Capítulo 2
A casa Helan, a qual não está descrita no jogo, era de uma linhagem nobre. Mesmo sendo uma família tradicional, servindo à família real desde os tempos da fundação do país, qualquer um poderia dizer que estava em estado de declínio, devido à falta de descendentes talentosos ao longo das gerações.
Meu pai, Toral Helan, foi uma pessoa gentil e amada por seu povo. Mas lhe faltava intelecto para governar o território. Além disso, lhe faltava também talento tanto com a espada quanto com magia. Na alta sociedade, ele era conhecido como um porco que parasitava o nome de sua família. Minha mãe também não fazia questão de o aconselhar, deixando o tempo passar sem se preocupar com os problemas do território.
— Uma casa pacífica — disse Kururi.
Verdadeiramente pacífica.
Apesar de estarmos decaindo sem parar, não era como se fôssemos falir em minha geração. De qualquer forma, não dava para imaginar o porquê de eu, Kururi Helan, acabar em ruína junto à grande vilã.
Apesar de ter presenciado esse fim trágico incontáveis vezes, eu não queria acabar desta forma. Agora que já tinha provado do doce néctar que era viver na alta sociedade, neste ponto, eu não tinha a menor intenção de passar minha vida como um fazendeiro!
Enxuguei o suor que estava começando a escorrer em minha testa e tomei uma importante decisão. Eu tornaria este território próspero, mesmo que fosse aos poucos.
Não faço ideia de como eu e a vilã ficaríamos juntos; isso talvez fosse por ambos terminarmos falidos...
É claro que eu desejava fugir de um final ruim, mas, talvez, aprender um ofício de boa remuneração, para o caso de não poder escapar do meu destino, era uma excelente ideia. Se você tiver uma profissão, será capaz de se sustentar. Mesmo sem viver com grandes luxos, seria melhor do que um final ruim.
Não, eu precisaria mirar o mais alto possível!
Se eu me erguesse acima deste mundo, poderia ficar sossegado. Mais ainda, poderia receber a vilã decadente com uma calorosa recepção!
Se me lembro corretamente, ela é uma mulher muito charmosa.
Desde que já me decidi, seria necessário seguir em frente e escolher algo bom para estudar. A Academia frequentada pela nobreza receberia apenas aqueles prestes a fazer 15 anos. Você estudaria até os 18, se graduaria e depois seguiria seu próprio caminho. Durante esse período de três anos, a história da “Academia Fantástica” se desenrolaria.
Agora eu estava com apenas 12, então ainda faltavam três anos para esse acontecimento. Era o momento perfeito para dedicar meu tempo a algo.
Resolvi discutir isso com meus pais no mesmo instante, mas recebi uma resposta já esperada:
— Um nobre não tem a menor necessidade de aprender uma profissão.
— Você sempre gostou de espadas, escudos e outras coisas do tipo. Por que não tenta aprender algo sobre isso? — minha mãe acrescentou.
— Kaa-san, não coloque ideias estranhas na cabeça do Kururi — disse Toran.
— Otou-san, uma criança dizendo que quer aprender alguma coisa é algo magnífico. Se for para apenas passar seu tempo dentro de casa, então é melhor que ele experimente o maior número de coisas possíveis.
— … você está certa querida.
Meus pais deram seu consentimento, então acho que poderia aprender ferraria, assim como minha mãe sugeriu.
O refinamento de armas já existia em vários jogos, até mesmo ao se tratar daquelas que não poderiam ser encontradas em lojas. Agora que me decidi, deveria ‘bater no ferro enquanto ele ainda está quente’!
Pesquisei as ferrarias do território e visitei aquela que era conhecida como a melhor da região.
— Com licença — gritei na frente da loja, mas não abriram a porta. Achei que não fazia mal entrar, então foi o que fiz.
Tinha uma placa com os dizeres [Loja de Armas Donga], então não havia erro.
Eu tentei abrir a porta lentamente. Logo vi uma parede cheia de armas penduradas de cima a baixo. Também havia o som do metal sendo batido o tempo todo, criando uma espécie de melodia.
— Ooi, Donga-san? — eu disse em voz alta.
Após um momento, um homem velho com aparência de Anão saiu do interior da loja.
— Que foi?! — ele disse com uma voz grave e bastante arrogante.
— Hmm… Você aceita aprendizes? — perguntei.
— Você está sendo muito direto.
— Foi mal, sempre sou muito direto.
— Bem, se fosse um rapaz musculoso, talvez até pensaria no caso, mas você? Sem chances.
— Por que isso?!
— Você não é o filho idiota do senhor feudal? Com toda essa pompa e cheio de banha por todos os lados, é claro que eu te reconheceria!
— E por algum acaso um ferreiro escolhe a sua própria linhagem? — perguntei em tom provocativo, só para ver a reação dele.
Mas isso só serviu para arrancar algumas risadas de Donga.
— Ha! Ha! Ha! Se você queimar um pouco dessa banha posso pensar no seu caso.
— Certo, eu voltarei. — disse encerrando a conversa. Após isso, voltei para casa obedientemente.
Fiquei de pé na frente do espelho e me avaliei outra vez . Sim, estava gordo. Um belo menino rechonchudo de 12 anos. Admirando-me no espelho, achei que era realmente bonito. Jogar fora essa aparência inocente e fofa parecia um desperdício, mas era o jeito.

No dia seguinte já começaria a praticar exercícios!


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