Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 6 – Volume 13
Hai to Gensou no GrimgarGrimgar of Fantasy and Ash
Light Novel Online – Capítulo 06:
[Se Você For Viajar]
O nome dela era Zapp.
Havia um único chifre bem proeminente em sua cabeça robusta. Seu rosto era grande e ovalado. Seus olhos estreitos passavam uma impressão serena—mas vai saber se ela era mesmo pacífica.
Seus movimentos eram tranquilos, e ela parecia dócil. Era peluda, mas os pelos castanhos e grossos não eram tão longos.
Seu corpo era enorme. Maior que o de Kuzaku. E o mais impressionante era que Zapp nem estava de pé.
Ganaroes eram criaturas quadrúpedes, então não era comum que ficassem sobre as patas traseiras—mesmo assim, ela era grande.
Ganaroes eram criados por todo o território de Grimgar como gado. Humanos, orcs e outras raças os domesticavam desde tempos antigos, usando-os para leite, carne ou trabalho. Eram animais comuns, por isso Zapp parecia familiar.
Ela era uma ganaro especialmente grande. A princípio, acharam que fosse macho, mas era fêmea.
Kejiman acariciou o pescoço musculoso dela e sorriu ao apresentá-la: — Essa é minha parceira. É como se fosse minha esposa. Wahahaha!
Ele estava brincando? Não dava para saber, mas Haruhiro não achou graça.
A carroça de quatro rodas puxada por Zapp era quadrada e até pequena, mas contava com suspensão por molas. Chamava-se Vestargis-go.
Só comportava um tripulante. Parecia dar para apertar três pessoas no assento do cocheiro, mas Kejiman disse que, na prática, só cabia uma.
Além de Zapp, Kejiman também trazia consigo uma ave chamada Nipp—um tipo de grande pássaro não voador conhecido como storuch.
Existiam storuch selvagens nas Planícies dos Ventos Rápidos, mas eles não estavam acostumados com orcs ou humanos. Só a raça domesticada, desenvolvida após longas gerações de cruzamentos seletivos, permitia que humanos e orcs os montassem.
Mesmo assim, era importante nunca ficar atrás de um storuch. Um único coice era o bastante para lançar a pessoa longe.
— Nipp é meu amigo, acho — disse Kejiman com um sorriso. — O único amigo de que preciso. Wahahaha!
Ele chegou a se posicionar atrás de Nipp de propósito, exibindo um truque em que desviava de um poderoso coice por um triz.
— Até pra mim é difícil escapar. Se você não recuar na hora, o segundo vem logo em seguida. Tomar dois seguidos pode te matar. Estou falando por experiência própria. Wahahaha!
Com isso fora do caminho, agora era trabalho da party proteger a caravana de mercadorias composta por Kejiman, Zapp, Nipp e a carroça Vestargis-go durante uma jornada de vinte e cinco dias até Alerna.
Comida e água seriam fornecidas, e ele pagaria trinta pratas para cada um. Kiichi, o nyaa cinzento, diga-se de passagem, não seria incluído na conta.
A oferta inicial de Kejiman tinha sido uma diária de uma prata—ou seja, vinte e cinco no total. Era um pagamento baixo, e aceitar de imediato pareceria estranho, então Haruhiro fez questão de negociar um pouco.
— Escutem, minha vida tá em jogo com essa carga — Kejiman alertou. — Sempre tá, na verdade.
Depois de resistir o quanto pôde, Kejiman chegou aos trinta pratas, dizendo que não podia oferecer mais porque não tinha dinheiro.
— Gastei quase tudo comprando os produtos, entenderam? Não tem como eu ter mais pra pagar vocês. Se não tivesse encontrado vocês, eu ia dar conta sozinho mesmo. Não teria tido escolha a não ser ir sozinho. E então? Vão aceitar? Ou vão recusar? Tanto faz pra mim. Fica a critério de vocês. Façam como quiserem!
Como haviam pensado desde o começo, aquele cara era maluco. Haruhiro ficou um pouco hesitante, mas não queria ser passado para trás—então continuou insistindo na negociação. No fim das contas, chegaram a um acordo: quando a mercadoria fosse vendida em Altana, haveria um bônus.
O Portão do Deus do Mar em Vele se abria às seis e meia da manhã. Eles partiram não muito tempo depois, tomando uma rota não mapeada para sudoeste.
Kejiman sentou-se no assento do cocheiro da Vestargis-go, e Nipp o seguia logo atrás—apesar de não estar preso à carroça por corda alguma.
Haruhiro e os outros iam a pé. Cuidando bem para não ficarem atrás de Nipp e tomarem um coice, seguiam caminhando.
A humilde caravana de mercadorias do mercador Kejiman ignorava completamente a estrada pavimentada com pedras esbranquiçadas—a Estrada Branca—e seguia atravessando campos, florestas e colinas rumo ao sudoeste.
Era melhor do que Darunggar, nem precisava dizer, mas também superava o Vale dos Mil ou as Montanhas Kuaron. Mesmo que passassem os vinte e cinco dias apenas caminhando, aquilo era uma viagem tranquila pelos padrões da party.
— Cara… não tem nada aqui — murmurou Kuzaku, ao que Kejiman soltou uma risada anasalada.
— Ainda bem que não tem! Eu tô fazendo questão de evitar os lugares por onde as pessoas passam. Agora escutem: o que eu vou dizer é óbvio, mas como vocês são ignorantes, quero que ouçam com atenção. Nessas bandas, tem um milhão de ladrões e bandidos. Digo um milhão, mas não é no sentido literal. Um milhão seria demais. Mas, enfim, tem bastante. Eu mesmo já fui atacado algumas vezes.
Shihoru, Mary e Setora—que carregava Kiichi com ela—pareciam estar ignorando qualquer coisa que Kejiman dissesse, a menos que fosse realmente importante. Nem respondiam.
Haruhiro entendia como elas se sentiam. Aquele cara era meio… irritante, sim. Haruhiro preferia não dar ouvidos também, mas como era ele quem estava pagando, não podia simplesmente ignorar.
— Então por isso você desenvolveu sua própria rota — Haruhiro comentou.
— Exatamente. Light, os Raiders, os Crush Underdogs, Dashbal… tem um monte de grupos famosos de ladrões e bandidos. Se eles te veem e acham que você tá carregando algo de valor, já era.
— Light… — murmurou Haruhiro.
— Light é um grupo de ex-soldados voluntários. Se quer saber, humanos que se perderam no caminho são bem mais canalhas do que orcs ou mortos-vivos.
— …É mesmo? É assim que você vê?
— Orcs são… puros, por assim dizer — disse Kejiman. — Tem algo de honesto no jeito deles agirem. Já os mortos-vivos são difíceis de entender, mas pelo menos não são cruéis à toa. Agora, os que realmente merecem cuidado são os humanos que se desviaram do caminho.
— Entendo…
— Mas, mesmo assim, mesmo com caras assustadores tipo o pessoal da Light, não é como se eles fossem aparecer do nada pra matar, estuprar e saquear.
— …É.
— Ha! “É”, ele diz! Qual o seu problema?! Anda! Participa da conversa! Tô me esforçando pra falar com você, sabia?!
Eu não estou participando da conversa porque não tenho muito interesse no que você tem a dizer.
Haruhiro teve vontade de responder isso, mas se conteve. Seria satisfatório dizer, com certeza, mas só ia causar confusão.
— …Eles ameaçam vocês? — Haruhiro perguntou por fim.
— Ameaçam, sim. Olha só… parece que você se interessou, afinal.
— É o que parece?
— Isso! Esse é o espírito!
— …Viva.
— Ameaças são o modo de operação padrão deles. ‘Se pagar tanto, a gente não ataca.’ É o que dizem. Aposto que caravanas grandes, com força de defesa adequada, mandam logo um “Podem vir!”. Por isso, esses grupos não atacam esse tipo de caravana. No fim das contas, quem sofre são os médios e pequenos. Pra um comerciante independente como eu, só me restam a coragem e a esperteza. Ah, e tô procurando uma esposa, viu!
— …Entendi.
— Sério mesmo! Tô procurando super, super ativamente! Que tal, hein?! Tem um lugarzinho vago do meu lado, sabia?! — disse Kejiman, se arrastando para o canto do assento e dando tapinhas no espaço ao lado.
As mulheres da party permaneceram em um silêncio congelante.
— Wahahaha! Tá tudo bem, tudo bem. Homens puros e inocentes, que perseguem seus ideais como eu… As mulheres quase nunca nos entendem. Mas tudo bem. Tudo bem. No fim das contas, eu posso simplesmente comprá-las!
— Isso foi bem nojento — Kuzaku deixou escapar.
Kejiman explodiu no mesmo instante, levantando-se no assento do cocheiro.
— Ei, você aí! Quem é que você tá chamando de nojento, seu desgraçado bonitão?! Não vem bancar o superior só porque é alto e tem um rosto bonito!
— Nah… Nem acho que sou tudo isso.
— Acha sim! Você com certeza acha! Quer saber? Eu, nunca fui popular com as mulheres! O número de pessoas com quem já saí? Zero! Mesmo assim, se eu pagar, até um cara como eu consegue resolver suas necessidades! Essa é a realidade! Mesmo que não me amem, tem gente que finge que ama! Se eu pagar, é claro!
— …Erm. Olha, foi mal.
— Tá com pena de mim?! Nem meu próprio pai teve pena de mim!
Aquela ia ser a primeira de longos vinte e cinco dias. Haruhiro preferia nem pensar nisso.
Mas, bem, também não era como se ele não tivesse nenhuma tolerância para caras como o Kejiman. Além do mais, quando chegassem em Altana, seria adeus. Se pensasse como algo com prazo limitado, seria mais fácil aguentar.
No primeiro dia, caminharam vinte e cinco, vinte e seis quilômetros em meio dia, acampando ao pé de uma pequena montanha.
Mesmo na hora de dormir, Kejiman ficou sentado na posição de cocheiro. Haruhiro e os outros armaram as barracas e se revezaram na vigia. Ouviram os sons de feras noturnas, sentiram suas presenças, mas a manhã chegou sem maiores incidentes.
Tirando a inconveniência que era o Kejiman, o segundo dia também correu bem. O terceiro, idem. Quando as coisas eram tão tranquilas assim, isso acabava sendo preocupante.
Naquela noite, Haruhiro dormiu de forma leve, mesmo quando não estava de vigia. Pela manhã, teve um sonho curto. A Yume apareceu do nada, e por algum motivo queria que Haruhiro servisse de alvo.
Se é isso que você quer, ele disse, e ficou parado como um alvo. Yume mirou e disparou flecha após flecha, mas todas passaram por ele raspando.
Não tão acertando, né? Yume riu.
Realmente não. Haruhiro também riu.
Mas tenho a sensação de que a próxima vai acertar, Yume encaixou outra flecha e puxou a corda do arco.
Justo quando Haruhiro pensou: Essa vai acertar bem no meio, ele acordou.
— Que sonho…
No quarto dia, foi tudo muito tranquilo—cortando campos, subindo colinas suaves, e caminhando por florestas silenciosas. Realmente pacífico.
Chegaram ao clímax da primeira etapa da viagem um pouco depois do meio-dia. Ao saírem da floresta, depararam-se com um rio.
Kejiman saltou do assento do cocheiro e correu animado.
— Yaaahoooooo! Chegamos! O Irotoooooo…!
— Isso é… — Haruhiro esfregou o rosto e o queixo. Estava com uma barbinha rala. Precisaria se barbear.
— É grande… — Shihoru murmurou.
Talvez a superfície cintilante da água estivesse forte demais, pois ela estava semicerrando os olhos. Mas o dia estava nublado, então não havia brilho nenhum. Ela devia estar meio confusa.
— Me pergunto qual será a largura… — Kuzaku inclinou a cabeça.
Yume saberia estimar com alguma precisão, mas Haruhiro só conseguia chutar.
— Duzentos… Trezentos… Talvez mais — disse ele, por fim. — Pode chegar a quatrocentos ou quinhentos metros.
Obviamente, seguindo por terra, iam acabar encontrando rios. Tinham cruzado vários até aqui, mas nenhum passava da altura da cintura de Haruhiro, e as correntezas eram brandas.
Kejiman já tinha avisado que cruzariam um rio hoje, mas não tinha dito que o Iroto era um rio tão largo e imponente assim.
Nipp entrou na parte rasa e começou a beber água com vontade. Amarrada ao Vestargis-go a uma curta distância da margem, Zapp parecia um pouco invejosa.
Kejiman estava se divertindo, jogando pedras planas na água para fazê-las quicar.
— Qual é o problema desse homem? — Setora murmurou. — É um idiota? Suponho que sim.
Setora retirou habilmente o jugo que prendia Zapp ao Vestargis-go. Agora ela podia se mover livremente.
Zapp soltou um “Bumo!” curto para Setora antes de andar devagar até a margem. Enfiou o focinho na água e começou a beber. Estava bebendo com vontade.
Ao lado dela, Kiichi molhou as mãos e esfregou o rosto.
Ao ver aquilo, Mary sorriu. Bom, quando um nyaa lavava o rosto daquele jeito, era fofo mesmo. Sim. Era o tipo de coisa que fazia você sorrir.
Mas, continuando…
Shihoru fez um gesto com o queixo.
— Aquele homem… — disse ela, indicando Kejiman. — Acho que ele nunca disse que o rio podia ser atravessado. Como é que nós vamos cruzar?
— Trinta e cinco! — Kejiman ergueu os braços, radiante. Aparentemente, a pedra que ele jogou havia quicado trinta e cinco vezes na superfície do rio.
— Droga — resmungou Kuzaku, estalando a língua. — Ver isso me dá vontade de tentar também.
— Vai lá — disse Haruhiro. — Se tiver mesmo vontade.
— Para com isso, Haruhiro! Se você me disser isso, eu vou acabar fazendo de verdade.
— Faz, cara.
— Mas se eu fizer, você vai me menosprezar. Vai achar que eu sou igual àquele cara.
— Não, não vou.
— Eu vou fazer, sério! Não dá! Eu preciso me segurar. Se você acabasse me desprezando por causa disso, eu não conseguiria mais viver.
— Você realmente não precisa se preocupar com o que eu penso…
— Mas eu me preocupo!
— Trinta e sete! — gritou Kejiman.
Ele continuava jogando pedrinhas no rio e parecia ter conseguido um novo recorde.
O que é que ele tá fazendo? Pensou Haruhiro. Parece tão divertido… Eu… não quero fazer. Nunca faria.
— É… — começou, tentando chamar a atenção de Kejiman.
— Espera aí! — gritou Kejiman, puxando o braço para trás antes de lançar mais uma pedra. A pedra quicou na água como se estivesse deslizando, até afundar. — Issooooooooooooooooooo! — berrou ele, erguendo o braço. — Trinta e nove! Eu ganhei! ZEEEEEEED…!
— Zed…? — repetiu Haruhiro. Ele sabia que era melhor não dizer nada, mas disse mesmo assim.
Kejiman virou-se, usando o dedo médio da mão direita para empurrar os óculos para cima.
— Eu! Eu ganhei! Contra mim mesmo!
— Não, não é isso. O que é “zed”…?
— Heheheheh… — Kejiman explodiu em risadas. — Wahahahahahahahahahaha!
Ele ria alto. Como um idiota. Havia claramente algo de errado com ele. Haruhiro já achava o sujeito estranho desde o começo, mas ele conseguia ser ainda mais excêntrico do que o esperado.
Ele teria que considerar suas opções. Como abandonar Kejiman e fugir, talvez. Estaria isso muito cedo? Ele se perguntou.
Olhando para Zapp, viu que Setora e Kiichi estavam montados em seu dorso.
— Hm… Ahm… — começou Haruhiro.
— Hm? O que foi?
— Não, não me pergunta…
— Oi, oi, oi, oi, oi?! A Zapp não é um veículo! — berrou Kejiman, virando o rosto na direção deles com uma expressão tomada pela indignação. Mas Setora parecia inabalável.
— Ela é um animal, afinal. Não vejo motivo para tratá-la como um veículo.
— Então por que você tá montada nela?! Pra quê?!
— Achei que podia, então fiz — respondeu Setora. — Isso é errado?
— Eu é que pergunto! Como você pode achar que não é?! Zeeeeeed! Aliás, agora que percebi que consigo falar isso com facilidade, vou anunciar: não dá pra atravessar o rio por aqui! Era pra dar! Era! Mas parece que não dá! Que lamentável!
Shihoru ficou boquiaberta, piscando várias vezes.
O rosto de Mary se contraiu por um momento, e em seguida ela sorriu—por algum motivo. Foi um pouco assustador.
— O que isso quer dizer? — perguntou Kuzaku, mas alguns segundos depois, arregalou os olhos. — Hã?! O quê… O que você quer dizer? Co-como assim…?!
— Você tá exagerando na reação… — suspirou Haruhiro.
Ainda assim, era surpreendente, sim. E ele começava a sentir dor de cabeça.
— Então era por isso que você estava bancando o palhaço — disse Haruhiro. — Eu sabia que tinha algo estranho…
— Desculpa — Kejiman se curvou com um sorrisão no rosto.
Se era para se desculpar, podia ao menos parecer arrependido.
Por que esse homem sempre fazia as coisas de um jeito que irritava os outros? Era difícil de entender.
— Então, o que fazemos? — perguntou Setora, sem fazer menção de descer de Zapp. Bom, naquela situação, mesmo que Kejiman fosse gritar mandando ela descer, Haruhiro achava que não precisava.
Kejiman pegou uma pedrinha e a lançou no rio. Jogou para cima, então a pedra só caiu direto na água, sem nem quicar.
— É… esse aí. Esse é o problema…
Tradução: ParupiroHPara estas e outras obras, visite o Cantinho do ParupiroH – Clicando Aqui
Tradução feita por fãs.
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