Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 8 – Volume 13
Hai to Gensou no GrimgarGrimgar of Fantasy and Ash
Light Novel Online – Capítulo 08:
[O Mistério de Leslie]
Naturalmente, Haruhiro voltou, acordou todo mundo e contou o que tinha visto.
Kejiman parecia exalar empolgação por todos os poros e estava ridiculamente animado.
— V-V-V-V-V-V-V-V-V-V-Você! Sabe o que é aquilo?! Não sabe, né?! Só tá tão calmo assim porque não sabe! Inacreditável! Você não tem o mínimo de bom senso?! Ou é burro mesmo?! Aposto que é burro, burro pra caramba!
— …Tenho quase certeza de que não fiz nada pra merecer essa reação.
— A tenda gigantesca que aparece à noite! Música misteriosa! Isso é uma história famosa, sabia?! Todo mundo conhece, a menos que seja um idiota ou tenha vivido em uma caverna! Qual dos dois você é?
— Eu… não sei…
— Nem consegue responder! Isso quer dizer que é idiota! Mas não importa! Se é idiota ou vive em uma caverna, tanto faz! É só um detalhe menor, então vamos logo!
Quando Kejiman tentou sair correndo, Setora o agarrou pela gola.
— Calma aí.
— L-Larga! — guinchou Kejiman. — Tá me sufocando! Tá doendo! Eu vou sufocar! Vou morrer sufocado!
— Se quiser, pode ir em frente e morrer.
— Nãããããããão, obrigado! Ainda tenho coisas pra fazer! Não posso morrer antes de ver o Acampamento Leslie com meus próprios olhos! Nunca descansaria em paz!
— Acampamento Leslie? — Kuzaku inclinou a cabeça. — O que é isso?
— I-I-I-I-I-Inacreditável! Vocês não sabem mesmo?! Tá de sacanagem! Não dá pra acreditar! Não conhecer o Acampamento Leslie?! Só se vocês viverem literalmente em uma caverna!
Ele dizia isso, mas era a primeira vez que Shihoru ou Setora ouviam falar. O mesmo valia para Haruhiro.
E quanto a Mary? Ele não conseguiu perguntar. Embora não tivesse sido algo exatamente suspeito, a forma como Mary reagiu foi um pouco estranha.
— Você… já ouviu falar…? — Shihoru perguntou por Haruhiro.
Mary hesitou por um momento antes de responder com um aceno de cabeça.
— Só o nome — respondeu de forma breve.
— Ohh — disse Kuzaku, assentindo com naturalidade. — Mary-san, talvez você discorde da gente às vezes porque tem mais tempo de carreira que nós, né.
Oh, é.
Era verdade.
Mary era meio que uma veterana deles—não, na verdade, não era “meio que”. Ela com certeza era voluntária há mais tempo que todos ali.
O Acampamento Leslie. Pelo que Kejiman havia dito, era algo relativamente importante. Não era estranho que a Mary soubesse sobre ele. Haruhiro e os outros é que eram ignorantes.
Só podia ser isso. Sem dúvida alguma.
— Eu não me importo de ir dar uma olhada, mas… não é perigoso, certo? — Haruhiro perguntou com cautela.
— Perigoso?! — exclamou Kejiman. — A preocupação com isso te faz levar uma vida mais plena?! Consegue cantar aos quatro ventos o quanto essa vida é maravilhosa, pensando assim?! Você não acha que existem coisas mais importantes por aí?!
Kejiman começou a tagarelar, explicando que o Acampamento Leslie havia sido visto em vários lugares por todo o Grimgar, geralmente à noite. Segundo relatos, ele costumava aparecer subitamente em locais onde, durante o dia, não havia absolutamente nada.
Como se podia presumir pelo nome, havia uma pessoa chamada Leslie envolvida.
Ainrand Leslie. Ele era o mestre do Acampamento Leslie.
Alguns diziam que era humano; outros, que era um morto-vivo. Era um mercador que já era famoso em certos círculos havia mais de cinquenta anos.
No entanto, ele era mais que um simples mercador. Ainrand Leslie adquiria objetos como ninguém jamais havia visto, e às vezes os entregava em troca de um preço altíssimo. Às vezes em ouro, às vezes em outras formas.
Um homem rico em Vele entregou sua bela esposa e filha a Ainrand Leslie sem qualquer arrependimento, e recebeu um anel como nenhum outro neste mundo—com o poder de invocar tempestades.
Porém, o homem não fazia ideia de como usar o anel para invocar tempestades. Quando procurou Ainrand Leslie para pedir ajuda, esta foi a resposta: — Deixe-me ensinar. Mas o preço será sua nova esposa.
O homem tinha uma jovem amante. Ele desprezava a esposa, que já passara da juventude, e a filha, que era atrevida com ele. Para esse homem rico, abrir mão da esposa e da filha não foi um grande preço. Na verdade, ele se livrou delas, conseguiu o anel e se casou com a amante. Três coelhos com uma cajadada só.
Mas a nova esposa…
— Como se eu fosse entregar minha esposa! — o homem gritou, jogando o anel no chão.
Quando fez isso, uma tempestade surgiu. Nuvens escuras se formaram diante de todos, e Vele foi atingida por uma grande tormenta como jamais se vira.
Casas desabaram, muitos navios naufragaram. Ainrand Leslie desapareceu, e o homem rico morreu dentro de sua mansão destruída.
Existiam inúmeros contos assim sobre Ainrand Leslie. Ainda assim, ele não era alguém de centenas de anos atrás, então era cedo demais para que existissem lendas sobre ele.
Segundo Kejiman, não faltavam pessoas que afirmavam já ter encontrado Ainrand Leslie. Havia muitos em Vele que mostravam alguma esquisitice, relíquia, história ou bugiganga, dizendo que a haviam recebido de Ainrand Leslie.
No entanto, não havia qualquer prova concreta, nenhuma evidência irrefutável de que Ainrand Leslie havia realmente visitado Vele. A história do homem rico era vista como um delírio, uma invenção, algo que tolos contavam enquanto bebiam.
Mesmo assim, ninguém duvidava da existência de Ainrand Leslie.
Aqui vai outro exemplo:
Uma jovem fugiu de casa e acabou se perdendo em uma floresta a menos de dez quilômetros de Vele. Eventualmente, ela foi atraída por um som misterioso e se deparou com uma grande tenda redonda, cercada por criaturas parecidas com cavalos. A garota ficou com medo e voltou, vagando pela floresta até o amanhecer, e de algum modo conseguiu retornar para casa.
A garota contou para todos ao seu redor o que havia visto. Alguém sugeriu que poderia ter sido o Acampamento Leslie, e com os rumores dando origem a mais rumores, logo Vele inteiro estava em alvoroço.
Por mais de dez dias, centenas de pessoas—não, milhares, ou talvez dezenas de milhares—partiram em busca do Acampamento Leslie naquela floresta.
No fim, o acampamento não foi encontrado, mas isso havia acontecido apenas cinco anos atrás. Quase todos em Vele ainda se lembravam do ocorrido.
Viajantes que vagavam por Grimgar, aventureiros curiosos, ex-soldados voluntários, mercadores consumidos pela ambição e dispostos a ir a qualquer lugar por lucro—nenhum deles jamais encontrou o Acampamento Leslie.
Se fosse um lugar que pudesse ser encontrado apenas procurando, alguém já o teria descoberto. Havia até os chamados “Lesliemaníacos”, que trocavam obsessivamente informações sobre o lugar entre si, mas dizia-se que, quanto mais se procurava pelo Acampamento Leslie, mais distante ele se tornava.
De todo modo, o Acampamento Leslie era, sem dúvida, o lugar onde se encontrava Ainrand Leslie. Ele era um dos poucos colecionadores de Grimgar.
Talvez não tivesse um anel capaz de invocar tempestades, mas poderia muito bem possuir um ou dois tesouros lendários, como um diamante vermelho—que dizem valer o suficiente para comprar um país inteiro—ou um busto maciço de ouro de Enad George, o rei fundador de Arabakia, ou ainda a coroa perdida da casa real de Nananka, o Colar de Nigelink—que a princesa Titiha do extinto reino de Ishmar usava até o momento de sua morte—o Cetro da Alvorada, ou a espada sagrada Ulgis.
Se alguém tentasse comprar um desses tesouros famosos, sem dúvida Ainrand Leslie exigiria uma quantia absurda. Contudo, mesmo que não fosse possível adquiri-los, apenas ver um deles já renderia uma história para ser contada até o fim da vida.
Além disso, embora quase ninguém levasse isso a sério, havia histórias infantis que diziam que Ainrand Leslie podia realizar um desejo de qualquer pessoa que o encontrasse.
Além disso, segundo uma teoria, Ainrand Leslie não era nem humano, nem morto-vivo, mas algo semelhante a uma fada ou espírito, e era capaz de trazer grande fortuna às pessoas com seus poderes misteriosos.
Na verdade, o motivo pelo qual ninguém que dizia conhecer seu rosto aparecia publicamente estava relacionado a isso. Aqueles que enriqueceram com a ajuda de Ainrand Leslie levavam esse segredo para o túmulo. Assim como o dinheiro, se todos tivessem sorte, ela perderia o valor. Por isso, até o fim de suas vidas, era melhor esconderem o que sabiam sobre Ainrand Leslie. Esse era o segredo para terminar uma vida de privilégios ainda no topo.
O Acampamento Leslie realmente existiu? Se fosse para julgar apenas com base no que Kejiman dizia, era algo um tanto duvidoso.
Não—extremamente duvidoso.
No entanto, Haruhiro tinha visto com os próprios olhos.
Sendo assim…
Para falar a verdade, mesmo não estando nem um pouco animado com a ideia, guiou seus companheiros e Kejiman até lá.
Chegaram logo em seguida.
Haruhiro tinha esperanças de que, depois de seguirem o caminho que ele lembrava, se decepcionassem ao ver que não havia mais nada ali. Não que ele quisesse se decepcionar, mas se o Acampamento Leslie realmente existisse, ele só via aquilo como uma fonte de problemas. Queria evitar esse tipo de coisa… mas não teve sorte.
Aquilo podia ser uma grande descoberta, mas ele não conseguia sentir nenhuma felicidade.
— I-i-i-i-i-i-isso é…! — Kejiman exclamou, parado à beira da depressão, puxando os próprios cabelos. Ele puxava com tanta força que os óculos chegaram a cair. — Ohhh! M-meus óculos! Onde, onde, onde estão meus óculos?! Meus óculos…!
— …Aqui. — Shihoru os pegou e devolveu.
Kejiman os colocou no rosto e correu em disparada para o fundo da depressão.
— Ohhhhhhhhhh! Eu! Sou! O Acampamento! Leslie!
— Agora você é o Acampamento Leslie? — Kuzaku perguntou. — Espera aí…
Ele olhou para Haruhiro, como se quisesse dizer: “Não vamos atrás dele?”
Era algo a se pensar. Talvez não precisassem. Haruhiro aparentemente não era o único com essa dúvida, porque Shihoru, Mary, Setora e Kiichi, o nyaa cinzento, também não saíram da borda da depressão.
Eles estavam ali apenas como guardas contratados. Não eram babás de Kejiman. Não tinham obrigação nenhuma de seguir com aquela loucura.
— Se esse homem já não tiver mais utilidade, esta seria a hora de deixá-lo para trás — murmurou Setora.
Era isso mesmo. Ela tinha razão. Deixando de lado o fato de ele ser o empregador, eles ainda precisavam dele para voltarem até Altana.
— Ei… — Relutante em gritar, Haruhiro o chamou com uma voz sem muita força.
Ou Kejiman não ouviu, ou simplesmente ignorou. Ele não parou. Nem sequer olhou para trás. Qual era o problema daquele cara?
Já estava quase no fundo da depressão.
Não tem outro jeito, né? Mesmo se eu corresse com tudo agora, não alcançaria ele a tempo.
Haruhiro se preparou mentalmente. Eles iriam observar por enquanto, esperando para ver o que aconteceria. Se as coisas ficassem feias, teriam que deixar Kejiman para trás e fugir.
Adeus, Kejiman. Até a próxima, se houver uma.
— Ahh… — Kuzaku soltou um gemido, cobrindo a boca em seguida. Devia estar preocupado com Kejiman, que pelo menos fazia um esforço para se aproximar discretamente de uma das entradas da tenda.
Você é um maldito coração mole, pensou Haruhiro. Mas acho que é justamente isso que faz de você um cara legal. Ainda assim, é essa parte sua que mais me preocupa. Embora talvez isso não seja da minha conta.
Kejiman já estava a uns dez metros da entrada da tenda.
— Esse som… — sussurrou Shihoru. — É uma sanfona?
— É isso! — Haruhiro percebeu.
A imagem de um instrumento musical com um fole em forma de serpente e um teclado que podia ser pressionado surgiu em sua mente. Mas logo depois perdeu a linha de raciocínio, e só a palavra san-fo-na ficou para trás, como uma caixa vazia.
De novo isso? Já estava começando a ficar irritado.
Mas agora não era hora de ficar irritado, né…?
Kejiman finalmente chegou à entrada da tenda. Haruhiro achava que ele seria cauteloso a partir dali, mas, de repente, Kejiman escancarou a cortina.
Será que a gente devia sair correndo de verdade? Por alguns segundos, Haruhiro considerou seriamente essa possibilidade.
— Ainrand… — alguém murmurou.
Não, não foi apenas “alguém”.
Haruhiro virou o rosto automaticamente para Mary, que estava ao seu lado. Os olhos dela estavam arregalados, como se algo a tivesse surpreendido.
Sem hesitar, Haruhiro desviou o olhar da forma mais sutil que conseguiu. Não sabia se conseguiria fingir que não tinha visto nada… mas ia tentar.
Kejiman espiou dentro da tenda. Nada aconteceu?
Eventualmente, ele começou a acenar com a mão. “Venham!” Era o que parecia querer dizer.
Kuzaku olhou para os demais.
— …A gente vai?
Tradução: ParupiroHPara estas e outras obras, visite o Cantinho do ParupiroH – Clicando Aqui
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