Grieving Soul – Capítulo 7 – Volume 5
Nageki no Bourei wa Intai shitai
Let This Grieving Soul Retire Volume 05
Capítulo 7:
[História Paralela: O Pesadelo de Tino nas Águas Termais]
— Não, Lizzy, você não pode entrar!
— Ah é? E quem é você pra me impedir?
Lizzy vestia um yukata rosa e encarava Tino com um olhar intimidador. Ainda assim, Tino cerrou os punhos e se manteve firme. Atrás dela, estava a porta que levava ao banho ao ar livre. O desastre com o dragão havia destruído o banho principal, mas, como essa era uma pousada de luxo, cada quarto possuía seu próprio banho ao ar livre privado.
Tino já havia experimentado o banho em seu quarto. Era agradável e espaçoso o suficiente para acomodar várias pessoas com folga. Não era tão grande quanto o banho principal, mas não deixava a desejar em nada, e pelo menos não havia mais chances de outro dragão aparecer. Isso era o suficiente para fazer Tino se sentir luxuosa.
Se Lizzy quisesse tomar banho nas águas termais, tudo bem. O que Tino não entendia era por que ela insistia tanto nesse em específico. Tino conseguia ouvir um leve assobio vindo de algum lugar atrás dela. Com os braços bem abertos, ela bloqueou o caminho de Lizzy.
— O Mestre está no banho agora! Por favor, use o do seu quarto! — gritou.
Por que Lizzy queria vir até aqui, quando tinha um banho próprio? Tino não conseguia entender. Não, ela entendia. Lizzy gostava muito de Krai e não era do tipo que resistia a seus impulsos. Mas isso não significava que Tino ia ceder.
Ela estava ali por um motivo. Já havia tirado o yukata que Krai elogiara e voltado ao seu traje habitual. Diante da porta, respirou fundo.
— Lizzy, preciso informá-la que o Mestre me pediu para ficar de guarda!
Os olhos de Lizzy brilhavam com determinação.
— Hmm? Então fique de guarda. Agora saia da minha frente.
— Eu disse a ele que você não faria algo tão sem vergonha!
Para Tino, invadir o banho de alguém do sexo oposto era inconcebível. Mesmo na emergência do dragão, quando não teve escolha, ela ficou tão envergonhada que achou que ia morrer.
Mas não era difícil imaginar Lizzy fazendo algo assim; ela estava sempre grudada em Krai. Ainda assim, Tino havia acreditado em sua mentora. Ela confiou. Não esperava ser traída logo no primeiro dia no cargo.
Lizzy suspirou, colocou as mãos na cintura e sorriu. Seu yukata destacava sua silhueta esguia, e a Apex Roots parecia estar em prontidão. Yukatas não eram roupas práticas para se mover. Afinal, não foram feitos para combate. Provavelmente, Lizzy só preferia ficar com as pernas livres, mesmo em uma emergência.
— Sem vergonha? Vai me dizer que você não consegue lidar com um homem pelado? E se for atacada por um cara como veio ao mundo? Vai ficar com medo de lutar?
— Não tente mudar de assunto! O Mestre me pediu para protegê-lo!
Se um homem tentasse atacá-la, Tino lutaria. Ela até poderia emboscá-lo no banho, se necessário. Mas o homem em questão não era um inimigo.
Lizzy pareceu inconformada. Na verdade, olhava para Tino como se ela tivesse perdido o juízo.
— Hmm. Bom, tanto faz. Agora, vou perguntar de novo. Vai sair do caminho? Eu vou lavar as costas do Krai Baby.
— Não! Lizzy, por favor, entenda minha posição.
— Krai Baby e eu fazemos parte do mesmo grupo, sabia? Estamos juntos desde pequenos e já tomamos banho juntos antes. Relaxa, eu aviso a ele que você cumpriu seu dever.
Tino ficou em silêncio e assumiu sua postura.
— Não se preocupe — continuou Lizzy. — Ele só vai dizer algo tipo “Bom, não há como te impedir, Liz”.
Tino avançou com o pé direito, baixou o corpo e controlou sua respiração. Ela sabia que seus olhos suplicavam por misericórdia, mas mesmo assim, encarou sua mentora. Mesmo limitada pelo yukata, Lizzy era forte demais para que Tino conseguisse detê-la. Ela era superior em velocidade, resistência e praticamente tudo mais.
Lizzy inclinou a cabeça.
— Hmm. Tino, você ficou mais forte? — perguntou, enquanto arregaçava as mangas e estalava os dedos. — Nunca pensei que veria o dia em que você me enfrentaria.
— I-Isso é graças ao seu treinamento.
Para Tino, as ordens de Krai eram sua prioridade número um. E também número dois. E três e quatro.
Ela analisou o ambiente. Como esperado, não havia nada que pudesse usar como arma, e ela não queria bagunçar o quarto de Krai. Teria que lutar apenas com seu próprio corpo.
Tino lembrou-se do tempo em que usou a máscara. Suas emoções estavam intensificadas, mas seu corpo ainda lembrava como se movera naquela época. Se usasse toda a sua força, talvez conseguisse conter Lizzy. Olhando nos olhos de sua mentora, Tino percebeu que ela estava falando sério.
Lizzy franziu as sobrancelhas, mas então suspirou e disse algo inesperado.
— Você é uma idiota? Se quer obedecer às ordens dele ao pé da letra, ainda pode me deixar lavar as costas dele.
— Hã?
— Você pode continuar de guarda dentro do banho, não pode? Precisa pensar melhor nessas coisas. Ah, já sei. T, vem comigo. Matamos dois coelhos com uma cajadada só. Eu te ajudo a criar resistência a ver homens nus e te mostro como se lava as costas de alguém.
Ir com ela? Aonde? Lavar as costas de alguém? De quem?
Demorou um momento para Tino entender o que Lizzy estava sugerindo, mas assim que entendeu, sua mente ficou em branco. Seu coração disparou e ela ficou inquieta. Apertou os lábios, consciente de que seu rosto provavelmente estava ardendo de vergonha.
As costas do Mestre? Não. Nem em um milhão de anos.
Mesmo se ele ordenasse, ela provavelmente não conseguiria. Morreria de vergonha.
Hesitou por um mero instante. E isso foi o suficiente para Lizzy encurtar a distância.
Ela agarrou o pulso de Tino e entrou casualmente pela porta, levando sua aprendiz junto.
— Krai, querido, aposto que está solitário aí dentro! Vou lavar suas costas!
— Não, Lizzy! Mestre, fuja!
O vapor tocou a bochecha de Tino. Com a mão livre, Lizzy desfez a faixa do seu roupão. Tudo o que Tino pôde fazer foi fechar os olhos e envolver os braços em torno de Lizzy, tentando contê-la.
***
— P-Por que você está aqui, Siddy?! Este é o quarto do Mestre!
Siddy olhou para Tino com curiosidade. Elas estavam, sem dúvida, diante da porta que levava ao banho ao ar livre de Krai.
— Isso que eu queria te perguntar. O que você está fazendo, T?
Siddy vestia um yukata azul frio que lhe caía muito bem e segurava um pano branco na mão direita. Seus olhos não tinham as chamas dos de Lizzy, mas mostravam vislumbres de sua inteligência. Ela pensou por um momento antes de levar um dedo aos lábios.
— Você, por acaso, estava tentando espiar? — perguntou com um tom tranquilo.
— N-Não! O Mestre me mandou ficar de guarda aqui!
— Ah, que alívio. Se estivesse fazendo algo errado, eu teria que te punir.
Um calafrio percorreu a espinha de Tino. O tom de Siddy era brincalhão, mas seus olhos estavam completamente sérios. Tino nunca nem tinha cogitado espiar, mas quem sabe o que teria acontecido com ela se tivesse tentado?
Ela foi lembrada mais uma vez de como Siddy podia ser intimidadora, embora de uma forma diferente de Lizzy. Lizzy era violenta, mas nunca desconfiava de Tino. Siddy, por outro lado, era calma, porém observava atentamente qualquer um — amigo ou inimigo — que tentasse se aproximar de Krai.
— Bom, te desejo boa sorte.
Com um sorriso encantador, Siddy começou a passar por Tino. O movimento foi tão natural que a reação de Tino demorou. Ainda assim, ela conseguiu segurar o braço de Siddy. Se fosse Lizzy, provavelmente não teria conseguido a tempo.
— E-Espera! O que você está fazendo? O Mestre está no banho agora!
— Claro que está. E eu vou lá lavar as costas de—
— Hã?!
Ela estava fazendo o mesmo que Lizzy e sem um pingo de arrependimento. Apertando sua pegada e girando o corpo, Tino conseguiu puxar Siddy para longe da porta. Ela não podia baixar a guarda nem por um segundo. Depois do que aconteceu com Lizzy, parecia perfeitamente natural para ela que Krai lhe tivesse confiado a tarefa de vigiar a entrada.
— Não, você não pode! Siddy, isso é indecente! O Mestre me mandou não deixar ninguém passar por essa porta!
Felizmente, Siddy não era do tipo que lutava na linha de frente; Tino era a mais forte das duas. Enquanto não se distraísse novamente, ficaria tudo bem.
Siddy piscou e inclinou a cabeça.
— Indecente? T, acho que você entendeu tudo errado.
— O quê?
Entendi errado?
Quando Tino começou a relaxar, Siddy riu, suas bochechas corando levemente.
— T, você achou que eu ia ajudar ele… nua? Menina travessa, travessa.
O rosto de Tino pegou fogo até as orelhas. De fato, era exatamente isso que ela tinha imaginado. Siddy era uma pessoa gentil, mas tinha a mesma falta de respeito pelo espaço pessoal que sua irmã. Ela poderia fazer qualquer coisa se Krai pedisse.
— Hã? Você não ia?
— Não ia. Não tenho essa sua mente pervertida, T. Olha, eu trouxe um maiô.
Sorrindo, Siddy estendeu o pano branco que segurava. O que Tino havia assumido ser uma toalha era, na verdade, um traje de banho. O tecido solto e fino vagamente a lembrava de um yukata.
— Viu? Posso vestir isso e lavar as costas dele sem mostrar nada.
— A-Ah, entendi…
Siddy riu.
— Não sou como Lizzy, não mostro pele tão fácil assim.
— Me desculpa. Tirei conclusões erradas…
Tino nunca tinha pensado nessa opção. Só Siddy para ter uma ideia tão esperta. Para ela, fontes termais sempre foram lugares onde se banhava nu, e isso tinha nublado seu julgamento.
Enquanto Tino abaixava a cabeça, Siddy passou por ela. A porta se fechou silenciosamente atrás dela. Tino respirou fundo, tentando organizar os pensamentos.
— Hm?
Imediatamente, ela sentiu que estava esquecendo algo. Piscou algumas vezes. Depois mais uma. Virou-se para a porta e ficou olhando por um momento. Então, começou a socá-la freneticamente.
— Siddy?! Não importa! Não importa que você esteja de maiô! Você não pode entrar aí, Siddy!
Uma roupa tão fina, e branca ainda por cima, ficaria transparente ao molhar. Aliás, talvez nem precisasse molhar. Certamente, Siddy estava ciente disso. Isso era um crime premeditado. Ela disse que não mostrava pele com facilidade, mas era uma afirmação duvidosa quando já estava indo lavar as costas de Krai.
— Meeeestre! Fuja!
Tino hesitou, mas rapidamente superou suas dúvidas. Tudo isso era culpa dela, e ela precisava estar à altura das expectativas de Krai. Ela tinha que proteger seu mestre da Sitri!
Fechou os olhos, respirou fundo e arrebentou a porta.
***
As ordens de seu mestre eram absolutas, mas Tino sentia sua determinação começar a se romper. Primeiro Lizzy, depois Siddy. Até que ponto aquela porta para o banho ao ar livre era disputada? Além disso, normalmente não era o homem que tentava espiar? Não que Krai fosse esse tipo de pessoa.
Os olhos de Tino se arregalaram.
Uma nova e completamente inesperada pessoa havia aparecido.
Ela estava de yukata, em vez de seu usual manto negro. O contraste entre sua pele de porcelana e seus cabelos negros lustrosos era de tirar o fôlego. Sua impressão frágil e etérea era bem diferente da de Lizzy e até mesmo de Siddy.
— L-Lucy? Você também?! — Tino gritou.
— Do que você está falando? — Lucy perguntou.
— Esquece. Mas, hum, este é o quarto do Mestre. E ele está no banho agora…
Tino conhecia todos na Grieving Souls, e isso naturalmente incluía Lucy, mas sua aura etérea a tornava um pouco difícil de abordar.
Depois de um momento de confusão, Lucy se sentou ao lado de Tino, dobrando as pernas sob si. Seus cabelos negros fluíam sobre o manto branco.
Ela pigarreou e disse:
— Eu sei. É por isso que vim até aqui. Ficar de guarda nessas situações geralmente é meu trabalho. Então, por que você está aqui, T?
— O Mestre pediu para eu ficar de vigia.
— Lá vai ele de novo, te fazendo trabalhar como um cão.
— N-Não é nada disso! Eu estou fazendo isso porque quero!
Lucy franziu a testa, mas não disse nada. Apenas estalou os dedos. Duas almofadas voaram de algum lugar e pousaram ao lado de Tino e Lucy. Em seguida, veio um bule de chá, que encheu automaticamente as duas xícaras que chegaram flutuando com ele. Da primeira vez que viu isso, Tino ficou surpresa com a magia de Lucy, mas agora já estava acostumada com seus feitiços irregulares.
— M-Muito obrigada.
— Não foi nada. Agora que estou aqui, você pode ir se divertir — disse Lucy, abrindo um livro em seu colo, se preparando para uma longa vigia. Mas Tino era uma Ladina leal; ela não podia simplesmente deixar Lucy sozinha.
— Não, isso é algo que o Mestre me ordenou fazer — disse Tino, cerrando o punho.
— É mesmo? Bem, então podemos ficar de guarda juntas.
— Parece perfeito!
A resposta animada de Tino pegou Lucy desprevenida por um momento, mas logo um riso escapou de seus lábios.
***
Tino sentiu algo reconfortante no calor suave contra suas costas e no pente deslizando por seus cabelos. Ela havia desfeito as fitas e estava deixando Lucy escová-los. A maneira delicada como ela manuseava o pente a deixava à vontade.
— Mesmo com material de mana, caçadores ainda precisam cuidar do cabelo — disse Lucy com a voz suave.
— Eu sei. Quero deixar meu cabelo crescer como o seu, mas tem sido difícil — respondeu Tino.
O cabelo longo e brilhante de Lucy era algo que qualquer garota invejaria. Mas cabelos compridos podiam ser um empecilho para a maioria dos caçadores.
— Para Magos, o cabelo serve como um catalisador conveniente de mana. Mas para uma Ladina, a menos que você tenha confiança nos seus movimentos, como a Liz tem, talvez seja melhor desistir do cabelo longo.
— Entendi.
— E, embora você possa recuperar seus membros, nem mesmo Ansem pode ajudar se sua cabeça for cortada.
— Mmm. E atrapalha no combate corpo a corpo. Mas quando eu ficar mais forte, com certeza vou deixar crescer como o seu.
— E dá um trabalho enorme para cuidar… — disse Lucy em uma voz baixa. Ela pegou uma mecha de seu próprio cabelo e a passou na bochecha de Tino. Ambas tinham cabelos negros, mas o de Lucy parecia ter um peso diferente. — Cabelos combinando. Isso pode ser divertido.
— Você acha mesmo?! — disse Tino, os olhos brilhando.
Lucy riu e amarrou as fitas de Tino. Que alma gentil. Tino sabia que, uma vez que as fitas estivessem no lugar, ela deveria parar de se encostar em Lucy, mas simplesmente não conseguia se afastar.
— Um está vindo — murmurou Lucy. — Eles nunca aprendem.
Seus olhos estavam afiados, quase irreconhecíveis comparados aos olhos gentis que olhavam para Tino antes. Antes que Tino pudesse dizer qualquer coisa, a porta se abriu de repente, e uma das irmãs Smart — a energética — entrou.
Lizzy não esperava encontrar alguém além de Tino. Antes que Tino pudesse se recuperar da confusão, Lizzy avançou e, como mágica, começou a correr pelo teto, seu manto esvoaçando loucamente.
— Krai, meu amor! Eu vou lavar suas costas!
— Lizzy?! O Mestre está ocupado agora—
Lizzy ignorou Tino completamente.
Antes que Tino pudesse sequer se levantar, Lizzy foi puxada do teto e caiu no chão. Seu yukata começou a mudar de cor. Estava ficando cinza.
— Vire pedra — disse Lucy com uma voz fria.
— Mas que diabos você está fazendo?! — gritou Lizzy.
Tino nunca tinha visto aquele feitiço antes. Aquilo a aterrorizava.
Agora completamente transformada em pedra, Lizzy estava caída no chão, encarando Lucy com raiva.
— Isso é o que eu gostaria de perguntar a você — disse Lucy. — Eu simplesmente não entendo como você consegue ser tão teimosa.
— Isso não é da sua conta! Agora saia da minha frente!
— Solidificar.
Lizzy tentou quebrar a vestimenta petrificada. Mas, para o choque de Tino, aqueles punhos que conseguiam quebrar até alguns metais não tinham efeito nenhum contra a pedra.
— Ah! Tá bom, eu entendi! Lucy, você pode vir junto! Você também, Tino! — gritou Lizzy.
As sobrancelhas de Lucy se contraíram.
— Desapareça.
***
— O que posso fazer por você, Luke? — perguntou Lucy.
A tensão era palpável.
— Ah, é o seguinte, Lucia. É sobre essa fonte termal. Não tem cachoeira — respondeu o Espadachim ruivo, completamente sério.
O que fazer em uma situação tão estranha?
— Não posso treinar assim, então pensei em perguntar ao Krai sobre métodos alternativos de treinamento. Ele está aí? — perguntou Luke. Nem seus olhos carmesim, nem seu tom de voz indicavam que estava brincando.
Em alguns aspectos, Luke era o visitante mais difícil de lidar para Tino. Ela havia sido encarregada de garantir que ninguém entrasse no banho ao ar livre. No entanto, Luke e Krai eram do mesmo sexo. Alguns poderiam argumentar que, por isso, não teria problema ele entrar. Afinal, o banho principal era dividido por gênero, e Luke provavelmente não ficaria muito tempo depois de falar com Krai.
Sem saber o que fazer, ela olhou para Lucy, que parecia muito mais decidida.
— Muito bem — disse ela com um pequeno suspiro. — Vou fazer uma cachoeira para você, então nos deixe em paz.
— Faça quente.
— Sim, como quiser.
***
Uma avalanche de dragões azul-celeste irrompeu pela porta.
— Raaawr!
— O quê?!
A manada de dragões empolgados avançava direto para Tino.
— Lucy, por que tem uma manada de dragões aqui?! Por quê?! — ela gritou, completamente perdida sobre o que fazer.
Lucy permaneceu impassível e simplesmente recitou um encantamento.
— Desapareçam, todos vocês.
***
Com passos retumbantes, um gigante cinzento entrou pela entrada destruída. Era o Matadinho, e a outra irmã Smart estava em suas costas. Através dos buracos de um saco de papel, dois olhos espiavam Lucy lá de cima.
— Hehe, imagino que você deve estar cansada depois de lançar tantos feitiços, Lucy.
— Siddy?! Aqueles dragões foram obra sua?! — gritou Tino.
Siddy abriu um sorriso presunçoso. Tino já havia encontrado muitos vilões ao longo da vida, mas ainda assim um arrepio percorreu sua espinha.
Matadinho olhava ao redor com os olhos injetados de sangue. Era uma criatura mágica poderosa, mais do que Tino poderia lidar sozinha. Agora que a situação tinha chegado a esse ponto, tudo que ela podia fazer era confiar em Lucy.
— Fora daqui — disse Lucy.
— Hehe, seus feitiços não terão efeito. Tomei uma série de precauções contra você. Não pense que pode se livrar de mim tão facilmente.
Siddy ergueu um frasco vazio. Tino não sabia exatamente o que havia dentro, mas parecia seguro assumir que era algo para aumentar a resistência à magia. Ainda assim, o comportamento de Siddy parecia estranhamente infantil em comparação com sua postura habitual.
Lucy franziu a testa enquanto Matadinho começava a se aproximar lentamente.
— Não se preocupe, não vou matá-lo, só lavar as costas dele. Ah, Lucy, fique à vontade para me chamar de Senhora Sitri.
Lucy se levantou e encarou Siddy. Mana emanava de seu corpo. Sua expressão fez Tino dar alguns passos para trás.
— Muito bem. Se você realmente quer fazer isso, então… Vou acabar com você, como sempre faço, Senhora Sitri.
***
— Ryuu-ryuu.
O visitante de hoje tinha uma voz doce e uma aparência bem charmosa. Também era um Troglodita.
— Mestre, importa se eles são humanos ou não? — Tino se perguntou em voz alta.
— Ryu-u?
Um padrão em formato de tiara adornava o topo da cabeça dela. Em outras palavras, se Siddy estivesse certa, essa Troglodita era a princesa. Ela piscou algumas vezes, um gesto surpreendentemente humano. Pelo visto, essas criaturas possuíam intelecto comparável ao dos humanos.
— O mestre não é um Troglodita! Xô! Xô!
— Ryuu-u-ryu-u!
Parecia que palavras não seriam suficientes, então Tino fez um gesto de espantar. A princesa assentiu e começou a caminhar em direção à porta—só para Tino pular em cima dela.
— Você não pode entrar! Me disseram para não deixar ninguém passar!
— Ryuu!!!
Com os braços envoltos na princesa, Tino se surpreendeu ao perceber que a pele cinzenta dela era, na verdade, macia como a de um humano. A Troglodita mexia os cabelos na tentativa de empurrar Tino, mas ela não soltava.
Já não importava mais para Tino se era humana ou não. Aquilo era um teste para superar, e ela não deixaria ninguém passar.
— Ryu-u-ryu-u!
A porta se abriu e mais cinco Trogloditas entraram correndo. Eles deviam ter sentido que sua princesa estava em perigo. Não era tão grande quanto o enxame que Krai comandava, mas era mais do que Tino poderia enfrentar sozinha.
— Não! Nãooo! Mestre, corra!
Os Trogloditas derrubaram Tino e a princesa contra a porta. Sem um grande estrondo, ela lentamente caiu no chão.
***
Não estava funcionando. Tino sozinha não era suficiente para garantir que seu mestre pudesse tomar um banho em paz. Determinada, ela pegou sua última opção— a Relíquia que havia recebido de seu mestre.
Evolve Greed despertaria seus poderes latentes. Super Tino, como seu mestre a chamava nesse estado, deveria ser capaz de repelir qualquer intruso. Ela nunca imaginou que precisaria usá-lo fora de uma batalha.
Não, isso era uma batalha. Isso era guerra.
— Finalmente chegou minha hora? Como esperei por isso — disse a máscara.
Tino sempre carregava a máscara consigo, mas nunca com a intenção de usá-la. Não havia mérito em um poder obtido sem esforço. Mas agora não era hora de ser exigente.
— Não há como negar a força que desperto em você. Sem dúvida, você poderá proteger seu amado.
— Amado?!
— Não se esqueça, sou apenas uma ferramenta. Seu verdadeiro adversário reside dentro de você.
Do que essa máscara estava falando? Não importava, Tino já tinha tomado sua decisão. Ela protegeria seu mestre, mesmo que precisasse usar essa máscara. Caso contrário, nem teria tirado ela dali.
Mais uma vez, Tino se entregou à máscara e se tornou Super Tino.
O poder fluía por seu corpo. Sensações de embriaguez e euforia a dominavam. Seu sangue queimava, sua respiração era fogo. Suas roupas pareciam mais apertadas. A máscara não apenas despertava seus poderes latentes. Ela crescia, seu peito aumentava, seu corpo se tornava mais curvilíneo.
Era uma sensação de onipotência. Era força. Lizzy, Siddy, nem mesmo a princesa poderiam enfrentá-la. Tino apertou o próprio peito. Já era um pouco maior que Lizzy, mas agora a diferença era inegável. Um arrepio de prazer percorreu sua nuca.
Ela olhou para a porta que vinha protegendo até então. Ela podia vencer. Nesse estado, poderia seduzir Krai. Lizzy tinha pouco peito. Siddy era maliciosa. Mas ela tinha sido leal, tinha um corpo bonito e ainda era jovem. Ela não podia perder.
Não, não, não. Eu não posso pensar assim. É uma ilusão da máscara.
Tino não seria enganada. Ela era forte. Mesmo que parecesse uma boa ideia agora, sabia que se arrependeria depois. O caminho mais seguro para a vitória era construir confiança aos poucos. Ela respirou fundo e se elogiou por não se deixar levar por impulsos temporários.
Então, percebeu que suas mãos estavam se movendo sozinhas, tirando suas roupas. Ela soltou as alças dos ombros e lentamente puxou sua blusa tipo camisola para cima. Seu corpo queimava com sensações de liberdade e culpa.
Por mais que tentasse, suas mãos não paravam.
Ela parou de mentir para si mesma. Sabia que estava fazendo isso por vontade própria.
— Está tudo bem, sussurrou outra Tino—Tino Maligna. Ela tinha observado Krai o tempo todo. Ele era gentil o bastante para até continuar amigo de Lizzy. Ele a perdoaria, só dessa vez. Então, algo lhe ocorreu. Ela poderia lavar as costas dele. Tinha que agradecer por tudo o que ele havia feito por ela. Só essa vez e nunca mais. Ela iria criar memórias, e essa era a única chance que teria.
Ela ardia em agonia. Sua voz era desesperada, assim como tinha sido em todos os outros incidentes até agora.
— Mestre, corra. E-eu estou entrando — disse em voz baixa e entrou silenciosamente pela porta.
***
Diante da porta do banho ao ar livre, Tino estava de braços abertos, bloqueando qualquer intruso. Mas os intrusos não lhe deram a menor atenção e simplesmente passaram por cima dela. Tino gritou de frustração.
— Croac. Croac.
***
Então, Tino acordou. Que sonho terrível aquele tinha sido. Ela havia sonhado em proteger a segurança de seu mestre, mas era fraca demais para cumprir seu dever. Perdeu para Lizzy, para Siddy, até para si mesma. Mas então o sonho chegou ao fim.
Agora que estava acordada, desta vez, protegeria seu mestre. Com uma determinação renovada, se levantou. Estava no quarto de Krai, o mesmo que tinha visto tantas vezes em seu sonho.
Diante dela, Lizzy e Siddy estavam brigando. Almofadas voavam, pernas chutavam. Poções eram usadas. Matadinho estava presente. Era um caos.
Tino finalmente se lembrou. Ela havia desmaiado. E ela não tinha sido encarregada de proteger Krai. Pensando bem, não fazia o menor sentido ele confiar a ela essa responsabilidade. Ele não era do tipo que perderia a cabeça só porque Lizzy ou Siddy invadiram seu banho. Naturalmente, Tino também não o abalaria.
Com um novo senso de clareza, bateu na porta e entrou, certificando-se de que as irmãs em guerra não percebessem sua presença.
— Mestre, aquelas duas estão fora de controle. Por favor, faça alguma coisa sobre…
— Rawr?
Na forma de um dragão azul-celeste, seu mestre inclinou a cabeça e olhou para ela com olhos arregalados.
Tradução: Carpeado Para estas e outras obras, visite Canal no Discord do Carpeado – Clicando Aqui
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