Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 9 – Volume 14

 

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Hai to Gensou no GrimgarGrimgar of Fantasy and Ash

Light Novel Online – CapĂ­tulo 09:
[A Vida Ă© Cheia de Armadilhas (Rip_Van_Winkle)]


Se nĂŁo tivessem dito a ele que havia uma cidade aqui antes, Haruhiro nunca teria notado.

Toda a RuĂ­nas NÂș 7 ficava numa depressĂŁo baixa, e eles podiam ver tudo de uma vez da borda.

Para descrever de forma simples, era um poço repleto de buracos. Além disso, esses buracos apresentavam formas indescritíveis.

Não, talvez não fossem indescritíveis. Eram buracos meio arredondados, mas deformados, e ver tantos deles tão próximos no chão assim, ele achava insuportavelmente desagradåvel. Dava arrepios, seu corpo coçava, e ele queria desviar o olhar. Aquela repulsa visceral por eles nunca diminuía.

Haruhiro nĂŁo era fĂŁ de colmeias, mas isso era bem pior que um favo de mel.

Alice estava ao lado de Haruhiro, olhando para o poço cheio de buracos, aparentemente imperturbåvel. Não parecia causar nenhum efeito em Alice.

Não posso ser compatível com alguém que tå de boa com isso, pensou Haruhiro. Não consigo imaginar a gente se entendendo, mas quando chego perto de Alice, posso parar de ser eu, e virar nós. Ou melhor, simplesmente viro. Serå que posso controlar se viro nós ou não?

Ele não poderia dizer com certeza sem testar, mas era claramente causado pela magia de Haruhiro, Ressonùncia. Aparentemente, era uma variedade de magia excepcionalmente rara, e o caso de Haruhiro também era o primeiro que Alice tinha visto. Por causa disso, ainda havia muito que eles não sabiam.

Devia haver elementos secretos, ou pelo menos desconhecidos, da Ressonùncia. Tipo, talvez ela não apenas fortalecesse a magia de outra pessoa, mas permitisse que ele entrasse no coração dela. Ou talvez o fizesse simpatizar com ela.

Ele não tinha dito uma palavra disso a Alice ainda. Sua lógica era que era melhor não dizer nada vago, e ele meio que se convenceu de que era por isso, mas a verdade era que seria simplesmente constrangedor falar sobre isso. Tipo, qualquer um odiaria o que ele estava fazendo, né?

Intencionalmente ou não, Haruhiro havia espiado dentro do coração de Alice. Se tivesse a escolha, ele não teria desejado isso. Mas Alice via a Ressonùncia de Haruhiro como algum tipo de item de power-up. Um que tinha o nome Alice C escrito, e podia ser usado a qualquer hora.

Mais que isso, apesar de ser um item, ele ativava automaticamente, e quando Alice quisesse, o item dizia, “Já vou aí”, e vinha por conta própria.

Conveniente.

Se houvesse um item desse tipo, ele teria desejado. Ah, espera, tinha um bem aqui.

No entanto, bom e ruim sĂŁo dois lados da mesma moeda, e provavelmente nĂŁo deveria ser surpreendente que um item conveniente tivesse desvantagens.

Normalmente, quando vocĂȘ toma um remĂ©dio, faz isso ciente dos efeitos e efeitos colaterais. Se o que ele dissesse ia ser vago ou nĂŁo, Haruhiro provavelmente precisava se abrir com Alice sobre isso.

Devo falar? Como devo falar? Talvez eu não deva, afinal? Não, tenho que falar, né?

Enquanto ele ainda agonizava sobre isso, eles chegaram Ă s RuĂ­nas NÂș 7.

— Alice — começou Haruhiro.

— Cala a boca.

Essa Ă© a resposta que eu recebo, depois de tudo isso? Ele estava frustrado. Decido, “TĂĄ, vou falar,” e claro que Ă© assim que acontece. A gente simplesmente nĂŁo se dĂĄ bem. NĂŁo Ă© questĂŁo de gostar ou nĂŁo gostar. Acho que somos uma mĂĄ combinação. Estamos juntos hĂĄ um tempo, mas simplesmente nĂŁo parece certo. Talvez eu deva simplesmente virar nĂłs. Segurar firme, ativar a RessonĂąncia, e ver o que acontece. SerĂĄ que simplesmente abraço Alice de repente? Isso nĂŁo vai funcionar. Vou ser empurrado, depois espancado.

Tenho um monte de outras coisas que quero dizer. Tipo, quero procurar meus camaradas, quero encontrar meus camaradas, e quero ver meus camaradas. Digo isso de vez em quando, mas Alice ou ignora completamente, ou me dispensa com um, “É, podemos fazer isso depois.” Alice Ă© muito boa em dar a impressĂŁo de que trazer essas coisas Ă  tona nĂŁo adianta nada.

AlĂ©m das RuĂ­nas NÂș 7, estendia-se uma floresta cuja tonalidade era mais intensa que o vermelho. NĂŁo era um vermelho puro; apresentava um toque amarelado. Era uma cor vibrante, embora excessivamente brilhante, com uma profundidade notĂĄvel. As RuĂ­nas NÂș 7 estavam suficientemente prĂłximas da Floresta Escarlate para que fosse possĂ­vel avistĂĄ-la a partir deste ponto.

De acordo com Alice, o castelo do rei no centro da Floresta Escarlate era as RuĂ­nas NÂș 1, ou algo assim. Podia parecer que as RuĂ­nas NÂș 1 e NÂș 7 estavam bem prĂłximas, mas nĂŁo era isso; a Floresta Escarlate ao redor das RuĂ­nas NÂș 1 era simplesmente incrivelmente vasta.

A Floresta Escarlate estava infestada de monstros tĂŁo fortes que nem mesmo Alice, potencializada pela RessonĂąncia de Haruhiro, conseguia derrotar.

Eles nĂŁo podiam chegar ao castelo do rei sem atravessar a floresta, mas passar pela floresta era incrivelmente difĂ­cil. Na verdade, era justo dizer que era impossĂ­vel. Pelo menos para Haruhiro e Alice como estavam agora.

— Essa floresta, nĂŁo estava sempre aĂ­, nĂ©? — disse Haruhiro. — NĂŁo Ă© a prĂłpria ruĂ­na…

Em Parano, com exceção da Torre de Ferro do Céu, do Vale dos Desejos Mundanos, do Rio Sanzu e das sete Ruínas, tudo estava em fluxo e mudava sem intervenção humana.

Embora Alice não olhasse na direção de Haruhiro, ele recebeu uma resposta pela primeira vez.

— Bem, sim — disse Alice. — Quando fugi do castelo, ela era bem menor.

— Foi assim que vocĂȘ conseguiu sair da floresta?

— Só fui porque havia uma chance de sucesso. A Floresta Escarlate foi criada pelo Homem Adormecido. O Homem Adormecido tá dormindo em algum lugar na floresta ainda, sonhando.

— EntĂŁo, se o encontrarmos e o acordarmos…

— Procurar um cara que nĂŁo sei como Ă© a cara? Naquela floresta? NĂŁo seja louco.

— Acho que nĂŁo podemos chegar ao castelo sem passar por um atalho, nĂ©?

— Bem, se sua Ressonñncia fosse mais impressionante, eu poderia ter forçado meu caminho.

— Reclamar comigo nĂŁo vai ajudar…

— Tá saindo.

— Hã?

— Olha.

Haruhiro olhou na direção que Alice indicou.

Aquilo, Ă©?

Ele viu algo rastejar para fora de um dos centenas de buracos. Estava bem longe, entĂŁo ele nĂŁo conseguia distinguir. Provavelmente era humano, no entanto.

Alice agarrou Haruhiro pela cabeça e o forçou a se agachar. — Esconde.

— Se vocĂȘ tivesse sĂł me dito pra…

— Cala a boca. VocĂȘ Ă© irritante.

Os dois se agacharam baixo, observando o que a pessoa que saiu do buraco faria.

— Eu sabia o tempo todo que as RuĂ­nas NÂș 7… o Ninho da Toupeira Arco-Íris estava conectado ao castelo daquele desgraçado.

— Toupeira… Arco-Íris?

— Igual com o Homem Adormecido, nunca o conheci. Ele tá por aí há mais tempo que eu. Ouvi dizer que a Toupeira Arco-Íris cavou todos aqueles buracos.

— Tem de tudo um pouco, nĂ©…

— Tinha mais, antes daquele desgraçado começar a capturar e matar todo tipo de gente. O resto virou vassalos dele, como Ahiru, Homem Adormecido ou Toupeira Arco-Íris. TambĂ©m tinha um monte de gente que foi esmagada e virou sombras.

— Sombras?

— Se vocĂȘ sĂł observar, vai ver.

Foi tudo o que Alice disse antes de ficar quieta.

A pessoa que saiu do buraco estava caminhando por uma trilha estreita entre os buracos. Embora fosse estreita, ainda era larga o suficiente para dois adultos passarem um pelo outro.

Era cedo demais para distinguir as coisas claramente, mas julgando pela cor do casaco, devia ser Ahiru. Ahiru usou a passagem secreta no Ninho da Toupeira Arco-Íris para ir ao castelo, encontrar o rei, e agora estava voltando.

— VocĂȘ vai se encontrar com ele, certo? — perguntou Haruhiro.

Alice não respondeu. Não havia nada que ele pudesse fazer sobre isso, então ele seguiu Ahiru com os olhos. Eles tinham se dado ao trabalho de convencer Ahiru a espionar para eles, então o que exatamente Ahiru estava fazendo aqui? Ele gostaria de uma explicação cuidadosa.

— VocĂȘ poderia confiar um pouco mais em mim…

— É, isso Ă© uma sombra — disse Alice, acrescentando, — Sabia.

Uma sombra? Onde?

— Ah…! — Haruhiro piscou.

SerĂĄ que Ă© isso, talvez?

Uma forma preta apareceu do mesmo buraco de onde Ahiru tinha saĂ­do. Parecia uma sombra. Mas Parano nĂŁo tinha sol, entĂŁo nada projetava algo que pudesse ser chamado de sombra.

Pera, o que estava projetando aquela sombra? Sombras eram criadas quando a luz era obstruĂ­da e uma ĂĄrea escurecia. Era impossĂ­vel uma sombra existir por si sĂł.

Não, Alice tinha acabado de dizer que Parano era um lugar onde coisas aconteciam mesmo que fossem impossíveis. Além disso, que havia muitas pessoas que foram esmagadas pelo rei e viraram sombras.

A sombra parecia seguir Ahiru, mas, talvez por manter uma distùncia consideråvel, ele jå havia deixado de olhar para trås hå algum tempo. Serå que ele não havia percebido a presença da sombra ou estava apenas simulando indiferença?

— O que Ă© essa sombra? — perguntou Haruhiro.

— SĂŁo os verdadeiros espiĂ”es. NĂŁo que tenham alguma inteligĂȘncia de verdade. NĂŁo tĂȘm muito… acho que vocĂȘ chamaria de independĂȘncia. Eles patrulham ao redor do castelo, e seguem os vassalos e os monitoram assim.

— Então o Ahiru tá sendo vigiado?

— Nem sempre. NĂŁo tinha sombras nas RuĂ­nas NÂș 5, na verdade.

— Talvez vocĂȘ nĂŁo estivesse olhando todas as estĂĄtuas, mas sim procurando por sombras?

— Por que eu ia querer checar umas estátuas ruins que o Ahiru fez?

— NĂŁo, eu achei que era estranho…

— Eu não podia fazer contato com o Ahiru se ele tivesse sombras seguindo ele.

— E que tal acabar com elas?

— Quer dizer, sĂŁo sombras. NĂŁo sei como matĂĄ-las. Acho que, em teoria, se vocĂȘ jogasse uma luz forte nelas, isso poderia ajudar, mas onde a gente vai encontrar uma luz assim? Mesmo que a gente tivesse uma, a maioria das sombras sĂŁo humanos que acabaram assim porque desafiaram aquele desgraçado.

— EntĂŁo Ă© melhor nĂŁo apagĂĄ-las.

— VocĂȘ mesmo pode acabar virando uma sombra, sabe?

— O mesmo vale pra vocĂȘ, Alice.

— Aquele idiota quer me fazer me submeter a ele. Ele não vai simplesmente me transformar numa sombra sem falar comigo antes. Isso me dá uma brecha.

Alice se levantou. Parecia que o plano era se afastar daqui. Para onde agora?

Mesmo que estivesse cansado de tudo isso, Haruhiro nĂŁo tinha escolha senĂŁo seguir. Sua magia era RessonĂąncia, afinal. Por causa disso, ele nem conseguia se proteger sozinho.

Philia tirava poder de objetos. Narci aumentava o prĂłprio poder.

O que era Doppel mesmo? Se ele lembrava, Alice disse algo sobre pessoas com baixa autoestima conseguirem produzir doppels.

Narci devia ser o oposto disso.

Pra Philia, a dependĂȘncia do objeto talvez fosse a chave. Alice tinha dito algo sobre a postura mental de uma pessoa, sua tendĂȘncia tambĂ©m decidindo a magia dela.

Bem, o que Ă© RessonĂąncia, entĂŁo?

Ele nĂŁo conseguia fazer nada sozinho. E ele podia simpatizar com os outros. Na verdade, nĂŁo era algo que ele fazia de propĂłsito, mas simplesmente acontecia. Quando ativava, ele se tornava aquela pessoa.

Pensando bem, nĂŁo Ă© exatamente quem eu sou…?

Alice jĂĄ estava se afastando.

Haruhiro se sentiu fraco, incapaz até de ficar de pé.

NĂŁo tem nada que eu possa chamar de meu prĂłprio eu. NĂŁo posso negar isso… acho.

Se tirassem seus camaradas de Haruhiro, o que sobraria? Ele mal tinha desejos como, “Quero sair de Parano”, ou, “Quero voltar para Grimgar”.

Seus camaradas, seus camaradas… tudo era sobre seus camaradas. Se perguntassem se ele nĂŁo gostava disso em si mesmo, no entanto…

NĂŁo? Acho que nĂŁo.

Dito isso, também não era como se ele gostasse disso. Ele não conseguia pensar em nada que não pudesse viver sem.

NĂŁo Ă© um encaixe perfeito?

RessonĂąncia.

O que mais eu teria?

AlĂ©m disso, havia algo de valor especial no eu? Se perguntasse a muitas pessoas isso, elas poderiam dizer, “NĂŁo, tem que ter.”

Haruhiro sĂł podia dizer, “Talvez vocĂȘ esteja certo. Talvez isso seja verdade pra vocĂȘ. Tenho certeza que vocĂȘ Ă© o personagem principal.”

Bem, se vocĂȘ visse a vida como uma espĂ©cie de peça, naturalmente, vocĂȘ mesmo seria o personagem principal nela, mas nem todo mundo quer estar no centro do palco. Haruhiro, honestamente, nem queria subir no palco. Ele estava bem sendo parte da plateia. Se houvesse algum motivo pelo qual nĂŁo pudesse fazer isso, ele preferiria estar nos bastidores.

Agora, se perguntassem se ele nĂŁo admirava herĂłis, seria mentira dizer que nĂŁo sentia nada disso. Ainda assim, mesmo que lhe dessem algum poder especial, e perguntassem o que ele ia fazer com isso, ele nĂŁo teria resposta.

Iniciar uma nova trajetória de vida com suas próprias mãos e alcançar a autorrealização não despertava um grande interesse nele.

NĂŁo era que ele nĂŁo tivesse ganĂąncia. Ele tinha. SĂł que ele nĂŁo era especialmente ganancioso. Talvez fosse justo dizer que ele nĂŁo conseguia ser ganancioso. Ele claramente nĂŁo era o que se poderia chamar de um homem de carma profundo; ele era bem raso, na verdade. Provavelmente, mesmo que sondassem as profundezas da personalidade de Haruhiro, nĂŁo encontrariam nada de incomum.

Ele soltou um suspiro. Não estava decepcionado. Estava aliviado, na verdade. Era menos um, “Tá tudo bem assim”, e mais um, “É assim que eu sou, não tem jeito.” Talvez fosse algo próximo de uma aceitação desafiadora.

Quando estava prestes a correr atrĂĄs de Alice, algo vagamente humano saiu de um buraco. Era o mesmo buraco de onde Ahiru tinha saĂ­do.

— Alice, tem mais alguĂ©m… — ele começou.

NĂŁo tĂĄ sozinho? Tem vĂĄrias pessoas. Duas, trĂȘs—quatro pessoas?

Era frustrante que a distĂąncia dificultasse a visĂŁo.

Eventualmente, Alice voltou. — SĂŁo vassalos daquele desgraçado tambĂ©m, huh?

— VocĂȘ os conhece?

— SaĂ­ram do mesmo buraco que o Ahiru. O que mais poderiam ser? O lĂ­der Ă©… parece uma mulher. O resto sĂŁo homens. Um gordo, dois caras altos… Ahh. Uma sombra saiu tambĂ©m. TĂŁo sendo vigiados.

— É o Kuzaku.

— Hã?

— Kuzaku!

Haruhiro quase saiu correndo. Se Alice nĂŁo o tivesse segurado, ele teria.

— Ei, seu idiota! — gritou Alice.

— É o Kuzaku! O cara bem atrás. É o Kuzaku! Eu nunca me enganaria. Ele tá bem!

— Se acalma, droga. Quem sĂŁo os outros trĂȘs?

— Os outros sĂŁo… — Haruhiro balançou a cabeça.

Droga. Alice estava certa. Ele precisava se acalmar.

— NĂŁo sei… ou pelo menos acho que nĂŁo sei. NĂŁo acho que sejam meus camaradas.

— Nesse caso, Kuzaku, Ă©? Esse seu camarada pode ter sido convencido pelos outros trĂȘs e virado um dos vassalos daquele desgraçado. Se ele vai sobreviver em Parano, essa Ă© uma escolha vĂĄlida. NĂŁo pra mim, no entanto.

— Se eu falar com ele, Kuzaku vai ficar do nosso lado.

— Mesmo que vocĂȘ fale, nĂŁo adianta. As sombras tĂŁo observando.

— Se esperarmos as sombras sumirem… se seguirmos eles, garantirmos que as sombras nĂŁo nos vejam…

— Se quer fazer isso, faz sozinho. Vou para Torre de Ferro do CĂ©u. Combinei de encontrar o Ahiru lĂĄ.

— HĂŁ…? A Torre de Ferro do CĂ©u? O quĂȘ? NĂŁo ouvi nada sobre isso.

— Porque eu nĂŁo disse. Se vocĂȘ tivesse prestado atenção quando eu estava falando com o Ahiru, saberia sem eu precisar te contar.

Porque ele deixava tudo nas mĂŁos de Alice, ele estava perdendo o foco. NĂŁo era como se ele jĂĄ nĂŁo tivesse falta de independĂȘncia antes, mas ele nem estava pensando com a prĂłpria cabeça. NĂŁo estava tomando decisĂ”es.

Porque ele era o lĂ­der, e porque seus camaradas dependiam dele, ele conseguia dar o seu melhor em Grimgar. Agora era diferente. Ele nĂŁo era o lĂ­der, nĂŁo era nada.

Basicamente, Haruhiro tinha meio que desistido de qualquer esperança de que seus camaradas estivessem vivos.

Mas ali estava Kuzaku.

Ele tinha sobrevivido.

— Kuzaku e aquelas outras pessoas apareceram logo depois do Ahiru — disse Haruhiro. — O Ahiru pode saber algo sobre eles.

— Pode ser. Mas sem garantias.

— TĂĄ bom. Vou pra Torre de Ferro do CĂ©u tambĂ©m.

Antes de partir, Haruhiro gravou a imagem de Kuzaku em seus olhos, depois deu um tapa nas prĂłprias bochechas.

Ele recuperou o Ăąnimo. NĂŁo gostava de argumentos de que tudo se resumia a ter um espĂ­rito positivo, e nĂŁo gostava de fazer coisas assim com frequĂȘncia, mas de vez em quando tudo bem.

Primeiro, eles se encontrariam com Ahiru. Ele queria descobrir quem eram as pessoas com Kuzaku. A partir daí, ele descobriria como se reunir com Kuzaku. Obviamente, ele também encontraria Mary, Shihoru, Setora e Kiichi. Por enquanto, ele não fazia ideia de onde estavam os outros além de Kuzaku, mas trabalharia sob a suposição de que todos tinham que estar vivos.

Ele nĂŁo ia depender de Alice. Ele ia usar Alice. Alice estava usando a RessonĂąncia de Haruhiro, entĂŁo era justo. Depois, nĂŁo importava o que fosse preciso, todos voltariam para Grimgar.

Haruhiro deixou as RuĂ­nas NÂș 7 sem olhar para trĂĄs.

AlĂ©m do horizonte, uma linha vertical tĂȘnue dividia o cĂ©u de bolinhas. Era a Torre de Ferro do CĂ©u.

Isso era Parano, entĂŁo ele frequentemente encontrava terrenos sem sentido, mas se mantivesse os olhos na Torre de Ferro do CĂ©u, nunca perderia o caminho. Graças Ă  mĂĄscara, ele ficava bem mesmo quando o vento doce soprava. Se vocĂȘ soubesse como, era possĂ­vel sobreviver mesmo num lugar como esse. Ele nĂŁo tinha intenção de ficar pra sempre, no entanto. Queria continuar segurando esse sentimento. Era importante se adaptar ao ambiente, mas ele nĂŁo podia se acostumar a estar em Parano. Esse nĂŁo era o lugar dele. Ele nĂŁo tinha intenção de viver aqui.

Vamos para casa. Para Grimgar.

— VocĂȘ nĂŁo quer voltar pro seu mundo original, Alice? — perguntou ele.

Era difĂ­cil ficar em silĂȘncio o tempo todo, entĂŁo ele tentava falar com Alice de vez em quando. Na maioria das vezes, era ignorado, mas quando recebia uma resposta, sentia-se estranhamente bem.

— Na verdade, não.

— VocĂȘ nĂŁo pode deixar sua amiga pra trĂĄs?

— Eu não era tão próxima da Nui.

— VocĂȘ nĂŁo pode ficar feliz vivendo o resto da sua vida aqui.

— Eu questiono se isso vai acabar algum dia, no entanto.

A Torre de Ferro do Céu continuava sendo uma linha vertical, igual a antes. Não parecia que estavam se aproximando nem um pouco.

Simplesmente nĂŁo parece real, pensou Haruhiro. É um pouco tarde pra falar isso agora, no entanto. Isso tudo Ă© sĂł um sonho? Quantas vezes jĂĄ pensei isso? Na verdade, queria que tudo fosse sĂł um sonho. JĂĄ pensei isso antes, tambĂ©m.

— Ei, escuta. — Era raro Alice ser quem começava uma conversa. — VocĂȘ conhece o Urashima Taro?

— Urashima… Taro… Isso Ă© um nome? Nome de uma pessoa, nĂ©? Hmm. Sinto que talvez tenha ouvido, mas talvez nĂŁo…

— Taro era um pescador — disse Alice. — Ele viu uma tartaruga sendo maltratada na praia e a salvou. Acho que talvez porque, como pescador, ele pensou que tartarugas não são pra serem maltratadas, são pra serem capturadas.

— Ele nĂŁo sentiu pena dela…? — perguntou Haruhiro.

— Tem uma teoria de que ele capturou a tartaruga tambĂ©m. Mas dizem que uma tartaruga vive dez mil anos, sabe? EntĂŁo, como dĂĄ mĂĄ sorte matĂĄ-las, ele a soltou.

— De qualquer forma, do ponto de vista da tartaruga, ela deve a vida a ele — disse Haruhiro.

— É por isso que, pra agradecer, a tartaruga levou Taro pra um lugar chamado Ryugujo, no fundo do mar.

— No fundo do mar… VocĂȘ pensaria que ele ia se afogar.

— Ele conseguia respirar, por algum motivo. Talvez essa parte do “fundo do mar” seja mentira. Pode ter sido outro lugar.

— Ryugujo, Ă©?

— Taro foi recebido por uma mulher suspeita chamada Otohime, mas todos os outros lĂĄ eram peixes. Peixes nadando, dançando e fazendo comĂ©dia.

— Bem, isso Ă© surreal. Embora Parano tambĂ©m seja bem surreal…

— Sei lĂĄ. Era como uma grande festa com canto e bebida. Ele se divertiu muito com tudo sendo novo no começo, mas acabou se cansando no final. Tipo, a comida? Os peixes estavam servindo sashimi, peixe frito e ensopado de peixe. Isso Ă© bem assustador, se vocĂȘ pensar.

— Então Taro decidiu que queria voltar pra casa?

— Ele achou que já tinha tido o suficiente, e quando disse a Otohime que estava na hora de ir embora, a verdade era—

— PeraĂ­, serĂĄ que a Otohime era… a tartaruga, ou algo assim?

— É tipo, “VocĂȘ nem era humana?!”, certo? Pelo menos para o Taro.

— É como se ela tivesse mentido pra ele.

— Otohime respondeu: Desculpe-me. Isso foi errado da minha parte. Toma, vocĂȘ pode levar esta caixa de tesouro como presente de despedida. Por favor, vĂĄ para casa agora. Mas ela tambĂ©m disse: VocĂȘ absolutamente nĂŁo deve abrir essa caixa.

— Mesmo sendo um presente? — perguntou Haruhiro.

— A coisa toda Ă© suspeita, nĂ©? Acho que o Taro foi enganado. NĂŁo sei por quĂȘ. É um pouco como Parano nesse sentido.

— EntĂŁo… o Taro conseguiu voltar pra casa?

— Tecnicamente, sim.

— Como assim, tecnicamente…?

— Quando ele voltou, era definitivamente a mesma praia, mas algo estava diferente. Mesmo sendo a cidade natal do Taro, nĂŁo tinha ninguĂ©m que ele conhecia lĂĄ. A surpresa Ă© que, enquanto ele se divertia em Ryugujo, passou muito tempo.

— E a caixa de tesouro?

— Ah, Ă© verdade. A verdadeira reviravolta foi essa. Sem saber o que fazer consigo mesmo, Taro abre a caixa que Otohime disse que ele nĂŁo podia abrir.

— Bem, nessa situação, ele não teria outra escolha, acho.

— Quando ele faz isso, uma fumaça branca sai da caixa de tesouro, e num piscar de olhos, o cabelo do Taro fica totalmente branco.

— Então, ele envelhece? — perguntou Haruhiro.

— Sim. Taro vira um velho. É uma histĂłria horrĂ­vel, nĂ©?

— VocĂȘ tambĂ©m Ă© bem horrĂ­vel por trazer essa histĂłria agora, sabe?

A linha que subia verticalmente da superfĂ­cie tinha ficado muito mais grossa em algum momento.

A Torre de Ferro do CĂ©u nĂŁo tinha mudado nadinha desde a Ășltima vez que estiveram ali. Dez a vinte camadas de paredes enferrujadas cercavam a torre de ferro. Depois de um longo tempo caminhando pelo caminho labirĂ­ntico entre as paredes de ferro, eles chegaram a uma montanha de sucata de ferro. No topo dela, a torre de ferro se erguia reta.

Os dois começaram a subir as escadas do lado de fora da torre.

— E se a sombra vier com o Ahiru? — perguntou Haruhiro.

— Não notou? — Alice apontou para o labirinto de paredes de ferro.

— HĂŁ? — Haruhiro inclinou a cabeça para o lado, mas nĂŁo conseguiu imediatamente descobrir o que parecia misterioso para ele. Pensou por um momento, atĂ© que finalmente percebeu.

— Entre as paredes, tem sombras. NĂŁo tem luz solar, entĂŁo por quĂȘ?

— Quem sabe? Essas podem ter sido sombras mĂłveis tambĂ©m, em algum momento. Podem ser sombras mortas, ou sombras enferrujadas. Seja como for, de uma coisa eu tenho certeza, e Ă© que uma sombra nĂŁo pode passar por outra. Isso significa que as sombras daquele desgraçado sĂŁo bloqueadas de se aproximar da torre de ferro.

— É seguro aqui?

— Se vocĂȘ ficar muito tempo, vai enferrujar, no entanto.

— Isso nĂŁo Ă© seguro…

Haruhiro abaixou a cabeça, suspirando. Esse lugar não era nada seguro.

— Alice.

— O quĂȘ?

— Abaixo.

— O que tem abaixo? — Com um tom de voz descontente, Alice olhou para o fundo das escadas tambĂ©m.

O ferro-velho acumulado em uma montanha ao redor da torre vinha em vårios tamanhos, grandes e pequenos, algumas peças muitas vezes maiores que uma pessoa. Haruhiro, e provavelmente Alice também, não tinha notado, mas aquelas garotas deviam estar escondidas entre as peças.

Vestidas com vestidos de vĂĄrias cores, elas saĂ­ram em enxame e olharam para Haruhiro e Alice.

De longe, pareciam garotas de verdade. Mas nĂŁo eram. Eram todas bonecas.

NĂŁo, nem todas.

As bonecas eram esguias, mas a que subia as escadas e se aproximava delas, com um andar bizarro que envolvia cruzar as pernas a cada passo, era de longe a mais magra. Era magra demais. Parecia uma pessoa de palito em movimento.

Seu corpo emaciado estava vestido com uma roupa que era praticamente lingerie, com um chapéu extravagante que parecia um bolo por cima, e ela usava vårios pares de óculos ao mesmo tempo. Parecia mais uma boneca que as próprias bonecas, mas originalmente era humana. Não estava claro, porém, se ela ainda podia ser chamada de humana.

— A mestra das bonecas — sussurrou Haruhiro.

— Nui… — sussurrou Alice em unĂ­ssono.

Elas se olharam. Foi meio constrangedor. Desviaram o olhar.

— O que vocĂȘ acha que ela tĂĄ fazendo aqui? — perguntou Haruhiro.

— Sei lĂĄ. Como eu saberia o que alguĂ©m com quem nem posso falar tĂĄ pensando?

— Estou achando que ela pode estar aqui por vingança.

— Ei, a gente sĂł enterrou ela viva um pouco, nĂ©? Ela parece estar bem.

— Não me diz isso.

— Eu diria pra Nui, mas não podemos falar, então qual seria o sentido?

— Ela tá subindo.

A mestra das bonecas colocou o pé nas escadas. As bonecas a seguiram.

— Se vamos fugir, devemos descer.

— NĂŁo preciso que vocĂȘ me diga. Haruhiro, vocĂȘ tĂĄ ficando atrevido ultimamente.

— Tem algo que eu quero tentar.

— Huh?!

— Não acho que a Ressonñncia só amplifica magia. Quero tocar a mestra das bonecas. Pode me ajudar?

— VocĂȘ tĂĄ me dizendo pra lutar contra a Nui sem a sua RessonĂąncia, e levĂĄ-la pra algum lugar onde vocĂȘ possa se esgueirar por trĂĄs dela, ou algo assim, Ă© isso?

— É, Ă© mais ou menos isso.

— O que vocĂȘ tĂĄ planejando fazer com a Nui?

— NĂŁo saberei atĂ© tentar. Se nĂŁo vamos fazer do meu jeito, subindo vamos nos desgastar, entĂŁo ou espalhamos elas ou pulamos. VocĂȘ consegue lidar com o impacto com sua pĂĄ, certo? TambĂ©m tem a opção de acabar com a mestra das bonecas.

— Isso Ă©…

— VocĂȘs eram amigas, nĂŁo Ă©? Bem, agora ela Ă© outra coisa. Acho que se fosse vocĂȘ quem pusesse um fim nela, seria aceitĂĄvel. Eu nĂŁo faria essa escolha, claro.

— O que vocĂȘ faria, entĂŁo?

— Encontraria um jeito de trazĂȘ-la de volta.

— Se eu pudesse, já teria feito.

— Talvez seja sĂł vocĂȘ que nĂŁo consegue.

— VocĂȘ tĂĄ dizendo que poderia?

— Não disse que tinha algo que quero tentar? Ainda não fiz, então não tem como saber se consigo ou não.

— Ito Nui. Esse Ă© o nome dela.

Alice ajustou o aperto na på. A pele preta descascou, envolvendo o braço de Alice e formando uma espécie de lança.

A mestra das bonecas… nĂŁo, o que restava da amiga de Alice, Ito Nui… estava subindo a torre com as bonecas a reboque.

— Se a Nui nĂŁo tivesse me convidado, eu nunca teria ido explorar cavernas. Claro, tenho certeza que tambĂ©m nunca teria acabado em Parano. Ela podia ser um pĂ© no saco, mas nĂŁo era uma mĂĄ pessoa no fundo.

Haruhiro se moveu sutilmente para trås de Alice. Ele deixou toda a força excessiva escoar do seu corpo. Os degraus das escadas não eram especialmente grossos, então era difícil dizer que eram resistentes. Ele visualizou a si mesmo afundando nesses degraus.

Stealth.

Ele teve a sensação de estar observando a si mesmo e a årea ao redor de cima. Estava indo bem. Ainda assim, ele não podia deixar isso subir à cabeça. O coração era como uma piscina de ågua. A menor perturbação causava ondas.

As ondas se espalhavam gradualmente. Haruhiro estava num barquinho. Era um barco pequeno, então capotaria facilmente. Ele não podia deixar seu coração ser perturbado.

Nui subia as escadas. Haruhiro estava escondido atrĂĄs de Alice. Ele nĂŁo podia ver Nui. No entanto, podia ouvir os passos. Eram rĂĄpidos. Muito mais rĂĄpidos que antes. Perto. Estavam bem perto.

Haruhiro se moveu lentamente, como se tivesse parado de respirar.

Alice avançou.

Nui parou e ficou imóvel em vez de avançar.

Alice não investiu, em vez disso deu um passo à esquerda e balançou a på em sua forma de lança.

Nui não recuou. Ela avançou, desviando da på.

Alice girou, e Nui virou para nĂŁo deixar Alice ficar atrĂĄs dela.

Agora, Nui tinha virado as costas para Haruhiro. Ela estava exposta. Nui nĂŁo notou Haruhiro.

Ele estava claramente ali, e nĂŁo havia como ela nĂŁo o ter visto, mas ela o perdeu como se ele tivesse caĂ­do em algum ponto cego. Quando ele entrava perfeitamente em Stealth, essas coisas aconteciam.

Sem pressa ou alarde, Haruhiro agarrou Nui por trĂĄs. Nui de repente tentou lutar, mas nĂŁo havia necessidade de rejeitĂĄ-lo.

— Ito Nui — disse ele. — Eu sou— Antes que ele pudesse dizer “vocĂȘ”, ele tinha se tornado ela.


Tradução: ParupiroHPara estas e outras obras, visite o Cantinho do ParupiroH – Clicando Aqui


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Anime X Novel 7 Anos

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