Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 7 – Volume 8

 

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Hai to Gensou no GrimgarGrimgar of Fantasy and Ash

Light Novel Online – CapĂ­tulo 07:
[Mestre das Escolhas]


Seria mais fĂĄcil simplesmente morrer.

NĂŁo era a primeira vez que Mary sentia isso.

Depois de perder trĂȘs de seus companheiros originais de uma sĂł vez, por um bom tempo, um longo tempo, dia apĂłs dia, ela quis morrer. Para ser mais preciso, tinha sido dominada por sentimentos de arrependimento, culpa e perda, e nĂŁo conseguia pensar em nada alĂ©m da morte que pudesse libertĂĄ-la disso.

Ela chegou a considerar acabar com a própria vida, mas sentia que isso seria errado. Seus companheiros basicamente tinham se sacrificado para que ela sobrevivesse. Era graças a eles que ela estava viva, então como poderia morrer? A menos que sofresse muito, muito mais, tudo isso seria uma mentira. Aquilo era o castigo que merecia.

Era assim que se sentia, entĂŁo, mesmo quando as coisas ficavam tĂŁo difĂ­ceis que parecia mais fĂĄcil morrer, ela nunca se deixou abater. NĂŁo poderia permitir-se fazer isso.

Mas desta vez era diferente. Talvez, realmente fosse melhor morrer. Na verdade, ela questionava por que tinha que viver.

Afinal, dali em diante, eles fariam coisas horríveis, repulsivas, que ela nem sequer queria imaginar. Não queria imaginå-las, mas ainda assim os pensamentos cruzavam sua mente. O que os orcs fariam com ela? E aquele goblin também a humilharia?

NĂŁo.

NĂŁo estou brincando.

Eu vou morrer.

Isso mesmo. Vou morder a lĂ­ngua e morrer.

Ah, mas morrer talvez nĂŁo impedisse que eles profanassem seu corpo sem vida. Mas o que importava o que acontecesse depois que estivesse morta? Ainda assim, a ideia era difĂ­cil de suportar.

NĂŁo. NĂŁo. NĂŁo. NĂŁo.

— Mary.

— …HĂŁ? — Mary ergueu o rosto e olhou para o lado.

Ranta parecia exausto, suando profusamente. Era como se a sombra da morte estivesse sobre ele.

Mesmo assim, ela pensou: VocĂȘ nĂŁo tem noção de como Ă© pior pra mim. Eles sĂł vĂŁo te matar.

Ela passaria por mais do que isso. Eles a atormentariam o quanto quisessem, torturando seu corpo e sua alma, e depois a matariam de alguma forma brutal quando tivessem terminado com ela. Esse era o destino que esperava por Mary.

Ela queria gritar o mais alto que pudesse, VocĂȘ acha que consegue entender o que eu estou sentindo agora?!

É claro que isso seria descontar na pessoa errada.

Mary tentou desesperadamente controlar sua respiração. — …O quĂȘ?

— NĂŁo… É que eu chamei seu nome vĂĄrias vezes, mas vocĂȘ nĂŁo respondeu…

— Várias vezes?

— VocĂȘ nĂŁo me ouviu?

— Isso Ă©… — Mary balançou a cabeça e piscou. Sim, vĂĄrias vezes. — …nĂŁo Ă© verdade. Eu ouvi. Mas mesmo que eu tivesse respondido, nĂŁo mudaria nada.

— VocĂȘ nĂŁo precisa falar assim — reclamou Ranta. — Eu estava preocupado com vocĂȘ.

— Não precisa.

— NĂŁo tente bancar a durona. É estranho vocĂȘ me dizer pra nĂŁo me preocupar enquanto estĂĄ com essa cara.

— Eu estou perfeitamente—

Sua visão embaçou, pegando-a de surpresa.

LĂĄgrimas. Estava prestes a chorar.

— Eu estou bem. — Mary fechou os olhos com força. — Estou bem.

— Ah, Ă©?

— É.

— VocĂȘ realmente nĂŁo Ă© nada fofa.

— VocĂȘ acertou em cheio.

— SĂ©rio, seu rosto Ă© a Ășnica coisa que vocĂȘ tem de bom. Sua personalidade Ă© terrĂ­vel.

— VocĂȘ Ă© a Ășltima pessoa de quem eu quero ouvir isso.

— NĂŁo, nĂŁo, nĂŁo. Mesmo o grande Ranta-sama nĂŁo chega aos seus pĂ©s — respondeu Ranta. — Eu jamais poderia me comparar com seu nĂ­vel de rancor. Essa teimosia sua poderia acabar com um amor que durasse cem anos. VocĂȘ dominou a arte de afastar os outros.

— Se afaste o quanto quiser. Pra mim seria conveniente.

Ranta estalou a lĂ­ngua. NĂŁo parou por aĂ­; fez isso uma segunda e terceira vez. Era incrivelmente irritante.

Mas, graças a isso, o medo estava um pouco mais distante. Logo ele voltaria a subir à tona e a consumiria, mas por ora ela conseguia pensar com mais clareza do que antes. Esse era o quão fracas as pessoas podiam ficar por causa do medo. Se, agora, lhe oferecessem uma condição menos terrível do que suas piores imaginaçÔes, ela cederia facilmente. Mary não tinha confiança de que conseguiria se agarrar ao próprio orgulho.

Era por isso que esperava morrer antes de cair em desespero absoluto. Seria mais fĂĄcil.

Ou talvez, mesmo que caĂ­sse ao nĂ­vel mais baixo, ainda devesse se apegar Ă  vida?

Qualquer que fosse a escolha, provavelmente nunca mais veria nenhum dos seus companheiros além de Ranta.

Yume. Shihoru. Finalmente conseguimos nos tornar amigas.

Kuzaku, sinto muito pelo que fiz com vocĂȘ.

Haruhiro. Haru…

Me salve.

Essa era a Ășnica coisa que ela nĂŁo podia dizer. Na verdade, nem pensar nisso ela podia. JĂĄ se sentia fraca, e aquilo sĂł a tornaria ainda mais frĂĄgil.

Ela não queria que Ranta visse isso. Quando fizessem o que quer que estivessem planejando, ela não queria que Ranta—não queria que um de seus companheiros visse. No entanto, essa não era uma escolha que Mary poderia fazer. Para que ela experimentasse a humilhação mais amarga, eles poderiam profaná-la bem na frente de Ranta. Ela precisava estar preparada para isso.

Teria que aguentar sem chorar ou gritar. Apenas suportar. Precisaria fazer com que pensassem que atormentĂĄ-la mais seria entediante. Essa era a Ășnica forma de resistĂȘncia que Mary tinha. Se era sĂł isso, era o que ela faria.

NĂŁo trema. NĂŁo olhe para baixo. Mantenha o queixo erguido.

Havia um goblin acariciando um grande lobo negro perto da entrada da caverna. Não conseguia ver aquele homem de meia-idade. Havia vårios orcs circulando por ali. Mortos-vivos também. Um bando de lobos negros. Vårias criaturas semelhantes a gatos.

Névoa.

Ela gravou tudo aquilo em suas retinas.

Mary morreria ali. Provavelmente da pior maneira imaginĂĄvel. Mas nĂŁo amaldiçoaria o fato de ter vivido, nem rejeitaria sua vida. Acontecesse o que acontecesse, essa era a Ășnica coisa que nĂŁo faria.

— Ranta.

— …Huh?

— Obrigada — disse ela. — Por se preocupar.

— Sua idi… N-NĂŁo fala assim, garota. Eu nĂŁo estou…

— “Garota”? — ela perguntou, arqueando uma sobrancelha.

— D-Desculpa, Mary-san…

Era tĂŁo bobo que ela sorriu, ainda que sĂł um pouco.

Honestamente, gostaria de poder agradecer a todos os outros companheiros também. Queria agradecer a todos de verdade, com suas próprias palavras. Dizer a eles que eram importantes para ela, e que os amava. Mas esse desejo não iria se concretizar. Então, pelo menos, ela agradeceria a Ranta.

Sinceramente, Ranta mais a tinha irritado do que qualquer outra coisa. Nunca conseguiria gostar dele como pessoa, mas ele não era de todo ruim, entendia que ele tinha algumas qualidades também. Mesmo que não gostasse dele, ele era um companheiro insubstituível.

Mary falou: — Tenho um favor a pedir.

— Ah? Claro. …O-Q-Qual?

— NĂŁo importa o que aconteça, nĂŁo tenha pena de mim. Quero me manter forte, mas posso fracassar. Se isso acontecer, vocĂȘ pode zombar de mim, mas, seja como for, nĂŁo sinta pena de mim.

— Entendido — Ranta respondeu instantaneamente. — Juro pelo Lorde Skullhell. NĂŁo vou ter pena dos meus companheiros. Aconteça o que acontecer, certo? …Mary.

— O quĂȘ?

— Não desista. Porque eu não vou desistir. Enquanto ainda estivermos vivos, não perdemos.

— Certo. — Mary não conseguia pensar da mesma forma que Ranta. Contudo, achava importante respeitar a determinação dele. Queria respeitá-la.

Esperava que Ranta de alguma forma sobrevivesse. Conhecendo Ranta, ele nĂŁo se importaria com aparĂȘncias, e provavelmente imploraria por sua vida ou faria o que fosse necessĂĄrio para continuar vivo.

Ela se sentou ereta. Estufou o peito. As cordas apertavam sua pele, dolorosamente. Mas isso não era nada demais. Nem exigia perseverança para suportar. Ela afastou da mente as coisas horríveis que havia imaginado. Quando tentava pensar em coisas boas, sentia vontade de chorar.

NĂŁo, pensou. Quero ficar com todos por mais um tempo. Isso nĂŁo pode ser o fim. Eu nĂŁo quero isso.

Mas quando se lembrou de que alguém como ela havia sido permitido conhecer companheiros tão maravilhosos, e tinha passado bons e maus momentos com eles, reconsiderou. Percebeu que deveria ser grata pelo que teve.

Sua vida nĂŁo tinha sido em vĂŁo. Ela tinha sido abençoada. Mesmo que terminasse de uma forma horrĂ­vel, isso nĂŁo tornava o tempo que passou com seus companheiros inĂștil.

No momento em que todos os lobos e criaturas semelhantes a gatos voltaram seus olhares para a mesma direção de uma só vez, Mary sentiu que a hora finalmente havia chegado.

O que tinha acontecido? O que estava prestes a acontecer? Mary nĂŁo sabia, mas sabia que nĂŁo era algo comum. Isso era a Ășnica coisa que sabia.

O goblin se levantou. O grande lobo negro, por outro lado, se deitou. Os outros lobos negros imitaram o grande. As criaturas semelhantes a gatos arregalaram os olhos, respirando superficialmente pelo nariz. Pareciam tensos. Os orcs e mortos-vivos abriram as pernas, colocaram as mãos nos quadris e se inclinaram um pouco, abaixando as cabeças.

O homem de meia-idade apareceu vindo além da névoa. Estava trazendo alguém com ele. Duas pessoas, na verdade.

Era difĂ­cil vĂȘ-los, mas um era bem grande. Aquela figura tinha um corpo massivo. Era um orc? Mesmo que fosse, era grande demais. Seria um gigante ou algo assim?

A outra pessoa era humana, ou talvez um morto-vivo. Essa figura nĂŁo era muito mais alta ou baixa que o homem de meia-idade, entĂŁo provavelmente nĂŁo era um orc.

No tempo em que eles se aproximaram, até que pudesse distinguir como eram, Mary jamais teria imaginado que ambos eram orcs. Um deles tinha facilmente dois metros e meio de altura, enquanto o outro media talvez apenas um metro e oitenta. Pelo fato de um ser tão grande, o outro parecia quase delicado em comparação.

Parecia que os orcs tinham o costume de tingir os pelos do corpo em cores vibrantes. Contudo, esses dois eram diferentes. Ambos tinham cabelos ondulados, negros a ponto de serem brilhantes.

O orc menor provavelmente era o mais velho dos dois. NĂŁo era que ele parecesse velho; apenas exalava uma aura de tranquilidade.

É aquele orc, pensou Mary.

O que os lobos negros, os orcs e os mortos-vivos respeitavam nĂŁo era o grandalhĂŁo. Ela nunca tinha visto um orc como aquele menor antes. Sua pele tinha um tom acinzentado, e seus olhos eram de um laranja penetrante, ambos bastante distintivos, mas o mais notĂĄvel era sua roupa.

Era um tecido azul-escuro com um padrĂŁo de flores prateadas espalhadas. Como seria chamado? Era um quimono? Fosse o que fosse, era muito bem-feito. Era uma vestimenta com mangas que abria na frente, indo atĂ© pouco abaixo dos joelhos e amarrada com um cinto fino. Em vez de sapatos, ele usava algo parecido com sandĂĄlias. O objeto longo que ele carregava no cinto parecia uma arma, mas vocĂȘ sĂł perceberia se prestasse bastante atenção. As feras e os orcs claramente o temiam e o respeitavam. Ainda assim, ele nĂŁo tinha um ar particularmente imponente ou opressor. Era calmo e silencioso, e, ao mesmo tempo, embora fosse pequeno para um orc, era grande. Sua presença tinha um sentido de grandeza. Ou talvez de profundidade. Essa tambĂ©m parecia uma forma apropriada de descrevĂȘ-lo.

Olhando para eles novamente, o orc enorme parecia estar tentando imitar o menor. Era evidente que admirava o orc pequeno, e nĂŁo podia evitar emular sua vestimenta e modos.

Aquele orc menor era o chefe. Nesse grupo composto de orcs, mortos-vivos, goblins, bestas e até humanos, ele era a figura central, o que os havia reunido.

No instante seguinte, Mary percebeu que o homem de meia-idade e os dois orcs estavam bem prĂłximos dela e de Ranta.

Então, um som repentino de asas batendo a surpreendeu. Algo desceu dos céus envoltos em névoa.

Um pĂĄssaro. NĂŁo um pequeno. Uma ave de rapina. Uma ĂĄguia, talvez?

Uma pena preta caiu das fortes asas que batiam e pousou no chĂŁo em frente aos joelhos de Mary.

A grande åguia negra pousou no ombro do orc pequeno. Embora fosse pequeno para um orc, ele tinha ombros largos o suficiente para que uma ave tão grande pudesse uså-los como poleiro. Seu peito era espesso, e seus braços e pescoço eram robustos. Ainda assim, ele transmitia uma impressão mais ågil do que poderosa.

— Jumbo. — O homem de meia-idade fez um gesto com o queixo em direção a Mary e Ranta, então disse algo incompreensível. Provavelmente era na língua orc.

O orc pequeno assentiu. Seus olhos laranja estavam fixos em Mary. Suas pupilas pareciam brilhar. Talvez nĂŁo fosse o momento ou lugar para tais pensamentos, mas Mary achou-os bonitos. O branco de seus olhos era tĂŁo claro quanto o de um bebĂȘ.

Ela entendia, racionalmente, que os orcs eram uma raça inteligente, em nada inferior aos humanos. No entanto, teve que reconhecer que tinha preconceitos contra eles, os vendo como selvagens e assustadores. Foi por isso que Mary ficou tão surpresa.

Ela não conseguia encontrar uma expressão apropriada para isso, mas, se fosse usar a palavra mais próxima que conseguia pensar, aquele orc parecia nobre. Ele tinha uma graça, um refinamento. Dito isso, ainda era cedo para começar a ter esperanças de que ele não faria nada brutal. Isso seria apenas otimismo sem fundamento.

— Meu nome Ă©… — Mesmo que a boca do orc estivesse se movendo, era difĂ­cil para ela acreditar que aquela era sua voz. Claro que era. Ele estava falando em palavras humanas, e com uma fluĂȘncia surpreendente na lĂ­ngua. AlĂ©m disso, sua voz era baixa e suave, ainda que um pouco rouca, e muito agradĂĄvel de se ouvir. — …Jumbo. Primeiro, deixe-me perguntar: quais sĂŁo seus nomes?

— Huh…? — Ranta olhou para Mary, depois para Jumbo, inclinou a cabeça de lado em confusĂŁo e entĂŁo olhou para o homem de meia-idade. Quando o homem deu de ombros, Ranta finalmente aceitou a realidade. — …R-R-R-R-Ranta. NĂŁo, quer dizer, meu nome Ă© Ranta.

— E vocĂȘ? — Jumbo perguntou, olhando para Mary.

Mary respirou fundo. Seu corpo inteiro estava dormente. Ela precisava se recompor.

— Sou Mary.

— Ranta. Mary. Parece que vocĂȘs dois nĂŁo sĂŁo da vila.

— …O que Ă© essa vila, afinal? — perguntou Mary.

— Eiiii, Mary, nĂŁo fale mais do que o necessĂĄrio… — Ranta balançou a cabeça, irritado. — É isso mesmo! NĂłs nem sabemos de que vila vocĂȘ estĂĄ falando. NĂŁo temos a menor ideia do que seja, entĂŁo pode ter certeza que nĂŁo somos de lĂĄ! E daĂ­?!

— Soldados voluntários de Arabakia, então? — perguntou Jumbo. — Ou cidadãos de Vele?

Vele provavelmente se referia à cidade livre de Vele. Havia comércio entre Altana e Vele. Porém, embora Vele fosse uma cidade-estado humana, eles também mantinham comércio com orcs e mortos-vivos. Poderia-se dizer que eram neutros.

Se dissessem que eram cidadĂŁos de Vele, Jumbo poderia liberar Mary e Ranta. Se acreditasse neles, claro. Se nĂŁo desconfiasse da mentira.

— Somos soldados voluntários. — Mary lançou um olhar firme a Jumbo. — E o que tem isso?

Ranta jĂĄ havia dito ao homem de meia-idade que eram soldados voluntĂĄrios. Era difĂ­cil imaginar que esse detalhe nĂŁo tivesse sido passado para Jumbo. Ele devia saber. Se estava fazendo uma pergunta da qual jĂĄ sabia a resposta, parecia uma armadilha. Se usava truques tĂŁo banais, talvez fosse mais superficial do que ela imaginava.

Ou talvez nĂŁo.

— Takasagi. — Jumbo olhou para Mary novamente enquanto perguntava. — Isso Ă© verdade?

— É — respondeu o homem de meia-idade chamado Takasagi. — Onsa encontrou os distintivos do EsquadrĂŁo de Soldados VoluntĂĄrios deles. NĂŁo vejo motivo para estarem carregando falsos. NĂŁo hĂĄ dĂșvidas quanto a isso. SĂł nĂŁo dĂĄ para saber que ligação tĂȘm com a vila. Os caras que estĂŁo nos atacando tambĂ©m sĂŁo soldados voluntĂĄrios, entĂŁo continuam suspeitos.

— …Suspeitos, Ă©? Isso me magoa. — Ranta soltou um riso sarcĂĄstico. Se suas mĂŁos nĂŁo estivessem amarradas nas costas, ele provavelmente teria cruzado os braços de forma arrogante. — O quĂȘ?! TĂĄ achando que somos espiĂ”es, ou algo assim? Deixa eu te falar, eu nĂŁo faria nada tĂŁo patĂ©tico. Se quisesse derrubar vocĂȘs, faria isso em uma luta direta!

— Luta direta, hein… — Takasagi deu um sorriso enquanto o cachimbo que segurava entre os lĂĄbios tremia. — VocĂȘ nĂŁo Ă© bom o suficiente. NĂŁo sĂł vocĂȘ nĂŁo conseguiria derrubar nosso chefe, como eu duvido que conseguiria me vencer.

— Ei, não me subestime, velho! — As veias de Ranta pulsavam, suas sobrancelhas estavam erguidas e seu rosto todo distorcido. Será que ele achava que estava intimidando? Que idiota.

Ele estava respirando pesadamente pelo nariz. O que esse idiota estava pensando, se exaltando tanto? SerĂĄ que ele nĂŁo estava pensando em nada? Normalmente, isso seria impossĂ­vel, mas, com esse cara, talvez fosse o caso. Ele era tĂŁo idiota assim.

— Sou um astro dos soldados voluntĂĄrios! — gritou Ranta. — Sou a supernova de talento chamada Ultra Idaten! Idaten…?! Bom, tanto faz. De qualquer forma, quando falam do espadachim especial conhecido como o Deus da Destruição de Outra DimensĂŁo, estĂŁo falando de mim, Ranta-sama! Como se eu fosse perder para um velhote! Antes de falar, tente avaliar melhor seus oponentes, camarada!

— Pare com isso — disse Mary urgentemente. — VocĂȘ está—

— Cala a boca! Agora vocĂȘ nĂŁo fala! — Ranta gritou com Mary, elevando ainda mais a voz. — VocĂȘs acham que sĂŁo grandes coisa sĂł porque conseguiram nos capturar com um bando de gente! Covardes, que nĂŁo conseguem enfrentar uma luta um contra um! Quem vocĂȘs pensam que estĂŁo enganando com esse “duvido que vocĂȘ consiga me vencer”? Diga isso depois de termos lutado de verdade! Se Ă© sĂł pra ficar falando sem termos lutado, qualquer um pode fazer isso! Se vocĂȘ estĂĄ tĂŁo confiante, entĂŁo enfrente-me!

— Ele tem um ponto. — Jumbo assentiu sem mudar a expressĂŁo. — Takasagi. Foi vocĂȘ quem disse que poderia vencĂȘ-lo. Enfrente-o.

— Vixe, isso me ensina a fechar essa boca grande, nĂ©… — Takasagi virou-se e olhou para a caverna. — Onsa, pode pedir para os nyaas soltarem as cordas dele?

Quando Onsa, o goblin, franziu os lĂĄbios e assobiou, as criaturas felinas rodearam Ranta e desfizeram as cordas rapidamente.

Essas criaturas, eram chamadas de nyaas? Não era um nome muito criativo, mas era fofo. Elas pareciam se esforçar tanto enquanto mexiam suas mãozinhas, e isso—Não, não. Não era hora de ficar admirando a fofura dos nyaas.

— Muito bem! — Ranta ficou de pĂ©, torcendo o pescoço de um lado para o outro, e esticou braços e pernas. — NĂŁo deixem minhas habilidades hiper-incrĂ­veis derrubarem vocĂȘs. A propĂłsito, vocĂȘs nĂŁo lutariam com armas enquanto eu estou desarmado, nĂ©? Se quiserem resolver isso com os punhos, por mim tudo bem. TambĂ©m topo essa. Afinal, sou mestre em tudo.

Pouco tempo depois, trĂȘs nyaas trouxeram a RIPer de Ranta da caverna. Os nyaas se esforçando enquanto corriam carregando a espada eram adorĂĄveis, claro, mas era Ăłbvio que Mary nĂŁo tinha presença de espĂ­rito para realmente apreciar essa fofura. Na verdade, sua boca estava aberta, surpresa.

Em vez de optar por assistir as coisas se desenrolarem, o fluxo dos eventos deixara Mary para trĂĄs. Ela culpava Ranta. Ranta era um idiota. Tudo era culpa do estĂșpido Ranta.

Os lobos negros e os nyaas, os orcs, os mortos-vivos, Jumbo e o grande orc se moviam, abrindo espaço para o duelo. Mary sĂł podia ficar ali, sentada em silĂȘncio.

Talvez esse fosse o plano de Ranta. De qualquer forma, Ranta estava livre agora. Ele atĂ© pegou sua arma de volta. Isso significava que talvez nĂŁo fosse impossĂ­vel escapar…?

Quando Ranta lançou um olhar na direção de Mary, ela quase quis pensar “Eu sabia”—mas foi sĂł isso, um Ășnico olhar, e entĂŁo Ranta se voltou para Takasagi, sacando RIPer da bainha e a largando ali mesmo. Ela ficou envergonhada por, mesmo que por um instante, ter começado a pensar “Eu sabia”.

— Certo! — Ranta deu um tapa no próprio rosto com a mão esquerda. — Estou pronto! Venha com tudo, velho Takasagi!

— NĂŁo sei dizer se vocĂȘ estĂĄ falando sĂ©rio ou apenas desesperado. — Takasagi mordiscou o cachimbo, sacando lentamente a katana das costas com a mĂŁo direita. — Se quiser, deixo vocĂȘ fazer o primeiro movimento.

— Tem certeza? — perguntou Ranta. — Não quero que se arrependa depois.

— NĂŁo hesite em aceitar. Provavelmente vivi o dobro de tempo que vocĂȘ. Se quiser, dou ainda mais vantagem pra vocĂȘ.

— A sabedoria da idade, Ă© isso? — Ranta abaixou um pouco os quadris, preparando a espada. — Bom, aceito de bom grado o direito de atacar primeiro. NĂŁo caia no primeiro golpe. NĂŁo tenho muitas chances de fazer isso, entĂŁo me divirta.

— VocĂȘ fala bem.

— Vou mostrar que nĂŁo Ă© sĂł papo logo, logo.

SerĂĄ que…? Parecia ser a Ășnica possibilidade, mas serĂĄ que Ranta achava que poderia vencer Takasagi? Que poderia ganhar o duelo e, ao vencer, arrancar algum tipo de compromisso deles?

Takasagi tinha um ferimento no olho esquerdo ou algum outro problema, e aparentemente era cego daquele lado. AlĂ©m disso, provavelmente nĂŁo estava escondendo o braço direito. Ele tinha um olho e um braço. Era de meia-idade, tambĂ©m, entĂŁo Ranta provavelmente achava que podia enfrentĂĄ-lo. Se Ranta estava pensando nisso—e conhecendo Ranta, provavelmente estava, o que a preocupava—era leviano da parte dele.

Takasagi levantou a katana lentamente, apontando a ponta para Ranta. No momento em que fez isso, Ranta parou completamente de se mover. Provavelmente nĂŁo conseguia se mover. O ar Ășmido de repente começou a parecer gelado.

Os olhos de Mary se fixaram na espada de Takasagi, incapazes de focar em qualquer outra coisa. Se Ranta estivesse no mesmo estado que Mary, tudo jĂĄ estava decidido. A batalha estava resolvida. Ele nĂŁo tinha como vencer.

— Não vou me deixar hipnotizar — murmurou Ranta para si mesmo.

No instante seguinte, ele avançou com Leap Out. Com a força de uma erupção, disparou para a esquerda de Takasagi. De lå, usou Hatred. Takasagi desviou com um movimento suave.

Ranta usou Leap Out novamente para ir para o lado direito de Takasagi e, girando a espada em um movimento de oito, usou Slice. Takasagi também desviou facilmente desse golpe.

Ranta lutava de um jeito nada parecido com o usual, quase sem usar a voz enquanto pressionava o ataque. Seus pés nunca paravam; ele continuava se movendo e atacando.

Mary não queria elogiar Ranta, mas a maneira como ele se movia com uma velocidade desconcertante devia ser bem problemåtica para o oponente. Lutando dessa forma, Ranta parecia ganhar uma força anormal. Além disso, ele não estava apenas se movendo aleatoriamente; estava sempre tentando atacar por um ùngulo difícil de bloquear. Era como se ele fosse uma pessoa completamente diferente da que integrava a party quando Mary entrou. Ranta estava tão mais forte agora que era quase irreconhecível. No entanto, sempre havia alguém melhor.

Mesmo para Mary, uma sacerdotisa, isso era óbvio. Pelo menos por ora, não importava o quanto Ranta se esforçasse, ele jamais alcançaria Takasagi.

Ranta podia saltar para a direita e golpear, ou avançar para a esquerda e estocar, e Takasagi sempre estaria de frente para ele, pronto para se esquivar com um ou dois passos. Takasagi conseguia prever tudo. Ele tinha compreendido completamente o estilo de luta nada convencional de Ranta.

Não era exagero dizer que Ranta não estava à altura dele. Ranta, mais do que ninguém, devia estar ciente da diferença em seus poderes. Mesmo assim, ele continuava atacando. Incorrigível, repetia seus ataques sem sentido.

Pare, Mary queria dizer. Mas o que aconteceria se ele parasse?

NĂŁo desista, Ranta tinha dito a Mary. Porque eu nĂŁo vou desistir, ele tinha dito.

Essa era exatamente uma batalha onde, se ele desistisse, tudo estaria acabado. Embora nĂŁo pudesse vencer de jeito nenhum, ele tinha que continuar lutando para que a luta nĂŁo terminasse. Era por isso que Ranta estava lutando tĂŁo desesperadamente. AtĂ© gastar sua Ășltima gota de energia, ou atĂ© que Takasagi o derrubasse, Ranta nĂŁo desistiria.

— …Vai com tudo. — Mary forçou as palavras a saĂ­rem. — Vai, Ranta! Vai!

— Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! — Ranta gritou.

Ranta nĂŁo estava respondendo a Mary. Ele estava focado na batalha e provavelmente nem conseguia ouvir a voz dela. Mas a precisĂŁo dos movimentos de Ranta, junto com sua velocidade, aumentaram um nĂ­vel. Talvez fosse uma ilusĂŁo, mas foi assim que pareceu para Mary.

Se ele avançasse uns centímetros a mais em seus golpes, sua espada alcançaria um pouco mais longe. As manobras evasivas de Takasagi também estavam se tornando maiores. Até um momento atrås, ele estava desviando de maneira relaxada, mas agora era um pouco diferente. Ocasionalmente, seus pés se moviam um pouco mais råpido, ficando mais apressados. Ele tinha menos espaço para erros do que antes.

— Esse nĂŁo Ă© o melhor que vocĂȘ consegue, nĂ©?! — Mary gritou. — VocĂȘ pode dar mais! NĂŁo Ă© possĂ­vel que nĂŁo consiga!

Isso nĂŁo era verdade de forma alguma. Ranta jĂĄ estava dando tudo de si, ultrapassando seus limites. Mesmo sabendo disso, tudo o que ela podia fazer era torcer por ele assim. Isso a fazia odiar o quĂŁo cruel ela era. Seu companheiro estava queimando o prĂłprio fogo da vida, entĂŁo por que ela nĂŁo conseguia oferecer-lhe palavras mais gentis?

— Desta vez…! — De repente, como se tivesse sido lançado para longe, Ranta recuou vĂĄrios metros. Era Exhaust. Ele havia colocado uma distĂąncia entre eles, mas o que ele pretendia fazer com isso?

Takasagi permaneceu parado, como se esperasse para ver o que ele faria.

— TĂ©cnica secreta… — Ranta segurou a RIPer com ambas as mĂŁos, seu corpo inteiro oscilando. — Hachioji Beta Cleansing… NĂŁo, esquece, precisa de um nome mais maneiro… Mil Braços de Kannon Bodhisattva… NĂŁo, espera, isso tambĂ©m nĂŁo serve… FragrĂąncia Amarga… Huh? Isso tambĂ©m estĂĄ errado. NĂŁo soa como um ataque especial, uh… CĂ©u Supremo Supremo…?

Mary estava pasma. Que diferença fazia o nome? Nem precisava de um. No fim, Ranta era Ranta. Um idiota. Não importava onde estivesse, um verdadeiro idiota sempre seria um idiota.

Takasagi também estava boquiaberto.

Espere, serĂĄ que era isso que Ranta estava tentando fazer…?

— Te peguei! — Ranta usou Leap Out para investir contra Takasagi. Ele saltou de fora do alcance de sua lñmina, estocando com toda sua força. Anger. — Toma essa!

As pernas de Takasagi estavam rĂ­gidas. Ele nĂŁo podia desviar.

Talvez essa fosse a hora.

Pela primeira vez, Takasagi usou sua katana e—

— Ungh! — Ele simplesmente afastou a espada de Ranta.

— Gwuh?! — Só com o desvio de sua espada, Ranta perdeu o equilíbrio.

Takasagi finalmente passou para o ataque. Ou melhor, resolveu tudo com um Ășnico golpe. Se Ă© que aquilo podia ser chamado de golpe.

Takasagi usou a katana como se fosse um braço seu, enlaçando a espada de Ranta. RIPer girou enquanto voava cerca de cinco metros antes de cair no chão.

— VocĂȘ tem garra. — Takasagi pressionou a ponta de sua espada contra a testa de Ranta. — Mas Ă© sĂł isso que vocĂȘ tem. Bom, daqui a dez anos, eu terei enfraquecido com a idade, entĂŁo talvez vocĂȘ ganhasse naquela Ă©poca. Por enquanto, simplesmente nĂŁo vai rolar.

Estava acabado.

Tudo estava acabado.

TĂŁo facilmente.

Mary sorriu de lado, com toda sua força a deixando. Muito típico de Ranta. Mas, bem, para o Ranta, ele tinha feito o melhor que provavelmente poderia.

Isso era certo. Ele tinha se saído bem. Mary não fizera nada; não fora capaz de fazer nada; então não estava em posição de reclamar.

— VocĂȘ acha que isso acabou? — Ranta disse com a voz trĂȘmula, e isso a tocou um pouco.

Ainda nĂŁo. Mesmo agora, Ranta nĂŁo tinha desistido. Ele era um idiota.

Um idiota, mas incrível. Ele era incrível. Como sua companheira, Mary sentia orgulho, ainda que só um pouco. Os cantos de seus olhos começaram a esquentar.

Se Ranta nĂŁo tivesse se jogado ao chĂŁo e pedido perdĂŁo na velocidade da luz, ela talvez tivesse deixado algumas lĂĄgrimas escaparem.

Mary sentiu que seus olhos iam saltar do crĂąnio. Nunca havia experimentado um choque tĂŁo absurdo antes.

— …HĂŁ…? — Takasagi perguntou.

— VocĂȘ me pegou! Por favor, me aceite como seu discĂ­pulo! Eu vou carregar suas sandĂĄlias, lavar suas sandĂĄlias, polir suas sandĂĄlias, o que vocĂȘ quiser, por favor! VocĂȘ gosta de homens fortes?! Eu adooooooro! Eu quero ser forte! SĂ©rio, sĂ©rio, quero mesmo! Estive procurando um caminho, dĂĄ pra dizer, sempre buscando, e finalmente encontrei o que preciso! VocĂȘ, Takasagi-sensei! Eu encontrei vocĂȘ! Digo, vocĂȘ Ă© forte demais, e eu me senti ainda mais impotente do que imaginava diante de vocĂȘ, acabei me apaixonando! Por favor, me aceite como seu discĂ­pulo! Posso começar como seu subordinado, se precisar! Estou implorando! Por favoooor!

— Escuta, eu nĂŁo estou aceitando discĂ­pulos… — Takasagi franziu o cenho, descansando a lateral da katana no ombro esquerdo com um suspiro. — AlĂ©m disso, vocĂȘ nĂŁo entende? NĂłs nĂŁo servimos a nenhum rei. Mas, ainda assim, pessoas de Arabakia ainda sĂŁo nossos inimigos. NĂŁo tem como nos darmos bem. VocĂȘ sabe o que isso significa? Vamos supor por um momento que eu faça de vocĂȘ meu discĂ­pulo. Isso nunca vai acontecer, mas, se eu fizesse, vocĂȘ estaria traindo Arabakia.

— Isso nĂŁo Ă© problema!

— …HĂŁ?

— Sensei, Mestre, eu acho que vocĂȘ estĂĄ confundindo as coisas aqui, entĂŁo vou te contar, tĂĄ? Eu sĂł me tornei um soldado voluntĂĄrio porque as coisas acabaram acontecendo assim. NĂŁo Ă© como se eu tivesse jurado corpo e alma ao Reino de Arabakia. Nunca me senti inclinado a isso. Eu sĂł acabei aqui em Grimgar, sem um tostĂŁo, e eles disseram que cobririam minhas despesas pessoais por um tempo se eu me tornasse um soldado voluntĂĄrio em treinamento, e eu nĂŁo parecia ter outra opção na Ă©poca, entĂŁo aceitei. Bem, de certa forma, dĂĄ pra dizer que me enganaram, nĂ©? Foi assim que virei soldado voluntĂĄrio!

— Eu mesmo fui soldado voluntĂĄrio, entĂŁo entendo de onde vocĂȘ estĂĄ vindo — disse Takasagi.

— Uau! VocĂȘ Ă© um ex-soldado voluntĂĄrio, Sensei? Mestre?

— Eu nĂŁo sou seu sensei nem mestre, sabe…

— Como vocĂȘ acabou trabalhando para o Comandante Jumbo, entĂŁo? — Ranta perguntou animado. — Eu adoraria ouvir sobre isso tambĂ©m.

— É uma longa histĂłria… — Takasagi estalou a lĂ­ngua levemente. — VocĂȘ Ă© bem esperto, sabia? Quase me pegou agora hĂĄ pouco.

— Com certeza! Eu tenho uma lĂ­ngua de prata! Eu tenho o dom da lĂĄbia! Eu falo o tempo todo, entĂŁo as pessoas sempre dizem que sou irritante! Mas, sabe o quĂȘ?! Meu coração Ă© ardente! Minha alma estĂĄ cheia! Eu quero ser seu discĂ­pulo ao mĂĄximo, Takasagi-sensei! Eu realmente quero ficar mais forte, de verdade! Do jeito que estou agora—como soldado voluntĂĄrio, fazendo as mesmas coisas que todos os outros—nĂŁo posso esperar crescer! Isso acabou de me atingir!

— …O que acabou de te atingir?

— Isso, aĂ­, esse Ă© o ponto! Ou melhor, este lugar Ă©! — Ranta girou, olhando para Jumbo, o grande orc, os goblins, os lobos negros e mais. — VocĂȘ, um humano, estĂĄ trabalhando sob o comando do Comandante Jumbo! VocĂȘ deve ter uma razĂŁo muito boa! Mas, mais do que isso, eu sinto algo aqui! Para ser franco, Ă© isso que me atrai! Se eu me tornar um de vocĂȘs, talvez eu encontre algo?! Talvez o caminho que eu, em minha busca para me tornar o maior e mais invencĂ­vel lutador de todos os tempos, preciso seguir esteja aqui o tempo todo?!

— Okay, me diz se eu entendi direito — Takasagi disse. — Deixando de lado a parte de virar meu discĂ­pulo, vocĂȘ quer deixar de ser um soldado voluntĂĄrio e se juntar a Forgan, mesmo que seja como um mero subordinado.

— Uhh, Forgan…?

— Forgo — disse Jumbo, olhando para a grande ĂĄguia negra em seu ombro. — Esse Ă© o nome do meu estimado amigo. Na lĂ­ngua humana, significa “águia negra”. Suponho que isso faria de Forgan a Tropa da Águia Negra.

— AĂ­ estĂĄ! — Ranta assentiu, como se Jumbo tivesse dito exatamente o que ele queria ouvir. — É isso! Por favor, me deixe entrar na Forgan, eu imploro! Eu faço a limpeza, lavo as roupas, a comida, as tarefas, qualquer coisa…! Coloquem todo o trabalho que quiserem em cima de mim, porque eu ainda vou continuar subindo! Eu tenho certeza que tenho talento, potencial, coragem, nervos, colhĂ”es, o Jones! Faz atĂ© a gente se perguntar quem Ă© esse Jones, mas, sĂ©rio, estou realmente super sĂ©rio sobre tudo isso!

(NT: Jones Ă© uma gĂ­ria que significa ter um forte desejo ou vontade por algo.)

Enquanto Ranta esfregava a cabeça no chão repetidamente e implorava, Mary não conseguia decidir se ele realmente estava super sério sobre isso, se era uma forma de implorar por sua vida, ou se ele estava apenas falando bobagem. Qualquer uma das opçÔes parecia possível, e ela não achava que nenhuma delas era aceitåvel.

Talvez Mary o tivesse julgado errado. Ranta podia ser um pedaço de lixo ainda maior do que ela jamais imaginara.

Agora ela queria chorar, mas por um motivo diferente de antes.

Como companheira dele, sentia vergonha de Ranta. Sentia-se terrivelmente envergonhada pelo fato de algo que ele fizera ter mexido com seu coração, ainda que minimamente.

— Bem, de qualquer forma, se Ă© isso que vocĂȘ quer… — Takasagi guardou sua katana na bainha. — Eu nĂŁo sou quem toma essa decisĂŁo. É o Jumbo. O Jumbo decide. O resto de nĂłs segue suas ordens. Essa Ă© a regra na Forgan, afinal.

Forgo, a grande ĂĄguia negra, soltou um grito agudo e levantou voo do ombro de Jumbo.

Jumbo se aproximou. Era como se uma brisa leve o envolvesse. Ele chegou de maneira silenciosa, aproximando-se com calma, até parar em frente a Ranta e, de todas as coisas, se agachar.

— Ranta — disse Jumbo.

— S-Sim — Ranta endireitou as costas, ajoelhando-se formalmente. — Sim, senhor!

— Não gosto de mortes desnecessárias.

— Sim, senhor! Hã? Senhor?!

— Claro, Ă s vezes matamos aqueles que nos enfrentam — disse Jumbo. — Às vezes roubamos tambĂ©m. Machucamos pessoas. Porque alguns entre os nossos companheiros tĂȘm uma natureza especial, entende? HĂĄ tambĂ©m aqueles que nos difamam, dizendo que a Forgan Ă© cruel e implacĂĄvel. NĂŁo vou negar. No entanto, eu, pessoalmente, nĂŁo tiro vidas sem necessidade.

— …S-Sim, senhor.

— Se deseja se tornar meu companheiro, eu o aceitarei.

— Sim, senhor. …HĂŁ?! Me aceitarĂĄ?! Quer dizer… vai me tornar seu camarada?!

— Se Ă© isso que deseja — disse Jumbo. — No momento, Takasagi Ă© o Ășnico humano entre meus companheiros, mas ter um segundo nĂŁo serĂĄ problema. Isso, tambĂ©m, pode ser interessante.

— Eu… Consegui?!

— PorĂ©m — Jumbo acrescentou.

— P-PorĂ©m…?

— E aquela mulher? — Jumbo apontou para Mary; ou, melhor, dirigiu seus olhos alaranjados para ela. — Aquela mulher se tornarĂĄ minha companheira junto com vocĂȘ? É isso o que ela deseja?


Tradução: ParupiroHPara estas e outras obras, visite o Cantinho do ParupiroH – Clicando Aqui


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