Capítulo 18

Mal posso esperar para testar minha nova espada!
Quase não dormi noite passada, mas estava tão animado que isso nem me importou!
Veja, há uma floresta que abriga monstros fracos a aproximadamente 80km a oeste do terreno da academia, então eu peguei um garanhão castanho no estábulo e fui direto para lá. Me pergunto quanto tempo fazia desde que saí. O cavalo não parecia estar cansado da longa viagem, na verdade, achei que ele estava até feliz em poder correr livre por aí.
Ouvi dizer que os monstros poderiam ser encontrados na porção ocidental da floresta, e que eles não tinham o costume de andar em bandos. Mesmo assim, não seria bom subestimá-los. Mesmo pequenos, havia diversos monstros que poderiam usar veneno ou outras coisas perigosas para autodefesa. Embora também foi-me dito que os desse tipo eram poucos, seria melhor não baixar a guarda.
Este lugar era perfeito para testar esse carinha aqui.
— Agora então... vamos à caçada! — Após bater meus calcanhares nele, o cavalo entendeu que eu gostaria de acelerar e foi galopando à toda.
Por volta do meio dia, a floresta finalmente apareceu em minha visão. Mas, por algum motivo, o cavalo parou. Não lembro de ter dado essa ordem a ele.
— Ei, vamos lá. — Mais uma vez, bati de leve em sua barriga.
Que estranho, apenas alguns minutos atrás ele estava se comportando tão bem. Dando uma olhada melhor, não parecia que estava cansado ou algo assim. Pelo contrário, sua aparência era bem saudável.
Será que há algo de errado? — Enquanto pensando nisso, voltei minha atenção para a floresta.
Embora fosse vago, consegui ver alguma movimentação na folhagem. A “coisa” parou por um instante, como se imaginando se tinha sido visto ou não e, então, veio para fora.
— Um Carniçal (Ghoul), hein? — Tratava-se de um demônio que possuiu um cadáver.
Sem considerar o grande medo que o cavalo teve disso, ser capaz de sentir esse monstro de tão longe foi bastante incrível.
Mesmo sendo apenas um, poderia ser um pouco complicado de lidar com ele. De acordo com o velho Moran, Carniçais são monstros dos quais eu deveria fugir na hora. Mais do que sua força, o seu veneno era o que realmente assustava as pessoas. Não havia antídotos para isso, então um encontro com um poderia ser considerado perigoso mesmo.
Eu sabia que deveria dar a volta assim que o vi... mas realmente queria testar minha espada...
Quero dizer, eu apenas preciso fazê-lo, sabe?
Por sorte, sua movimentação era lenta e fácil de prever. Olhando bem, parecia que ele estava mancando um pouco, sua perna devia ter sido ferida por alguma coisa.
Oh, eu tenho que fazer isso! — Minha vontade de fugir estava fraquejando. — Já sei! Tem uma magia que eu gostaria de experimentar!
Isto foi algo que aprendi com ajuda do velho Moran e seu Livro III.
Os conteúdos do terceiro livro eram:
1.      Alteração de Propriedade;
2.    Expansão do Poder Mágico Externo.
Eles agora incluíam magia avançada. Esse tipo de magia era valorizada até mesmo pelo estado.
Sua aplicação parecia envolver a “Criação de Organismos Mágicos”. Esta magia era capaz de dar vida temporária a objetos inanimados. Era desnecessário dizer que seu uso seria bastante difícil.
Apesar de meus esforços, ainda não fui capaz de alcançar um sucesso absoluto, mas já obtive alguns resultados. Se essa magia teria alguma utilidade em combate ou não, isso dependeria dos resultados desse momento.
Enquanto ainda montado, coloquei meu poder mágico no capim ao meu redor.
— [Aqueles que são invisíveis ao olho nu, apareçam!]

A mana que liberei foi rapidamente absorvida pelo capim e, da terra, um som similar a milhares de fibras se emaranhado soou. Quando tudo se aquietou, “eles” saíram do solo.

Uma centena de criaturas que se assemelhavam a cenouras de braços e pernas, possuindo folhagem em suas “cabeças”. Pelo que você poderia considerar uma cabeça em seu tronco, suas faces emergiam. Essas faces pareciam com a de algum velho estranho.
A magia foi um sucesso, mas... Ah, parece que... eu falhei. Apenas deixando claro que, nunca, jamais, em hipótese alguma, foi minha intenção criar esses bichos tão feios.
Vão embora!  — Por muito pouco eu não gritei isso.
Eles apenas ficaram lá parados por um tempo, mas assim que notaram minha presença, se viraram, suas faces ficaram vermelhas e eles começaram a sorrir para mim.

—UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—

QUE NOJO!  

Todos eles ficaram em volta do cavalo com expressões felizes em seus rostos.
O-o que há com esses caras?
Sendo cercado por um bando de criaturas misteriosas com cara de velho enquanto elas soltavam sons alegres, foi realmente irritante.
Saltei do cavalo e chutei o primeiro que vim bem no meio de sua bunda.
— Ui!?
O que eu chutei esfregou o seu traseiro enquanto parecia surpreso, depois olhou para mim e fez uma expressão de profunda tristeza.
Me desculpe! Fiz isso apenas por impulso! Eu não queria magoar você!
—Ui?—, —Ui?—, —Ui?—, —Ui?—, —Ui?—, —Ui?—, —Ui?—
Alguns deles começaram a se reunir à sua volta, como se estivessem perguntando “O que aconteceu?”, “Você está bem?”, “Está machucado?” ou coisas assim.
— Ui~UI~ui~Ui~UI~ — A vítima tentou, em desespero, contar a eles o que houve.
Se ele estava dizendo a verdade ou não, não sei. Aliás, como diabos iria entender isso? Eu era o culpado e estava apenas aguardando o veredito.
Será que vocês podem calar a boca agora?
— UI~
Ódio começou a se espalhar entre as criaturas que ouviram a história.
— UUUUUUUIIIIIIII~
Cada um dos caras que invoquei começou a me encarar.

—UI~!!!—, —UI~!!!—,—UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—

QUE NOJO! E também é um pouco perigoso. — Me-me perdoe por ter te chutado, não fiz por mal, mas não precisa ficar com raiva por causa de um chutinho, não é?
— UI~!!!
Merda, acabei colocando mais lenha na fogueira.
— Me desculpa, eu estava errado.
— Ui~? UI~♪
— Foi mal, mas, não importa quantos Ui vocês façam, não vou entender o que estão dizendo. — De toda forma, aquele que chutei levantou seus braços para mim com um sorriso. Acho que minhas palavras o alcançaram. Eu me aproximei e peguei sua mão em cumprimento.
— Sim, o passado fica no passado.
Depois disso, todos eles começaram a pular de alegria.
—UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—, —UI~—
Eu já disse para pararem com isso! Pelo amor de Deus, PAREM! — Na mesma hora em que eu me desculpei, já estava com vontade de chutá-lo outra vez.
— De toda forma, pessoal! Sigam as instruções de seu criador!
Eles se acalmaram e ficaram aguardando as ordens.
Ugh... isso é meio assustador.... Tanto faz, vamos começar! — Vejamos...
O Carniçal já tinha se aproximado bastante depois de toda a confusão.
— Segurem aquele cara!
— UI~!!! — Eles responderam juntos e correram para cima do inimigo.
Pulando em cima do Carniçal, o imobilizaram através da força bruta.
— Guooo~ — O monstro foi facilmente vencido pelos números.
— Ótimo!
Acho que vou batizá-los de “Soldados Ui~”, embora ainda os ache uma falha, eles certamente são úteis. Então vamos chamá-los de um sucesso, ao menos por hora.
Avançando em meu cavalo, me aproximei do Carniçal. Ele devia ter me percebido, já que tentou cuspir algo em mim.
Hmm, acho que devo atacá-lo por trás.
Então, mais uma vez, acelerei com o cavalo e saquei minha espada. Balanço, durabilidade, beleza, este era de longe meu melhor trabalho em todos os aspectos. Nem mesmo meu velho professor de ferraria poderia fazer uma dessas... talvez.
Bom, esta espada é incrível!
Vozes de admiração podiam ser ouvidas. Obviamente, elas vieram do meu exército de cenouras.
—UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—, —UI~!!!—
Faça isso já”, é o que acho que estavam dizendo, embora suas expressões faciais continuassem imutáveis. Então, eu faria isso, o Carniçal estava preso, então por que não?
Balancei minha espada mirando no pescoço dele.
— Bon voyage ~
Minha espada fez um corte limpo em seu pescoço. Não houve qualquer sinal de resistência também. O fio dessa lâmina era realmente incrível. Talvez o pescoço apenas tenha saído voando porque esse se tratava de um monstro com carne apodrecida. O sentimento que tive quando o cortei foi como o de transpassar um pudim. Então podia ser este o caso.
Esse tipo de inimigo é realmente perigoso, mas fui capaz de eliminá-lo com um único corte... achei que com isso poderia dizer “WoW!” agora.
Os soldados Ui~ estavam reunidos ao redor de um de seus companheiros que estava cortado em dois.
Ah, por acaso eu o cortei também? Oops...
Carregando o corpo de seu amigo, eles me cercaram novamente e o colocaram na frente de mim, a pessoa que o assassinou.
Estamos indo para isso de novo?! — foi o que imaginei, mas, para minha surpresa, não era isso.
Eles estavam fazendo um minuto de silêncio em homenagem ao morto. Ele morreu com honra na batalha, cheio de lealdade a mim.
Então não chorem! Despeçam-se dele com um sorriso no rosto!
Por ele ter morrido devido ao meu egoísmo, comecei a me sentir um pouco culpado por isso.
Guardando minha espada, eu montei no cavalo de novo. Depois que retornasse os soldados UI~ para o solo, pretendia voltar para a escola.
Subitamente percebi um movimento inesperado. Quando olhei para o corpo do Carniçal, ele estava se levantando sem cabeça e se movendo.
— ?! — fiquei horrorizado, podia sentir meu corpo pingando suor frio.
Eles não morrem mesmo com isso?! — De certo seria melhor tomar alguma distância.
— [Espalhem-se, oh chamas!] — Um mar de chamas se formou de minha mana e engoliu o Carniçal.
Sem qualquer dor ou qualquer agonia, o corpo do monstro caiu sob a forma de uma pilha de carvão.
Quando me virei, os soldados UI~ estavam reunidos. Inesperadamente, parecia que eles evacuaram da área de minha magia.
— Muito obrigado pessoal, vocês foram incríveis
— UI~! — A voz deles parecia um pouco triste, como se estivessem dizendo “Por acaso você já vai nos fazer retornar ao solo?. Mas, claro, não havia a menor possibilidade de eu os levar comigo.
— [Aqueles que não são visíveis ao olho nu, retornem à terra!]
Todos eles pareceram mergulhar na terra. Tudo o que restou foi um grupo de ervas daninhas onde eles estavam.
Durante algumas horas, eu apenas passeei lentamente por aí. Já tinha passado do meio-dia, mas ainda me sentia culpado. Não havia o que fazer, já que presenciei uma cena tão triste mais cedo.
Fiquei pensando nisso durante meu retorno. Jurei a mim mesmo que iria corrigir as minhas falhas. Embora isso fosse ser um trabalho e tanto, talvez seria melhor continuar passeando um pouco enquanto esfriava a cabeça.
O cavalo virou sua cabeça em minha direção e olhou em meus olhos.
— Você está preocupado comigo?
Ele apenas continuou a me encarar.
— Hã? — havia uma garota andando à frente na estrada.

— Iris! — pela silhueta, pude identificar na mesma hora quem era, então apressei o cavalo e fui na direção dela.
— Eh? Kururi?! O que você está fazendo aqui? — Ela, que estava carregando algo em suas mãos, ficou tão surpresa quanto eu.
— Era exatamente o que ia perguntar a você.
— Ah, bem, eu estava com um pouco de saudades de casa, mas como na escola não tinha as mesmas refeições que minha família preparava, fui colher algumas plantas selvagens na esperança de cozinhá-las na cafeteria.
— Então é isso. Bem, não posso dizer que estou surpreso, mesmo eu sinto falta de casa também.
— Sim, mas porque você está a cavalo por aqui?
— Ah, foi porque eu forjei uma nova espada noite passada e queria testá-la.
— Ah, você já está retornando? Tem como me dar uma carona? Meu passeio será bem mais rápido assim.
A escola ficava a apenas dois quilômetros de onde estávamos, mas não me sentiria bem em deixá-la sozinha.
— Claro, sobe aí. Ui~!
— Ui~?
— Ah, não é nada, não se preocupe com isso. De toda forma, vamos cavalgar!

Essa era a primeira vez que dava carona a alguém, mas a única razão pela qual pude cavalgar de forma tão fácil foi graças ao próprio cavalo.
Como imaginei, um cavalo honesto é um bom cavalo. Mesmo entre os outros cavalos, esse era o mais direto deles.
Olhando para o céu, já estava anoitecendo. Vendo como este dia estava acabando, acabei ficando um pouco triste também.
— Hoje eu tive um encontro inesperado. — Iris começou a falar alguma coisa enquanto parecia meio triste.
— Sério, quem você encontrou?
— Quem? Bem, ele é uma boa pessoa, mas realmente não sei quem era também.
— Engraçado, embora não o conheça, você ainda o acha uma boa pessoa?
— Sim, se for realmente a pessoa gentil que acredito ser, seria ótimo nos tornarmos amigos.
Quem será? Só posso imaginar por hora. — Se for alguém que você julgue como sendo uma pessoa boa, provavelmente deve ser. Mas toma cuidado por enquanto, apenas por precaução.
— Não se preocupe, eu terei. — Ela respondeu com uma pequena risada.
Olhar para o rosto sorridente de Iris ao pôr do sol fazia o meu coração acelerar.
Acalme-se meu coração!
Já que estávamos a um passo acelerado, o vento batendo estava um pouco forte. Mesmo assim, era um vento aconchegante.
— Hoje eu também tive um encontro inesperado.
— Isso é ótimo! Então ambos tivemos um.
— Ah.
— Hmm... mas como posso dizer? Você parece um pouco solitário agora.
— Sério?
— Sério.
— Bem, você provavelmente está certa.
— Se quiser falar sobre isso, não será mais fácil organizar seus sentimentos?
— Não acho que falar será o suficiente, mas acho que possa ajudar.
— Foi uma briga?
— Acho que você pode chamar assim.
Nós ficamos quietos durante um tempo. A única coisa que ouvíamos era os passos do cavalo galopando a um som rítmico.
— Você precisa se desculpar então.
— … Sim...
Silêncio novamente...
— ... Ei, Iris, você sabia que essa não é a velocidade máxima desse cavalo? Ele pode ir ainda mais rápido. Quer tentar?
— Sim, faça isso!
— Então, vamos lá!
— Lá!
Parecia que Iris também se sentia bem com o vento forte em seu rosto. Batendo de leve no cavalo com meus calcanhares, eu sinalizei para ele correr mais rápido.
— Rápido...
— Rápido!
— Vamos lá! Dê o seu melhor!
— Ah, isso é ótimo.
Iris estava gostando também. E o pôr do sol era tão lindo.
Este devia ser o melhor momento para gritarmos:


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