu sentia que deveria me desculpar.
— Ainda bem que a capital imperial ainda está de pé — comentei.
Eva parecia bem irritada.
Quando vi os danos na capital imperial pela primeira vez, cheguei a pensar que uma guerra havia começado ou algo assim. Mas tudo mudou quando ouvi que a Inferno Abissal havia invocado um elemental. Em vez disso, passei a achar que era um milagre os danos serem tão limitados. Havia rumores de que aquela velha tinha incendiado cofres de tesouros inteiros, e não era difícil de acreditar.
— Não estou por dentro dos detalhes, mas ouvi dizer que invocar elementais era bem desgastante para ambos os lados — disse Eva.
— Hmm, isso é um alívio.
— Dizem que o elemental de raio foi especialmente exaustivo para seu invocador e que o duelo foi resolvido rapidamente. Suponho que devemos nos considerar sortudos.
A invocação elemental consistia em trazer um elemental existente e então comandá-lo. A força resultante dependia tanto das capacidades do conjurador quanto da condição do elemental.
Naturalmente, o elemental era livre para agir como quisesse quando não estava sendo comandado por seu Magus. Além disso, havia um atraso entre o momento da invocação e sua aparição real, tornando essa magia bastante instável. Havia até histórias sobre elementais sendo exterminados e não aparecendo quando seus Magus os chamavam.
Lucia, aliás, usava o dela para criar cachoeiras, então o mantinha dentro de uma garrafa que carregava consigo. Isso não era nada fácil, mas ela sempre teve talento para treinar animais. Foi ela quem ensinou minha Corrente Farejadora a dar a pata.
Mas agora que tudo estava resolvido, esse conflito não era problema meu. Afastei o relatório da minha mesa e abri minha caixa particular de manju de dragão das fontes termais (era uma caixa com vinte unidades). Eu tinha comprado o máximo de caixas possível, então ainda tinha cerca de treze sobrando.
Enquanto eu enchia as bochechas com um manju de morango, Eva me disse algo bem estranho.
— Ah, Krai, sobre a Reunião da Lâmina Branca…
— Hm? Mmgh. Ack, ack. Ah, isso. Desculpa por ter perdido. Mas não é como se eu estivesse brincand—
Eva me olhou e piscou, confusa.
— Hm? Ah, não, ela foi adiada. Será daqui a três dias. Eu estava preocupada se deveria avisá-los da sua ausência, mas agora não preciso mais me preocupar com isso. Não imagina o quanto estou aliviada.
Tradução: Carpeado Para estas e outras obras, visite Canal no Discord do Carpeado – Clicando Aqui
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