Tentando Se
Encontrar Com o Mestre Espadachim Parte 3
No dia seguinte—
Foi um dia ensolarado e o clima estava perfeito
para uma caminhada. Ao que parecia, a trilha da montanha seguia até o [Chalé do
Mestre Espadachim] contando inclusive com placas de pedra apontando a direção
em intervalos regulares.
Como esperado de um lugar que foi transformado em
uma atração turística. Se não fosse o fato de esta montanha estar localizada no
Território do Rei Demônio, esta subida teria a mesma sensação de ir a um
piquenique... No entanto, pouco tempo depois de começarem a caminhada, Bestas
Demoníacas surgiram.
Desde que foram apenas um largo lobo negro,
[Presa Negra], e um urso cinzento gigante, [Urso Gigante], não seria um
problema. Eles eram inimigos que estavam em torno do nível 80. Mesmo assim,
quanto aos monstros encontrados na região, eles não poderiam ser facilmente
vencidos por um Guerreiro meia-boca. Portanto, Diablo cuidou deles usando os
seus feitiços.
Passadas seis horas desde que haviam deixado a
cidade de Sodmas ao pé da montanha e começado a subida—
O cume ainda estava longe, mas o caminho havia se
tornado uma ladeira íngreme. Ou melhor, talvez fosse mais apropriado chama-lo
de paredão.
Rem franziu o cenho.
— ...Qual parte disso supostamente é um caminho?
Uma placa de pedra se encontrava na frente do
paredão com a seta apontando para cima.
— Então ela está nos dizendo para subir.
— ...Acho que não temos escolha.
— Ei, vocês acham que estaria tudo bem se eu
considerasse isso o mesmo que escalar uma árvore?
Shera colocou a mão sobre a superfície rochosa.
Sendo considerado parte do teste para avançar na classe Guerreiro, não seria
tão fácil. Para os Elfos, que viviam em árvores, este nível de escalada não foi
um problema. Rem também não teve dificuldades. Embora fosse dito que os
ancestrais dos Panterianos habitavam as planícies, suas características felinas
também os tornavam especialistas em subir em árvores. Desse modo, as duas
agilmente escalaram o paredão.
Diablo encostou a ponta dos dedos na superfície
rochosa.
“Apesar de que eu
poderia simplesmente usar o feitiço de voou, acho que é melhor não trapacear
aqui.”
Embora ainda estivesse em meio ao seu
desenvolvimento como Guerreiro, ele possuía o físico de um Feiticeiro de nível
150, portanto a subida não deveria ser um problema...
Ele casualmente olhou para cima e acabou deslumbrando
as nádegas de Rem e Shera bem na frente de seu rosto.
— BUFFOH!?
— Eh? O que houve, Diablo?
— ...Aconteceu alguma coisa?
— N-não.... não é nada.
Ele baixou seu olhar para onde colocava as mãos e
se concentrou apenas na escalada.
A subida não demorou e logo o caminho se tornou
largo e plano, tornando-se um planalto no meio da montanha. Na placa seguinte
não havia seta, mas uma inscrição gravada na pedra.
Rem leu em voz alta.
— ...Aqui diz “Chegada”.
Olhando a paisagem ao redor — a cidade no pé da
montanha parecia uma miniatura. Shera se abaixou e ficou esparramada por cima
da grama.
— Fuah~ Então finalmente escalamos!
Acompanhando a respiração pesada dela, seus
enormes seios subiam e desciam. Tendo subido a montanha, o clima estava mais
frio do que no nível do solo, mas, apesar disso, Shera estava suando
profusamente.
— ...Não foi uma subida tão difícil. — Rem deu de
ombros.
— Eeeeeh!? Foi realmente duro, sabe!
— ...Só para você que possui esse monte de carne
inútil para carregar.
— Ah, pode ser realmente por isso. A Rem consegue
subir fácil porque ela não tem nenhum peito para fazer peso ♪
— VOU TE JOGAR LÁ EM BAIXO DE NOVO!
— Vocês duas, parem já com isso.
Enquanto ouvindo a discussão infantil delas atrás
dele, Diablo observou os arredores. No planalto que parecia ter sido nivelado
por mãos humanas, havia uma construção bem no seu centro.
O teto não era de telhas, mas placas de madeira e
paredes de barro, lembrava vagamente uma construção ao estilo japonês. Por fim,
numerosas armas cercavam a propriedade. Espadas, Lanças, Machados, Foices,
Martelos... De primeiro relance, não pareciam artigos valiosos, mas não eram de
má qualidade também. Cada um deles foi cuidadosamente ficando no solo.
Rem se aproximou delas.
— ...Se forem apenas para decoração, preciso
dizer que o senso de estética do proprietário é bastante questionável, mas esse
lugar lembra os restos de um antigo campo de batalha.
— Significa que este é o Xalé onde vive o Mestre
Espadachim.
— ...Mais provável.
— Vamos.
Rem e Diablo começaram a caminhar, então Shera,
que ainda estava deitada, levantou-se as pressas.
— HAWA! ME ESPEREM!
Ele tranquilamente abriu a porta corrida à sua
frente, deixando Rem confusa.
— ...Diablo, você já veio aqui antes?
— Não, por quê?
— Você abriu essa porta com tanta naturalidade.
— Agora que você disse, não vi qualquer portar de
correr no reino de LIfelia. Em certas regiões, existem diversas portas com esse
estilo.
— ...Entendo, então.
Ela observou a porta com um olhar curioso. Quanto
a Shera, ela parecia estar mais interessada com o interior da propriedade.
— Uma casa de madeira!
Eles chegaram até a entrada da propriedade, onde
o chão era feito de terra batida e havia uma casa com pilares de madeira
erguidos sobre um alicerce de pedra. Esta era uma engenharia arquitetônica
semelhante ao Japão antigo, o qual não poderia ser encontrada em Lifelia. Ao invés
de uma entrada, se assemelhava mais a um grande pátio. No lado direito estava o
muro, enquanto no esquerdo havia um Chalé com seis portas de madeira, sendo que
uma delas estava entreaberta.
“Um cão?”
Um par te orelhas triangulares podiam ser vistas
na abertura da porta. Elas se mexeram e então uma frágil voz foi ouvida ká de
dentro.
— Ah, hmm... Vocês são visitantes? Ou talvez...
é... gente assustadora? — Era a voz de uma garota.
No jogo, o Mestre Espadachim Graham deveria ser
um homem velho. O cenário descrito era que ele vivia sozinho na montanha, mas
será que nesse mundo ele possuía servos? De qualquer forma, desde que lhe
perguntaram, seria melhor se apresentar.
— Eu sou um Rei–!
— NÓS SOMOS CONVIDADOS! NÃO HÁ NINGUÉM ASSUSTADOR
AQUI!
Quando Diablo tentou fazer sua apresentação
habibital, Rem interferiu. Em seguida, ela sussurrou em sua orelha.
— ...Se você disser que é um Rei Demônio, pode
ser que o Mestre decida não lhe ensinar.
— Você acha?
O Mestre Espadachim pertencia a Raça humana, mas
suspostamente ele ensinaria a qualquer um sem qualquer tipo de discriminação. No
entanto, Reis Demônios ou Seres Demoníacos pedindo por seus ensinamentos não
era possível no jogo.
“Acho que vou
deixar as negociações com ela.”
Do outro lado da porta, a voz veio novamente.
— Ju-jura?
— ...Sim, eu juro. Nós não temos qualquer
intenção maliciosa.
— Haa, graças a Deus!
Assim, finalmente a porta foi aberta. O que eles
viram anteriormente não foi um cão, mas sim, uma jovem da Raça Anão.
Ela possuía orelhas pontudas e uma cauda felpuda
e sua idade deveria estar em torno dos dezessete. Anãs possuem a mesma estatura
que uma criança, porém suas principais características são possuir grandes
seios, cauda e orelhas de cão. Suas roupas foram ao estilo Japonês, algo que
não poderia ser visto frequentemente em Lifelia.
Olhando para o grupo de Diablo, ela ficou inquieta
e averteu seu olhar para baixo.
— Ah, hmm... Be-bem-vindos.
— ...Eu sou uma Aventureira conhecida por Rem
Galeu.
— Ah.... eu sou, Sasala! — Ela fez uma profunda
reverência.
No Reino de Lifelia, não há o costume de se
curvar às outras pessoas. A norma seria um aperto de mãos ou um leve aceno com
a cabeça.
No MMORPG Cross Reverie, havia sido introduzido
um país baseado na cultura Japonesa. O cenário descrito seria o de uma nação
oriental que ficava do outro lado do oceano. Poderia ser que ele também existisse
nesse mundo?
— ...O Mestre Espadachim se encontra?
— Errm, isso pode levar algum tempo, mas...
— Tudo bem, nós esperaremos.
Rem fez uma resposta imediata. Eles haviam escalado
a montanha, então não se importariam de esperar mesmo que fosse o dia todo.
Quanto a jovem Anã — ela assentiu.
— Mu-muitíssimo obrigada por compreenderem...
Bem, me deixem fazer companhia a vocês três. É... gostariam de esperar lá
dentro?
Assim, ela os convidou a entrarem na porta de
madeira. O piso do interior era de madeira, com uma lareira afundada no centro
e ao redor havia um tapete feito com tecido de cânhamo. Não havia qualquer mesa
ou cadeiras e a estrutura consistia de pilares que suportavam a estrutura do
teto de madeira. As paredes foram pintadas de branco com tinta a base de cal,
mas como havia muitas partes com coloração diferente, significava que elas
estavam sendo reparadas com frequência?
Sasala foi ainda mais para dentro da propriedade,
deixando os três sozinhos na sala.
— ...Eu não consigo me acomodar.
Como em Lifélia não existe o costume de sentar no
chão, Rem estava inquieta sobre o tapete. Quanto a Shera, ela estava
apropriadamente acomodada em posição de W.
— Já que em Greenwood nós sentamos na grama, eu
estou muito bem com esse tipo de coisa.
— Umu. — Diablo sentou-se com as penas cruzadas.
Pouco tempo depois, Sasala finalmente retornou
carregando grande badeja.
— Si-sinto muito pela demora.
Quando eles se
perguntaram o que ela poderia estar carregando, o que Sasala revelou foram
pratos contendo macarrão e uma tigela com uma sopa de coloração levemente
amarronzada.
Ela deixou a bandeja na frente do grupo.
— Ah, hmm... por favor...
Em adição aos pratos, ela os entregou um conjunto
de [Hashis]. Esta foi a primeira vez que ele os viu desde que chegou a este
mundo.
Rem pegou os hashis de maneira curiosa.
— ...Para que servem estes?
— Ah, pe-perdoe-me. É apenas que o prato de soba
deve ser comido com os hashis.
Diablo encarou o macarrão servido em seu prato.
Certamente a cor era amarronzada, mas não parecia ter qualquer molho sobre ela.
Ao lado havia uma tigela com um líquido marrom-claro — ele pensou que se
tratava de uma simples sopa, mas na verdade era o molho do soba?
— Você está dizendo que isso é um prato de soba?
— S-sim. Este é o Soba do Mestre Espadachim.
— Do Mestre Espadachim!?
Sasala assentiu confirmando mais uma vez.
— ... — Rem encarou-a com uma expressão
incrédula.
Quanto a Shera, ela pareceu não ligar para isso e
pegou um hashi em cada mão, mas não importa o quanto ela tentasse agarrar a
sopa, ela sempre escorregaria de volta para o prato.
— Yah, tou! Soba é realmente um prato difícil de
se comer, não é~
— É assim que se faz.
Diablo usou o hashi de forma correta e pegou
normalmente o soba.
— Fuwaa~!
— Fuwaa~!
Não apenas Shera, mesmo Sasala ficou admirada ao
assisti-lo.
— Isso foi incrível... Então é assim que usa o
hashi... muito obrigada!
— Espera, não foi você nos entregou eles!?
— Ah, bem... Isso era algo que o Fundador-sama
disse para ser feito em seu livro, mas... havia muitas coisas que eu não
entendia.
— “Fundador-sama”?
— Erm... falo do Primeiro Mestre Espadachim.
— Então é assim.
Apenas assistindo um pouco a forma como Diablo
manuseava o Hashi, Rem foi capaz de imitá-lo. Como esperado dela.
Infelizmente, não importava o quanto tentasse
Shera não conseguia usá-los, então quando ela estava a ponto de comer o soba
usando as mãos, Sasala lhe entregou um garfo.
Quanto ao sabor do Soba do Mestre Espadachim...
— A aparência é um pouco estranha e o sabor não é
ruim, mas ele dá uma sensação de “não é exatamente isso”.
— Hawawawa.... nã-não ficou bom o bastante?
Ele não sabia se era o modo de preparo ou se o
trigo era o mesmo, mas Sasala havia conseguido um sabor bastante similar. Mesmo
o macarrão não parecia muito diferente, possuindo até o mesmo cheiro de Soba de
seu mundo original.
— A facilidade com que o macarrão é cortado, pode
ser devido a fervura ter ocorrido em fogo baixo e sua grande maciez pela
abundância de água enquanto a farinha era amassada.
Diablo acabou recordando-se da forma como foi
descrito em um mangá. Algumas missões em jogos online costumam ser um ciclo
repetitivo de pequenos trabalhos e devido a isso, ele costumava aproveitar para
ler mangá ou assistir anime enquanto as cumpria.
Fazendo uma completa mudança na sua expressão
tímida, Sasala fez uma expressão séria e prestou atenção em cada palavra de
Diablo.
— Fumu, fumu... fogo e água...
— Primeiro de tudo, o soba não pode ser servido
nesse tipo de prato, mas sim em um escoador. O sabor provavelmente terá uma
melhora significativa só com isso.
— Um escoador?
— É apenas um recipiente por onde a água pode
passar, então qualquer coisa assim já deve servir.
— Eu vou... experimentar! — Sasala fez uma
expressão maravilhada.
Shera não se importava com isso e rapidamente
havia comido tudo. Deixando a perfeição do soba de lado, para um corpo que
havia passado a manhã inteiro escalando a montanha, essa refeição sentia-se
revigorante.
— ...Obrigada pela refeição. Diablo, acredito que
você esteja esquecendo-se do ponto mais importante.
— Aah, você está
certa.
— Então, diga a ela.
— É sobre o molho do soba. Ele está muito aguado.
Ao menos experimente aumentar a quantidade dos ingredientes.
— ...Não foi isso que eu quis dizer. O nossos
objetivo não era pedir pelos ensinamentos do Mestre Espadachim?
— ...Você está certa. — Ele havia esquecido
completamente disso.
Ouvindo as palavras de Rem, os olhos de Sasala
começaram a girar.
— Vo-vocês não são visitantes..., mas
pr-praticantes...!?
— ...Sim.
— Mas, mas, você disse... você disse que não eram
pessoas assustadoras!
— Por pessoas assustadoras você queria dizer
isso? Eu muitíssimo por isso... Nos viemos encontrar o Mestre Espadachim Graham
para receber suas instruções como Guerreiros.
A expressão de Sasala ficou desapontada.
— Araa... e eu achando que finalmente alguém
havia vindo aqui para provar o nosso soba.
— ...Onde poderia estar o Mestre Espadachim?
Após uma pequena pausa, Sasala respondeu a
pergunta de Rem.
— Erm... bem aqui.
— ...Dentro da casa?
— Sim, aqui dentro.
— ...Será que poderíamos nos encontrar com ele?
— Hmm... bem, você já o encontrou.
— Eh?
Quando Rem inclinou a cabeça, Sasala apontou o
dedo indicador para si.
— Bem aqui.
— ...?
— E-eu, so-sou a-a décima terceira geração do
Mestre Espadachim Graham, Sasala Graham... desu.
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