Seija Musou | The Great Cleric
– Arco 05: Para Reviver a Guilda dos Curandeiros – Capítulo 08
[A Grande Substância X]
Fui o primeiro a acordar. Enquanto me espreguiçava, pensei nos escravos. Não dava para negar o quão fortes eles eram. Individualmente, ninguém chegava aos pés de Lionel ou mesmo da força de Ketty, mas juntos, eram uma força a ser reconhecida. Quando meu trabalho em Yenice terminasse e houvesse clínicas operando na cidade, eu teria que seguir em frente, mas parecia um desperdício deixá-los para trás. Estava começando a me apegar a eles. Essas minhas emoções irritantes… As histórias deles sobre serem rejeitados por ambos os mundos por serem mestiços me atingiram bem no coração, e isso me fez querer ajudá-los.
— Mas não posso simplesmente levar todo mundo comigo… Hmm…
Nalia acordou quando terminei de me espreguiçar, então começamos a preparar o café da manhã. Quando chegasse a hora de deixar Yenice para trás, quem eu estaria deixando com ela?
Meus companheiros devoraram o café da manhã; estavam prontos para partir.
— Estamos prestes a entrar na parte verdadeira do labirinto — anunciei. — Fomos informados de que há homens-lagarto vermelhos e ursos de fogo nos esperando à frente, então não espero avançar tanto quanto ontem, mas está tudo bem. Nosso objetivo atual é o andar quarenta. Agora, segurança em primeiro lugar, e vamos nessa!
— Entendido!
Comecei a conjurar Barreira de Área em todos.
— Se os inimigos ficarem perigosos demais, podemos combinar as equipes. E fiquem atentos às armadilhas. Elas vão ficar letais a partir de agora.
Kefin e seus homens não disseram nada, apenas caíram na gargalhada.
— Falei algo engraçado?
— Nada, só estamos felizes que você se preocupa com a gente. A vida seria muito mais fácil se houvesse mais pessoas como você no mundo.
Eles sorriram, e então partimos para o primeiro andar inexplorado. Eu estava prestes a explodir com eles por estarem brincando em um lugar assim, mas quem conseguiria ficar bravo diante daqueles sorrisos? Além disso, me lembrou algo que meu mestre já havia me dito.
Suspirei ao terminar de conjurar as barreiras.
— Cara, que calor.
Parecia estar uns cinquenta graus acima da temperatura externa. Mas não havia sol escaldante, apenas as paredes abafadas do labirinto nos assando como batatas.
— Não se esqueçam de se hidratar, pessoal. Avisem se sentirem sede.
Deus abençoe as bolsas mágicas.
Todo o meu equipamento era climatizado, então apenas meu rosto estava exposto ao calor, mas os outros deviam estar sofrendo, já que apenas a parte superior das armaduras deles tinha proteção semelhante. Gotas de suor escorriam de suas testas.
As salas se expandiram para cerca de quatrocentos por quatrocentos metros. Seguimos em frente, nos reunindo a cada bifurcação para atualizar nossos mapas. Nosso ritmo não diminuiu, embora os ferimentos se tornassem mais frequentes conforme subíamos. Mas minha cura nos mantinha de pé.
— Parecemos uma legião de zumbis. Acho que isso faz de mim o necromante, e não sei se isso é algo bom.
— Eu, pessoalmente, não me importaria de assumir a linha de frente com eles — declarou o homem obcecado por batalhas ao meu lado.
— O mesmo aqui! Esse gatinho quer explorar! — acrescentou seu amigo felino, igualmente sedento por luta.
O momento deles chegaria. Tudo além do quadragésimo andar era território desconhecido. Mas eu ainda não os deixaria se divertir.
Limpávamos um andar por hora, o que parecia um tempo longo no início, mas já levei dias para explorar um único andar sozinho na Cidade Santa. Quando se tratava de masmorras, equipes eram definitivamente o caminho certo.
Montamos acampamento na escadaria que levava ao trigésimo sexto andar para almoçar, e eu mesmo me encarreguei de posicionar alguns barris levemente abertos de Substance X a uma certa distância para afastar os monstros.
Todos me encararam na volta.
— Relaxem, não são para beber. A menos que queiram, claro.
Isso manteria os monstros afastados, então ninguém precisaria ficar de vigia, e todos poderiam descansar ao mesmo tempo.
Eles se viraram para os barris, incrédulos, e não desviaram o olhar durante todo o tempo de cozimento e refeição. Quando, incrivelmente, nenhum monstro apareceu, Substance X deixou de ser apenas um líquido infernal nojento. Agora era um líquido infernal nojento que afastava monstros… e que eu bebia aos galões.
Pensando bem, beber repelente de monstros não devia passar uma boa impressão, mas não tive coragem de analisar demais o que pensavam sobre isso.
Coletando os mapas de todos, como fizera no dia anterior, comecei a trabalhar, anotando as inúmeras armadilhas que antes não haviam sido registradas.
— Como estão as coisas? — perguntei aos três líderes das equipes. — Acham que podemos continuar hoje?
— Com certeza conseguimos chegar ao andar quarenta — respondeu Kefin —, mas precisaremos de mais homens se formos além. Caso contrário, as coisas vão ficar complicadas.
Os outros franziram a testa, frustrados.
— Entendi. Então vamos consolidar em duas equipes.
Eles pareceram surpresos, mas não entendi o porquê. Eu já havia mencionado essa possibilidade antes.
— Eu disse que conseguimos chegar ao andar quarenta — retrucou Kefin, incisivo.
Sorri de volta.
— Não é que eu não confie na capacidade de vocês. Só que não vai ser nada bom se reestruturarmos os grupos de repente e bagunçarmos a coordenação bem quando chegarmos lá. Essa é a forma mais eficiente.
Suspirei, então acrescentei:
— Além disso, estou bem estressado ultimamente, então acho que mereço saborear isso um pouco.
Minha desculpa deve ter colado, a julgar pela expressão de empatia nos olhos deles.
Ao chegarmos ao quadragésimo andar, estudei nosso mapa mestre e percebi que ainda não havíamos encontrado nenhum baú do tesouro. Talvez já tivessem sido saqueados e esse labirinto não os reabastecesse.
Seja como for, havíamos chegado à sala do chefe.
— Não tem ninguém aqui — murmurei.
— Talvez tenham seguido em frente — comentou Lionel.
— Acha que encontraram aquele tal de Shahza e foram atrás dele? — perguntou Ketty.
— É possível.
Eu esperava já ter encontrado a equipe de Goldhus, mas não havia sinal deles. As sugestões dos meus companheiros ajudaram a organizar meus pensamentos.
— Vamos limpar a câmara e depois faremos uma pausa. Podemos usá-la como uma base temporária para procurar os outros nos andares superiores.
— Entendido.
Lionel fez uma leve reverência, e Ketty o acompanhou.
O grupo de Goldhus havia enfrentado uma quimera, mas, para nós, a sala do chefe gerou cinco tigres-dente-de-sabre, com corpos envoltos em chamas. Eram feras aterrorizantes, sem dúvida, até Lionel atordoá-los com seu escudo, deixando-os vulneráveis para serem abatidos por Ketty e os outros. Eu curei à distância, Nalia manteve os retardatários afastados, Dhoran manejou seu enorme martelo, e o golem imponente de Pola serviu como minha muralha.
O que deveria ter sido uma batalha longa e árdua terminou em meros minutos. Depois de uma Purificação e um Cura Avançada em Área, era hora do jantar.
O jantar foi tranquilo, repleto de conversas animadas sobre feitos impressionantes e batalhas empolgantes. Depois de comer bem e terminar o trabalho com o mapa, fiz uma reunião estratégica com os líderes de equipe Kefin, Yulbo e Verdel, além de Lionel e os outros quatro.
— Vamos começar. Amanhã seguimos para o andar quarenta e um. Sem dúvida, os monstros ficarão mais fortes e teremos mais terreno para cobrir, então precisamos de um plano antes de avançarmos.
Lionel levantou a mão.
— Se me permite.
Assenti, dando-lhe a palavra.
— Nossa formação atual consiste em três equipes. Acho que Ketty e eu deveríamos liderar os dois grupos avançados, enquanto o restante ficaria estritamente na sua proteção.
As objeções vieram rápido.
— Peraí, vovô! — Kefin gritou. — Tudo o que eu pedi foi mais gente! Nós conseguimos nos virar!
Sem Lionel e Ketty comigo, as coisas ficariam bem mais perigosas, mas ele estava certo. Esse era o método mais eficiente.
— Você acha que essa é a melhor maneira de manter as baixas baixas e o progresso constante? — perguntei.
— Sim. Se os monstros que encontramos nesta câmara forem comuns nos próximos andares, isso não será nada bom para nossas chances de sobrevivência.
Kefin franziu a testa, mas ficou calado, ciente de que Lionel estava certo. Ele era fácil de ler.
— Com sua cura — Lionel continuou —, estou confiante de que você ficará protegido o suficiente sem nós. Sem falar no golem ao seu lado.
— Tudo é possível com mais pedras mágicas — Pola comentou, levantando um punho firme que me lembrou alguém.
— Certo — falei. — Você tem um bom argumento. Cuidem disso. Agora quero discutir medidas contra o calor. Podemos criar algo que ajude?
— Uhum. Mas por quê? — Pola inclinou a cabeça.
— Perdoe a moça — Dhoran interveio. — Estamos acostumados com o calor, então é difícil perceber.
Provavelmente, isso significava que eram fracos contra o frio. Olhei ao redor, mas ninguém parecia incomodado com a temperatura.
— Bom, tudo bem então. Só não se esqueçam de se manter hidratados. Agora, sobre nosso ritmo. A essa altura, acho que cinco andares por dia será o nosso limite, mas mesmo um por dia já seria suficiente. Alguma objeção?
Ninguém se manifestou.
— Deixem qualquer equipamento que precisar de manutenção com Dhoran ou Pola. Quero que discutam as formações com suas equipes.
— Entendido!
Nos dispersamos, e eu segui com minha rotina habitual de prática mágica, relembrando meu primeiro labirinto. Aqui, havíamos avançado quarenta andares em apenas dois dias — mais de cem vezes mais rápido do que levei para percorrer a mesma distância sozinho.
— As coisas estão indo bem, mas deve ser sorte. Não posso contar com isso por muito mais tempo.
Terminei o dia com uma prece por segurança aos deuses, aos ancestrais e a Monsieur Sorte, por via das dúvidas.
O andar quarenta e um não era nada do que esperávamos. Para começar, a temperatura caiu, então foi uma boa coisa que não gastamos pedras mágicas alterando os equipamentos como eu queria. Deixei um estoque com os anões, caso precisassem, mas agora eles tinham um extra para os golems.
A equipe de Kefin assumiu o lugar de Lionel e Ketty na minha escolta, o que me deu a chance de perguntar algo que estava na minha mente.
— Lembra quando você sumiu na Guilda dos Aventureiros? Naquele dia, você parecia completamente diferente. Como fez isso?
Como eu não ficaria curioso? Parecia coisa de ninjutsu ou algo assim. Direto de um mangá.
— Se chama... é... ninjutsu, eu acho? — ele respondeu.
Então era mesmo ninjutsu? Isso cheirava a outro caso de reencarnação para mim.
— Você acha? Esse é o nome da habilidade?
— Sim. Um humano apareceu na cidade um tempo atrás, um moleque de rua sem um tostão, e ele tinha umas habilidades muito estranhas. Conseguia se mover sem fazer barulho, fazer você ver coisas que não estavam lá e até parecer de uma raça completamente diferente.
Huh, o nível de habilidade dele devia ser realmente alto.
— Um cara assim é bem útil para o nosso estilo de vida, se é que me entende. Então contratamos ele, e ele nos ensinou muita coisa enquanto esteve conosco. Antes de morrer, quero dizer. Neste labirinto.
— Ele o quê?
— Já falei dos "varredores", lembra? Há alguns andares. Acho que foram aqueles desgraç... quer dizer, eles. Acho que foram eles.
— Espera, você não sabe com certeza, né? Se os cadáveres não ficam nos labirintos, como pode ter certeza? Ele pode estar vivo!
— Ele se foi. Ele e todos os que estavam com ele. Só dois conseguiram voltar, mas morreram no dia seguinte. As últimas palavras deles foram uma acusação. Aqueles maldit... eles o assassinaram.
Meu coração disparou. Mas por quê? Que prova eu tinha de que ele era um reencarnado? E quem eu achava que era? O protetor dele? Esse completo desconhecido de repente virou meu mundo de cabeça para baixo.
— Quanto tempo faz isso? E qual era o nome dele?
— Uns dois anos. Ele tinha mais ou menos a sua idade. E se chamava Hatori, mas vai saber se era verdade.
Não sei o que esperava descobrir insistindo nisso. Não adiantava nada.
— Voltando àquela habilidade. Você acha que eu conseguiria usá-la também?
— Claro. Não me importo em te ensinar. Só tem uma coisa que eu quero em troca. E, sim, eu sei, sou um escravo pedindo favores, mas me escuta... er, por favor.
— Relaxa, eu vou ouvir! E se segura aí! Preciso que você fique atento aqui em cima.
— Desculpa. Eu só... — Ele abaixou a cabeça de novo. — Eu quero que você me leve com você quando for embora. Nem precisa me libertar. Não tenho problema nenhum em continuar sendo um escravo.
Agora eu entendi por que ele estava se esforçando tanto para falar de um jeito mais educado o tempo todo.
— Ainda falta um bom tempo pra isso, mas acho que posso pensar no assunto.
As orelhas de Kefin se ergueram... ansiedade? Felicidade? Eu não falava “orelhês”, mas ele parecia mais motivado do que nunca.
O golem da Pola segurava os dois ursos flamejantes, um em cada braço gigante, enquanto sete escravos enfrentavam habilidosamente o tigre dente-de-sabre em chamas. Houve alguns ferimentos no processo, mas no fim, saímos vitoriosos. A beleza cômica da Pola derrotando os ursos com um abraço de urso literal não passou despercebida e dizia muito sobre o senso de humor dela.
— Bom ver que vocês não estão tendo muitos problemas por aqui — eu disse, conjurando Área Cura Média e, em seguida, outra Área Barreira para renovar a anterior.
Kefin me lançou um olhar complicado.
— Estamos nos virando.
Entreguei as gemas dos dois ursos para Pola e guardei a do tigre na minha bolsa. Continuamos avançando pelo layout vasto e complicado, cruzando bifurcações e corredores tortuosos até que nossa exploração de duas horas daquele andar finalmente chegou ao fim.
— Como estão as coisas? Continuamos? — perguntei aos times reunidos.
Kefin, Ketty e Lionel concordaram que ainda podíamos continuar antes de encerrar o dia. Os outros dois grupos tinham apenas alguns arranhões e queimaduras leves, então seguimos para o próximo andar. E lá, finalmente encontramos nosso primeiro baú do tesouro.
— Adivinha, chefe! — Ketty gritou quando nos reunimos de novo. — Achei um tesouro! Você tem que abrir!
— Por que eu?
— O que vem no baú depende de quem abre — Verdel respondeu. — Depois que as armadilhas são desativadas, é tudo questão de sorte.
— Interessante. Vamos dar uma olhada quando o time do Lionel chegar.
Esperamos só uns dez minutos antes de irmos ver a descoberta de Ketty. O que encontramos foi... algo. Meu Deus, era algo.
— O que é isso?
Segurei um orbe escarlate opaco. Tentei lançar Purificação nele, despejar magia, erguer contra a luz, mas seu verdadeiro propósito continuava um mistério. Os anões ficaram lá, só encarando de olhos arregalados. No fim, desisti e joguei na bolsa.
— Pena que não era um grimório ou equipamento. Vamos fazer um almoço antecipado.
Montamos acampamento e fizemos uma pausa. Durante a refeição, perguntei a Dhoran e Pola sobre o orbe, e mal consegui conter minha empolgação com a resposta deles.
— Sério?!
— Ah, sim — Dhoran assentiu. — Mas vamos precisar de muito mais do que isso pra botar ela no ar. Uma montanha de gemas maior do que a guilda já usou e alguns dos minérios mais raros que você poderia ter a sorte de encontrar.
— Ah, eu imagino. Estou totalmente disposto a pagar o quanto for necessário por um dirigível. Tá brincando comigo?
Eu estava sorrindo tanto que quase doía. Aquele orbe inútil? Sim, ele era lendário. Literalmente. Só se ouvia falar dele em contos, e, em teoria, seus poderes de voo funcionariam perfeitamente como o coração de um potencial dirigível. Eu estava pegando fogo de animação renovada, mas mantive o foco no nosso objetivo atual: encontrar Goldhus.
Não encontramos ninguém nos dois andares seguintes.
— Isso é preocupante — Lionel murmurou.
— Por quê? As coisas estão ficando difíceis? São os monstros?
Ele balançou a cabeça.
— Nenhum dos dois. Eu estava considerando o pior cenário possível. Espero que estejamos certos e que eles estejam na trilha de Shahza, mas se algo aconteceu com eles...
— Por que acha isso?
— Nosso ritmo está estranho. Rápido demais. Pelo que sabemos, ninguém mais pisou além do quadragésimo andar, mas não tivemos quase nenhuma dificuldade. E não encontramos sinal de Shahza. Duvido que o grupo dele tenha conseguido fugir de nós tão rápido.
— Você acha que ele está nos guiando pelo nariz? É possível que ele nem esteja aqui?
— Não. Nosso ritmo seria ainda mais preocupante se não estivéssemos seguindo o rastro de outra pessoa. Também havia marcas de ferraduras na entrada quando chegamos, e Goldhus me disse que não podiam ser de aventureiros. Shahza deve estar aqui.
— Devemos voltar para o quadragésimo andar? Não deve levar mais de uma hora, e vamos pensar melhor depois de descansar em um lugar que não esteja lotado de monstros.
Goldhus poderia estar nos esperando, precisando da nossa ajuda, mas eu precisava priorizar com base na situação atual. Não dava para colocar nossas vidas em uma balança com as deles e decidir qual era mais valiosa.
Ninguém contestou, então voltamos em relativo silêncio para a sala do chefe anterior, onde montamos acampamento e nos preparamos para o dia seguinte.
Outra manhã cedo. Me enchia de emoção ver todos tão dispostos a sair e ajudar os aventureiros.
— Vamos direto para o quadragésimo quinto andar como um grupo. Ninguém baixe a guarda!
— Entendido!
Refizemos nosso caminho até onde havíamos parado no dia anterior, mas não encontramos ninguém no caminho. Nem nos três andares seguintes. O time de Goldhus continuava desaparecido.
— Esse bracelete foi tudo que conseguimos...
Descobrimos nosso segundo baú no quadragésimo sétimo andar e encontramos um bracelete de natureza desconhecida dentro dele, mas ninguém tinha a habilidade certa para avaliá-lo, então suas propriedades eram um mistério. E da última vez que verifiquei, o custo de SP para obter essa habilidade era uns bons cem pontos. Então, nem pensar. Ele foi direto para a bolsa mágica.
— O que vocês acham? Continuamos ou reiniciamos amanhã?
— O nível de exaustão parece mínimo — Lionel respondeu.
— Nem estou com fome ainda — Ketty acrescentou.
— Nós poderíamos correr por dias sem dormir, se fosse necessário — disse Kefin. — Não que eu ache que devamos enfrentar o grandalhão no andar cinquenta logo de cara, mas estamos bem até lá.
— Certo, vamos continuar. Como sempre, segurança em primeiro lugar.
Seguimos para o andar quarenta e oito, onde finalmente tivemos contato. Isso aconteceu bem no final do andar, quando já estávamos quase nos conformando em sair de mãos vazias de novo.
— Tem alguém ali! — Kefin gritou, apontando para uma horda de monstros. Forcei os olhos e consegui enxergar a silhueta de uma pessoa. Mas algo me dizia para parar.
— Espera!
Kefin me lançou um olhar irritado. — Por quê?!
— Olha! Esses monstros não estão normais. Está vendo a coloração? Eles não são do tipo que encontramos até agora. E parece que estão brincando. Tem algo estranho acontecendo.
O silêncio caiu enquanto todos observavam a cena e assimilavam o que eu estava dizendo.
— Ainda é cedo para dizer se são amigos ou inimigos, então vamos esperar os outros chegarem.
Por uns vinte minutos, ficamos observando de longe enquanto a figura brincava com as feras.
Lionel chegou primeiro. — Estranho. Quase místico.
Depois Ketty: — Entendi o que você quis dizer. Eu provavelmente teria corrido para lá também.
— Fiquem atentos, pessoal.
Lancei uma Barreira de Área e começamos a nos aproximar... aos poucos... até que...
— Senhor Curandeiro?
Sheila surgiu do meio da multidão de monstros.

— Espera, Sheila?!
— Você não veio até aqui sozinha, veio?
Não tínhamos visto nenhum sinal dela ou de seu pai em todo o caminho até ali. Nem mesmo no acampamento base do andar trinta.
— Nãão, eu estava com o meu papai, mas então um monte de gente apareceu e ele me mandou me esconder.
Eu não gostei do presságio que senti nesse momento. Por que Orga estaria cooperando com Shahza? A menos que sua filha tivesse sido usada como refém.
— Você quer vir com a gente? Vamos ajudar você a encontrá-lo.
— Sério? Vocês vão?
— Bom, não podemos te deixar aqui. Quem são esses monstros com você? São seus amigos?
— Sim! — Ela sorriu. — Papai encontrou eles para mim quando eu era pequena, já que eu não conseguia falar.
Eu não me lembrava de tê-los visto quando ela e seu pai foram para a Cidade Santa... ou quando nos encontraram na fronteira, aliás.
— Acho que nunca os vi antes.
— Eu tive que deixá-los em casa da última vez. Papai disse que havia pessoas más na Igreja que não iam gostar dos meus amigos.
— Ah, entendi. Seus amigos gostam da gente? Eles não vão machucar ninguém, vão?
— Não! Espera só.
Ela se virou para os monstros e começou a fazer todo tipo de gestos, então voltou para nós com um olhar satisfeito.
— Pronto! Agora eles sabem!
— É mesmo? Valeu por isso. E há quanto tempo você está aqui?
— Não faz muito. Mas algumas pessoas foram más com o Kap, então se machucaram.
Sério? Claro que sim. Quem, em sã consciência, assumiria que essas criaturas eram domesticadas? Já deu para ver que isso ia dar uma grande dor de cabeça.
— Onde essas pessoas estão agora?
— Dormindo naquela sala ali. Os outros foram atrás do papai.
— Espere aqui, tudo bem? Eu prometo que eles não são maus, então vou fazer com que peçam desculpas.
Ela fez um biquinho por um instante e depois bufou:
— Tá bom. Mas só se pedirem desculpas. O Kap merece um pedido de desculpas.
— Prometo.
Na sala ao lado, havia seis aventureiros quase pulverizados, agarrando-se à vida por um fio. O leve subir e descer de seus peitos era o único sinal de que ainda estavam vivos. Eu os curei rapidamente e esperei que acordassem.
— Graças a Deus — suspirei. Se esses caras tivessem morrido, as coisas não ficariam boas para Sheila. — Se ninguém pode provar crimes dentro de um labirinto, isso significa que eles não existem aqui? Ou seriam os aventureiros os culpados por atacar as feras de uma domadora?
Ninguém respondeu ao meu monólogo. Os aventureiros despertaram logo depois, então expliquei a situação e os informei da necessidade de se desculparem.
— Por que o seu time não esperou por nós? — perguntei.
— Então... quando chegamos ao quadragésimo andar...
Resumindo, a sala do chefe estava selada, o que significava que Shahza já estava em batalha quando chegaram. Eles o alcançaram por volta do quadragésimo segundo andar, foram despistados e então o perderam de vista no próximo andar, decidindo descansar um pouco. Os monstros cada vez mais poderosos os atrasaram mais do que imaginavam.
— Nós só estávamos segurando a equipe, então dissemos ao mestre da guilda para seguir sem nós. Mas aí vimos a garota sendo atacada.
Ainda bem que eu não deixei Kefin avançar correndo, ou teríamos sido o segundo ato dessa mesma peça.
— Certo, bem, agora todos estão seguros. Vamos nos reagrupar.
— Obrigado.
Os aventureiros inclinaram a cabeça, depois se curvaram novamente para os monstros de Sheila quando nos reunimos aos outros. Foi um pouco surreal, para ser honesto. A própria Sheila também pediu desculpas depois de ouvir a história dos aventureiros.
Com nossos sete novos membros, continuamos pelo resto do andar, depois enfrentamos o quadragésimo nono, até chegarmos ao quinquagésimo.
— Eu não vejo o papai.
— Eles devem estar por aqui em algum lugar.
Mas entrar direto na sala do chefe desse jeito provavelmente não era uma boa ideia.
— Vamos fazer uma pausa, pessoal. Não vamos conseguir nos concentrar de estômago vazio.
Sheila e os aventureiros se animaram imediatamente. Especialmente Sheila, que devia estar faminta, já que passou o dia todo sem comer. Seu pobre corpo em crescimento não podia esperar eu cozinhar, então tirei as sobras da última vez.
— Olha só essa — disse um aventureiro. — O inimigo que nos espera na sala principal deste andar é aparentemente diferente de tudo o que enfrentamos antes. Dá para acreditar? Me faz querer ir para casa.
— Sério? — nosso maníaco por batalhas comentou. — A perspectiva de testar sua força não te empolga?
— Nosso lema, se bem se lembra, Lionel, é segurança em primeiro lugar — eu disse. — O melhor cenário é não precisarmos testar a força de ninguém contra coisa alguma. Não se esqueça disso.
Algumas respostas dispersas vieram, então era hora de seguir em frente. Mantivemos a calma e examinamos a área como sempre, preenchendo nosso mapa no nosso próprio ritmo. Quando terminamos, encontramos mais um baú do tesouro, mas não havia tempo para comemorar. Todos podíamos ouvir o som de uma batalha ecoando da sala do chefe.
— Só resta um lugar para procurar, mas... eu realmente não quero lutar contra aquela coisa.
A porta estava escorada por dois grandes troncos de madeira. Lá dentro, Shahza e seus homens estavam enfrentando Goldhus e seu grupo, com um temível dragão vermelho completando o triângulo mortal. O dragão cuspia chamas e golpeava com a cauda, se debatendo e cerrando os dentes em um espetáculo hipnotizante de puro poder bruto que me tirou o fôlego. Eu tinha certeza de que Lionel estava louco para enfrentá-lo, mas não podíamos avançar às cegas.
Pelo que parecia, ainda não havia baixas. Devem ter começado a lutar há pouco tempo. Mesmo assim, quanto antes entrássemos para salvá-los, melhor. Eu sabia disso, mas meu corpo parecia feito de chumbo, paralisado pela hesitação. Flechas ricocheteavam nas escamas rochosas do dragão, enquanto seus inúmeros ataques de longo alcance anulavam qualquer tentativa de combate corpo a corpo.
Se o tivéssemos colocado contra nosso golem, teria sido um espetáculo tão absurdo que deixaria no chinelo os filmes exagerados de kaiju ou os programas super sentai de sábado de manhã.
— Lionel — perguntei —, quão confiante você está em lidar com os ataques dessa coisa?
Ele franziu a testa. — Não muito. Com certeza eu não ficaria de pé.
— Ketty, você conseguiria desviar? Acertar alguns golpes aqui e ali?
— Talvez — respondeu ela calmamente. Seu jeito fofo e felino havia desaparecido. — Mas eu não cortaria muito fundo com esta espada.
— Dhoran? Pola? Vocês conseguem fazer um golem grande o bastante para fazer alguma coisa?
Dhoran cruzou os braços. — O melhor que conseguiríamos seria segurar a criatura, mas mesmo assim...
— Ele ficaria sem magia em trinta segundos — completou Pola, tocando seu bracelete. — E desmoronaria antes disso se levasse muito dano.
Eu queria correr. Queria dar meia-volta e voltar para casa desesperadamente. Mas Sheila estava assustada, tremendo enquanto se agarrava à minha túnica, e eu não tinha coragem de afastá-la. Seus olhos estavam fixos no pai, que se posicionava entre Shahza e o dragão. Ninguém naquela sala estava equipado para lidar com uma ameaça dessa magnitude, e a situação só piorava a cada segundo.
Por que eu não estava correndo? Não era isso que eu sempre dizia a mim mesmo que faria? Era por causa da garota ao meu lado, que precisava desesperadamente de um herói?
Não. Eu simplesmente não tinha vontade de assistir a uma vida se esvaindo diante de mim. Um turbilhão de dissonância cognitiva dilacerava minha mente. Ideais se chocavam, e eu fiquei ali, sem escolher nenhum caminho.
Corra, seu idiota!
Salve-os, seu covarde!
— Não!
O grito da garota me arrancou do pântano dos meus pensamentos a tempo de ver a cauda do dragão varrer a sala, atingindo todos os seguidores de Shahza, incluindo Orga. Shahza aproveitou a chance e saltou em direção aos olhos da fera, mas o dragão foi mais rápido. Sua mandíbula poderosa se fechou sobre o corpo do homem-tigre, as presas rasgando carne, antes de arremessá-lo como um boneco macabro.
De repente, uma voz que parecia muito com a minha começou a gritar ordens.
— Salvem os feridos e recuem! Não enfrentem esse dragão! Vamos sair todos daqui vivos! Isso é uma ordem!
— Entendido!
Você é um idiota, pensei. Mas parecia que eu era o único a achar isso. Não houve objeções nem lamentações, apenas as mesmas respostas determinadas de sempre.
Lancei Barreira de Área em todos nós e avançamos para a câmara gigantesca. Ela era muito maior que as outras, um círculo com cerca de cem metros de diâmetro, parecendo ter sido construída especificamente para abrigar o dragão. Me lembrou os campos de treinamento da Guilda dos Aventureiros.
— Deus do destino, Crya, Curador Divino, ancestrais, por favor, protejam-nos.
Com uma última prece, a batalha começou de verdade.
A criatura era colossal, e cada centímetro de seu corpo era coberto por escamas mais duras que aço. Garras afiadas e presas brilhavam sob a luz. Todos os aspectos aterrorizantes do nosso oponente ficavam ainda mais evidentes de perto, mas, por algum motivo, eu não sentia medo.
Os escravos criminosos protegiam minhas costas enquanto eu corria até os homens-besta atingidos pela cauda da fera. Lancei diversos feitiços de cura e gritei rapidamente:
— Se querem viver, saiam daqui! Agora!
Eles me olharam, arregalando os olhos, mas concordaram prontamente e seguiram as direções dos escravos em direção à saída.
O dragão já estava incomodado com nossa chegada, mas agora que sua presa estava escapando, ficou furioso. Chamas vazavam de sua mandíbula, e um brilho vermelho anunciava uma torrente de fogo iminente. Então, o golem de Pola abafou as chamas com um chute voador no rosto da fera. Goldhus e sua equipe permaneceram firmes onde estavam.
— Corram! — gritei.
— Não! — o mestre da guilda rebateu. — Se não acabarmos com isso aqui, nunca nos livraremos desse labirinto!
Não havia tempo para discutir. Lancei outra Barreira de Área neles à distância, pelo pouco que adiantaria. O golem se desfez em terra depois de resistir a apenas um dos ataques do monstro.
Minha melhor aposta era recuar até a entrada e fornecer suporte à distância, então disparei em um sprint. O dragão rugiu e chicoteou a cauda, lançando a equipe de Goldhus para perto de mim, antes de recuar para nos engolir em um mar de chamas. No instante em que achei que viraríamos cinzas, Lionel interveio, plantou seu escudo e rebateu o ataque. O calor extremo derreteu o metal em instantes, e eu rapidamente lancei Cura Intermediária para aliviar sua dor ardente, mas o dragão pareceu notar e começou a me focar.
Ketty e Kefin entraram na luta enquanto eu recuava, mas foram varridos junto com Lionel, assim como os outros, quando a fera girou e atacou com a cauda. Eles foram arremessados até a entrada.
Então, restamos apenas eu, o cadáver de Shahza, um punhado de aventureiros ensanguentados e o dragão. Olhei para a porta e vi que Pola e Dhoran haviam chegado em segurança. Eles seguravam pedras mágicas e tentavam criar outro golem sem sucesso. Cada pequeno monte de terra que se erguia caía imediatamente de volta ao chão como poeira inútil.
Eles estavam em pânico. Isso era ruim.
Quinze metros até a porta. Quinze metros até o dragão. Eu estava bem dentro do alcance da cauda dele.
— Eu não vou morrer aqui. Vou lutar, me arrastar e fazer o que for preciso para sair vivo.
Transformei o Cajado da Ilusão em sua forma de espada e saquei a lança que obtive no final do Labirinto de Provas, encarando a fera.
— Armas concedidas por um dragão, feitas para um matador de dragões. Uma pena serem desperdiçadas em alguém como eu, mas isso não significa que pretendo desistir.
A magia girava dentro do meu corpo enquanto o Aprimoramento Físico atingia seu máximo. Então, esperei, recuando lentamente sem tirar os olhos do inimigo nem por um segundo. Eu estava pronto para enfiar a lança assim que a cauda viesse em minha direção.
Mas não era a cauda que eu devia estar observando. Em vez disso, um pé gigantesco despencou sobre mim, e tudo o que pude fazer foi me jogar para o lado. Eu não deveria ter conseguido escapar, mas o tremor que ressoou bem ao meu lado me disse que, de alguma forma, eu havia conseguido.
— Aproveitando essa pequena vantagem, balancei a Espada da Ilusão contra seu membro, rasgando escamas e carne. O sangue jorrou do ferimento, como se fosse um lembrete mórbido de que tudo aquilo era real demais.
— Acertei—
Então veio a cauda. Ela desceu sobre mim com um estrondo, esmagando meu corpo como se fosse uma folha de papel. Nunca fui atropelado por um caminhão na minha vida passada, mas imaginei que a sensação devia ser parecida.
Eu não podia acreditar que ainda estava vivo. Meu corpo estava paralisado. Não conseguia ver. Não conseguia ouvir. Não conseguia pensar. Meu único consolo era o rio de adrenalina mantendo a dor afastada. Foi apenas por puro instinto de sobrevivência que consegui conjurar silenciosamente um Cura Avançada. Meu corpo brilhou, e aos poucos minha visão voltou. Então veio o som.
A primeira coisa que ouvi foi o rugido sádico de vitória do dragão. A primeira coisa que vi foi sua boca cheia de dentes se aproximando cada vez mais do meu corpo imóvel. A entrada da câmara estava em chamas, e os corpos dos meus companheiros jaziam ao meu redor. Eles tentaram me salvar.
Me perguntei... Será que eu tinha orgulho dessa minha segunda chance na vida? Sim. Sim, acho que tinha. Acertar um golpe em um dragão. Me tornar um curandeiro de rank S. Fazer amigos e encontrar pessoas de quem cuidar. A Igreja não precisava mais de mim. Como se algum dia tivesse precisado.
Eu tinha conseguido aquela promoção... ou será que não? Será que já era hora de dar baixa? Será que vivi uma vida feliz? Nem cheguei a conhecer a cidade direito, e ainda tinha itens mágicos em produção. Será que ia passar duas vidas sem encontrar o amor?
Era assim que tudo terminava?
— Eu... não vou... morrer aqui!
No momento em que as mandíbulas do dragão começaram a se fechar sobre mim, convoquei um barril de Substância X e o arremessei direto em sua boca, usando cada gota restante de força de vontade para rolar para longe e conjurar uma Cura Extra.

Uma pontada horrível de dor percorreu meu corpo, mas apenas por um instante. Me forcei a ficar de pé enquanto o dragão se contorcia e se debatia feito um louco.
— Monstros realmente não gostam dessa coisa.
Me virei para curar meus companheiros, mas então senti o chão tremer, seguido por um estrondo baixo.
— Você só pode estar brincando.
Quando olhei na direção do barulho, vi o dragão. No chão. Espumando pela boca.
— Então eu podia simplesmente...
Peguei a Espada da Ilusão de onde ela havia caído, infundi com magia e cortei o pescoço da fera. O golpe foi limpo, mas seu pescoço era espesso. Com a ajuda de Reforço Físico, deslizei a lâmina de uma ponta à outra, e nossa vitória foi selada.
Um momento depois, o dragão desapareceu, deixando para trás apenas um grimório, uma gema carmesim e uma espada colossal cravada na pedra onde antes estava sua cabeça. Depois de guardar os itens na minha bolsa mágica, me apressei para tratar os feridos.
Lionel, Ketty e todos os outros me encaravam com descrença, mas ninguém estava mais chocado do que eu. Murmúrios começaram a se espalhar: "matador de dragões" pra cá, "flagelo imortal dos dragões" pra lá, com algumas palavras como "sagrado" jogadas no meio.
— Luciel, como você fez isso? — perguntou Lionel.
Ah, certo. Não era de se admirar que estivessem tão confusos.
— Então, eu fui esmagado pela cauda, né? Bom, tudo ficou escuro depois disso, e quando acordei, vi o dragão prestes a me finalizar. Naquele momento, pensei que era tudo ou nada, então joguei um barril de Substância X nele, e parece que ele não gostou muito. Depois foi só decepar a cabeça enquanto estava inconsciente.
Lionel deu um passo para trás.
— Isso é incrível!
Enquanto isso, Ketty e os outros homens-fera se encolheram de medo renovado da substância.
Goldhus se aproximou de mim.
— Você salvou nossas vidas. Sem você, não estaríamos aqui agora.
— É, provavelmente não. Digamos que vocês me deem um pouco de Substância X e ficamos quites por quase terem nos matado — respondi com um sorriso cínico.
O mestre da guilda caiu no chão e se prostrou.
— Enfim, quero saber por que diabos vocês estavam obedecendo cegamente tudo que Shahza dizia — disse, franzindo a testa. — Como ele convenceu vocês a arriscar a vida limpando um labirinto inteiro? Vocês deviam ter um pouco mais de respeito pela própria vida, ou os deuses que as deram podem acabar irritados.
Os homens-fera seguiram o exemplo de Goldhus e também se jogaram no chão. Todos de uma vez responderam:
— Sim, senhor! Mil desculpas, senhor!
Aquele outro reencarnado devia ter causado um impacto cultural e tanto. Onde foi que essas pessoas aprenderam a se prostrar desse jeito, como se estivessem num drama de época japonês?
Purifiquei a sala e voltei a curar os feridos. Pelo canto do olho, vi Goldhus se aproximar do corpo de Shahza, prestar seus respeitos e então recolhê-lo.
Quando tudo terminou, o cansaço me atingiu como um soco. Mas o problema era que ainda não tínhamos terminado — ou pelo menos, eu não tinha. Ainda havia mais uma coisa a fazer, então pedi aos outros que montassem guarda e tirei um merecido cochilo.
Tradução: Carpeado
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