Dare ga Yuusha wo Koroshita ka – CapĂ­tulo 6 – Volume 2

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Dare ga Yuusha wo Koroshita ka
Who Killed the Hero?
Quem Matou o HerĂłi?

Mangá Online – Capítulo 06
[Garnahazza 1]


Leonard estava em uma taberna em uma cidade ao oeste de Gastan, procurando por seu próximo trabalho. Aquela årea estava próxima aos intensos campos de batalha contra o exército do Rei DemÎnio, atraindo não só aventureiros, mas também mercenårios, criando uma atmosfera agitada e perigosa.

Em meio Ă quela confusĂŁo, um homem se aproximou de Leonard.

— VocĂȘ Ă© Leonard? Aquele que dizem ter derrotado demĂŽnios em vĂĄrios lugares?

O homem era rechonchudo, com o rosto redondo, parecendo sorrir mesmo sem fazer uma expressĂŁo.

— Sim, sou eu. Quem Ă© vocĂȘ?

— Sou Ralph. Estou procurando alguĂ©m para um trabalho. Mas nĂŁo pode ser qualquer um. Quero alguĂ©m habilidoso para aceitĂĄ-lo.

Ralph mantinha um sorriso amigĂĄvel.

Pedidos de trabalho através de tabernas não podiam especificar aventureiros em particular. Por isso, pessoas como Ralph abordavam diretamente os aventureiros que desejavam contratar. Contudo, esse método era demorado, então não era muito comum.

— Tudo bem. NĂłs fazemos o trabalho direito, mas nossos preços sĂŁo altos. Por causa disso, nossa reputação entre os clientes nĂŁo Ă© das melhores. NĂŁo seria melhor procurar em outro lugar?

Leonard ergueu o canto da boca em um sorriso autoirĂŽnico.

— Bom, ultimamente o nĂșmero de aventureiros que sabem lutar de verdade diminuiu drasticamente. Estava buscando aventureiros que façam o trabalho bem, mesmo que custe um pouco mais.

— É mesmo? Mas vocĂȘ pode arcar com nossos preços?

Leonard examinou Ralph de cima a baixo.

Apesar de suas roupas nĂŁo serem surradas, ele nĂŁo parecia rico. Ralph tinha a aparĂȘncia de um cidadĂŁo comum que se encontraria em qualquer lugar.

— Sou apenas um intermediário. Há um cliente separado. Então, preciso apresentar aventureiros competentes, entende?

Ter um intermediĂĄrio para pedidos nĂŁo era incomum. Pessoas que podiam se mover discretamente eram necessĂĄrias para indivĂ­duos de alto status ou mercadores ricos.

— Entendo. EntĂŁo, qual Ă© o trabalho? NĂŁo dĂĄ para começar nada sem saber do que se trata, certo?

— É um pouco complicado. Que tal mudarmos de local? Este lugar nĂŁo Ă© ruim, mas nĂŁo Ă© adequado para nossa conversa. Conheço um bom lugar onde podemos alugar uma sala e conversar. Aceitando o trabalho ou nĂŁo, eu cubro as despesas. VocĂȘ vai ganhar uma noite de bebidas e refeiçÔes sem fazer nada. NĂŁo Ă© um mau negĂłcio, certo?

Ralph era habilidoso em conversar. Sua expressĂŁo alegre, combinada com seu jeito de falar, baixava a guarda das pessoas e as atraĂ­a.

— Parece bom mesmo. Mas tem certeza? Eu sou do tipo que não hesita em aproveitar uma refeição grátis.

— É exatamente esse tipo de pessoa que queremos. É um trabalho difícil que exige coragem.

Dizendo isso, Ralph conduziu Leonard para fora da taberna.

O lugar para onde Leonard foi levado era outra taberna frequentada por mercadores abastados.

A aparĂȘncia do estabelecimento era limpa e organizada, exigindo certa coragem e dinheiro para entrar pela primeira vez.

Ralph abriu a porta sem hesitar.

Lå dentro, a decoração era harmoniosa, com móveis de alta qualidade. Não havia muitos clientes, mas aqueles presentes estavam bem vestidos.

Talvez por isso, os frequentadores sentiram algo de estranho em Leonard ao vĂȘ-lo entrar e lançaram olhares desconfiados. No entanto, quando Ralph os cumprimentou habilmente, eles retribuĂ­ram o cumprimento com um sorriso e logo perderam o interesse.

Ralph conversou com os funcionårios com familiaridade, reservou uma sala e guiou Leonard até lå.

A pequena sala privativa tinha uma mesa e duas cadeiras. Logo, um atendente trouxe bebidas e comida, organizando-as habilmente sobre a mesa antes de fechar silenciosamente a porta reforçada, como se dissesse: “Sintam-se à vontade para conversar em particular agora.”

— EntĂŁo, sobre o que Ă© esse trabalho?

Leonard perguntou diretamente, bebendo um gole sem hesitar.

— Que tal discutirmos depois de comermos um pouco? Estou com bastante fome, na verdade.

Dizendo isso, Ralph incentivou Leonard a aproveitar a comida e as bebidas, enquanto também comia e bebia. Eles trocaram algumas palavras, com Ralph começando a falar sobre seu passado e, habilmente, conduzindo Leonard a compartilhar um pouco de sua história também.

Aos poucos, a conversa entre eles foi mudando, levando a uma exploração mĂștua de seus respectivos carĂĄteres.

— É verdade. Sem dinheiro, nada neste mundo pode ser realizado — disse Ralph, assentindo de maneira apropriada e exibindo as expressĂ”es e reaçÔes que seu companheiro desejava. Ele era habilidoso na arte de ouvir os outros.

— É por isso que exigimos honorários adequados pelo nosso trabalho, mas as pessoas simplesmente não entendem. Só ficamos com uma má reputação — respondeu Leonard, aparentemente de bom humor.

— A propósito, Leonard, entre nós, o que acha da situação atual da guerra? — perguntou Ralph, baixando levemente a voz.

— NĂŁo hĂĄ muito o que pensar. O lado humano nĂŁo tem chance de vencer. Tudo o que podemos fazer Ă© rezar para que a humanidade nĂŁo pereça enquanto ainda estivermos vivos. — respondeu Leonard, de forma indiferente.

— EntĂŁo essa Ă© sua avaliação. Como esperado, ouvir isso de alguĂ©m que realmente lutou contra os demĂŽnios tĂȘm um peso diferente — disse Ralph, assentindo repetidamente.

— É Ăłbvio. Os demĂŽnios sĂŁo mais fortes que os humanos. Eles tĂȘm mais força fĂ­sica e poder mĂĄgico. TambĂ©m sĂŁo inteligentes. AlĂ©m disso, agem de maneira coordenada sob a liderança do Rei DemĂŽnio. Em comparação, o lado humano ainda estĂĄ dividido em sua resposta entre os paĂ­ses. Seria estranho pensar que podemos vencer.

— Sim, infelizmente parece ser essa a direção que as coisas estão tomando.

— 
Isso tem alguma coisa a ver com seu pedido? — O tom de Leonard baixou.

— VocĂȘ disse que faria qualquer coisa por dinheiro, Leonard. EstĂĄ correto? — Ralph perguntou, evitando a questĂŁo de Leonard e lançando outra em seu lugar.

— Sim, faço qualquer coisa se o preço for justo. NĂŁo hĂĄ nada acima do dinheiro neste mundo. AtĂ© a vida pode ser comprada com dinheiro, desde que o valor seja apropriado.

Ralph colocou uma pequena bolsa de couro sobre a mesa. Um som metĂĄlico abafado ecoou quando o metal se chocou.

— Este Ă© um adiantamento. Considere como fundos para preparação.

Quando Leonard inclinou a bolsa sobre a palma da mĂŁo, moedas de ouro deslizaram.

— Bem generoso. EntĂŁo, qual Ă© o trabalho?

— Assassinato — disse Ralph, e a escuridão tomou conta dos olhos anteriormente amigáveis.

— 
Isso nĂŁo parece muito pacĂ­fico. Quem Ă© o alvo?

— O Herói.

— O HerĂłi? A quem vocĂȘ se refere?

O rosto de Leonard demonstrava confusĂŁo.

— Ainda não sabemos.

— Não estou entendendo.

A expressão de Leonard ficou séria.

— Pense nisso como um plano de contingĂȘncia. Como vocĂȘ disse, Leonard, Ă© provĂĄvel que o lado humano perca. A vitĂłria do exĂ©rcito demonĂ­aco Ă© quase certa. No entanto, se hĂĄ um fator imprevisĂ­vel, Ă© a existĂȘncia de um HerĂłi. Meu cliente opera sob a premissa de que o exĂ©rcito demonĂ­aco vencerĂĄ, e seria problemĂĄtico se isso mudasse.

— Quer que eu traia a humanidade e mate o Herói? — Os olhos de Leonard brilharam friamente. No entanto, Ralph permaneceu impassível.

— VocĂȘ Ă© um homem inteligente, Leonard. Consegue ver para onde isso estĂĄ indo. NĂŁo Ă© hora de decidir de que lado estĂĄ? HĂĄ mais pessoas do nosso lado do que vocĂȘ imagina. Alguns sĂŁo atĂ© nobres e mercadores ricos. EstĂŁo pensando no que virĂĄ apĂłs a derrota da humanidade. Todos os sĂĄbios estĂŁo fazendo isso.

Ralph sussurrou que Leonard nĂŁo estaria sozinho e que nĂŁo havia motivo para se sentir culpado.

Na situação atual, em que a derrota da humanidade parecia inevitåvel, aquilo soava como uma tentação irresistível.

— Se vocĂȘ se juntar ao nosso lado, sua vida serĂĄ garantida mesmo que o exĂ©rcito demonĂ­aco vença. E, se por acaso o lado humano vencer, se todos mantivermos a mesma histĂłria, nada serĂĄ exposto. NĂŁo acha que Ă© um acordo com poucos riscos e grandes recompensas?

— Entendo.

Num instante, Leonard sacou sua espada e a posicionou contra o pescoço de Ralph.

— Parece que fui subestimado tambĂ©m.

Embora Ralph não demonstrasse sinais de pùnico, gotas de suor começaram a escorrer de sua testa.

— O adiantamento não foi suficiente?

— NĂŁo, Ă© que sua garantia para minha vida Ă© insuficiente.

— 
O que quer dizer?

A voz de Ralph tremia levemente enquanto a lùmina pressionava seu pescoço.

— Quero que um demĂŽnio garanta nossas vidas. Essa Ă© minha condição. Caso contrĂĄrio, nĂŁo posso confiar em vocĂȘ. Seus superiores sĂŁo demĂŽnios, certo? Eles sĂŁo criaturas orgulhosas, como cavaleiros. Diferente dos humanos, eles nĂŁo mentem. Mas, se prosseguirmos atravĂ©s de vocĂȘ, hĂĄ um risco de discrepĂąncias na histĂłria. Existe a possibilidade de que vocĂȘ esteja fazendo promessas por conta prĂłpria. EntĂŁo, para que a promessa tenha valor, preciso falar diretamente com um demĂŽnio.

— Falar diretamente com um demînio? Não, eu


— Belzera. Conhece esse nome, certo?

— 
Como sabe esse nome?

O suor continuava a escorrer pela testa de Ralph.

— Sou um sobrevivente de Malica, sabia? Claro que conheço o nome do lĂ­der do inimigo. O Rei DemĂŽnio pode estar no topo da hierarquia dos demĂŽnios, mas quem comanda o exĂ©rcito invasor Ă© Belzera. Se conseguirmos entrar em contato com ele, nĂŁo hĂĄ risco de o acordo ser anulado depois. Estou errado?

Ralph, que vinha traindo a humanidade com a maior tranquilidade, era um homem bastante audacioso, apesar de sua aparĂȘncia, mas estava abalado pelas palavras de Leonard.

Parece que ele entende bem os demĂŽnios.

Na verdade, Leonard estava certo. Ralph agia sob ordens gerais de Belzera, com uma consideråvel liberdade de ação. Até o método de assassinato do Herói era deixado a seu critério.

O motivo de Ralph para trair a humanidade nĂŁo era apenas pela alta probabilidade de derrota humana.

Entre os humanos, existia uma organização formada por aqueles que haviam mudado de lado para o exército dos demÎnios, onde a posição era determinada pela contribuição, e não pelo status social. Os demÎnios avaliavam corretamente os esforços de cada um e promoviam qualquer pessoa que considerassem capaz.

Ralph havia trabalhado durante anos como aprendiz de um comerciante, mas, como o comerciante favorecia parentes de sangue, suas habilidades nunca foram reconhecidas, o que o deixou frustrado.

Isso o levou a nutrir ressentimento contra a sociedade humana como um todo, o que o fez acabar trabalhando para uma organização alinhada ao exército demoníaco. Lå, sua posição cresceu de acordo com suas contribuiçÔes, e, pela primeira vez, Ralph sentiu que suas habilidades estavam realmente sendo reconhecidas.

SerĂĄ que os demĂŽnios, que reconhecem a habilidade sem qualquer preconceito, nĂŁo sĂŁo superiores aos humanos?

Ralph começou a acreditar nisso e a trabalhar cada vez mais para a organização. Atualmente, ele havia alcançado uma posição de liderança em toda a organização. Lå, seu status era mais elevado do que o de nobres ou de mercadores ricos.

No entanto, apesar de sua posição elevada, Ralph era um homem que construíra seu caminho sozinho e frequentemente lidava com tarefas importantes sem ajuda. Foi por isso que, ao ouvir rumores sobre Leonard, investigou cuidadosamente sua reputação e agiu para recrutå-lo pessoalmente. Por seu desprezo pela humanidade, Ralph era um homem que não conseguia confiar nas pessoas.

Ameaçado pela espada, Ralph reconsiderou sua visão sobre Leonard.

A investigação dizia que Leonard era “um aventureiro habilidoso, mas ganancioso por dinheiro”, mas parecia que ele tambĂ©m era astuto e conhecia muito sobre os demĂŽnios. ApĂłs conversar com ele, Ralph teve a impressĂŁo de que Leonard era um homem capaz de fazer julgamentos racionais e distantes, alĂ©m de ter uma forte desconfiança em relação Ă  sociedade humana.

SerĂĄ que vale a pena apresentĂĄ-lo a eles?

ApĂłs ponderar vĂĄrias possibilidades, Ralph chegou a uma conclusĂŁo.

— Entendo. Vou providenciar um encontro. No entanto, terĂĄ de ser em um local de nossa escolha. Isso serĂĄ aceitĂĄvel? Provavelmente serĂĄ em uma ĂĄrea sob influĂȘncia do exĂ©rcito do Rei DemĂŽnio.

Essa era uma condição inegociåvel. Ou melhor, mesmo que pedisse para Belzera vir ao território humano, ele não aceitaria.

— NĂŁo hĂĄ problema — disse Leonard, embainhando a espada, com uma expressĂŁo satisfeita. — TrĂȘs de meus companheiros virĂŁo comigo. Eles tambĂ©m vĂŁo querer garantias diretas para suas vidas.

Ralph pensou que isso nĂŁo seria um problema. Por mais habilidosos que fossem, eram apenas quatro pessoas. Cercados por demĂŽnios poderosos, nĂŁo seriam tolos o suficiente para considerar lutar.

※ ※ ※

— O que pretende fazer?

Naquela noite, o Profeta apareceu no quarto de Leonard.

— Estava observando?

— Sim. VocĂȘ estava esperando por isso o tempo todo?

— No começo, achei que podia ser vocĂȘ. Pensei que pudesse estar fingindo ser um profeta para me testar, com a intenção de me recrutar para o exĂ©rcito do Rei DemĂŽnio. Ou talvez vocĂȘ estivesse planejando me atrair para me matar. De qualquer forma, nunca imaginei que vocĂȘ fosse mesmo quem dizia ser.

Leonard deu um sorriso irĂŽnico.

— Este Ă© seu objetivo?

— Algo assim. Desde que o exĂ©rcito do Rei DemĂŽnio começou a reinvasĂŁo, venho esperando uma chance para derrotar Belzera. Como me aproximar dele, como lutar contra ele
 Por sorte, ou azar, tenho uma mĂĄ reputação, entĂŁo frequentemente ouvia rumores sobre organizaçÔes no lado humano que se aliaram aos demĂŽnios. Mas eles eram muito cautelosos, sabe? Ouvi dizer que sua base estava a oeste, perto do campo de batalha, mas nĂŁo sabia onde exatamente. EntĂŁo, fui para o oeste enquanto espalhava minha mĂĄ reputação. Bem, a mĂĄ reputação nĂŁo era exatamente intencional.

— Pretende derrotar Belzera com apenas quatro pessoas?

— NĂŁo acha que talvez eu esteja planejando me aliar ao exĂ©rcito do Rei DemĂŽnio?

Os ombros de Leonard tremeram enquanto ele ria.

— Não acho que seja esse tipo de homem.

— Considerando a situação, a proposta de Ralph nĂŁo Ă© ruim. O lado humano estĂĄ em desvantagem. É apenas uma questĂŁo de tempo atĂ© que o exĂ©rcito do Rei DemĂŽnio destrua todos os paĂ­ses. AlĂ©m disso, os demĂŽnios nĂŁo sĂŁo irracionais. Pelo que sei, ao contrĂĄrio dos humanos, eles nĂŁo mentem. SĂŁo realmente mais inteligentes do que a maioria dos nobres dos paĂ­ses por aqui. Se entenderem que Ă© para seu benefĂ­cio, provavelmente nĂŁo se importariam em deixar alguns humanos vivos. Nesse caso, seria mais inteligente ficar do lado do exĂ©rcito do Rei DemĂŽnio.

— Ainda assim, vocĂȘ vai lutar?

Leonard parou de rir e olhou diretamente para o Profeta.

— Quem sabe? Talvez eu fuja quando enfrentar um demînio poderoso.

— 
VocĂȘ nĂŁo fugiu. EstĂĄ destinado a morrer lĂĄ.

— Entendo, entĂŁo vocĂȘ tambĂ©m sabia do meu destino. Por isso, antes, foi gentil o suficiente para me avisar para nĂŁo ir para o oeste, nĂŁo Ă©?

Leonard não mostrou qualquer sinal de aflição ao saber de sua morte.

— NĂŁo vĂĄ, Leonard. Pelo menos ouça-me desta vez. Belzera Ă© um demĂŽnio poderoso. NĂŁo hĂĄ vergonha em fugir.

— NĂŁo posso fazer isso. Esse Ă© o desejo dos meus companheiros tambĂ©m. Meus amigos e eu sobrevivemos a Malica, mas nĂŁo conseguimos seguir em frente desde entĂŁo. NĂŁo se trata de vencer ou perder. Deixamos algo para trĂĄs em Malica. Precisamos voltar e recuperar isso. NĂŁo posso mais fugir.

— Espere por outra oportunidade. Não precisa ser agora.

— O lado humano não vai resistir por muito mais tempo. Estou errado?

Os olhos de Leonard estavam repletos de serenidade enquanto ele olhava para o Profeta.

— Isso


Leonard estava certo. Após esse momento, o exército do Rei DemÎnio lançaria uma grande ofensiva, e o lado humano rapidamente desmoronaria. Provavelmente era um dos momentos decisivos, e nunca havia sido revertido.

Até Solon, que chegou a enfrentar o Rei DemÎnio, havia viajado ignorando a guerra.

“Isso estĂĄ alĂ©m das minhas capacidades” foi a desculpa do grande sĂĄbio. O Profeta tambĂ©m acreditava que isso era correto. Os humanos nĂŁo sĂŁo onipotentes o suficiente para realizarem vĂĄrias coisas ao mesmo tempo.

— Mesmo que consiga e o herĂłi derrote o Rei DemĂŽnio, isso nĂŁo trarĂĄ de volta as vidas perdidas. Os refugiados que eu fiz questĂŁo de salvar tambĂ©m estarĂŁo condenados. E depois de gastar tanto dinheiro com eles
 Que desperdĂ­cio, nĂŁo acha?

— Isso nĂŁo Ă© da sua conta. Sua vida e seu dinheiro nĂŁo sĂŁo mais importantes que qualquer outra coisa? VocĂȘ disse que dinheiro Ă© tudo. O que vocĂȘ diz e o que vocĂȘ faz sĂŁo coisas diferentes. Por que estĂĄ tentando lutar, sabendo que vai morrer?

— Deixe-me te contar, nĂŁo tenho intenção de morrer. VocĂȘ Ă© o Ășnico dizendo que vou morrer.

— Não acredita em mim?

— Eu acredito em vocĂȘ.

— O quĂȘ?

— Eu acredito que um dia vocĂȘ guiarĂĄ um verdadeiro herĂłi. NĂŁo sei se isso levarĂĄ cem ou duzentos anos, mas vocĂȘ tem se esforçado para salvar o mundo. É um esforço incrĂ­vel. Tenho certeza de que, algum dia, isso darĂĄ frutos.

Seu tom era tĂŁo brincalhĂŁo quanto sempre.

— O que vocĂȘ sabe sobre mim? O que vocĂȘ sabe sobre os sĂ©culos que caminhei sozinho? NinguĂ©m se lembra do que fiz. NinguĂ©m sabe. Mesmo quando viajo com alguĂ©m, logo eles esquecem. Sou impotente. AtĂ© agora, vocĂȘ nĂŁo estĂĄ me ouvindo e estĂĄ prestes a entrar em batalha!

A voz do Profeta tornou-se dura. Isso nunca havia acontecido em sua jornada de centenas de anos.

— Entendo um pouco.

— O quĂȘ?

— Provavelmente, vocĂȘ Ă© uma mulher, de alta posição e bonita. Estou certo?

O tom de Leonard era gentil e leve, como uma cantada.

— 
Por que acha isso?

— Pessoas bonitas sĂŁo cheias de confiança. Elas sempre sĂŁo elogiadas e tratadas bem pelos outros, entĂŁo nĂŁo tĂȘm um complexo de inferioridade. NĂŁo consigo dizer se sua voz Ă© masculina ou feminina, mas pelo jeito que fala, senti essa confiança tĂ­pica de pessoas bonitas. Homens confiantes tendem a ser mais arrogantes e a impor sua razĂŁo, mas vocĂȘ nĂŁo era assim. Seu tom altivo parecia um pouco forçado, mas as palavras mostravam familiaridade. Um discurso formal, entende? EntĂŁo, posso imaginar que vocĂȘ tem alta posição. E bem, pelo conteĂșdo da nossa conversa
 E entĂŁo?

— 
Não sou bonita. Sou uma mulher feia que só pode parasitar os outros.

— Então eu estava certo? Pensei nisso. Sou rápido em perceber mulheres bonitas, sabe?

Leonard estalou os dedos.

— VocĂȘ estava me ouvindo? Eu nĂŁo sou bonita. JĂĄ sou velha. AtĂ© tenho uma filha. AlĂ©m disso, beleza nĂŁo Ă© sĂł aparĂȘncia. Enviei muitos jovens para morrerem como herĂłis. Sou feia. Odeio a mim mesma. NĂŁo quero continuar com isso


A voz do Profeta foi se enfraquecendo, quase desaparecendo.

— VocĂȘ nĂŁo precisa se preocupar com aqueles que morreram, certo? Se recomeçar, Ă© como se isso nunca tivesse acontecido. Eles nĂŁo estĂŁo mortos. Um dia, se vocĂȘ fizer tudo certo, isso Ă© o que importa. E, sabe, eles se tornaram herĂłis porque acreditaram em vocĂȘ. NĂŁo hĂĄ mentira nisso. Talvez alguns deles atĂ© tenham percebido que vocĂȘ era bonita, assim como eu? Se for o caso, acharam que valia a pena arriscar a vida por vocĂȘ. Relaxe.

Leonard deu de ombros.

— NĂŁo me dĂȘ consolo vazio! O que vocĂȘ sabe sobre mim!? Mesmo que eu recomece, os rostos daqueles que morreram estĂŁo gravados para sempre na minha mente. Eu os vejo em meus sonhos toda noite. Aquelas cenas deles morrendo em agonia
 Claro, se eu recomeçar, eles podem estar vivos. Mas o que fiz, sempre vou lembrar. Isso nĂŁo pode ser desfeito. Minhas falhas sempre serĂŁo lembradas por mim. Mesmo que todos esqueçam de mim, eu nĂŁo vou esquecer de ninguĂ©m


As palavras cuidadosamente mantidas do Profeta mudaram para uma forma crua, tornando-se cheias de lĂĄgrimas.

A cada repetição, todos esquecem, e apenas ela acumula fracassos e pecados.

Ela havia chegado tão longe impulsionada pelo dever para com sua família, pelo amor por sua filha e pela necessidade de expiação por aqueles que caíram, mas havia alcançado seu limite.

— EntĂŁo, eu me lembrarei por vocĂȘ. NĂŁo Ă© difĂ­cil. Se vocĂȘ consegue se lembrar, nĂŁo Ă© estranho que haja mais uma pessoa que lembre, certo?

— Isso Ă© impossĂ­vel. NĂŁo Ă© viĂĄvel.

— Infelizmente, sou do tipo que nĂŁo esquece mulheres. Vou lembrar de vocĂȘ, e bem direitinho. Vou provar isso depois que vocĂȘ derrotar o Rei DemĂŽnio. Vou te encontrar e dizer: “Sim, vocĂȘ realmente Ă© linda.” Aguarde por isso.

— Leonard, então não vá. Me escute.

O Profeta implorou.

— NĂŁo posso fazer isso. Esta Ă© a nossa luta.

— EntĂŁo me deixe te guiar. Quantas vezes forem necessĂĄrias atĂ© vocĂȘ conseguir. Se for esse o caso


— Não se incomode.

Leonard sorriu gentilmente.

— Mesmo que pudĂ©ssemos recomeçar de seis anos atrĂĄs, nĂŁo alcançarĂ­amos o Rei DemĂŽnio. Eu entendo isso melhor que ninguĂ©m. NĂŁo desperdice seu tempo. Siga seu prĂłprio caminho. NĂŁo se preocupe, nĂłs tambĂ©m teremos que refazer as coisas muitas vezes. Talvez consigamos pelo menos uma vez.

— Isso é 

── Impossível ──

O Profeta estava prestes a dizer isso, mas engoliu as palavras.

— Profeta. Encontre outro herĂłi. NĂŁo importa quantas vezes vocĂȘ tente, eu farei essa escolha. Me desculpe por isso.

Dizendo isso, Leonard se recostou na cama, indicando que a conversa estava encerrada.

※ ※ ※

— VocĂȘs serĂŁo convocados para se aproximar do territĂłrio ocupado pelo exĂ©rcito dos demĂŽnios, sob a forma de um pedido. — Ralph explicou a Leonard enquanto se encontravam novamente no mesmo estabelecimento, na mesma sala privada. — O plano Ă© recuperar itens valiosos de lĂĄ. É uma histĂłria comum, certo? Os itens jĂĄ estĂŁo preparados, e atĂ© existe um nobre tolo que realmente os deseja. É o suficiente para um ĂĄlibi. NinguĂ©m vai suspeitar que vocĂȘ se encontrou com um demĂŽnio.

Ralph soltou um riso nasal. Ele simplesmente não conseguia entender os nobres que cobiçavam arte de países caídos em uma situação tão complicada.

— Entendi. EntĂŁo Ă© lĂĄ que poderei encontrar Belzera. — Leonard relaxou as bochechas enquanto tomava seu copo de bebida.

— Sim. Lorde Belzera reconhece qualquer um que seja Ăștil, independentemente de ser humano ou demĂŽnio. Ele jĂĄ estava ciente de vocĂȘ e do seu grupo. Sabia que vocĂȘs eram humanos poderosos, que jĂĄ haviam derrotado muitos demĂŽnios antes. Graças a isso, tudo avançou rapidamente.

Ralph sorriu de maneira satisfeita. NĂŁo esperava que Belzera e os outros aceitassem encontrar Leonard tĂŁo facilmente. Se os demĂŽnios tivessem demonstrado alguma resistĂȘncia, esse plano teria falhado, e Ralph teria que se livrar de Leonard. Isso seria um grande incĂŽmodo.

— 
Eles não guardam rancor de nós? — Leonard perguntou, abaixando o olhar para seu copo de bebida.

— De forma alguma. Lorde Belzera Ă© racional. Ele atĂ© acolheu a ideia de indivĂ­duos habilidosos como vocĂȘ se unindo ao exĂ©rcito dos demĂŽnios. NĂŁo precisa se preocupar com isso.

Leonard pensou que os demÎnios eram razoåveis. Se os conhecesse melhor, talvez fossem até uma raça melhor que os humanos.

— No entanto
 — Ralph assumiu um olhar sĂ©rio. — Por favor, nĂŁo pense em fazer nenhuma loucura, certo? Vou te dizer, Lorde Belzera nĂŁo estarĂĄ sozinho lĂĄ. HaverĂĄ guardas demonĂ­acos e monstros tambĂ©m. Se vocĂȘ fizer qualquer movimento suspeito, serĂĄ morto, entendeu? Mesmo se tentar guiar outros humanos, isso serĂĄ descoberto imediatamente. Considere que estĂĄ sendo vigiado de todos os lados. Tenho uma reputação a manter por ter te apresentado, entĂŁo seja cuidadoso.

Ralph era uma pessoa cautelosa. Apesar de confiar em Leonard até certo ponto, não podia evitar enfatizar esse ponto.

— Entendido. Os demĂŽnios sĂŁo mais inteligentes e mais fortes que os humanos. Mesmo que tentĂĄssemos guiar outros aventureiros ou ordens de cavaleiros, eles perceberiam na hora, e, se lutĂĄssemos, serĂ­amos derrotados. Eu entendi. Ou pareço tĂŁo estĂșpido assim para vocĂȘ?

— 
NĂŁo parece. Sim, como vocĂȘ disse, os demĂŽnios sĂŁo fortes. Neste momento, nĂŁo hĂĄ como o lado humano vencer. Por favor, seja muito cuidadoso para nĂŁo ofendĂȘ-los.

— JĂĄ disse que entendi. — Leonard deu um tapinha no ombro de Ralph. — Eu valorizo minha vida e quero dinheiro. SĂł isso. NĂŁo Ă© assim que os humanos sĂŁo?

※ ※ ※

Nos reunimos em um quarto da estalagem. Por ser um quarto de luxo, tinha uma mesa refinada e cadeiras suficientes para todos.

Além disso, Sophia havia colocado uma barreira mågica, então não havia preocupação de que nossa conversa fosse ouvida.

Na mesa havia um mapa. Apontei para um ponto especĂ­fico nele.

— Nosso destino final foi decidido. É Garnahazza, a antiga capital do Reino de Malica.

Meus companheiros olharam fixamente para o local indicado pelo meu dedo. A região também havia sido o campo de batalha quinze anos atrås.

— É lá que Belzera vai aparecer? — Ephsei me encarou, os olhos ligeiramente avermelhados.

— NĂŁo sĂł ele. Parece que os amigos demĂŽnios dele virĂŁo tambĂ©m.

— Se ele estiver vindo, isso já basta. Não me importo com os outros demînios.

— Que tranquilizador.

Os demĂŽnios que Belzera traria provavelmente estavam diretamente sob o comando do Rei DemĂŽnio, entĂŁo seriam incrivelmente fortes. Mesmo que lutĂĄssemos seriamente, era questionĂĄvel se conseguirĂ­amos derrotar sequer um deles com os quatro juntos.

— Sophia, está preparada? — Chamei por Sophia, que estava congelada, encarando o mapa.

— Estou. Venho me preparando para este dia há muito tempo. Estou feliz que não foi em vão.

O olhar da maga de Ăłculos permanecia fixo em Garnahazza no mapa. Devia estar pensando em muitas coisas.

Nina, por outro lado, parecia um pouco assustada. É uma reação natural, considerando que estamos praticamente indo para a morte.

— Nina, o que o seu deus diz? Para fugir? — perguntei, meio brincando. Se ela quisesse desistir, que o fizesse. Eu realmente pensava assim. Não tinha intenção de forçá-la, e queria que ela seguisse seus verdadeiros sentimentos.

— 
Eu não vou fugir. Vou seguir a minha própria vontade, não a de Deus.

Nina me lançou um olhar desafiador, mas seus olhos pareciam assustados.

Provavelmente, ela me via como o coração fraco tentando desviĂĄ-la do caminho. Eu entendia bem esse sentimento. Sabia que havia uma parte de mim que esperava que alguĂ©m dissesse: “Vamos parar.” Para fazer tudo desaparecer, para que todos nĂłs corrĂȘssemos para longe e levĂĄssemos vidas despreocupadas.

Não seria ruim. Que maravilhoso seria se pudéssemos fazer isso.

── Mas nĂŁo Ă© assim que as coisas vĂŁo ser ──

NĂŁo Ă© esse tipo de cena. Infelizmente.

Antes que eu percebesse, jå tinha superado a idade de Luke. Não tenho filhos, mas agora sinto que consigo entender como Luke se sentia naquela época.

Luke tambĂ©m devia estar com medo e provavelmente queria fugir com sua famĂ­lia. Ele era, sem dĂșvida, um herĂłi, mas tambĂ©m era humano.

Mas aquele foi um momento em que ele teve que colocar uma måscara de coragem. Luke entendia isso. E é por isso que tudo nos trouxe até aqui.

Existem coisas que nos foram confiadas. Coisas que deixamos para trĂĄs.

Eu, que fugi naquela época, não posso me tornar um herói, mas devo ser capaz de ao menos imitar um.

— Essas palavras acertam em cheio para alguĂ©m como eu, que fugiu sem lutar. — Dei de ombros.

— Eu não quis dizer
 — Nina parecia confusa.

— Estou brincando, sĂł brincando. Mas, bem, Ă© triste que nĂŁo haja ninguĂ©m sensato aqui para dizer “vamos parar”. Esse grupo sĂł tem malucos.

Ephsei e Sophia riram. Até mesmo o rosto tenso de Nina relaxou um pouco.

Página Dare Ga Yuusha Wo Koroshita Ka Animexnovel Who Killed The Hero Light Lovel Volume 2 Ilustracao 12 do capítulo Dare ga Yuusha wo Koroshita ka – Capítulo 6 – Volume 2

— Muito bem, vamos? Deixe-me avisar: nĂŁo pretendo morrer. Conto com vocĂȘs para estarem completamente preparados. Voltar vivo Ă© o que faz de alguĂ©m um verdadeiro aventureiro, sabia?

※ ※ ※

Atualmente, Garnahazza estå sob ocupação do exército dos demÎnios e longe do campo de batalha atual.

Naturalmente, era bem distante da cidade onde estĂĄvamos.

Alugamos uma carroça e seguimos viagem, mas ainda assim levaram trĂȘs dias para chegarmos lĂĄ.

No entanto, nĂŁo houve qualquer interferĂȘncia de monstros. Estava estranhamente silencioso.

As ordens de Belzera deviam ter sido bem comunicadas, mas isso sĂł nos deixava ainda mais inquietos.

— Parece que estamos em uma viagem normal — comentei, e todos concordaram com a cabeça.

Foi uma jornada tranquila. À noite, sentávamos ao redor da fogueira, comendo e conversando sobre trivialidades.

Talvez todos estivessem esperando que não houvesse ninguém no nosso destino.

Na noite em que estĂĄvamos a um dia de distĂąncia de Garnahazza, enquanto fazia a vigĂ­lia, o Profeta apareceu diante de mim.

— Tem certeza de que não vai voltar atrás?

Como sempre, nĂŁo conseguia dizer se a voz era masculina ou feminina, nem a idade, mas o tom era o de uma mulher gentil.

— Infelizmente, nĂŁo. VocĂȘ deveria parar de me seguir e procurar o prĂłximo candidato a herĂłi, sabia?

— Eu farei isso. Procurarei quantas vezes forem necessárias.

Havia uma determinação forte naquela voz. Fiquei feliz de ver a motivação de volta.

— Mas desta vez, decidi acompanhar sua jornada atĂ© o fim.

— VocĂȘ Ă© bem curiosa. Mesmo sabendo que eu nĂŁo sou um herĂłi.

— NĂŁo, vocĂȘ Ă© um herĂłi. NĂŁo importa o que digam. Mesmo que vocĂȘ nĂŁo seja o escolhido para derrotar o Rei DemĂŽnio, vocĂȘ Ă© um herĂłi.

— NĂŁo acho que sou tĂŁo nobre assim, mas, bem, fico feliz. Ser reconhecido como herĂłi pelo Profeta Ă© como um sonho de infĂąncia se tornando realidade.

Sim, o motivo pelo qual quis me tornar um aventureiro era porque admirava os herĂłis dos contos de fadas.

— NĂŁo acho que sou a Ășnica. Certamente, as pessoas que vocĂȘ encontrou ao longo do caminho tambĂ©m viram o herĂłi em vocĂȘ.

— SerĂĄ? NĂŁo houve muitas pessoas que falaram bem de mim. Bem, isso Ă©, em parte, porque eu fiz por merecer.

Esse foi o caminho que escolhi. Um aventureiro que faria qualquer coisa por dinheiro, um marginal que nĂŁo se encaixava na sociedade. O tipo de pessoa que os demĂŽnios achariam perfeito para atrair para o lado deles. Eu estava atuando nesse papel. E, como era parecido com minha verdadeira natureza, nĂŁo foi particularmente difĂ­cil.

E agora, meu objetivo estå começando a dar frutos.

A Ășnica questĂŁo que resta Ă© se conseguirei chegar atĂ© Belzera.

— Não havia outra maneira?

— Se houvesse um jeito mais inteligente, eu mesmo gostaria de saber. Belzera Ă© como um rei, sabia? Normalmente, ele estĂĄ em um castelo cercado por guardas poderosos. AlĂ©m disso, o prĂłprio rei Ă© forte. Como um aventureiro como eu deveria derrotar alguĂ©m assim? NĂŁo Ă© se aproximando dele a Ășnica maneira?

— E pedir ajuda a outros
?

— VocĂȘ viu Ralph? Ele Ă© aquele tipo de homem aparentemente gentil que vocĂȘ pode encontrar em qualquer lugar. E ele Ă© competente no que faz. E alguĂ©m assim estĂĄ do lado do exĂ©rcito dos demĂŽnios. VocĂȘ nunca sabe onde os traidores podem estar. Seja plebeu ou nobre, todos valorizam suas vidas. Imagine se alguĂ©m aparece dizendo: “Eu vou te salvar.” É difĂ­cil resistir a essa tentação, sabia? Eu entendo como essas pessoas se sentem. Sou um covarde que fugiu tambĂ©m. É por isso que nĂŁo consigo confiar em ninguĂ©m. O motivo pelo qual escolhi meus atuais companheiros Ă© porque sĂŁo pessoas respeitĂĄveis que sobreviveram ao campo de batalha do qual eu fugi. Temos que fazer isso por conta prĂłpria.

— 
Entre os herĂłis que guiei, tambĂ©m houve aqueles traĂ­dos por humanos. Leon, o primeiro herĂłi que escolhi, foi um deles. Ele tinha força digna do tĂ­tulo de Santo da Espada, mas nunca pensou que seria traĂ­do por pessoas. Sua nobreza como aristocrata acabou se tornando a fraqueza de Leon. O jovem cavaleiro que tentei guiar desta vez tambĂ©m era uma pessoa orgulhosa, mas parece que foi atacado por demĂŽnios devido Ă  traição de alguĂ©m. NĂŁo importa quantas vezes repetimos isso, Ă© difĂ­cil evitar.

As palavras do Profeta pareciam um suspiro profundo.

— A fraqueza humana, nĂŁo Ă©? Os mais fortes nem sempre sĂŁo aqueles que podem lutar de forma limpa e honrada. — Balancei a cabeça. — Talvez, sĂł talvez, um herĂłi seja alguĂ©m obstinado e que nunca desiste. AlguĂ©m que se recusa a se render, aconteça o que acontecer. Claro, ser forte Ă© importante, mas vai alĂ©m disso. É tambĂ©m sobre força de espĂ­rito. O tipo de pessoa que se torna um herĂłi tem essa força.

— VocĂȘ acha que uma pessoa assim vai aparecer?

— Vai, sim. Qualquer um pode se tornar um herĂłi. Mas a maioria mata esse herĂłi dentro de si, assim como eu fiz quinze anos atrĂĄs. Mas existem muitas pessoas no mundo. Em algum lugar, hĂĄ alguĂ©m que permanecerĂĄ sendo um herĂłi atĂ© o fim.

Enquanto eu murmurava essas palavras, ouvi um barulho vindo da carruagem onde nossos companheiros dormiam.

Deve ser a hora de trocar o turno. Nossa conversa terminou ali.

※ ※ ※

A capital arruinada de Malica, Garnahazza.

Quinze anos atrĂĄs, esse foi o campo de batalha de uma guerra feroz entre humanos e monstros.

ApĂłs uma jornada de trĂȘs dias, Leonard e seus companheiros finalmente chegaram a esse lugar.

As cicatrizes daquela batalha de quinze anos atrĂĄs ainda eram visĂ­veis.

E, no centro daquela cidade devastada, estavam os demĂŽnios.

O demÎnio Belzera, considerado o comandante de fato do exército do Rei DemÎnio. Seus olhos vermelhos e inteligentes desmentiam sua natureza monstruosa. Ele era quase duas vezes maior que um humano, com o corpo coberto por escamas negras que lembravam uma armadura. Uma espada colossal, muito maior do que qualquer arma humana, pendia em sua cintura.

AtrĂĄs dele estavam trĂȘs outros demĂŽnios, ligeiramente menores que Belzera. Assim como ele, seus corpos eram cobertos por escamas semelhantes a armaduras, mas as cores eram vermelha, azul e verde, respectivamente.

O demÎnio vermelho segurava um grande machado de batalha, o azul, uma lança gigantesca, e o verde portava um longo bastão de duas mãos.

Leonard e seus companheiros desembarcaram da carruagem antes de entrar em Garnahazza. Eles avançaram lentamente em direção aos demÎnios. A distùncia entre eles era consideråvel.

— VocĂȘ Ă© Leonard?

A voz de Belzera era baixa, mas ecoava ao redor como se fosse um instrumento musical.

— Sou eu. E vocĂȘ deve ser Belzera?

— De fato. Ouvi falar de vocĂȘ. Eu, Belzera, garanto a segurança de vocĂȘs quatro. Em troca, devem matar qualquer herĂłi humano que apareça. O mĂ©todo nĂŁo importa.

As palavras de Belzera eram concisas, sem desperdĂ­cio de fĂŽlego.

— Se vocĂȘ mesmo estĂĄ garantindo nossas vidas, entĂŁo nĂŁo hĂĄ problema. Mas aqueles trĂȘs atrĂĄs de vocĂȘ sĂŁo seus Ășnicos guardas? NĂŁo Ă© um pouco descuidado?

— É o suficiente. Julguei que trazer mais poderia assustĂĄ-los a ponto de nĂŁo aparecerem. O melhor resultado Ă© se traĂ­rem a humanidade. O segundo melhor Ă© se tentarem nos enganar e nĂłs os matarmos. Ambos nos sĂŁo vantajosos. EntĂŁo, qual serĂĄ?

Belzera jĂĄ esperava que Leonard e seu grupo pudessem desafiĂĄ-lo. Mesmo assim, ele trouxe apenas trĂȘs guardas demonĂ­acos.

Uma fina camada de suor apareceu na testa de Leonard.

— Achou mesmo que quebraríamos nosso acordo?

— Enganar Ă© o jeito humano, embora seja lamentĂĄvel. Mas vocĂȘs sĂŁo fortes, tendo matado muitos demĂŽnios. MatĂĄ-los seria significativo para nĂłs. Por isso, nĂŁo importa se vĂŁo trair os humanos ou quebrar o acordo.

Belzera e seus guarda permaneciam impassĂ­veis. Pareciam preparados para o caso de Leonard e seu grupo atacarem, como se jĂĄ esperassem por isso.

— VocĂȘs, demĂŽnios, nĂŁo tĂȘm uma brecha sequer, nĂŁo Ă©? Eu esperava surpreendĂȘ-los um pouco.

Leonard desembainhou sua espada. Ephsei preparou sua lança, enquanto Sophia e Nina começaram a entoar feitiços.

— EntĂŁo vocĂȘs escolhem a luta, humanos? NĂŁo tĂȘm chance de vencer.

Belzera também desembainhou sua espada, e uma aura negra envolveu a lùmina.

Os demÎnios que estavam atrås de Belzera avançaram.

E assim começou a batalha final de Leonard e seus companheiros.

※ ※ ※

Eu havia testemunhado inĂșmeras batalhas.

No começo, eu rezava pela vitória dos heróis, mas fui constantemente confrontada com a futilidade dessas oraçÔes.

Eu sou impotente. Tentei usar minhas visÔes proféticas para confundir os inimigos dos heróis, mas minhas ilusÔes não podiam se mover e foram de pouca ajuda.

Gradualmente, comecei a desviar o olhar sempre que parecia que os heróis poderiam perder, e às vezes até parei de sincronizar com as ilusÔes completamente.

Mas desta vez, talvez pela primeira vez em décadas, ou até mesmo séculos, me vi rezando pela vitória de Leonard e seu grupo. Não para um deus, mas para algo em que eu acreditava.

Ephsei, Sophia e Nina estavam enfrentando os trĂȘs guardas demonĂ­acos.

Agora que penso nisso, esses trĂȘs sempre lutaram de uma maneira que atraĂ­a a atenção dos monstros. Devem ter se preparado para essa batalha contra Belzera o tempo todo.

Ephsei, como guerreiro, era esperado que enfrentasse o combate direto, mas para Sophia, uma maga, e Nina, uma sacerdotisa, enfrentar demĂŽnios diretamente era nada menos que suicĂ­dio.

Ainda assim, seus movimentos eram surpreendentemente ĂĄgeis, bem diferentes do que se espera de usuĂĄrios de magia.

Elas deviam estar usando magia para fortalecer seus corpos, o que permitia que corressem rapidamente e mantivessem os demĂŽnios ocupados.

Isso era mais do que simples magia. Provavelmente era o resultado de um treinamento constante. Percebi que usavam sapatos e roupas projetados para facilitar os movimentos.

Talento mĂĄgico Ă©, em grande parte, uma questĂŁo de habilidade inata. E os membros do grupo de Leonard provavelmente jĂĄ tinham mais de trinta anos, entĂŁo nĂŁo poderiam esperar um grande crescimento. Foi por isso que treinaram seus corpos, onde ainda era possĂ­vel melhorar.

Claro, elas não estavam apenas correndo. Sempre que surgia uma oportunidade, lançavam feitiços contra os demÎnios.

A determinação delas em derrotar os demÎnios, mesmo que isso lhes custasse a vida, era palpåvel.

Mas, apesar de seus esforços, ainda estavam caminhando sobre uma corda bamba acima de um abismo.

Mesmo quando seus feitiços acertavam diretamente, os demÎnios não mostravam sinais de recuar.

Os demĂŽnios podiam parecer estar lutando, mas bastava um Ășnico golpe deles para que tudo acabasse.

O mesmo valia para Ephsei.

Ele estava travando um combate contra o demÎnio azul, lança contra lança, mas, comparada à enorme arma do demÎnio, a lança de Ephsei parecia de palha.

Toda vez que suas armas colidiam, a lança de Ephsei se curvava perigosamente, como se fosse quebrar a qualquer momento.

Era doloroso apenas assistir. Mas Ephsei nĂŁo desistia, continuava lutando, fazendo o possĂ­vel para afastar os demĂŽnios de Belzera.

Ephsei, Sophia e Nina estavam arriscando suas vidas para ganhar tempo.

Eles acreditavam que Leonard venceria.

E Leonard estava lutando mais desesperadamente do que eu jamais o vira antes.

Não havia espaço para suas usuais tiradas espirituosas enquanto ele desviava por pouco da enorme espada envolta em uma aura negra.

Era minha primeira vez vendo Belzera também, e ele era um demÎnio aterrorizante.

Quando balançava sua espada na vertical, o chão se partia. Quando balançava na horizontal, ruínas viravam pó.

Era como se seus ataques combinassem espada e magia.

Apesar disso, Leonard continuava tentando se aproximar de Belzera, indiferente Ă s probabilidades esmagadoras.

Seus movimentos eram ågeis como os de um acrobata de circo, mas avançar para o olho da tempestade significava ser forçado a recuar repetidamente.

A avaliação de Belzera provavelmente estava correta. Não parecia que Leonard tinha qualquer chance de vencer.

Mas Leonard continuava avançando, torcendo o corpo, forçando seu caminho através da tempestade.

Um Ășnico erro e sua vida seria apagada como a chama de uma vela ao vento.

Ele desviava repetidamente, dava passo após passo, e cada esforço parecia desperdiçado.

Mas Leonard nunca olhou para trĂĄs. Provavelmente jĂĄ havia enfrentado incontĂĄveis duelos contra demĂŽnios para se preparar para este momento.

Após dezenas de tentativas, Leonard finalmente balançou sua espada.

Ela mal arranhou a ponta do dedo de Belzera, deixando um pequeno corte.

Mas os movimentos de Belzera nĂŁo diminuĂ­ram.

Sem perder a coragem, Leonard investiu contra Belzera novamente.

Era como o velho ditado: “Água mole em pedra dura tanto bate atĂ© que fura.”

Conforme ele infligia ferimentos gradualmente, os movimentos de Belzera começaram a vacilar. Talvez fosse o acĂșmulo de ferimentos ou a interrupção de sua concentração.

Finalmente, Leonard encurtou a distĂąncia, ficando a um passo de Belzera.

Ele mirou no pescoço, erguendo a espada bem alto.

Mas a espada de Belzera foi mais rĂĄpida.

Ela decepou o braço direito de Leonard na altura do cotovelo, espada e tudo.

— Este Ă© o fim.

Os lĂĄbios de Belzera se curvaram em um sorriso.

— Não subestime os humanos, demînio!

Leonard nem sequer hesitou ao perder o braço. Em vez disso, usou a força do golpe para girar em direção a Belzera.

Com a mĂŁo esquerda que lhe restava, ele puxou uma adaga presa Ă  cintura.

Era a adaga que Leonard havia retirado do corpo de Carmine.

── Vou carregar sua vontade adiante ──.

Essas palavras, ditas na primeira vez que encontrei Leonard, ecoaram em minha mente.

Sem perceber, estava de joelhos, rezando.

Rezando para que a adaga atingisse seu alvo.

Tudo aconteceu em um piscar de olhos.

Antes mesmo que minhas lågrimas pudessem cair, Leonard cravou a adaga no pescoço de Belzera com todo o peso de seu corpo.

Um golpe milagroso, mas a adaga atingiu um pouco abaixo do local ideal, próximo ao pescoço.

Eu sabia que, para um demĂŽnio tĂŁo poderoso quanto Belzera, isso nĂŁo seria um ferimento fatal.

Pela primeira vez, o rosto de Belzera se contorceu de dor.

Mas apenas por um breve momento. O braço direito de Belzera então golpeou Leonard como se ele fosse um inseto.

A adaga permaneceu cravada em Belzera, enquanto Leonard caiu no chão, conseguindo, com dificuldade, erguer o tronco usando o braço esquerdo.

Não era de se estranhar; o sangue escorria em profusão do braço direito amputado.

Belzera arrancou a adaga. Sangue vermelho jorrou.

— Impressionante, humano.

Não havia dor ou raiva naquela voz, apenas admiração.

— Eu reconheço vocĂȘ. VocĂȘ Ă© um herĂłi. E herĂłis existem para que Belzera os mate.

— Bem, que honra
 — Leonard respondeu, mas seu rosto estava pĂĄlido devido Ă  perda de sangue. — Mas um dia, um verdadeiro herĂłi aparecerĂĄ diante de vocĂȘ. Mesmo que leve mil anos, ele certamente irĂĄ vencer.

Por acaso, ou não, o olhar de Leonard se voltou para mim, alguém que ele não deveria ser capaz de ver.

Ele estava sorrindo como sempre. Aquele sorriso leviano que eu costumava odiar.


Mas agora, aquele sorriso parecia encantador.

— NĂŁo entendo o que vocĂȘ quer dizer, mas este Ă© o fim.

A grande espada de Belzera desceu impiedosamente.

Ao olhar ao redor, vi que Ephsei e as outras, que haviam atraĂ­do os guardas demonĂ­acos para longe, estavam caĂ­dos, como se tivessem cumprido seu papel. Os trĂȘs demĂŽnios estavam voltando para cĂĄ.

Tudo havia terminado. Minha jornada desta vez tinha chegado ao fim.

No entanto, nĂŁo havia o vazio habitual.

Leonard acreditou em mim. E ele me mostrou o que significa ser um herĂłi.

Posso começar de novo. Quantas vezes for necessårio.

Certamente, serei capaz de mudar este desfecho algum dia.

Senti o fogo perdido reacender em meu peito.


Tradução: ParupiroHPara estas e outras obras, visite o Cantinho do ParupiroH – Clicando Aqui


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