Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 12 – Volume 13
Hai to Gensou no GrimgarGrimgar of Fantasy and Ash
Light Novel Online – Capítulo 12:
[Paranóia]
Nem todos os começos são iguais.
Por exemplo, poderia haver um começo como este.
Quando passaram pela porta, havia vento soprando além dela, e algo no ar era claramente diferente.
— …Um cheiro doce? — murmurou Haruhiro.
Era o gosto? O aroma? Quem sabia. Fosse o que fosse, era levemente doce.
A luz era brilhante, mas não de forma ofuscante.
A paisagem era bizarra.
O chão era branco. Seria areia? Os grãos tinham tamanhos variados, mais irregulares do que lisos. Havia plantas de algum tipo crescendo até uns três ou quatro metros de altura. Eram de um rosa vivo, então talvez fossem corais, na verdade.
Era terra firme, no entanto. Eles podiam respirar normalmente, então provavelmente era terra firme.
O céu era branco leitoso, com um pouco de azul aqui e ali. Como bolinhas. Aquelas luzes espalhadas pelo céu, seriam estrelas, talvez? Mesmo sendo meio-dia? Ou era noite? Não havia sol à vista. Era claro, no entanto, então provavelmente era meio-dia.
Kejiman estava agarrado a Kuzaku, que tinha caído no chão branco.
— Haruhiro… — disse Kuzaku.
— Foi você… — Haruhiro pressionou a palma da mão contra a testa.
Obviamente, ele não estava falando de Kuzaku. Kuzaku tinha sido puxado pro outro lado. Quem tinha sido responsável por isso? Ele tinha uma leve suspeita, mas agora tinha certeza.
— N-não é como se eu estivesse, tipo… — começou Kuzaku, sem jeito.
Kejiman não só não soltou Kuzaku, como se agarrou ainda mais.
— Olha… e-eu tava me sentindo sozinho, tá? Eu, aqui fora, totalmente sozinho? Não tem graça. Você entende, né? O que você faria se eu morresse?!
— Para com isso… Não chora enquanto tá grudado em mim. Tá me sufocando aqui. Isso é nojento.
— Não chama de nojento! Somos brothers, você e eu, Kuzaku-kun!
— Não tem nada entre a gente. Agora para, tô falando sério…
Não demorou muito para Setora e Kiichi, Shihoru e Mary passarem, aparecendo ao lado deles, nessa ordem.
— Isso é… — Shihoru respirava com dificuldade, olhando ao redor com cautela.
A expressão de Setora não era diferente do usual, mas, pelo jeito que ela segurava Kiichi com força, devia estar um pouco preocupada.
Os olhos de Mary estavam baixos, os lábios apertados, como se ela estivesse tentando lembrar de algo.
Setora franziu o nariz.
— Alguma coisa está com um cheiro doce.
Haruhiro assentiu. Esse ar com um doce aroma, era meio desagradável.
— Ah… — Shihoru apontou para cima. — Aquela coisa… tá ficando maior?
— Nossa! Biehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! — Kejiman começou a gritar, ainda agarrado a Kuzaku.
Kuzaku também começou a fazer um escândalo.
— Hã? Hã? Hã? O quê? O que é isso? O que é isso?! Q-q-q-quê?!
— Estrelas…? — sussurrou Mary.
— Estrelas cadentes? — Setora ainda estava relativamente calma, mas talvez devesse estar um pouco mais em pânico nessa situação.
Um dos pontos brilhantes no céu de bolinhas estava mudando de tamanho a cada momento que passava.
Se estivesse encolhendo, poderia sumir, e isso seria o fim. Mas estava crescendo. Não dava para ignorar isso.
Aquela coisa parecida com uma estrela estava se aproximando do chão. Caindo. A estrela estava caindo. Provavelmente a uma velocidade altíssima.
— Re… — Haruhiro começou a dizer, “Recuar!” Mas então hesitou.
A estrela já tinha o tamanho da cabeça de uma pessoa. Parecia que estava caindo diretamente na direção da party, também. Mesmo que tentassem correr, seria inútil, não é? Mesmo em pânico, a estrela dobrou e depois dobrou de tamanho novamente, continuando a crescer rapidamente. Não estava realmente crescendo, no entanto.
— N-Não devíamos correr…? — A sugestão de Shihoru trouxe Haruhiro de volta aos sentidos.
Era isso. Seria uma coisa se ele estivesse sozinho, mas seus companheiros estavam ali. Como ele podia desistir tão facilmente?
— Corram, mas não se separem! Vamos, eu disse pra correr!
Haruhiro chutou o traseiro de Kejiman, que ainda não soltava Kuzaku.
— Hhhhhh?!
Kejiman disparou como se tivesse sido disparado de um canhão, e Kuzaku, agora livre, também correu. Setora e Kiichi saíram correndo também, e Mary e Shihoru os seguiram, praticamente de mãos dadas. Haruhiro ficou na retaguarda.
Ao olhar para trás, a estrela tinha ficado tão grande que era difícil compará-la a qualquer coisa. Havia algo mais tão grande assim? A que distância estava? Tipo, a algumas centenas de metros acima? Mas era um pouco estranho. Estrelas cadentes não costumavam estar em chamas? Tipo, por causa do atrito? Não havia sinal disso aqui. Também não estava quente. Nem fazia barulho. Só estava se aproximando.
Poderia ser a primeira, e última, vez que ele veria um objeto tão grande e brilhante. Se não estivesse caindo na direção dele, ele teria ficado olhando. Era incrível. Não tinha uma cor específica, apenas um brilho que preenchia todo o seu campo de visão e, nossa, era realmente grande.
— Pessoal… — Ele conseguiu dizer isso, mas tudo o que veio depois foi um grito incoerente, misturado com as vozes de seus próprios companheiros.
Eles estavam sendo esmagados. Ele sentiu algo como uma pressão em todo o corpo.
Acabou, pensou. Mas o fato de ele conseguir pensar isso significava que, na verdade, não tinha acabado.
Bannnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnng! Algo estourou. Haruhiro foi jogado pelo ar e depois rolou. Seu rosto ficou coberto de areia. Seus olhos ardiam. Ele não conseguia ver. Nada. Seus ouvidos também estavam bagunçados.
Parecia que ele não tinha sido esmagado. Estava vivo. O que tinha sido aquilo, agora há pouco?
Haruhiro esfregou a areia enquanto se levantava.
— Kuzaku! Shihoru! Mary! Setora! Vocês tão bem…?!
Sua própria voz soava tão distorcida, tão distante.
— T-tô bem! — gritou Kuzaku. — Cadê todo mundo?! Não consigo ver!
— Estou bem! — chamou Shihoru. — Mary está aqui, também…
— Sim, conseguimos de algum jeito… — concordou Mary.
— O que foi isso?! Kiichi?! — gritou Setora.
— Miau!
— E-Eu tô vivo?! Por algum milagre?! A vida é maravilhooosa! — berrou Kejiman.
Parecia que todos estavam inteiros, incluindo um extra que eles realmente poderiam dispensar.
Haruhiro piscou e esfregou os olhos, esperando que sua visão se recuperasse.
Estava embaçado, mas ele conseguia ver. Sua visão estava ficando mais clara.
— Isso é…
Havia algo parecido com neve caindo. Quando tocava a palma de sua mão, desaparecia instantaneamente.
Não era frio. Isso descartava ser neve. O que poderia ser? Parecia com algo.
Kuzaku esticou o braço longo, pegando vários ao mesmo tempo.
— …O que são essas coisas? São quase como pequenas bolhas de sabão.
— É, agora que você falou… — Haruhiro olhou novamente para o céu de bolinhas.
Poderia ser que os incontáveis objetos minúsculos, como bolhas, agora caindo como chuva, fossem fragmentos da estrela caída. Isso significava que não era uma estrela, afinal. Então, o que era? Haruhiro não tinha como saber. Ele soltou um suspiro.
— Vamos só ficar felizes por não estarmos mortos por—
— Argh?!
O grito que o interrompeu veio de Kejiman, então por um momento Haruhiro não quis olhar, mas essa não era uma opção.
Virando-se na direção da voz, Kejiman estava caído na frente de um arbusto feito de algum coral ou planta cor-de-rosa. Era ele agindo estranho de novo, como sempre? Não.
Não era isso. Não dessa vez.
— S-s-s-s-s-socorro…! — Kejiman estava sendo arrastado para o arbusto.
— Kya! — Shihoru gritou.
Dentro do arbusto, havia algo lá.
— Qual é… — Kuzaku parecia mais exasperado do que assustado, e Haruhiro sentia o mesmo.
Era uma aranha? Dentro do arbusto, havia algo como uma aranha gigante. Mas era só como uma aranha, e—
Espera, aquela coisa claramente não era uma aranha. As pernas não eram de aranha. Eram como pernas de polvo. Então era um polvo? Também não dava para chamar assim. A forma geral lembrava mais uma aranha, afinal. Mas a cabeça não era de aranha nem de polvo.
O rosto não era apenas pálido, era branco puro, com o branco dos olhos sendo preto e as pupilas douradas. Não parecia masculino nem feminino, mas era a cabeça de um humano careca.
Kejiman tinha sido pego pelas pernas da criatura. Ele soltava gritos estranhos como “Afwaih?!” enquanto era arrastado para dentro do arbusto.
O que estava acontecendo? Ele não conseguia mais ver Kejiman, nem ouvir sua voz.
O monstro ainda estava no arbusto. Sua boca abria e fechava enquanto encarava na direção de Haruhiro com aqueles olhos perturbadores.
Haruhiro dobrou os joelhos e se inclinou para frente. Estava pronto para fugir, mas Kejiman era o empregador deles. Além disso, Haruhiro não era um monstro. Ele tinha que ajudar.
Ele tentou dar um passo à frente.
Naquele instante, a criatura começou a recuar. Com suas pernas de polvo se contorcendo, ela se afastou a uma velocidade incrível.
— Haru!
Era Mary ou Setora? Ou ambas o chamaram? Era difícil distinguir de imediato.
Haruhiro sacou sua adaga.
O chão.
Do meio da areia, uma coisa preta, provavelmente uma mão, voou na direção dele.
Se Haruhiro não tivesse levantado o pé direito rápido, aquela coisa parecida com uma mão preta teria agarrado seu tornozelo.
A coisa parecida com uma mão preta, ou melhor, seu corpo principal, começou a rastejar para fora do chão.
Haruhiro pulou para trás.
Era humano? Fosse o que fosse, era preto. Não era só a mão. Ombros, cabeça, pescoço, peito e torso, tudo preto.
No entanto, não tinha pernas. No lugar delas, havia algo parecido com uma anêmona-do-mar brotando. Sua cabeça não tinha olhos nem nariz, e era dividida verticalmente. Seria a boca, talvez? Estava cheia de dentes finos, como espinhos. O corpo era preto por completo, mas o interior da cavidade oral era amarelo. Um amarelo-limão brilhante.
Essa criatura de anêmona com o torso superior escuro e grotesco não estava sozinho. Outros começaram a sair de todos os lados. Muitos deles.
Os companheiros de Haruhiro estavam seguros? A uma rápida olhada, nenhum parecia ter sido pego. Por enquanto, pelo menos.
— O que são essas coisas?! — exclamou Kuzaku.
Kuzaku sacou e brandiu sua katana grande, e a criatura de anêmona com o torso superior escuro e grotesco—sabe, isso era muito longo, talvez só “Criatura grotesca” fosse suficiente—teve um de seus braços cortado.
Mary e Setora também estavam revidando? E Shihoru? Haruhiro queria olhar, mas não podia se dar ao luxo. Vários daquelas criaturas grotescas estavam rastejando na direção dele.
Haruhiro dançava para evitar as mãos que tentavam agarrá-lo e as cabeças que tentavam mordê-lo. Claro, ele não estava com vontade de dançar. Não era bom nisso, e também não gostava. Estava apenas desviando desesperadamente, e, como resultado, acabou executando uns passos de dança bem complicados.
Mas, cara, isso era loucura. Loucura mesmo.
— Os arbustos…! — gritou Haruhiro. Ele estava tentando alertar seus companheiros para tomarem cuidado com os arbustos, mas foi tudo o que conseguiu dizer.
Havia arbustos daquela planta parecida com coral rosa por todos os lados. Era justo dizer que estavam cercados por arbustos. Havia um bem atrás de Haruhiro, e, justo quando ele pensou que era suspeito, outra criatura estranha saltou de lá, exatamente como ele deveria esperar.
— Wahh…! — gritou ele.
Era uma centopeia. Só que enorme. Devia ter o tamanho de um bebê humano. Além disso, suas pernas brancas e desagradáveis pareciam braços humanos. Tinha muitas dessas pernas, e, quando todas se moviam, parecia meio assustador.
Não, não era só meio. Era bem assustador.
Haruhiro perdeu a chance de desviar, e a coisa o derrubou. Suas vinte a trinta pernas com mãozinhas se contorciam. Por serem pequenas, não causavam dano além de arrepiá-lo, mas ele não conseguia combater a sensação de repulsa que crescia dentro dele.
— Caramba, que nojo! — Haruhiro imediatamente empurrou a criatura para longe.
Ao fazer isso, embora não estivesse tentando olhar, e preferisse não ter visto, ele viu a parte de baixo daquela coisa. A parte superior parecia ter uma carapaça, e era meio como uma centopeia, o que já era perturbador o suficiente, mas a parte inferior era toda cheia de caroços. Como ovos de peixe, se ele tivesse que comparar.
Sim, como ovos. Seriam ovos? Estaria chocando eles? Será que iam eclodir? Iria haver mais dessas coisas?
— Droga!
Haruhiro ficou de pé. Não aguentava mais.
Isso era loucura. Não uma coisa específica; era tudo completamente anormal.
O coral rosa ou planta ou sei lá o quê, a coisa humana-polvo-aranha, as criaturas grotescas, a centopeia incubadora, a estrela que caiu, o céu de bolinhas, aquelas coisas voando pelo céu agora—
O quê? O que eram? Pássaros? Não, não era isso. Eram longos demais para serem pássaros. Longos demais. Pareciam intestinos voadores. Como se um intestino tivesse brotado várias pares de asas. Isso era possível? Não era impossível, né?
Podia muito bem ser que Haruhiro tivesse enlouquecido de vez. Era bizarro, afinal. Bizarro e incoerente. Não parecia um sonho. Se fosse alguma coisa, era um pesadelo.
Haruhiro confiou quase puramente nos reflexos para afastar a centopeia incubadora com um golpe, depois chutou uma criatura grotesca.
Ele precisava pensar menos em si mesmo e mais nos seus companheiros, especialmente nas garotas. Mais do que pensar, ele tinha que agir. Ele sabia disso. Na cabeça.
— Se ficarmos aqui…! — começou Mary.
Ela devia estar tentando dizer que estariam encrencados. Era uma má ideia ficar ali. Isso podia ser verdade. Eles deviam se mover. Mas, se não se movessem juntos, acabariam se separando. Ele queria evitar isso, então talvez fosse melhor não se mover? Mas se ficassem ali e continuassem lidando com as criaturas grotescas e as centopeias incubadoras, será que conseguiriam sair dessa?
— Urgh?! — ele guinchou.
Algo envolveu seu tornozelo esquerdo. Um polvo. Era uma perna tipo polvo. A coisa humana-polvo-aranha, né?
Ela o puxou antes que ele pudesse gritar, Droga!
Ele não podia ficar de costas. Virou-se. Subiu na barriga do bicho e cravou sua adaga no chão.
Sem sorte, né? Não parou.
Sua adaga traçou uma linha no chão branco. A linha ficava mais longa enquanto ele olhava. Estava sendo puxado a uma velocidade incrível.
— Hahhhh! — gritou Kuzaku.
Se Kuzaku não tivesse corrido até ele e cortado a perna tipo polvo com um golpe de sua katana grande, Haruhiro teria passado pela mesma coisa que com a centopeia.
— Levanta! — Kuzaku agarrou seu pulso e o puxou para cima.
Não havia tempo para agradecer. As criaturas grotescas estavam rastejando na direção deles, um atrás do outro. A centopeia incubadora também pulou neles, a coisa humana-polvo-aranha esticou sua perna de polvo, e os intestinos alados até começaram a mergulhar e acertá-los.
Haruhiro deu uma cotovelada na centopeia incubadora, chutou as criaturas grotescas e cortou os intestinos alados com sua adaga. Sentiu algo mole ao rasgar o intestino, e a substância multicolorida dentro dele, que não era exatamente líquida nem sólida, espirrou.
O conteúdo estava fumegando. Não quente, mas escaldante.
Havia criaturas do tamanho de um punho—não, menores que isso—pulando para cima e para baixo.
Sapos? Seus corpos eram azul, vermelho e amarelo por fora, com listras pretas ou verdes. Mas por que tinham cabeças como as de bebês humanos? Com cabelo, ainda por cima! Muito cabelo. Assustador.
Quando ele tropeçou em uma criatura grotesca e caiu, outra criatura estranha saiu da areia bem ao lado dele. Olhando para ela, ele não viu olhos, e era peluda, então era meio como uma toupeira. Mas quando abriu a boca, era dividida como a de uma estrela-do-mar, e havia um globo ocular bem no fundo.
— Eek! — Haruhiro soltou um grito sem querer e tentou se levantar, mas várias centopeias incubadoras o cercaram, e os caroços na parte inferior delas, aqueles caroços parecidos com ovos, eram cheios de caroços, tão cheios de caroços, nada além de caroços, caroços, caroços, que eram caroços demais, nada podia ser tão cheio de caroços.
— Uwaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhh?!
Não. Ele não aguentava mais. O que ele queria dizer com não aguentava mais? Ele não sabia, mas não aguentava mais isso. Os caroços eram demais. A carocidade daqueles caroços era algo que ele simplesmente não suportava.
Haruhiro estava se debatendo. Não só os braços ou as pernas—todo o corpo dele se agitava enquanto ele enlouquecia completamente.
Ele queria fugir. Dessa realidade. Não, dos caroços. Ele não queria que aqueles caroços fossem reais.
Quantas daquelas centopeias incubadoras havia? Quantos caroços?
Isso era um sonho. Sim. Tinha que ser um pesadelo.
Ele sentia que estava prestes a desmaiar. Queria que isso acontecesse. Se desmaiasse, com certeza voltaria à realidade.
Ele estava pronto para dizer, “Cheguei em casa”, e só queria ouvir, “Bem-vindo de volta” em resposta. Não importava de quem. Ele aceitaria de qualquer coisa, desde que não tivesse caroços.
Havia algo enrolado no tornozelo esquerdo dele. Era a perna de polvo? Ele não conseguia ver, então não podia dizer, por causa das centopeias incubadoras e seus caroços. Basicamente, aqueles caroços, aqueles malditos caroços, eram os culpados por tudo isso.
Droga, aqueles malditos caroços.
— Obuhobuhobuh! — gritou Haruhiro enquanto conseguia, de alguma forma, se livrar daquela perna de polvo ou sei lá o que era. Ele sentia que estava acabado de várias maneiras, mas se deixasse aquilo continuar a arrastá-lo, estaria acabado de verdade.
— Não, sou eu, Haruhiro, eu!
Ele não conseguia ver por causa de todos os caroços, mas conseguia ouvir. Era a voz de Kuzaku. Será que Kuzaku estava tentando arrastar Haruhiro enquanto fugia? Ou era algum monstro imitando a voz de Kuzaku e tentando levá-lo? Qualquer uma das duas era possível.
De qualquer forma, havia caroços. Talvez os caroços não tivessem nada a ver com isso. Não, claro que tinham a ver com isso. Eles eram cheios de caroços. Se aqueles caroços de pesadelo fossem realmente só um sonho, era mais provável que fosse Kuzaku ou um monstro?
Se fosse um monstro, ele estava acabado. Mas, de alguma forma, ele não conseguia encontrar vontade pra resistir. Isso tinha que ser culpa dos caroços.
Haruhiro deixou-se ser arrastado em silêncio.
Wah, hiah, kwah, oh, eah, gwana, nia, zwahh! Os caroços da centopeia incubadora estavam emitindo sons parecidos com vozes. Cada um era um som pequeno, mas havia muitos caroços, e era como ter milhares de sussurros sem sentido no ouvido, o que era realmente assustador.
Talvez eu nunca tenha conhecido o medo antes disso, Haruhiro não pôde deixar de pensar. É isso que é assustador? Caroços, basicamente? Bom, tanto faz, não me importo, quero ficar longe desses caroços. Sério, me poupem. Chega de caroços. Isso é loucura. Se pudesse, eu queria tirar meu cérebro do crânio. Aí, mesmo que fosse só meu cérebro, eu o tiraria daqui.
De repente, o monstro, ou Kuzaku, ou seja lá o que fosse, soltou seu tornozelo esquerdo.
Haruhiro não estava mais sendo arrastado, mas a centopeia incubadora, os caroços, eles ainda estavam… o quê?
Ainda o quê? Assustadores. Socorro.
— Haruhiro! Só espera! Agora!
Tá.
Tô esperando.
Haruhiro estava usando toda a sua força para se manter imóvel.
Os caroços foram arrancados do corpo de Haruhiro um após o outro. Os caroços grudados em seu rosto foram removidos primeiro, então ele se sentiu melhor rapidamente.
Naturalmente, não foi nenhum monstro que salvou Haruhiro. Foi Kuzaku.
Kuzaku não deixou as coisas cheias de caroços—não, as centopeias incubadoras—em paz. Ele as arrancou de Haruhiro, jogou-as nos corais ou plantas ali perto, pisou nelas, e para as que continuavam se movendo depois, ele as apunhalou com sua katana grande.
Com uma velocidade incrível, todas as centopeias incubadoras sumiram de Haruhiro.
Se não fosse por Kuzaku, quem sabe o que teria acontecido? As centopeias incubadoras se juntaram para segurar Haruhiro por algum motivo, mas depois não fizeram nada além de pressionar os caroços de sua parte inferior contra ele, fazendo-o ouvir aquelas vozes, ou sons, ou seja lá o que fossem. Só isso já teria sido suficiente para enlouquecê-lo eventualmente. Ele já estava se sentindo um pouco fora de si, e não conseguia afastar a dúvida de que tinha ficado bem estranho.
Kuzaku era seu salvador. Ele estava grato. Muito grato. Como poderia expressar essa gratidão? Não importava como, não seria suficiente.
— Haruhiro! — Kuzaku pulou em sua direção com o rosto contorcido como o de um demônio. Ele o abraçou forte. — Você tá bem, né?! Haruhiro! Haruhiro! Haruhiro?!
Haruhiro assentiu. Ou pelo menos tentou, mas quem sabia? Será que ele estava conseguindo assentir? Sentia como se seu queixo estivesse subindo e descendo um pouco. Em pouco tempo, sua visão ficou embaçada.

— Haruhiro?! Aguenta aí?! Por que tá chorando?! Se machucou feio em algum lugar?!
Não era isso. Ele não estava machucado o suficiente em lugar nenhum para fazê-lo chorar, mas as lágrimas não paravam de escorrer. Haruhiro esfregou os olhos. Sua mão estava tremendo. Estava em choque? Todo o seu corpo parecia fraco.
— …Pessoal? — sussurrou.
— Isso! Isso mesmo! Haruhiro, consegue ficar de pé?!
Com a ajuda de Kuzaku, Haruhiro reuniu cada gota de energia vital em seu corpo para se levantar. Seu corpo parecia meio dormente. Suas pernas tremiam. Sua cabeça estava tonta, e as lágrimas ainda não paravam. Além disso, seus olhos não abriam. Ele se sentia extremamente nojento.
Shihoru.
Mary.
Setora.
E Kiichi. Onde estavam?
— Droga, a gente tá bem separado! — gritou Kuzaku.
— Uh, a gente tá bem separado! — gritou Kuzaku.
Parecia que Kuzaku tinha uma ideia geral de onde estavam seus companheiros. Haruhiro não sabia.
O que é isso? Tá doendo. Estranho. Não consigo respirar direito. É como se o ar não entrasse. Meu coração tá batendo loucamente. Vou morrer? Não, não, agora não é hora. Não posso morrer.
Ele conseguiu forçar:
— Vai… Kuzaku… vai… p-pega a Shihoru… e os outros…
— Não, mas Haruhiro, você tá meio…
— Vai! Rápido! Eu vou também!
— Então vem comigo! Tem que ficar comigo, entendeu?!
Kuzaku saiu correndo. Haruhiro tentou seguir. Mas não conseguia correr. Também não conseguia respirar direito. Suas pernas estavam instáveis, e andar era difícil.
Por enquanto, respira, disse a si mesmo. Se não inspirar, não consigo expirar. Então inspira.
Inspira.
Inspira.
É doce. Nossa…
Como pode ser tão doce?
Ele tinha que seguir em frente. E Kuzaku? Onde ele estava? Não sabia.
Sua adaga. Onde estava sua adaga? Ali. Ele a tinha deixado cair.
Ele a pegou, e depois, o quê, estava seguindo em frente? Não achava que tinha parado.
Ele acabou em um arbusto, ou moitas de algum tipo, empurrando aquelas coisas cor-de-rosa parecidas com corais, e havia criaturas, monstros, sei lá o que eram, coisas que se moviam pulavam nele, então ele as afastava, sacudia elas, avançando um passo, ou meio passo, de cada vez.
Ainda assim, era doce.
É doce, doce demais, e agora tô ficando com sono.
Ele queria dormir tanto.
Não posso. O que aconteceria se eu dormisse? Tenho que continuar avançando. Pra onde? Pra que estou avançando, mesmo? Estou com tanto sono. O que estou fazendo? Estou cansado.
Em algum momento, ele acabou de barriga no chão. Tinha que se levantar.
Oh, mas tô com tanto so—
Não consigo ver o rosto daquele homem.
Não sei como é o rosto dele, mas provavelmente é um homem, acho.
Ele tem o porte de um homem.
Estou atrás desse homem.
Por cima do ombro dele, observo tudo o que ele faz.
Está escuro ali? Não é claro. Mas também não é totalmente escuro. É meio, sei lá, um tom sépia. Talvez a iluminação faça parecer assim.
O homem caminha.
Seus passos não fazem barulho, como se ele estivesse usando Sneaking.
Ele veste uma roupa parecida com um casaco velho e felpudo, e é um cara bem grande.
Na mão direita, coberta por uma luva de lã, ele segura algo.
Uma lâmina.
Parece uma faca de entalhar. Ou talvez um cutelo de açougueiro.
Percebo que estamos dentro de uma casa. É uma casa familiar.
O homem entra com os sapatos sujos ainda nos pés. Ignorando a porta à nossa direita, a porta à nossa esquerda e a porta mais adiante à direita, ele se aproxima da porta no fim do corredor.
Será que é a casa dele?
Não, tenho a sensação de que não é… mas já vi essa casa antes.
Essa casa, eu a conheço.
O homem abre a porta.
Mesmo ao fazer isso, ele mal faz barulho.
O homem é cauteloso, e, acima de tudo, experiente.
Quando a porta se abre, ouço sons.
Sons quentes.
Tchac, tchac, tchac! Algo está sendo cortado, provavelmente um vegetal. Sim, isso mesmo, com uma faca.
Essa sala tem uma cozinha integrada, uma sala de estar e uma sala de jantar.
Na sala de estar, há um sofá bem usado, uma mesa que vira um kotatsu no inverno, uma TV, um suporte de TV e um armário.
Há figuras de personagens e tigelas com imagens estampadas espalhadas por aí, além de várias fotos em exibição. Essas fotos, nenhuma delas é nova.
Na sala de jantar, há a mesa de jantar e quatro cadeiras. Um armário. Não é uma sala grande. Pelo contrário, é dolorosamente pequena. As flores no pequeno vaso no canto da mesa de jantar não são frescas, são flores secas. Bico-de-papagaio, se me lembro bem.
A cozinha fica de frente para a sala de jantar, e uma mulher usando um avental está cozinhando. Provavelmente preparando um jantar tardio.
A mulher ainda não notou o homem.
Rápido.
Perceba.
Rápido.
Isso é ruim. Se você não perceber logo, algo terrível vai acontecer.
Quero avisá-la. Faria isso se pudesse. Mas não posso. Só posso assistir.
A mão da mulher na faca para. Ela larga a faca e se vira.
Ela abre a geladeira. Pega algo. Coloca na área de preparo de comida, e, embora eu não consiga ver daqui, ela deve ter uma panela no fogão, e ela tira a tampa.
A mulher finalmente percebe algo. Como se pensasse: Oh, tem alguém aqui?
O homem já entrou na sala de jantar.
Ao vê-lo, a mulher levanta a voz.
— Ah! — A mulher está chocada e assustada. Bem, claro.
O homem é terrivelmente grande, um gigante, e, embora eu não tenha visto seu rosto, duvido que seja bonito. Deve ser horrível.
Além disso, o homem tem um cutelo de açougueiro nas mãos. Ele não está apenas segurando, mas mantendo-o na altura do peito, pronto para usar a qualquer momento.
— Não, não, paraaaa! — a mulher grita.
Recuando, ela esbarra no armário atrás dela, fazendo a panela de arroz elétrica, o liquidificador e a cafeteira tremerem.
O homem não se abala com isso e invade a cozinha. A panela de arroz elétrica, o liquidificador e a cafeteira ficam presos no braço da mulher, caindo enquanto ela foge.
Em pouco tempo, ela é encurralada no ponto mais fundo da cozinha, ao lado da geladeira.
O homem faz coisas horríveis com a mulher, que está sentada no chão, com as costas pressionadas contra a parede.
Primeiro, ele usa o cutelo para — a mulher —. Depois, ele — com ela —, e então amarra — da mulher, que ele — ao redor do próprio pescoço.
Ainda assim, a mulher está respirando. Por quê, você pode perguntar? Mas o homem foi cuidadoso em seu trabalho para garantir que ela não morresse.
Cada vez que a mulher grita, o homem faz: “Shhh, shhh!” como se a estivesse silenciando.
Silêncio.
Silêncio.
Fica quieta.
Se você fizer barulho, dificulta meu trabalho.
Você entende, né? Fica na sua. Não faz escândalo.
Do ponto de vista da mulher, ela não tem motivo para obedecer ao homem, e provavelmente poderia desafiá-lo, mas toda vez que ele faz “Shh, shh!” com aqueles sons vis e ásperos saindo por entre os dentes, ela obedientemente fecha a boca e assente com a cabeça.
Ele faz essa coisa cruel, coloca-a em uma dor incrível, fazendo-a gritar porque ela não consegue segurar, mas quando ele a silencia com seu “shh, shh”, a mulher o obedece, como se isso fosse da sua natureza. Como uma máquina, criada para sempre responder de uma maneira fixa a um certo sinal.
Muitas vezes a mulher fecha a boca, assentindo, e eventualmente, seja pela dor ou pela perda de sangue, ela finalmente desmaia. Quando isso acontece, o trabalho do homem está concluído. Imediatamente, ele a apunhala uma vez no coração, garantindo que ela nunca mais acorde.
Que tipo de pessoa é ele? Quem é exatamente esse homem? É difícil vê-lo como uma pessoa. Não só pelo que ele fez. Com suas luvas de lã, seu cutelo de açougueiro, e especialmente seu tronco musculoso, com bíceps anormalmente inchados e um peito excessivamente grosso, há algo estranho nele.
Não sei como é o rosto do homem. Isso é suspeito, e estranho.
Sinto-me mal.
Como ele pôde matá-la?
Sim, eu conheço essa mulher. A mulher que, embora eu não diria que está irreconhecível agora, foi despedaçada em várias partes e está deitada em um lago de sangue, outros fluidos, algum tipo de substância gelatinosa e uma coleção de pedaços moles.
Eu a conheço tão bem quanto conheço essa casa.
O homem a matou.
Isso não foi suficiente para ele?
O homem limpa a lâmina do cutelo na barra de seu casaco encharcado e sai da cozinha. Ele caminha como antes, seus passos não fazendo barulho. Apesar disso, o homem está cantarolando.
É uma música, uma que ouvi em algum lugar antes.
Ouvi uma vez, ou talvez muitas vezes antes, há muito tempo, em algum lugar que não é aqui.
Não sei o título, e mal me lembro da letra. Talvez tenha sido um sucesso há muito tempo. Pode ter sido uma música popular. Seja como for, o refrão está preso na minha cabeça, e não consigo tirá-lo.
O homem repete o refrão várias vezes, cantarolando para si mesmo, enquanto volta da sala de jantar para a sala de estar, e então passa pela porta aberta para seguir pelo corredor.
O homem para.
Ele abre lentamente, em silêncio, a porta à nossa direita. Sangue gruda na maçaneta.
O quarto está escuro. Há uma cama. Há uma penteadeira com espelho. Há uma estante. É um quarto. Não há ninguém aqui.
O homem fecha a porta ligeiramente, mas não completamente, deixando-a assim enquanto continua caminhando.
…Não.
Há outra porta à frente, à direita.
Este corredor.
Aquela sala de estar, sala de jantar e cozinha.
Eu conheço este quarto.
O homem para de cantarolar e alcança a maçaneta.
…Para.
Ele gira a maçaneta.
…Para, por favor.
Há um clique, e a maçaneta para de girar. O homem abre a porta lentamente.
As luzes estão acesas. Não há muitas coisas, mas não é bonito. Só um armário, uma escrivaninha, uma cadeira e uma cama como móveis, com toalhas, roupas, pedaços de papel e cadernos espalhados aleatoriamente. Ninguém entra nesse quarto além da família, ou melhor, da mãe dela, a mulher que o homem acabou de matar.
— Minha mãe tá sempre me enchendo pra arrumar — ela disse uma vez quando estive aqui antes, para devolver algo que peguei emprestado.
— Bom, é, olhando assim, dá pra entender — lembro de ter respondido.
— Tá dizendo que tá sujo? — ela perguntou.
— Não, eu não diria isso.
— Mas tá pensando, né.
— É, só um pouquinho.
— Dá pra arrumar rápido — ela disse, movendo rapidamente as muitas coisas para o lado, empilhando tudo num canto do quarto.
Quando ela fez isso, se eu ignorasse aquele canto, não era impossível dizer que parecia limpo.
— Eu consigo se me esforçar — ela disse, soando um pouco orgulhosa.
Era tão engraçado que não consegui evitar rir.
Isso a irritou. — O quê? — disse ela, e me deu um soco no ombro. Só de leve, no entanto.
É ela, deitada na cama, meio encolhida.
Os olhos dela, não estão fechados.
Ela não está dormindo, mas ainda não notou o homem desconhecido entrando no quarto.
Isso porque ela está usando fones de ouvido com cancelamento de ruído enquanto assiste a vídeos no celular.
Para. Por favor.
O homem se aproxima dela em silêncio.
Consigo ouvir o som vazando dos fones, embora bem fraco.
Finalmente, parece que o homem, ou provavelmente a perna dele, entrou no campo de visão dela, porque ela engole em seco e o corpo todo treme. Tirando o fone do ouvido direito, ela parece pular da cama. Seus olhos se arregalam, e ela olha para o homem.
— Quê?!
Então, acho que ela estava prestes a soltar um grito agudo, mas o homem estica a mão esquerda, a mão com a luva encharcada com o sangue da mãe dela, e cobre a boca dela.
O homem tem mãos grandes. Luvas grandes o suficiente para caber nessas mãos provavelmente são difíceis de comprar, então talvez sejam feitas à mão. É por isso que cobre a boca dela tão facilmente.
A luva manchada de sangue na mão esquerda do homem se ajusta perfeitamente sobre a metade inferior do rosto dela. Comparada à mão do homem, a cabeça dela é pequena demais. Por causa disso, ela parece falsa. A cabeça dela parece um brinquedo.
…Para.
Se o humor dele quisesse, e o homem decidisse esmagar a cabeça dela, provavelmente não seria impossível para ele fazer isso.
Ele poderia fazer, acho.
…Não.
Ela está gritando algo, e chorando.
Shh, shh! O homem a silencia como antes.
Diferente da mãe dela, no entanto, ela não para de gritar.
É fácil imaginar o que o homem está prestes a fazer. Quero pará-lo. Me agarrar a ele, implorar, fazer o homem reconsiderar.
Por favor. Estou implorando. Por favor.
É a Choco.
Choco usa os dois braços para tentar arrancar a mão esquerda do homem, mas ela não se mexe. O homem é muito forte.
Não…
Não.
Não.
Não.
Não.
Shh, shh, o homem ordena que Choco se cale, que fique quieta, erguendo o cutelo e descendo-o.
O cutelo do homem entra no ombro esquerdo de Choco. Quase como se ela o estivesse recebendo. Como se estivesse dizendo, “Por favor, entre em mim, o mais fundo que quiser.”
O cutelo do homem corta facilmente as roupas de Choco, sua pele, sua carne e até sua clavícula. Profundamente, sem restrições, ele a penetra.
Os gritos de Choco ficam mais altos, mais frenéticos. O homem os abafa, embora não perfeitamente, com a mão esquerda e sua luva manchada de sangue.
Aí, Aí, Aí! Choco está gritando.
Para.
Para.
Para.
Para.
O homem vira a cabeça para o lado.
Ele não vai parar.
De jeito nenhum ele vai parar.
Shh, shh! O homem solta aquele som áspero, puxando o cutelo de Choco temporariamente. Desta vez, ele faz um golpe horizontal, acertando-o na lateral dela.
Choco grita de dor.
Quando ele puxa o cutelo novamente, a ferida está aberta, e de dentro algo, parece uma mangueira, suas entranhas, se derramam. Do ferimento no ombro esquerdo de Choco, há um jorro de sangue. Os olhos de Choco, eles estão meio revirados.
Shh, shh! O homem a silencia. Desta vez, ele não está pedindo que ela fique quieta. Ei, ei, não desmaia, ainda não, não terminei, aguenta aí, ele a está incentivando.
Mais. Ainda tem mais por vir. O homem puxa o cutelo de Choco, depois o crava nela novamente. Enquanto isso, a mão enluvada do homem cobre a boca dela o tempo todo, segurando sua cabeça e mantendo-a no lugar.
Se ele não fizesse isso, não está claro se Choco ainda está consciente neste momento, mas, no mínimo, ela desabaria, caindo na cama manchada com seu sangue, entranhas e o conteúdo delas. Para evitar isso, o homem segura sua presa, como se pudesse erguer um peixe-boi para filetá-lo, sustentando Choco apenas com a mão esquerda.
Mantendo-a suspensa, ele corta sua presa, Choco, às vezes arrancando um pedaço de carne, ferindo-a como quiser. Isso é pior do que profaná-la.
Você não é humano. Seu monstro. Como pôde fazer isso?
Para. Para com isso.
Mas é tarde demais. Tarde demais.
Choco já…
Quem é você?
O que é você?
O homem se vira.
Finalmente, vejo seu rosto.
O homem, sua identidade é…
Eu.
O homem tem o mesmo rosto que eu.
Tradução: ParupiroHPara estas e outras obras, visite o Cantinho do ParupiroH – Clicando Aqui
Tradução feita por fãs.
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