Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 10 – Volume 14

 

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Hai to Gensou no GrimgarGrimgar of Fantasy and Ash

Light Novel Online – CapĂ­tulo 10:
[O Desejo Chamado Amor (Formas de Amor)]


Era uma vez, existia eu?

Sim.

Existia.

Eu estava lĂĄ.

Tenho certeza que ninguĂ©m me notou, ou se importou que eu existisse, mas…

Eu estava lĂĄ.

Mais ou menos como… o ar?

Esse era eu.

Quer dizer, ninguém realmente se importava comigo, né?

Num palco com muitos meninos e muitas meninas, dançando e cantando, la la la, eu estava gritando.

Olhem para mim!

Estou bem aquiiiiii!

Olhem para mim!

Essas pessoas nĂŁo sĂŁo as protagonistas, eu sou!

Por que é assim? Por que ninguém olha para mim? Estou faltando algo?

Oh!

Oh!

Eu sei! Eu sei, eu sei!

Para cima, para cima, para cima vai uma mĂŁo.

TĂĄ, vocĂȘ aĂ­.

Quem Ă© voooocĂȘ?

Aaaah.

Eu?

Sou a Ășnica que esteve aqui o tempo todo, nĂŁo sou?

Bem, tanto faz.

Vai, responde a pergunta.

É porque vocĂȘ nĂŁo Ă© fofa.

Sim. É isso. Não sou tão horrorosamente feia a ponto de ser difícil viver, mas não sou fofa.

Bem, sou meio normal, acho?

NĂŁo, nĂŁo, nada normal. Quer dizer, eu sei o que Ă© um rosto bonito, e li sobre isso em livros, entĂŁo tenho certeza que estou certa, mas Ă© o auge da mĂ©dia. Se vocĂȘ somasse os rostos de um milhĂŁo de pessoas e dividisse por um milhĂŁo, as pessoas sĂŁo feitas de um jeito que achariam o resultado bonito. É por isso que nĂŁo ser feia, mas tambĂ©m nĂŁo ser fofa, nĂŁo Ă© normal.

Se eu tivesse que dizer que sou algo, sou nada.

As pessoas nĂŁo desviam o olhar de mim, nĂŁo me encaram. Eu basicamente nĂŁo tenho valor.

Aposto que Ă© provavelmente por isso que meus pais me deram um nome um pouco diferente. NĂŁo Ă© um nome comum. Pelo menos, nunca conheci uma pessoa com o mesmo nome que eu. Ainda assim, nĂŁo combina comigo.

Quando digo meu nome, todo mundo me olha como quem diz, “Ah, Ă©?”

Aposto que estĂŁo pensando, VocĂȘ parece tĂŁo comum, tĂŁo abaixo da mĂ©dia, e tem esse nome?

E Ă© isso. NĂŁo importa que nome eu tenha—nĂŁo, nĂŁo importa quem eu sou—ninguĂ©m se importa. NinguĂ©m se interessa por mim.

NĂŁo hĂĄ muitas pessoas que projetam uma sombra tĂŁo fraca quanto a minha. Quando vocĂȘ se destaca tĂŁo pouco quanto eu, “Nossa, vocĂȘ estava aĂ­?” nem Ă© algo incomum de ouvir as pessoas dizerem.

Não tenho nenhuma anedota particularmente divertida sobre minha total falta de presença. Eu simplesmente não chamo atenção, e ninguém se interessa por mim. Se eu chamar alguém, eles vão fazer o mínimo, mas a conversa nunca engrena, e nada sai disso. Sei muito bem que vai ser assim, então não falo com as pessoas a menos que tenha algo a tratar com elas.

Quando conto assim, parece que minha falta de presença anormal me deixa sozinha o tempo todo, e que, de alguma forma, sou uma indivĂ­duo incomum. Isso nĂŁo Ă© verdade. É sĂł que quero ser um pouco diferente, entĂŁo estou apimentando a histĂłria.

O fato é que tive algumas amizades passageiras aqui e ali. Também jå me pediram direçÔes na rua. Posso não ter presença, mas não é como se eu fosse uma sombra pålida de um ser humano, ou algo assim.

No entanto, meus amigos raramente entravam em contato comigo. Se eu não interagisse constantemente com eles, qualquer amigo meu desaparecia num piscar de olhos. Pode ser que eu não fosse odiada, mas também não era especialmente querida. Eles claramente não me davam muita importùncia.

Eu, honestamente, também não via essas pessoas como amigos insubstituíveis. Serå que o fato de não se importarem comigo me fazia não me importar com eles, ou serå que meu descaso com eles fazia com que não se importassem comigo? Não posso dizer, mas provavelmente era as duas coisas.

Ei, ei, estou sozinha.

Nossa? EstĂĄ sozinha? Tadinha, coitadinha.

Mas estĂĄ tudo bem. Vamos brincar?

Com o que vocĂȘ quer brincar hoje?

(Bonecas…?)

Isso mesmo. Foram as bonecas que me deram conforto.

Eu comprava e coletava bonecas que vendiam nas lojas aos poucos, e quando me cansava disso, e não era suficiente, eu fazia roupas para vesti-las, ou fazia mudanças aqui e ali. Até fiz as minhas próprias com argila.

VocĂȘ podia ter pernas mais longas, nĂ©? Deixa eu esticar essas.

Agora que suas pernas tão mais longas, tão desequilibradas com seus braços. Vamos alongar os braços também.

VocĂȘ podia ter um pescoço mais longo, tambĂ©m.

Sua cabeça tå meio grande.

(Oh, as bonecas…)

Deixa eu colocar essa cabecinha aqui em vocĂȘ.

Seus tornozelos sĂŁo tĂŁo gordos e feios. Vamos lixĂĄ-los.

Veja bem, nĂŁo Ă© como se eu passasse todo o meu tempo arrumando bonecas. Eu pensava em todo tipo de coisa, levando elas em conta, mas o que eu mais focava na Ă©poca era melhorar minha aparĂȘncia.

No final, vocĂȘ pode enfeitar como quiser, mas uma garota que nĂŁo Ă© fofa nĂŁo recebe o que merece. NĂŁo Ă© sĂł comigo; todas as mulheres sĂŁo assim. Quando veem outra mulher, decidem num instante se ela Ă© fofa ou feia.

Poucas vĂŁo dizer isso em voz alta, mas ser feia Ă© um pecado.

E nĂŁo Ă© qualquer pecado. Um pecado mortal.

Normalmente, se vocĂȘ mencionar os sete pecados capitais, tem orgulho, ira, inveja, preguiça, ganĂąncia, gula e luxĂșria, mas por algum motivo nĂŁo tem “feiura”. Sempre achei isso intrigante.

Quero ser fofa. Dito isso, não hå nada que eu possa fazer com meu rosto. Não posso moldå-lo livremente como o de uma boneca de argila. Talvez eu devesse fazer uma cirurgia plåstica, mas é caro, e mesmo que eu considere isso uma opção no futuro, agora não é possível.

Eu também praticava maquiagem sozinha, em segredo. Talvez haja algo em comum entre maquiagem e fazer bonecas, porque eu realmente melhorei. Se uma garota sem graça como eu, que não tem muita presença, aparecesse de repente maquiada, não ia surpreender todo mundo?

NĂŁo… pior que isso. Eu me destacaria de um jeito ruim, achariam que sou esquisita, e com certeza me evitariam.

Eu era gordinha desde pequena. Decidi que, se acabasse ficando gorda além de feia, não haveria esperança para mim. Eu seria tão feia que seria difícil viver, então fiz o meu melhor para me controlar nesse ponto.

No entanto, eu era geneticamente predisposta a engordar facilmente. Além disso, nasci carregando a tripla maldição de ossos grandes, pele grossa e carne dura. Não, eu também tinha a pele escura e seca, então era uma maldição quíntupla.

Se eu engordasse mesmo que um pouco, acabaria virando um barril horrĂ­vel de pessoa, e nĂŁo conseguiria perder o peso facilmente. Apesar disso, minha Ășnica alegria na vida fora de fazer bonecas e brincar com elas era comer. Coisas doces, salgadas, eu amava mais do que podia evitar. Quando estava cansada de tudo, eu tinha uma tendĂȘncia a me entupir, alternando entre doce e salgado, atĂ© vomitar.

Mas eu tinha que perder peso.

NĂŁo importa o quĂŁo adorĂĄvel seja uma roupa, ela parece horrĂ­vel numa gorda. Se vocĂȘ simplesmente emagrecer, atĂ© roupas baratas compradas em qualquer lugar vĂŁo ficar boas.

Eu resolvi ficar magra. Queria ser o mais branca possível também, então fiz o meu melhor para ficar fora do sol. Mesmo que eu não mudasse meu rosto, ou usasse maquiagem, eu deveria conseguir ser bonita. Eu queria ser bonita. Se fosse bonita, tinha certeza de que minha situação mudaria.

Foi difĂ­cil.

Mais do que eu imaginava, eu sofri, e sofri, e sofri, e sofri, e sofri.

Quando chegava a hora de limitar minha comida, por algum motivo, eu acabava pensando, Quero comer, ou, Não posso comer, ou, Posso comer isso, ou, Só uma mordida, ou, Não, não posso, afinal, ou, Vou morrer se não comer, ou, Não é natural para um ser vivo não comer, ou, Se eu comer só um pouco, posso vomitar depois, ou, Tanto faz, só quero comer. Eu não pensava em nada além de comer.

EntĂŁo, um dia, enquanto comia como sempre, tive um pensamento repentino.

Dizem que o corpo humano Ă© cerca de sessenta por cento ĂĄgua. Se isso fosse verdade, entĂŁo reduzir a quantidade de ĂĄgua diminuiria meu peso. Se meu corpo fosse mais leve, eu seria mais magra. Se eu nĂŁo conseguia ficar sem comida, sĂł precisava ficar sem beber.

Tentei isso imediatamente, e os resultados foram dramáticos. Ao não me hidratar, meu peso corporal caiu rapidamente. Minha garganta ficava tão seca que me deixava louca, mas eu comia coisas para me distrair disso. Às vezes isso me fazia ganhar peso de novo, mas ele caía novamente depois de um tempo.

Eu fiquei magra. Isso deve ter me deixado muito mais bonita. Meus amigos diziam, “VocĂȘ perdeu peso?”

No entanto, nada mais mudou.

Estranho.

Talvez nĂŁo seja possĂ­vel ficar bonita sem mudar meu rosto? Se hĂĄ algo que eu possa fazer, quero fazer. Eu tambĂ©m tenho ideais, sabe. NĂŁo tenho desejos como, “Quero ser popular com os garotos”, ou “Quero um namorado”. NĂŁo, sĂł quero ser bonita, sĂł isso. Quero que aquela criança ache que sou bonita. Quero ser vista como especial.

Não pretendo bajular homens, então não preciso ser feminina, ou sexy. Também não preciso de seios. Quero ser esguia, e ficar bem em qualquer coisa. Atrair olhares, e não deixå-los escapar. Esse é o tipo de pessoa que quero ser.

Isso Ă© errado?

Isso nĂŁo Ă© suficiente?

Sim, tenho certeza que nĂŁo Ă© suficiente.

Tenho que ficar mais magra.

Fazer meus braços e pernas, mais finos, e mais finos, e mais finos, e mais finos, e mais finos, e mais finos, e mais finos, e mais finos, e mais finos, e mais finos.

Eles sĂŁo tĂŁo grossos e nojentos. Queria poder arrancĂĄ-los e trocĂĄ-los.

VocĂȘs, bonecas, todas conseguem fazer isso, mas eu nĂŁo.

Nossa, isso me deixa tĂŁo brava.

Minha garganta estĂĄ arrrrrrrrrrrrrrrrrrrdendo.

Eu fazia bonecas de meninas jovens e as quebrava. Não tinha nenhum modelo específico para elas, mas homens estavam fora de questão, e mulheres também não serviam. Tinham que ser meninas jovens.

A verdade é que meninas jovens também não estavam alinhadas com meu ideal, mas eu só conseguia pensar em meninas jovens naquela época. Isso porque eu ainda não tinha conhecido aquela pessoa.

Fui pega de surpresa. Quando conheci aquela pessoa.

(Alice…)

Sim.

Alice, esse era o nome da garota.

Na primeira vez que nos encontramos, Alice exalava uma aura que nĂŁo era nem masculina, nem feminina, nem mesmo humana. claramente nĂŁo era uma pessoa normal.

E a constituição frĂĄgil, devido a uma condição congĂȘnita e vĂĄrias outras doenças, tambĂ©m fazia Alice parecer especial.

NĂŁo sĂŁo sĂł as pessoas; acho que cada criatura viva tem sua prĂłpria cor. No entanto, Alice nĂŁo tinha cor.

Alice era infinitamente transparente, uma existĂȘncia fantasmagĂłrica que poderia desaparecer a qualquer momento. Se existisse uma flor feita apenas de vidro fino em algum lugar deste mundo, sem dĂșvida pareceria exatamente com Alice. Tenho certeza de que hĂĄ apenas uma flor desse tipo no mundo.

Fiquei completamente abalada. Eu sabia claramente. Queria ser como Alice. Queria ter nascido como Alice. Embora, claro, isso nunca pudesse acontecer. Porque, como vocĂȘ sabe muito bem, eu nĂŁo sou Alice.

Com uma ousadia que nem eu mesma podia acreditar, me aproximei de Alice. Falei sem vergonha, e faria qualquer coisa para chamar a atenção de Alice.

Acho que tinha duas emoçÔes dentro de mim.

A primeira era um desejo de estar com Alice. Eu faria Alice gostar de mim, talvez como amiga, e sairia com Alice. Se fizesse isso, poderia olhar para Alice o quanto quisesse, ouvir a voz de Alice, e sentir o cheiro de Alice.

A outra era um desejo de conhecer aquela pessoa, e descobrir a verdadeira natureza de Alice. Suspeitava que Alice era sĂł aparĂȘncia, e nada mais.

Para ser franca, eu amava Alice. Sim, estava apaixonada por Alice. Mas também odiava Alice na mesma medida.

A coisa que sempre quis, a coisa que, se eu tivesse, nĂŁo precisaria de mais nada, Alice nasceu com isso. Como eu poderia nĂŁo odiar Alice?

Quer dizer, se eu descobrisse que Alice era sĂł aparĂȘncia, que nĂŁo havia nada de especial dentro, apenas um vazio, se descobrisse que Alice era a boneca suprema, isso teria sido algum consolo.

Ei, o que vocĂȘ acha?

O que Alice tĂĄ pensando?

NĂŁo sei. NĂŁo sei mesmo. NĂŁo tem como entender essa pessoa.

Alice nunca fala sobre sentimentos pessoais.

Também nunca sei se Alice tå mentindo ou não.

Alice Ă© cautelosa.

Desconfiada de mim.

Mas mesmo assim, Alice nĂŁo tenta me afastar, nem me evitar.

SerĂĄ que Alice me odeia?

Fico pensando nisso.

Talvez Alice sĂł seja cautelosa.

SerĂĄ que Ă© Ăłdio, talvez?

Mesmo eu amando tanto Alice…

NĂŁo sei.

NĂŁo sei.

NĂŁo seeeeei.

Havia dias em que Alice estava apåtica, e outros cheios de melancolia. Sempre que via Alice deprimida, eu me sentia animada e cheia de energia. Por outro lado, sempre que Alice estava estranhamente alegre, eu era tomada por inquietação, e me sentia para baixo.

Às vezes, Alice era decepcionantemente normal. Trazendo de propósito tópicos populares e vendo que reação eu daria, dizendo coisas chatas que qualquer um poderia pensar, e me deixando desapontada.

Para mim, sempre que via Alice tentar falar sobre coisas que todos conheciam, mesmo que Alice não fosse especialmente conhecedora do assunto e só tivesse um conhecimento superficial, tentando falar como se fosse um tema familiar, isso era a coisa menos “Alice” que eu podia imaginar.

No entanto, Alice definitivamente tinha um lado assim.

Eu frequentemente me sentia mal depois de comer algo, então, nessas ocasiÔes, vomitava imediatamente o que quer que fosse. Naturalmente, eu garantia que ninguém me visse fazendo isso.

NinguĂ©m prestava atenção em mim, entĂŁo me sentia segura pensando que ninguĂ©m perceberia, mas sempre que terminava e voltava, recebia um olhar de quem sabia, como se Alice entendesse minhas circunstĂąncias e estivesse apenas dizendo, “Bem-vinda de volta.”

Toda vez, eu sentia que Alice via através de mim, e isso me dava arrepios.

Eu segui Alice inĂșmeras vezes. Era o mais cuidadosa possĂ­vel, tentando seguir com atenção, mas em algum momento, sempre perdia Alice de vista.

Acho que Alice provavelmente notou e me despistou. Apesar disso, Alice nunca disse uma palavra sobre isso.

Eu gradualmente me tornei completamente obcecada pela ideia de que Alice poderia entender totalmente como eu reagiria e me sentiria em relação a qualquer coisa que Alice fizesse.

NĂŁo era sĂł comigo; Alice estava brincando com todos ao redor, e Ă s vezes parecia Ăłbvio, enquanto em outras eu tinha que concluir que estava pensando demais.

Ocasionalmente, eu tinha a ilusĂŁo de que, embora Alice estivesse na minha frente, a verdadeira Alice nĂŁo estava lĂĄ. Eu podia ver Alice claramente, sem semicerrar os olhos, mas nĂŁo conseguia estender a mĂŁo e tocar essa pessoa.

O que eu pensava ser Alice era apenas um reflexo de Alice no espelho, e se eu me virasse, Alice estaria lå, mas se eu tocasse essa Alice, sempre era apenas um espelho também.

De vez em quando, algo que Alice dizia ou fazia tocava meu coração ou me machucava com sua agudeza. Eu estava sendo ferida por Alice diariamente. No entanto, eu tomava o maior cuidado e me certificava de nunca machucar Alice.

Se matar Alice me permitisse me tornar Alice, tenho certeza de que eu teria feito isso. Isso, claro, era impossĂ­vel.

Se eu matasse Alice, Alice desapareceria. Eu nĂŁo poderia mais ver Alice.

Eu nĂŁo era a Ășnica amiga de Alice. Malditos sejam os outros. Eu queria Alice sĂł para mim, mas se fosse muito insistente, Alice acabaria me odiando, entĂŁo eu tinha que me controlar.

As amigas de Alice eram todas pessoas que me faziam querer dizer, “Por que vocĂȘ Ă© amiga de alguĂ©m assim?”

Eu tinha dez ou vinte reclamaçÔes sobre cada uma delas, e era excepcionalmente doloroso para mim me dar bem com elas.

Mesmo assim, eu tinha que fazer isso.

Quando estĂĄvamos numa excursĂŁo escolar para o mar, e surgiu a conversa de reunir voluntĂĄrios para explorar cavernas, eu nĂŁo estava nem um pouco interessada. No entanto, ouvi que uma das amigas de Alice participaria, entĂŁo entrei em pĂąnico.

Conhecendo elas, com certeza convidariam Alice. Alice provavelmente não estava animada para explorar, mas poderia responder, “Ah, claro, por que não?”

Decidi agir primeiro. Antes que elas pudessem convidar Alice, eu mesma faria isso.

Traindo minhas expectativas, quando disse que Ă­amos numa aventura, Alice se interessou o suficiente para ir pegar uma pĂĄ em algum lugar. Nunca se sabia o que Alice faria.

Eu me arrependo.

A garota que eu achava que poderia convidar Alice nunca participou da aventura. Eu não ligava nada para caverna. Era só que eu nunca quis sentir que alguém tinha tirado Alice de mim.

Se aquela garota tivesse convidado Alice, e Alice tivesse ido, eu nĂŁo queria estar dizendo, “Vou tambĂ©m, entĂŁo.” VocĂȘ nĂŁo poderia me obrigar a dizer isso.

Porque convidei Alice para uma aventura por esse motivo mesquinho, meu destino mudou drasticamente.

Ahhh, ahhh, nĂŁo quero lembrar!

Enquanto avançåvamos pela caverna, fomos cercadas por gås em algum momento, e eventualmente acabamos sem conseguir enxergar. Eu nem conseguia encontrar Alice, que deveria estar bem ao meu lado.

— …Nui? — Tenho uma vaga lembrança de Alice chamando meu nome.

Pode ser que eu tenha imaginado isso, no entanto.

(Ito Nui…)

Eu queria tanto ouvir isso, pode ter sido apenas uma ilusão que meu cérebro criou para mim.

Provavelmente deve ter sido.

— Nui…!

Eu definitivamente ouvi o grito de alguém. Vårios, na verdade. Havia vozes que eu reconhecia, também. Havia um som que eu não conseguia identificar.

O que diabos estava acontecendo?

Fiquei com medo.

Não hå uma pessoa que não ficaria com medo naquela situação.

Alice! Alice! Acho que chamei. Mais que qualquer coisa, o fato de Alice nĂŁo estar ao meu lado me aterrorizava.

Em algum momento, meu mundo tinha parado de ser sobre mim, passando a girar em torno de Alice. Todos os pensamentos levavam a Alice, e qualquer coisa que nĂŁo fosse relacionada a Alice caĂ­a de mim e desaparecia.

Foi Alice quem me fez perceber que eu sofria do que vocĂȘ chamaria de transtorno alimentar. NĂŁo que Alice me tenha dito isso diretamente. Mas Alice era boa em sugerir coisas sutilmente.

Um dia, Alice falou comigo sobre isso.

— Sei que vocĂȘ pode achar que sou meio estranha, Nui. Mas vocĂȘ tambĂ©m Ă© bem estranha.

— Como assim? — perguntei.

Alice ficou em silĂȘncio por um momento, depois respondeu, — É sĂł um pressentimento que tenho.

Sempre que Alice ficava em silĂȘncio, eu me lembro de pensar em todo tipo de coisa. Era assim que Alice me fazia pensar, transmitindo o ponto sem dizer claramente.

Deve ter sido autoproteção para Alice, também.

Eu consegui descobrir que Alice tinha sofrido bullying antes. Foi algo que ouvi de outras pessoas; o bullying tinha sido realmente intenso, nĂŁo apenas brincadeira.

Quando descobri que Alice tinha passado por uma experiĂȘncia tĂŁo horrĂ­vel, senti tanta pena de Alice que chorei. Ao mesmo tempo, isso me deu uma vantagem sobre Alice, entĂŁo fiquei realmente feliz.

Quando pensava no momento em que apresentaria minha arma secreta para Alice, ficava tĂŁo animada que nĂŁo conseguia dormir. Usando bonecas para representar a mim, Alice e a multidĂŁo de espectadores, encenei uma pequena performance da cena.

Eu podia encurralar Alice a qualquer momento.

Eu podia fazer Alice se submeter a qualquer momento.

Mas eu nĂŁo faria isso. Porque Alice era importante para mim, e eu amava Alice. Isso era a prova do meu amor.

Ainda assim, se Alice algum dia me maltratasse e tentasse me descartar, eu usaria meu movimento secreto. Seria entĂŁo que finalmente machucaria muito Alice.

E assim, eu finalmente confessaria meus sentimentos a ela.

Eu diria que nĂŁo importa como realmente fosse, eu adoraria aquela Alice.

Eu diria que gosto muito da Alice.

Que amava Alice.

Diria que nunca mais a machucaria, que esta era a Ășltima vez que abriria velhas feridas.

Eu queria que Alice confiasse em mim, se abrisse e me mostrasse tudo, e soubesse que era seguro fazĂȘ-lo.

Eu estava confiante de que esse dia chegaria.

Mas agora, Alice se foi.

Se foi. Foi o que aconteceu com Alice. Ela se foi.

Era mais do que pensamentos como, NĂŁo consigo enxergar, ou, Sei que entramos numa caverna, mas isso nĂŁo pode ser sĂł uma caverna, ou, Onde Ă© isso?, ou, Nosso grupo de espeleologia parece estar sob ataque, ou, O que tĂĄ nos atacando? É uma fera? Ou um fantasma?

O que realmente me assustava era, Alice se foi.

Alice não podia ter ido embora. O mundo podia virar de cabeça para baixo, e se eu estivesse com Alice, não seria nada de mais.

Alice se foi. Isso Ă© a Ășnica coisa que me preocupa.

— Nui…! — Alice estava chamando.

(VocĂȘ sente isso tĂŁo fortemente…)

Eu procurei, e procurei, e procurei por Alice. Procurando, e procurando, e procu, procu, procu, procu, procuprocuprocuprocuprocuprocuprocuprocuprocu.

Eu estava tĂŁo sozinha e sĂł.

Estar so-so-so-so-so-so-so-sozinha era simplesmente triste demais.

Boneca.

Boneca.

Quem Ă© vocĂȘ?

Sou Alice.

Quem Ă© essa?

A-lice.

Alince?

Alinoce?

Alialialialinocececececececececececealincealialialinocececececececece?

NĂŁo existe uma pessoa assim.

Em lugar nenhum.

Ninguém.

Bonecas, bonecas, somos sĂł vocĂȘ e eu.

Vamos viver todos em feliz harmonia.

(Eles estĂŁo aqui.)

VocĂȘ, acho que ficaria melhor com pernas longas. Deixa eu alongar essas para vocĂȘ.

Agora que suas pernas estão mais longas, estão desequilibradas com seus braços. Vamos alongar os braços também.

VocĂȘ podia ter um pescoço mais longo, tambĂ©m.

Sua cabeça tå meio grande.

Deixa eu colocar essa cabecinha aqui em vocĂȘ.

Seus tornozelos sĂŁo tĂŁo gordos e feios. Vamos lixĂĄ-los.

(Alice tĂĄ aqui…)

— Nui…!

(Alice tĂĄ aqui. Realmente aqui.)

— Nui!

(Perceba.)

(Volte.)

(Ito Nui.)

— Nui!

(Nui-san.)

(Vem comigo.)

— Nui!

Alice?

Ahhhh.

EntĂŁo era aĂ­ que vocĂȘ estava…


Tradução: ParupiroHPara estas e outras obras, visite o Cantinho do ParupiroH – Clicando Aqui


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