I Parry Everything – CapĂ­tulo 31 – Volume 1

Ore wa Subete wo “Parry” Suru: Gyaku Kanchigai
no Sekai Saikyou wa Boukensha ni Naritai
I Parry Everything: What Do You Mean I’m the Strongest?
I’m Not Even an Adventurer Yet!

Light Novel Online – Volume 01:


Capítulo Extra: A Primeira Caçada de Goblins da Princesa Lynneburg Cinco Anos de Idade

— A princesa Lynneburg dá trabalho, hein? Não acredito que ela disse que queria passear a essa hora da noite.

— Pois Ă©. Ainda bem que todo mundo—atĂ© o rei, veja bem—conseguiu convencĂȘ-la mais cedo, enquanto o sol ainda estava alto. Mas vocĂȘ sabe como ela Ă©; nĂŁo podemos baixar a guarda.

— Ela dĂĄ tanto trabalho assim? No fim das contas, ela Ă© sĂł uma garotinha mimada—e ainda tem sĂł cinco anos, nĂ©? Pode falar o que quiser, mas para mim, ela sĂł parece uma criança normal. Quero dizer, sei que ela Ă© alguĂ©m de extrema importĂąncia… mas serĂĄ que precisa de tantos guardas assim?

Kyle, o Todo-Ouvinte, um aventureiro de Rank A que havia sido convocado por conta de uma missão emergencial solicitada pelo Sindicato dos Aventureiros, deu de ombros e olhou para os outros enquanto falava. Ele estava em um turno de guarda durante a noite inteira e agora estava sentado ao redor de uma fogueira com outros cinco combatentes de elite, cada um vindo de diferentes origens, incluindo alguns soldados do próprio Reino de Clays. O grupo, composto por veteranos experientes e heróis em seus próprios direitos, mantinha a vigilñncia—mas a atenção deles não estava voltada para uma ameaça externa desconhecida.

Afinal, a missĂŁo atual era basicamente “cuidar de criança”.

A responsabilidade deles era proteger (e ficar de olho em) a princesa Lynneburg, a prodigiosa princesa do Reino. O rei havia levado o príncipe Rein, de dez anos, para uma expedição educacional de caça a bestas mågicas, então cabia a esses guardas vigiar a princesa, que permanecera no castelo.

— VocĂȘ sĂł fala isso porque nĂŁo conhece a princesa, garoto. Quando passar um tempo com ela, nĂŁo vai sair falando as coisas tĂŁo levianamente.

— Ha! Isso vindo de um homem que matou um dragão na porrada, Punho-Forte Barzhe! Já admirei seu legado, sabia? Mas se aposentar para trabalhar no palácio real te deixou mole. Ficar velho deve ser horrível, hein?

— O que vocĂȘ disse, moleque?!

Barzhe, um velho soldado de porte gigantesco, se levantou de repente e lançou um olhar mortal para Kyle, um jovem alto e esguio.

— JĂĄ ouvi falar bastante sobre vocĂȘ — disse Kyle. — Hoje em dia, suas Ășnicas funçÔes sĂŁo cuidar da princesa e fazer serviços menores… Quem diria que um dia vocĂȘ foi um herĂłi e Matador de DragĂ”es!

— Falta-lhe respeito, Kyle — rosnou Barzhe. — Convocamos sua ajuda porque tínhamos grandes expectativas sobre sua perícia em reconhecimento, mas isso não lhe dá licença para falar o que quer.

— Chega, vocĂȘs dois — disse o capitĂŁo do grupo de guardas. — Se o CapitĂŁo Sig ouvir vocĂȘs, um pedido de desculpas vai ser o mĂ­nimo.

— Ah, qual Ă© o problema? — respondeu Kyle. — Todos os Seis Soberanos saĂ­ram para a caçada hoje Ă  noite. Nem mesmo o Orelhas-Afiadas Sig consegue nos ouvir de onde ele estĂĄ agora. Por outro lado, isso significa que sĂł restamos nĂłs esta noite. EntĂŁo, melhor nĂŁo abaixar a guarda, hein?

— De fato — respondeu Barzhe. — Devemos manter atenção máxima, ou a princesa pode nos passar a perna.

— Hahaha! Eu, enganado por uma criança de cinco anos? VocĂȘ sĂł pode estar brincando.

— Estou falando muito sĂ©rio.

— Hah! Droga, vocĂȘ realmente estĂĄ!

— Se nĂŁo consegue entender… entĂŁo talvez eu deva te ensinar uma lição.

— Ei. Barzhe, Kyle. JĂĄ mandei vocĂȘs dois pararem.

Com a intervenção do capitĂŁo da guarda, os dois recuaram a contragosto. Houve um breve silĂȘncio antes de Kyle falar novamente.

— Ei, não estou desprezando o trabalho, tá bom? Só tenho meu orgulho a manter. Prodigiosa ou não, nenhuma criança vai me passar a perna. Vou ganhar meu pagamento de forma justa, pode ter certeza disso.

A resposta de Barzhe veio igualmente atrasada.

— Espero que seja verdade.

E assim, a noite avançou sem maiores incidentes. A jovem princesa obedeceu e foi para a cama, onde caiu rapidamente em um sono tranquilo…

Ou pelo menos, era o que parecia.

— T-Temos um problema!

Quando a lua finalmente atingiu seu ponto mais alto no céu, iluminando o mundo abaixo com sua luz, Kyle, o Todo-Ouvinte, correu até onde seus companheiros estavam. Ele deveria estar vigiando a princesa enquanto dormia, mas agora estava ali, com o rosto pålido.

— O que houve?

— A princesa sumiu! Não consigo encontrá-la em lugar nenhum!

— O quĂȘ…? VocĂȘ fez uma busca completa?

Ao ouvir a notĂ­cia de Kyle, os outros guardas se tensionaram.

— Sim — respondeu Kyle. — Revirei cada canto do quarto dela, mas… ela simplesmente desapareceu!

— VocĂȘ se ofereceu para ficar de vigia, nĂŁo foi?! — gritou o capitĂŁo da guarda. — O que diabos estava fazendo?!

— E-Eu… Desculpe. Ela desapareceu enquanto eu fazia minha pausa para comer. Sei que nĂŁo Ă© desculpa, mas foi sĂł por um instante—

— O que vocĂȘ fez?! Isso Ă© uma emergĂȘncia! Onde estĂĄ a princesa?! Pelo menos sabe para onde ela foi?!

— Sei… Deixei uma agulha de rastreamento na camisola dela, entĂŁo podemos detectar sua localização nesse mapa. Ela Ă© sĂł uma criança, entĂŁo nĂŁo pode ter ido tĂŁo lo—

— Se eu quiser sua opinião, eu pergunto! — rosnou o capitão da guarda. — Me entregue esse mapa!

Tomando o mapa da capital real e seus arredores, o capitĂŁo passou as mĂŁos sobre sua superfĂ­cie e ativou sua habilidade [Detectar]. O que viu a seguir fez o sangue sumir de seu rosto.

— Isso… Ă© ruim.

A princesa estava se movendo a uma velocidade inacreditĂĄvel e jĂĄ havia saĂ­do dos limites da cidade. Era difĂ­cil acreditar que uma garotinha pudesse correr tĂŁo rĂĄpido. AlĂ©m disso, por razĂ”es ainda desconhecidas, ela estava indo em linha reta para o nordeste. Poderia ter sido sequestrada? NĂŁo, ainda era cedo para tirar conclusĂ”es. A Ășnica coisa que era certa era…

— A princesa está indo para a Floresta das Feras.

— Por que para lĂĄ…?

— Pelo que me lembro… faz um tempo que ela quer ver com os prĂłprios olhos se os ecossistemas diurno e noturno da floresta realmente sĂŁo diferentes. O rei a repreendeu quando descobriu e proibiu terminantemente que fosse, mas ela ainda tenta fugir de vez em quando. O ilustre Soberano das Sombras sempre a pega antes que saia do castelo, mas, claro… hoje ele nĂŁo estĂĄ aqui. Com seu maior obstĂĄculo fora do caminho, a princesa deve ter visto essa noite como sua melhor chance de escapar.

— VocĂȘ sĂł pode estar brincando… — murmurou Kyle. — VocĂȘ quer dizer que ela nĂŁo foi sequestrada? Que fugiu sozinha, atravessando nossa rede de vigilĂąncia? Algumas dessas armadilhas sĂŁo feitas para conter feras mĂĄgicas! VocĂȘ estĂĄ me dizendo que uma garotinha de cinco anos descobriu um jeito de contornar todas as nossas medidas de segurança e ainda conseguiu fugir?!

— Estamos falando da princesa… — enfatizou Barzhe. — Isso Ă© totalmente possĂ­vel.

O capitĂŁo da guarda interveio rapidamente.

— De qualquer forma, hĂĄ goblins perambulando a esta hora da noite! Isso Ă© uma crise, entenderam? Precisamos ir atrĂĄs dela imediatamente!

Lutando contra sua prĂłpria impaciĂȘncia, o capitĂŁo da guarda emitiu suas ordens. Ele sabia que esse erro era suficiente para que fosse demitido do cargo; agora, sua Ășnica esperança era que nada pior acontecesse. Se nĂŁo fizessem algo rapidamente, havia uma grande chance de que ele e seus guardas fossem responsĂĄveis pela morte de uma garotinha — especificamente, uma que diziam possuir um talento nĂŁo visto desde a fundação do Reino.

Desesperados, os guardas partiram em busca da princesa como se suas prĂłprias vidas dependessem disso.

◇

Sob a luz do luar, nas profundezas da Floresta das Feras, uma matilha de goblins cercava uma garotinha. Suas mĂŁos estavam cheias de nozes, frutas silvestres e flores das mais variadas cores, e seus olhos transbordavam lĂĄgrimas.

— Me desculpem… — disse a menina. — Eu nĂŁo queria bagunçar a casa de vocĂȘs. Sinto muito, de verdade…

Sendo alvo dos olhares das criaturas devoradoras de pessoas, nada menos que a jovem Princesa Lynneburg permanecia ali. Encarando os monstros, ela continuou se desculpando de coração, chorando enquanto falava.

— Sinto muito, de verdade…!

Mas os goblins, incapazes de compreender suas palavras, apenas arreganharam os dentes e se aproximaram. Em um piscar de olhos, estavam a um passo da garotinha, que nada fazia além de chorar e se desculpar.

Foi exatamente nesse momento que os guardas chegaram Ă  cena.

— Não! Protejam a prin—

O capitĂŁo da guarda começou a dar sua ordem no instante em que avistou a situação, mas jĂĄ era tarde demais. Os goblins saltaram sobre sua vĂ­tima todos de uma vez. O que aconteceu em seguida foi…

—…cesa…?

…inesperado. Antes que alguĂ©m pudesse reagir, havia uma espada nas mĂŁos da princesa, adornada com ornamentaçÔes douradas que refletiam a luz do luar. EntĂŁo, ela a brandiu, fazendo inĂșmeras cabeças de goblins voarem pela escuridĂŁo da noite.

— Sinto muito.

Em seguida, vårios torsos caíram ao chão, separados de suas pernas. A menina então saltou alto no ar, cortando os monstros sobreviventes ao seu redor conforme avançava.

— Me desculpem… Eu nĂŁo pensei que isso fosse acontecer. Prometo que vou me esforçar para que vocĂȘs nĂŁo me notem da prĂłxima vez, entĂŁo… Sinto muito, de verdade! [Bola de Fogo]!

Com a lua Ă s suas costas, a garotinha chorosa conjurou uma bola de fogo atrĂĄs da outra, queimando mais e mais goblins. Tudo o que os guardas puderam fazer foi ficar parados, assistindo ao massacre.

EntĂŁo, começaram a duvidar de suas prĂłprias funçÔes. Por que viemos correndo atĂ© aqui? pensaram. Para protegĂȘ-la? Como poderiam, se ela jĂĄ estava exterminando uma matilha de goblins diante de seus olhos?

No instante seguinte, a garotinha chorosa estava diante deles, curvando a cabeça. Todos os goblins haviam sido mortos.

— Me desculpem… — disse ela. — Eu sĂł queria brincar um pouco e voltar direto para casa, mas havia tantas plantas raras… Eu nunca tinha visto uma flor de luar de verdade, sabem… porque elas sĂł florescem em noites de lua cheia… Eu… eu simplesmente perdi a noção do tempo, e quando percebi, jĂĄ estava cercada… Sinto muito, de verdade…

Enquanto a menina chorava e se desculpava desesperadamente, um homem de fĂ­sico robusto se ajoelhou e disse com uma voz gentil:

— VocĂȘ estĂĄ segura, minha senhora. Isso Ă© tudo o que importa para nĂłs. Vamos para casa.

O rosto enrugado do homem era marcado por cicatrizes profundas, mas um sorriso de pura bondade se estampava nele. Ao perceber quem era o homem, Kyle, o Ouvido Absoluto, nĂŁo pĂŽde deixar de duvidar de seus prĂłprios olhos — pela segunda vez naquela noite. Afinal, dizia-se que ninguĂ©m jamais havia visto um sorriso no rosto taciturno e inexpressivo do lendĂĄrio aventureiro Strongfist Barzhe, temido por ser feroz o suficiente para matar um dragĂŁo com as prĂłprias mĂŁos.

No dia seguinte, enquanto Kyle observava a jovem princesa implorar por sua defesa diante da comitiva de expedição recĂ©m-chegada do rei, explicando que o incidente havia sido inteiramente culpa dela, ele fez uma promessa a si mesmo: candidataria-se a um cargo no palĂĄcio real e dedicaria toda a sua vida a protegĂȘ-la.


Tradução: Carpeado
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