Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 6 – Volume 10

 

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Hai to Gensou no GrimgarGrimgar of Fantasy and Ash

Light Novel Online – CapĂ­tulo 06:
[As Etapas da Felicidade]


Kuzaku estava com uma mulher de manto verde… ou pelo menos achava que era uma mulher. Ele tinha medo de perguntar, e duvidava que ela falasse o mesmo idioma que ele, entĂŁo nĂŁo havia como confirmar. Mas, bem, ela provavelmente era uma mulher.

Seu peito, bom, sabe… ela tinha? Tipo, eram enormes. Dava para dizer que ela era alta, mas existiam mulheres por aĂ­ que rivalizavam com qualquer homem em altura. Mas, bem… e o rosto dela? Era difĂ­cil chamĂĄ-lo de bonito.

A cor de sua pele, também, era uma espécie de verde cremoso. Ela não tinha nariz. Bom, na verdade, meio que tinha. Só as narinas, talvez. Sua boca mostrava os dentes e a gengiva. E seus olhos eram vermelhos.

Ela era meio assustadora. Mais do que um orc. Oh, e o nome dela era, aparentemente, Yanni.

Yanni o guiou pelas montanhas, e, após andarem por um tempo, apareceu uma construção que parecia uma espécie de cabana de montanha. Não, não era apenas parecida; era uma cabana.

Ao lado da cabana havia uma pilha de troncos cortados no mesmo comprimento. Pensando bem, ele tinha ouvido periodicamente sons de “toc, toc” por um bom tempo. AlguĂ©m estava derrubando ĂĄrvores por ali. Nesse caso, aquela era uma cabana de lenhador?

Yanni apontou com o queixo para a pilha de troncos. Estaria dizendo para ele fazer algo com eles?

— Nem pensar. Não pode ser isso — murmurou. Kuzaku fez um gesto como se estivesse carregando um objeto longo e balançou a cabeça na direção de onde tinham vindo. — Quer que eu carregue? Para a aldeia? É isso, certo?

Yanni assentiu, como se dissesse que sim.

Kuzaku apontou para si mesmo. — Eu? Sozinho?

— Hah? — Yanni inclinou a cabeça para o lado.

— Hum, nĂŁo sei como dizer isso, mas esse trabalho? Esse serviço? Tipo, eu vou fazer sozinho? Sabe, tem bastante coisa ali, nĂ©? FĂĄcil uns cem, certo? Talvez mais. E alĂ©m disso, essas ĂĄrvores, elas sĂŁo bem grandes, nĂŁo acha? SerĂĄ que consigo carregar isso sozinho? Estou meio em dĂșvida…

Yanni ouviu em silĂȘncio, mas no momento em que Kuzaku parou de falar, ela apontou para a pilha mais uma vez, como se dissesse: “Ande logo.”

Kuzaku franziu o rosto e segurou a cabeça. — Droga. Sem espaço para negociação, hein? Estou exausto ao mĂĄximo, e trabalho fĂ­sico vai ser complicado…

Yanni fez um som alto, sugando o ar pelos dentes. Certamente para intimidar. Assustadora.

Kuzaku deu de ombros e baixou a cabeça. — Certo. Já vou começar.

— Wolla.

— …Huh? O que Ă© isso? O que vocĂȘ quer dizer?

— Waouf.

— Não, eu não entendi. Mas estou supondo que signifique algo como “Ande logo” ou algo assim. Vou fazer. Vou fazer. Quero dizer, as garotas não podem fazer esse tipo de trabalho, e o Enba-kun só tem um braço.

— Neak!

— Certo! Eu disse que vou fazer! — Kuzaku correu em direção à pilha de troncos. Ele tinha a intenção de correr, mas seu estîmago roncou alto, e ele tropeçou.

Ah, droga. Minhas pernas vão ceder. Não tenho forças.

Ele conseguiu não cair, de alguma forma, mas acabou se agachando, incapaz de se manter em pé.

— Ohh — murmurou. — O que Ă© isso? Minha visĂŁo estĂĄ girando. Ohh…

Yanni se aproximou. — Rua? — Ela inclinou-se para olhar o rosto de Kuzaku. Seu rosto era tão assustador quanto ele esperava, mas dava para ver algo que parecia preocupação em sua expressão.

— Estou meio que, um… no limite, sabe? Tipo, estou sem energia. Oh, Ă© a mesma coisa, nĂ©? NĂŁo tenho comido direito. Sei que provavelmente nĂŁo deveria estar dizendo isso, mas…

Yanni suspirou, começou a remexer no manto, e então, voilà, ela apresentou um embrulho para Kuzaku.

Era algo envolvido em uma folha grossa?

— Ohhh. Obrigado — disse Kuzaku ao pegar. Ele aproximou o embrulho do nariz e—

Isso Ă©… NĂŁo tenho certeza, mas deve ser o cheiro de algum tipo de grĂŁo. Sua boca começou a salivar instantaneamente.

— É-Ă©… Ă© comida?

Yanni virou o rosto, um pouco embaraçada, e entĂŁo disse “Wolla” em um tom baixo. Talvez fosse sua imaginação, mas ela parecia um pouco fofa. Seu rosto era assustador, mas ela nĂŁo era uma pessoa ruim…? Ah, espera, ela nem era uma pessoa.

Quando ele desenrolou a folha, havia essas coisas marrons e achatadas que pareciam uma mistura de pĂŁo e bolinho. TrĂȘs. Eram trĂȘs delas. Ele pegou uma e deu uma mordida faminta.

— Oh! — exclamou.

Dentro. Tinha algo dentro delas. Era uma coisa parecida com carne, com um sabor agridoce. Algum tipo de recheio.

A parte de fora, seja pĂŁo ou bolinho ou o que fosse, nĂŁo tinha um sabor muito forte, mas era mastigĂĄvel e…

Boa. Isso Ă© bom.

Em uma palavra, era delicioso, mas tĂŁo delicioso que ele nĂŁo conseguia descrever em palavras. Talvez nĂŁo fosse nada especial se ele nĂŁo estivesse com tanta fome, mas naquele momento, era delicioso. Delicioso o suficiente para fazĂȘ-lo se sentir grato por estar vivo. Era tĂŁo incrivelmente delicioso que ele achava que sua cabeça ia começar a vazar algum lĂ­quido estranho.

Delicioso. Deeleecioso. …O que Ă© deeleecioso? Bem, Ă© delicioso.

Antes que percebesse, estava devorando tudo enquanto chorava. NĂŁo chore, pensou Kuzaku consigo mesmo, mas ele nĂŁo podia se culpar tanto por isso.

Depois de devorar aquelas trĂȘs coisas que eram uma mistura de pĂŁo e bolinho, sua cabeça ficou preenchida com uma sensação entorpecente de felicidade e saciedade. Suas pĂĄlpebras e narinas nĂŁo paravam de tremer.

Quero mais. É isso que sinto honestamente. Agora mesmo, eu comeria cem dessas coisas parecidas com pĂŁo e bolinho. Mas nunca seria suficiente, e parece que jĂĄ consigo me mexer tambĂ©m.

— Yanni-san. — Kuzaku sorriu para Yanni. Ou melhor, seu rosto se abriu em um sorriso espontĂąneo. — Obrigado. Estava muito bom. VocĂȘ me salvou.

Yanni cruzou os olhos com Kuzaku por um momento, mas logo desviou o olhar. Ela murmurava palavras como “nuan” e “wakundawo,” entre outras que ele não entendia. Estava brava? Não parecia ser isso.

Ele não entendia. Comunicação entre raças diferentes era algo complicado.

Kuzaku se levantou. Ele não estava usando sua armadura. Tinha tirado e deixado para trås. Naturalmente, também não tinha sua espada ou escudo. Ele lançou um olhar para a montanha de troncos.

— Quem não trabalha, não come, hein — murmurou.

Era uma troca justa. Jessie tinha dito que não mataria Kuzaku e os outros, e que forneceria comida, ågua e um lugar para dormir, mas não seria de graça. Além disso, ele tinha imposto mais uma condição.

“NĂŁo vou permitir que vocĂȘs deixem esta aldeia, Jessie Land.”

Haruhiro estava sendo mantido como refém, e todos eles haviam sido amarrados e presos, então não tinham escolha.

Para ser sincero, Kuzaku havia pensado: Sério, é só isso? Ele esperava algo muito mais insano, envolvendo perigo direto para todos, incluindo Haruhiro. Eles podiam comer, dormir e viver. Não era suficiente?

Mas, quando chegou a hora de trabalhar, e Yanni indicou que ele começasse a andar, a condição de não poder deixar Jessie Land começou a pesar. Mesmo que aceitasse isso como inevitåvel por enquanto, quanto tempo teriam que ficar ali? Para sempre? Por toda a eternidade? Isso significava que eles viveriam naquela aldeia até morrerem? Não poderiam mais voltar para Altana?

Kuzaku se aproximou da montanha de troncos. Ele ergueu um. Era pesado. Comprido tambĂ©m. Ainda assim, nĂŁo era tĂŁo pesado que ele nĂŁo pudesse carregĂĄ-lo. Quando colocou o tronco no ombro com um “Ugh”, ele balançou, e Kuzaku cambaleou.

Yanni riu.

— Ei, Yanni-san. NĂŁo ria. Eu ainda nĂŁo estou acostumado com isso. Assim que pegar o jeito, vai ser fĂĄcil. NĂŁo, sĂ©rio.

Provavelmente era uma questão de equilíbrio. Ele tentou alinhar o centro do tronco no ombro. Funcionou como esperado. O tronco não balançou tanto.

— Olha. Tá vendo?

Yanni deu uma risadinha.

— …O quĂȘ? Eu achei que vocĂȘ era um pouco fofa, e Ă© isso que eu ganho? Tudo bem. SĂł tenho que trabalhar, certo? Vou dar meu melhor. Certo. LĂĄ vou eu. Yanni-san, vem junto? Mesmo que vocĂȘ nĂŁo me observe, eu nĂŁo vou fugir ou relaxar, sabe.

— Wolla.

— É, Ă©. Significa “vai” ou “faça” ou algo assim, nĂ©? Quando vocĂȘ diz wolla. AtĂ© um idiota como eu jĂĄ entendeu isso.

— Waouf.

— Para me apressar? Tá bom. Entendido.

Kuzaku começou a andar, ainda carregando o tronco de mais de dois metros de comprimento.

Qual era a distùncia da aldeia até a cabana? Uns trinta minutos? Carregando um tronco, provavelmente levaria mais tempo. Quantas viagens ele teria que fazer naquele dia? Só de pensar nisso, sua cabeça girava.

Yanni o seguia de perto.

Se eu balançar o tronco agora… NĂŁo. Pensar nisso nĂŁo levaria a lugar algum. Mesmo que derrotasse Yanni e conseguisse fugir, o que ele faria depois disso?

— Yanni-san nem parece uma pessoa má, de qualquer forma — murmurou.

NĂŁo era sĂł Yanni. Do ponto de vista de Kuzaku, os moradores de Jessie Land poderiam parecer feios—ou melhor, isso sĂł se eles fossem julgados pelos padrĂ”es humanos de estĂ©tica de Kuzaku. Ainda assim, mesmo deixando de lado os mortos-vivos, que nem pareciam criaturas vivas, os aldeĂ”es nĂŁo eram exatamente agradĂĄveis aos olhos, mesmo em comparação com outras raças, como orcs, goblins e kobolds.

Eram melhores do que os tipos bizarros de Darunggar, mas ainda assim inquietantes. Pelo menos na aparĂȘncia externa. Sobre o que havia por dentro, ele nĂŁo tinha tanta certeza.

Os aldeĂ”es que trabalhavam nos campos nĂŁo pareciam estar armados, e tinham a aparĂȘncia tĂ­pica de agricultores. JĂĄ os caras de mantos eram robustos e portavam armas, mas nĂŁo pareciam brutamontes.

Pelo jeito que se moviam, parecia que tinham desenvolvido bem seus corpos. Provavelmente tinham passado por algum tipo de treinamento, mas seus movimentos estavam mais para os de caçadores do que guerreiros. Jessie aparentemente era um ex-caçador, então talvez fosse ele quem os tinha treinado.

Kuzaku queria fazer uma porção de perguntas para Yanni, mas isso não seria possível por enquanto.

— Bem, de que adianta eu ficar pensando em tudo isso? — murmurou.

No começo, ele não conseguia manter o tronco na posição certa, e era difícil caminhar, mas logo se acostumou e começou a fazer progresso. Movimentar o corpo daquele jeito o animava. No fundo, ele provavelmente era muito mais apto para trabalho físico do que mental.

Sempre que assistia Haruhiro e Shihoru, Kuzaku pensava. Seu campo de visĂŁo era limitado. Se houvesse um grupo de inimigos Ă  sua frente, ele conseguia pensar em como lidar com eles. Esse nĂŁo era seu limite, mas imaginar algo a longo prazo, como um ano Ă  frente, era impossĂ­vel para ele. Mesmo um mĂȘs no futuro era demais.

Tinha dificuldade para imaginar detalhes precisos de algo que estivesse a dez dias de distĂąncia. AmanhĂŁ. Daqui a uns poucos dias. Isso era o mĂĄximo que ele conseguia.

Não era bom em prestar atenção em tantas coisas diferentes. Observava seus companheiros o melhor que podia e tentava pensar sobre eles, mas o que passava na cabeça das garotas estava além de sua compreensão.

Yume era tão avoada que não fazia sentido. Mas era engraçada, então tudo bem. Shihoru parecia enxergar tudo, e isso a tornava um pouco assustadora.

Mas, ainda assim, Shihoru-san, e vocĂȘ? EstĂĄ sempre pensando na party, na party, na party. VocĂȘ estĂĄ bem com isso? Mesmo que quisesse perguntar, nĂŁo conseguia.

Quanto a Setora, Kuzaku nem sabia se conseguia enxergĂĄ-la como humana. E sobre Mary…

Com tudo o que tinha acontecido, não conseguia parar de pensar nela, e acabava observando cada pequena reação dela.

Como naquela vez.

Sim.

Quando ela estava curando Haruhiro.

Na verdade, mesmo antes disso, ele jĂĄ pensava: Oh?

Nem precisava dizer, era natural Mary se preocupar com Haruhiro. Ele era o líder deles, afinal. Kuzaku também sabia que Mary reverenciava Haruhiro. Reverenciava? Isso soava rígido demais. Ela o venerava? Isso parecia ainda mais estranho. O que era, então? Ela avaliava suas habilidades de forma muito alta e tinha uma confiança profunda nele, era isso?

— Eu sinto o mesmo, sabe — murmurou Kuzaku.

Mesmo minimizando, Haruhiro era o salvador de Kuzaku. Sem ele, Kuzaku nĂŁo seria quem era hoje.

O que Haruhiro tinha? Ele nĂŁo gritava ordens, mandando fazer isso ou aquilo. Ele liderava pelo exemplo. NĂŁo era que Kuzaku queria ser como ele. NĂŁo podia, sabe? Era sĂł que ele queria segui-lo.

Para emprestar a ele sua força.

Porque Haruhiro estava se esforçando mais do que qualquer um. Em vez de isso encorajar Kuzaku diretamente, fazia com que ele pensasse naturalmente: Eu preciso fazer mais. Como, eu consigo fazer mais, não consigo? Tenho que ser capaz. Quer dizer, o Haruhiro estå conseguindo. Nosso líder, com aquele olhar sonolento, não é nada de especial, não é algum tipo de herói super-humano, mas ele ainda assim é incrível.

Mary devia sentir o mesmo. Mas seria sĂł isso?

Ele não queria se gabar, mas Kuzaku não era tão denso em relação a essas coisas. Talvez não tivesse a intuição aguçada de uma mulher, mas seu “sensor de romance” funcionava bem. Por isso, ele já desconfiava.

Era tipo, bem, sabe… Ele pensava. Quando Setora estava toda em cima do Haruhiro, Mary-san… sua atitude ficava meio estranha. Teve vezes que parecia pronta para explodir tambĂ©m.

Embora, mesmo que ela nĂŁo tivesse esses sentimentos por ele, eram companheiros da mesma party, e ele era o lĂ­der. Mesmo que Setora nĂŁo tivesse aparecido do nada, ver uma mulher que era uma total desconhecida atĂ© pouco tempo atrĂĄs chegar e praticamente “roubar” Haruhiro provavelmente era frustrante para as mulheres da party.

Se Yume ou Shihoru, de repente, começassem a namorar algum cara que ele nunca tivesse ouvido falar, Kuzaku tambĂ©m ficaria um pouco incomodado com isso. Claro, ele daria sua bĂȘnção e superaria rĂĄpido, mas por um tempo, poderia sentir uma espĂ©cie de inveja superficial que nĂŁo chegaria a ser verdadeiro ciĂșme.

Especialmente com essa party, depois do tempo que passaram em Darunggar, interagindo pouco com outros humanos, apenas próximos de seus companheiros, provavelmente tinham formado um laço muito forte. Era isso?

Era como aquele sentimento: nĂŁo me importo se vocĂȘ sair com minha irmĂŁ mais velha, mas nĂŁo quero ver vocĂȘs flertando na minha frente, e, se machucĂĄ-la, vocĂȘ nĂŁo vai sair impune, entendeu?

Era isso o que Mary sentia?

Kuzaku tentou pensar dessa forma.

Mas nĂŁo era meio diferente?

Tipo, sabe.

Mary nĂŁo estava seriamente com ciĂșmes?

NĂŁo parecia que os fogos de sua inveja estavam ardendo intensamente?

Por outro lado, talvez fossem os prĂłprios sentimentos de Kuzaku por Mary, que ele nĂŁo conseguia deixar completamente de lado, que o faziam enxergar as coisas assim. Kuzaku nĂŁo achava que tinha provas concretas.

Mas, ainda assim…

Mary havia usado o Sacrament para curar Haruhiro e, em seguida, estendeu a mĂŁo, tentando tocar o rosto dele. A expressĂŁo que ela fez naquele momento estava gravada na memĂłria de Kuzaku.

Ela franziu as sobrancelhas, estreitou os olhos e apertou os lĂĄbios, como se quisesse dizer algo, mas nĂŁo conseguisse. Era como se sua existĂȘncia inteira estivesse sendo puxada para Haruhiro, ou talvez fosse o contrĂĄrio, como se ela estivesse tentando puxĂĄ-lo para si com tudo o que tinha.

Era uma boa expressĂŁo. Bom para vocĂȘ, Kuzaku pensou do fundo do coração. Bom para vocĂȘ, Mary-san. Deve ter sido difĂ­cil. VocĂȘ queria curar Haruhiro o mais rĂĄpido possĂ­vel. Como, a cada segundo, parecia que vocĂȘ estava sobre uma cama de espinhos. Deve ter doĂ­do demais, como se vocĂȘ fosse a ferida. Estou realmente feliz por vocĂȘ. Finalmente conseguiu curĂĄ-lo. Quer dizer, vocĂȘs sĂŁo companheiros. Ele tambĂ©m Ă© nosso lĂ­der. EntĂŁo, Ă© claro que fico feliz, certo? VocĂȘ deve estar aliviada. Tenho certeza de que estĂĄ feliz.

Mas era sĂł isso?

Para ser direto, Mary-san, talvez vocĂȘ esteja apaixonada por Haruhiro. Kuzaku conseguia pensar nisso com clareza, satisfeito pela metade com essa resposta.

Ele poderia ter negado, tipo, nah, isso nĂŁo pode ser, mas nĂŁo conseguiu. Pelo contrĂĄrio, a expressĂŁo dela havia convencido Kuzaku.

Então é isso? Entendi. Faz sentido. Era isso, né. Ah, entendi, entendi. Agora tudo faz sentido. Quero dizer, olhando para trås, meio que jå sabia.

Mas e Haruhiro?

Bem, nĂŁo estamos falando de qualquer mulher, Ă© Mary-san. Se perguntassem se ele gosta ou nĂŁo dela, Ă© Ăłbvio que ele gosta. Mesmo com o quĂŁo reservado e pouco sociĂĄvel Haruhiro Ă©, certo? NĂŁo, nĂŁo digo isso como crĂ­tica, ele Ă© apenas sĂ©rio. Sendo assim, mesmo que ele estivesse realmente apaixonado por ela, duvido que confessasse ou algo assim. Haruhiro parece tĂ­mido, afinal. AlĂ©m disso, eles sĂŁo companheiros. Mesmo que pensasse: Mary Ă© linda. Eu realmente gosto dela, ele se seguraria. Romance ou camaradagem. Qual ele priorizaria? Conhecendo Haruhiro, ele escolheria a Ășltima.

Por que nĂŁo poderia escolher os dois?

Era assim que Kuzaku pensava, mas Haruhiro nĂŁo conseguiria lidar com isso de forma tĂŁo habilidosa. Talvez fosse isso que tornava Haruhiro quem ele era.

E Mary era semelhante a Haruhiro.

VocĂȘ sabia o que isso significava. Era uma questĂŁo delicada, certo?

Se todo mundo ao redor começasse a dizer algo como: “TĂĄ bom, tĂĄ bom, se vocĂȘs se gostam tanto, fiquem juntos.” isso talvez fosse difĂ­cil para o Kuzaku aceitar, mas pelo menos ela nĂŁo estaria saindo com aquele idiota do Ranta. TambĂ©m nĂŁo seria com algum cara que Ă© apenas bonito, mas superficial.

Se fosse com o Haruhiro, ele poderia segurar as lĂĄgrimas e desejar felicidade para eles. E nĂŁo seria mentira. Ele conseguiria dizer isso de verdade. Tendo sido completamente rejeitado pela Mary, Kuzaku nĂŁo tinha direito de reprimir lĂĄgrimas, mas isso era uma questĂŁo de sentimentos.

Ainda assim, mesmo que fosse mĂștuo, aqueles dois nĂŁo ficariam juntos.

Nenhum deles teria coragem de dizer ao outro: “Eu te amo.” NĂŁo parecia que conseguiriam. Mesmo que nĂŁo colocassem em palavras, talvez pudessem criar aquele tipo de atmosfera, e entĂŁo…

Não, isso também não parece provåvel. Mesmo que se amem, não vão acabar apenas preocupando todo mundo ao redor e, no final, não fazendo nada?

Além disso, tinha a Setora. Aquela mulher parecia ter algo sério pelo Haruhiro. Ela era claramente cem, não, dez mil vezes mais proativa que a Mary, então talvez acabasse rastejando para dentro da cama dele uma noite. Se isso acontecesse, o Haruhiro provavelmente não conseguiria recusar. Ele era um cara sério, afinal. Se ela usasse o contrato deles como pretexto, talvez ele cedesse.

Isso poderia levar a bebĂȘs. Eles poderiam acabar criando essas crianças em Jessie Land.

A Mary gostava de coisas fofas, então talvez mimasse as crianças mais do que se poderia imaginar.

Se isso acontecesse, bom, seria um jeito de viver, e talvez a Mary conseguisse olhar para trĂĄs um dia e rir disso, mas serĂĄ mesmo? Como a Mary se sentiria vendo tudo acontecer? NĂŁo seria doloroso? E nĂŁo apenas uma vez, mas continuamente, por um longo perĂ­odo…?

Isso seria cruel.

Cruel demais.

Mesmo assim, ele conseguia imaginar a Mary desistindo, aceitando, aprendendo a se conformar, rezando sinceramente pela felicidade do Haruhiro e fazendo todo tipo de trabalho ĂĄrduo.

É… Ă© isso, nĂ©? Kuzaku percebeu. Tem uma sombra pairando sobre ela, por assim dizer. Ela nĂŁo parece muito feliz. NĂŁo sei bem o que Ă©. SerĂĄ que Ă© porque, como sacerdotisa, deixou seus companheiros morrerem? É como se, de certa forma, ela tivesse desistido de si mesma.

Para Kuzaku, isso era algo preocupante. Ele queria que alguém como a Mary fosse feliz. Ele queria que ela estivesse sempre sorrindo, e queria ser ele quem a faria sorrir, se possível.

Mas eu nĂŁo fui capaz disso.

Eles eram companheiros. Não era bom ter esse tipo de coisa acontecendo dentro da party. Ela não conseguia pensar em romance no momento. As razÔes que Mary tinha dado para rejeitar Kuzaku talvez não fossem mentiras, mas provavelmente havia mais por trås disso.

Basicamente, Kuzaku não era bom o bastante. Do ponto de vista de Mary, Kuzaku era muito imaturo, e ela não conseguia se imaginar com ele romanticamente. Ele sentia a mesma vibração vindo de Shihoru quando conversava com ela, mas parecia que ele havia se acomodado em uma posição de “irmão mais novo”.

No fim das contas, ele queria que as mulheres o mimassem. Que cuidassem dele. Parecia ter esse tipo de desejo.

Que homem patético. Era por isso que Mary não confiaria nele.

Mas e quanto ao Haruhiro?

No mĂ­nimo, ele tinha um forte senso de responsabilidade. Ele era atencioso. Bom, tinha uma personalidade gentil. NĂŁo era super divertido de se estar por perto, mas era estranhamente reconfortante. Mesmo quando ele e Kuzaku dormiam ombro a ombro na mesma tenda, nĂŁo era desagradĂĄvel. Ele era do tipo tranquilizante.

Provavelmente combinava bem com Mary.

Se Haruhiro e Mary entrassem nesse tipo de relacionamento, como Shihoru e Yume reagiriam? Mesmo que ficassem surpresas, nĂŁo diriam nada negativo. Provavelmente ficariam felizes e celebrariam com eles.

Eureca! Kuzaku percebeu. Tive uma inspiração, sabe?

Por que nĂŁo juntar os dois?

Se deixados por conta própria, nunca fariam progresso. Nesse caso, outras pessoas precisam empurrå-los na direção certa. Posso pedir ajuda para a Shihoru. Acho que ela me ajudaria.

Kuzaku ainda amava Mary, mas sabia que nĂŁo tinha chances. E podia confiar Mary ao Haruhiro.

Sei que não estou em posição de dizer algo tão pretensioso, mas é melhor do que outro cara ficando com ela. Não quero ver a Mary flertando com ninguém, obviamente, nem mesmo com o Haruhiro, mas se os dois forem felizes, eu aguento.

O problema era…

Shuro Setora.

Aquela mulher estava no caminho.

— O que um cara pode fa—Whoa?!

Ao tropeçar em um buraco no chão, ele perdeu o equilíbrio. O tronco balançou violentamente, como se estivesse pulando, e uma das extremidades bateu no chão.

Yanni soltou um rápido grito de: — Au!

— I-Isso foi perigoso… — Kuzaku rapidamente ajustou a pegada no tronco.

— Sheiwa! — Yanni o repreendeu. Provavelmente queria dizer algo como: “Se concentra!”

— D-Desculpa, tá? Vou ter mais cuidado, então me perdoa.

Quando ele se virou para olhar para trĂĄs, quase perdeu o equilĂ­brio novamente.

— Whoa…

Yanni murmurou: — Wainea… — como se dissesse: “Esse aĂ­ nĂŁo tem jeito.”


Tradução: ParupiroHPara estas e outras obras, visite o Cantinho do ParupiroH – Clicando Aqui


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