Seija Musou | The Great Cleric
– Arco 05: Para Reviver a Guilda dos Curandeiros – Capítulo 05
[Todo Poderoso]
Nossa demonstração de cura havia sido um sucesso. Ganhamos o favor do Mestre da Guilda Goldhus, do Vice-Mestre da Guilda Jeiyas e de vários aventureiros. A partir de agora, até que as clínicas fossem estabelecidas, eles viriam diretamente à Guilda dos Curandeiros para qualquer necessidade de cura que não envolvesse doenças.
— Vocês foram frios, hein? — comentei. — Especialmente você, Britz. E você, Doughertis. Vocês são cavaleiros! Era para me protegerem!
Eles se mexeram desconfortavelmente.
— Desculpa — disse Britz. — Eu só... nunca tinha visto um dragonewt antes. E ele parecia amigável.
— O mesmo aqui — acrescentou Doughertis. — Ele é o mestre da guilda, então baixei a guarda.
Os dois piscavam e olhavam para todos os lados. Tinha algo que não estavam me contando.
Sorri de canto. — Uhum... tá bom. Agora me diz a verdade.
— Dragonewts, uh, são meio assustadores...
— Eu admiro como você ficou firme contra ele.
Ah, a doce verdade.
— Caso tenham esquecido, vocês fazem parte da minha guarda. E vocês dois, Lionel e Ketty, nem adianta insistir. Não vou levar nenhum de vocês para perto daquele labirinto, mesmo que essa tal clínica temporária aconteça. Podem tirar o cavalinho da chuva.
O sorriso deles sumiu na hora.
— Mestre, não precisa ser tão cruel...
— I-Isso aí! E se algo ruim acontecer, como hoje? A gente tem que estar lá para te proteger!
Eles tinham uma fixação doentia por batalha, então provavelmente não estavam mentindo, mas ainda escondiam alguma coisa. Meu instinto dizia isso.
— Falem logo. O que estão aprontando?
— Não vou inventar desculpas para meu fracasso hoje — confessou Lionel —, mas é verdade que meus sentidos enferrujaram e meus músculos atrofiaram mais do que eu imaginava. Se ao menos eu tivesse uma chance de recuperar o equilíbrio...
— Sempre quis explorar um labirinto desde que era um filhotinho!
Não sabia há quanto tempo Lionel estava sem lutar, mas a diferença entre sua força superior e inferior era bem visível. Não que eu tivesse a menor chance contra ele, mesmo assim. Talvez ele tivesse servido no exército e Ketty fosse sua subordinada. Fazia sentido que seus reflexos de batalha tivessem piorado, mas eu queria mesmo ser o tipo de pessoa que cedia a todos os desejos dos meus servos? Nem um pouco. Eu só queria ser eu.
— Trabalhem duro e talvez eu confie em vocês para mais responsabilidades. Vamos ver. Nunca se sabe o que pode acontecer no futuro.
— Entendido. Farei do treinamento dos outros escravos minha meta por enquanto — ele declarou.
Só não quebra eles, por favor.
— Espera só pra ver! — exclamou Ketty.
Eu não tinha ideia do que estava esperando, exatamente, mas ela parecia motivada, então, seja lá o que for.
Virei-me para Jord. — Por que você acha que Jeiyas não impediu imediatamente aqueles caras? Os que jogaram o pó negro.
— Não sei. Aquele cara podia ter matado muita gente, principalmente quando os outros apareceram do nada. Parecia mágica.
Para alguém que praticamente fez reféns, eu estava surpreso que ele não tivesse causado mais estrago. Tudo parecia muito bem planejado.
Continuei pensando nisso enquanto voltávamos para casa, até finalmente chegarmos à guilda. Alguns dos escravos criminosos faziam guarda na entrada.
— Bom trabalho, pessoal. Algo aconteceu?
Eles assentiram e um deles respondeu:
— Teve uma confusão por causa de um pequeno incêndio aqui perto e, no meio da bagunça, alguns homens tentaram invadir a guilda. Estão paralisados nas celas do subsolo agora.
— Como vocês os encontraram?
Trocaram olhares.
— Teve um barulho muito alto quando tentaram entrar.
— Parece coisa do Dhoran e da Pola. Eles comentaram algo sobre uma barreira. Estão nas celas, né? Quinto andar?
Eles assentiram de novo.
— O ataque foi em duas frentes, ao que parece — comentou Lionel.
— É... Vamos descer. Guardas, fiquem atentos.
Os escravos pareciam chocados, mas os ignorei e entrei. Para meu alívio, nada parecia fora do normal.
— Bom trabalho hoje — disse ao grupo. — Estão dispensados. Mas fiquem à vontade para ajudar no jantar. Lionel, Ketty, venham comigo.
— Como desejar.
— Pode deixar!
Descemos pelo elevador mágico, onde Piaza e oito escravos faziam guarda de sete homens atrás das grades.
— Valeu, Piaza.
— Sempre às ordens, mestre. Cerca de duas horas depois que vocês saíram para a Guilda dos Aventureiros, um pequeno incêndio começou. Vários de nós saíram para ajudar a apagar e essas pessoas tentaram usar a confusão para se infiltrar.
A história dele batia com a dos guardas lá de cima.
— E então eles foram paralisados de repente, e vocês jogaram eles aqui, certo?
— Isso mesmo, mestre. O anão está examinando os pertences deles agora.
Fiquei impressionado com o desempenho de Piaza, mas percebi que a escassez de pedras mágicas deixou Dhoran com mais tempo livre do que o esperado.
— Agradeço o relatório. Podem voltar aos seus postos. Cuidarei das coisas a partir daqui. Ketty, vá buscar Dhoran e Pola, por favor.
— Sim, mestre!
Piaza bateu continência. — Vamos, pessoal!
Ele com certeza os mantinha na linha, pensei enquanto observava o grupo sair. Ou talvez eu fosse mole demais. Em minha defesa, Lionel e os outros ainda não tinham tentado me matar.
Quando o último deles saiu do meu campo de visão, olhei para os prisioneiros e percebi algo.
Lionel riu. — Parece que nossos problemas acabaram.
— Nossa, você está animado.
— Eu? Ha! Só encontrei um novo objetivo. Preciso recuperar minha forma. Não decepcionarei você novamente.
Os homens nas celas eram os mesmos que nos confrontaram na Guilda dos Aventureiros. Me aproximei de um deles.
— Então, vieram até aqui só para nos poupar o trabalho de ir atrás de vocês.
O homem resmungou algo ininteligível. Pelo processo de eliminação, o brutamontes que eu havia identificado antes agora parecia bem menor, seu rosto nada parecido com o de antes. Suas habilidades de mudança de forma claramente iam além de troncos.
— Ah, certo, a paralisia. Acho que vamos deixar vocês assim por um tempo. O que acha, Lionel? Conseguimos alguma informação antes de entregá-los aos aventureiros?
— Normalmente, eu sugeriria fazer isso depois de escravizá-los, mas suspeito que muitos aqui prefeririam se matar antes de obedecer. Devemos ser cautelosos.
— Anotado.
Ketty desceu as escadas trazendo os anões com ela.
— Aí estão vocês — eu disse.
Eles não pareciam felizes. Devem ter se afastado a contragosto dos itens mágicos que confiscaram. Mas tenho que dar crédito quando é devido.
— Ótimo trabalho com a barreira, vocês dois. Como fizeram para que ela detectasse os invasores?
— Incrível, não é? — Dhoran se gabou. — Pola elaborou o mecanismo de choque defensivo, e eu ajustei o gatilho.
— Como, exatamente?
— Ódio e malícia. Se ativa para qualquer desgraçado rancoroso.
— E se a pessoa for rancorosa, mas não em relação à Guilda dos Curandeiros?
O silêncio foi ensurdecedor. Olhei para Pola e só piorou. Durou uma eternidade. Finalmente voltei meu olhar para Dhoran, mas ele desviou. Então olhei novamente para sua neta, que rapidamente se escondeu atrás do velho.
— Certo, se ninguém tem nada a dizer, sinto muito, mas terei que punir vocês. Nada de criação por uma semana.
— Agora, chefe, não seja tão duro! A gente conserta rapidinho, prometo!
— Chefe, você... está me maltratando?
Eles estavam desesperados, mas eu me mantive firme.
— Nunca tratarei nenhum de vocês de forma desumana. Prometi isso. Mas espero que sejam honestos comigo sobre coisas que preciso saber. Juro que poderia levar vocês dois de volta para onde os encontrei. — Suspirei. — Tá bom, certo. Me contem tudo agora e não vou punir vocês.
— Bem, essas celas abafam magia e enfraquecem qualquer um lá dentro, a menos que a pessoa tenha resistência a silenciamento ou enfraquecimento.
Levei um dedo à testa e respirei fundo. Eu já deveria saber que nada criado por esse anão seria normal.
— Toda vez que fizerem algo novo, quero um relatório completo. Confio nas habilidades de vocês dois, mas ainda não confio totalmente em como as usam. Só quero que me ajudem a chegar lá.
— Ah, minhas desculpas — disse Dhoran.
— Eu me empolgo demais às vezes. Vou ter mais cuidado daqui pra frente.
— Ótimo. Foquem em consertar a barreira até a hora do jantar.
O anão assentiu. — Entendido.
Pola também assentiu, mas sem dizer uma palavra. Para o bem ou para o mal, ainda não tinham perdido o entusiasmo.
Depois que saíram, lancei Recuperação em um dos atacantes. Assim que se levantou, ele me encarou e cuspiu:
— Como você ainda está aqui, curandeiro? Seu teatrinho foi um fracasso! Eles deveriam ter te devorado vivo!
Aqueles agitadores deviam fazer parte do plano para atiçar as chamas. Não que importasse agora, mas fiz uma anotação mental para avisar a guilda depois.
— Foi mal, mas eu sou resistente demais, então o pozinho de vocês não funcionou. Nosso "teatro" saiu sem nenhum problema.
O homem estalou a língua e ficou em silêncio. Seus lábios ficariam bem apertados a partir de agora, então a verdadeira interrogação começava. Curei todos com Recuperação.
— Vamos tirar isso do caminho — eu disse. — Vocês tentaram me matar, então não tenho um pingo de pena de nenhum de vocês. Quero informações, e vocês podem fornecê-las quando quiserem, mas fiquem avisados: se não disserem nada, isso aqui vai ser o jantar de vocês.
Peguei vários barris e os arrastei para frente de cada cela, removendo as tampas. O cheiro característico da Substância X encheu a sala rapidamente.
— Eu sou um curandeiro. Não gosto de ver as pessoas se machucando. Mas isso aqui não machuca. Agora, se vocês não quiserem viver à base disso pelo resto da vida, melhor começarem a falar. A escolha é de vocês, claro.
Lionel e Ketty já tinham recuado até a escada do outro lado da sala. Eu não corria perigo imediato, mas poxa, gente, me deixaram sozinho nessa? Eu estava quase pensando em obrigar Lionel a tomar um gole disso mais tarde.
— Só para deixar registrado... — Peguei um copo e engoli o líquido de uma vez. — Como podem ver, isso não me incomoda nem um pouco. Posso esperar o dia inteiro. Falem e talvez eu leve vocês para a Guilda dos Aventureiros. Ainda é melhor do que ficar aqui.
Observei os rostos pálidos deles, tentando calcular quanto tempo resistiriam. Enquanto isso, pratiquei minha magia. Lionel ficou perto da escada, como um sinal de confiança, e o tempo foi passando até que eu perdi a noção.
Pegadinha. Os caras começaram a levantar bandeira branca quase que imediatamente.
— Eu realmente preciso da minha maldita máscara...
— Droga, pegaram meus óculos também.
— E minhas calças mágicas...
— Queria meu capacete.
Seja lá qual fosse o equipamento especial que os protegeria do cheiro, já era. Perdido para o duo infernal que não consegue manter as mãos longe de novos brinquedos para experimentar. Pelo menos agora eu sabia que precisava ser ainda mais cuidadoso com aqueles dois, graças ao sacrifício desse grupo.
— Ei, cadê meu sutiã mágico, Rank-S? — perguntou o primeiro homem (ou mulher?) que acordou. O líder do grupo definitivamente parecia... robusto para uma mulher.
— Você é uma garota?
— Vai se ferrar! Eu só... eu preciso dele! Isso me acalma!
Tá, tanto faz. Não julgo, mas também não faço ideia do que ele quis dizer com isso. Além disso, agora que eu tinha certeza de que era um homem, não precisava mais pegar leve.
— Acho que suas coisas estão com os dois anões que estavam aqui agora há pouco. Ou seja, não conte em recuperar nada. Eles não sabem se controlar, então é melhor aceitar a perda.
Proteções contra odores e status negativos deviam ser recursos comuns nos equipamentos por aqui. Os prisioneiros ficaram arrasados ao saber que perderam tudo, então era só questão de tempo até alguém abrir a boca.
— Se ninguém quiser falar, para mim tanto faz. Amanhã vocês viram escravos, depois eu nocauteio todo mundo com Substância X e levo para a Guilda dos Aventureiros. E não, não vou diluir nada.
As celas se encheram de xingamentos e insultos, mas, alguns minutos depois, um deles finalmente falou.
— Fomos contratados pela Guilda dos Doutores e pelo Representante Shahza.
Para falar a verdade, achei que levaria mais tempo. Até Lionel, assistindo de longe, parecia decepcionado. Os outros começaram a gritar para ele calar a boca quando me aproximei.
— Me diga o que sabe, e eu prometo me livrar desse barril. Juro que você não vai ter que engolir uma única gota dessa coisa. Mas se mentir para mim, vai ter que tomar um caneco em toda refeição. Concorda com esse contrato?
— S-Sim! Eu não vou mentir, eu juro! Só mantenha essa porcaria longe de mim!
— Dou minha palavra de que será tratado com humanidade. Pelo menos enquanto estiver aqui.
O homem relaxou com um suspiro.
— Nosso trabalho hoje era destruir o seu salão e fazer sua demonstração fracassar. A segurança estava muito rígida de manhã, mas quando um grupo de vocês foi até a Guilda dos Aventureiros, tivemos a chance que esperávamos. E, bem, você viu no que deu.
Ele estava sob contrato agora, então se escolhesse mentir, haveria alguma reação. Como nada aconteceu, eu guardei o barril de Substância X. De repente, gritos explodiram dos outros.
— Eu conto qualquer coisa se nunca mais tiver que ver esse barril!
— Aqui, Senhor Curandeiro! Eu tenho o que você precisa! Só se livra do meu também!
Nossa, era tão ruim assim? Para ser justo, meus sentidos já tinham sido destruídos por aquele primeiro gole.
— Aqui, que tal isso? Purificação!
Limpei a cela do primeiro homem que falou, e ele ficou perplexo por um instante.
— Que diabos? Cadê o cheiro? Sumiu completamente!
— Eu prometi tratar vocês com humanidade. — Sorri, e então todos começaram a fazer barulho de novo. — Certo, pessoal. Vou mover tudo para a cela do líder de vocês.
Depois de realocar todos os barris, escutei as histórias de cada um. Havia várias versões, mas nenhuma delas era mentira.
A Guilda dos Doutores havia contratado o grupo deles. Na verdade, pertenciam à mesma organização dos escravos que nos atacaram no nosso primeiro dia. Era uma organização pequena, e com todos os subordinados eliminados, os chefões tinham assumido a operação de hoje.
Aparentemente, Shahza causou um escândalo na Guilda dos Doutores ontem e gritou no ouvido do vice-mestre da guilda por terem mandado nos atacar sem consultá-lo. Shahza saiu de lá com ordens bem claras: o evento de hoje não podia ser um sucesso. E foi aí que esse grupo entrou na história.
Quando perguntei por que não simplesmente me mataram, disseram que as chances de eu ter medidas de segurança eram altas, e eles não tinham venenos capazes de burlar essas precauções e me matar instantaneamente. Além disso, minha escolta era rígida demais. Então, bolaram outra estratégia—baseada na visão comum de que curandeiros humanos discriminavam os homens-fera. Bastaria uma faísca para que a Guilda dos Curandeiros pegasse fogo. E essa faísca seria o pó inibidor de magia, que impediria nossa cura. Infelizmente para eles, não contavam com uma certa anomalia: eu.
Eu ainda não entendia por que Shahza queria tanto nos expulsar da cidade. Mas já o havíamos alertado uma vez, então ele certamente tinha algo nos esperando.
— Acho que entendi a situação, mas por que ele estava falando com o vice-mestre da guilda? Por que não com o próprio mestre?
— O mestre da guilda só se interessa por sua síntese. O vice-mestre cuida de praticamente todo o resto.
— Entendi. Mais uma pergunta: por que Shahza tem tanta influência lá? Sei que ele faz parte do conselho de Yenice, mas ainda assim, parece exagerado.
— Quem me dera saber.
Sem reação. Ele estava dizendo a verdade.
— Mais alguém? — Todos balançaram a cabeça. — Certo, então. Amanhã vocês irão para a Guilda dos Aventureiros, mas até lá, vão ser alimentados.
Peguei um pouco de curry e pão que sobraram da minha bolsa mágica, junto com alguns pratos, e comecei a distribuir as refeições. Sorrisos se espalharam, exceto pelo líder deles, ainda escondido atrás dos barris de Substância X, que ficou estranhamente quieto o tempo todo. Curioso, dei uma olhada nele e o encontrei espumando pela boca e se debatendo no chão. Pelo que pude perceber, ainda estava respirando, mas o que no mundo poderia tê-lo levado a tentar se matar? Ele não podia ter desmaiado só pelo cheiro... Provavelmente.
Rapidamente lancei Recuperação e Cura Avançada nele, depois peguei um pouco de água e joguei nele para trazê-lo de volta à consciência.
— Sério? Eu sou um curandeiro de Rank S. Você realmente achou que eu ia deixar você morrer tão fácil assim? E o mínimo que poderia fazer era algo de útil antes de tentar tirar sua própria vida.
Ele não disse nada. Eventualmente, Ketty desceu para nos chamar para o jantar.
— Com licença, quando foi que você saiu? E por que não disse nada antes de ir? — perguntei.
— Ah, sabe como é, eu só percebi que algo muito ruim ia acontecer! — As orelhas dela se levantaram de repente. — E eu estava certa! Que cheiro é esse?!
— Não se preocupe, você vai ter bastante tempo para se acostumar com ele enquanto Lionel e eu comemos lá em cima.
— O quê?! Você não faria isso com uma gatinha indefesa como eu, faria?! Ele não faria, não é, senhor?!
Ela se agarrou a Lionel em desespero, mas sem hesitar, ele respondeu:
— Sou um escravo. A palavra do meu mestre é absoluta.
— Você está se divertindo com isso!
— A justiça tem um gosto doce, sabia?
Ketty desmoronou enquanto eu guardava todos os barris e limpava o chão com Purificação.
— Pronto, melhor agora? Cuide deles, tá bom?
— Eu sabia que você tinha um coração, Chefe! Pode contar comigo!
Antes de sair, deixei um último comentário.
— Espero que sim. Eu odiaria ter que forçar um caneco em você também.
Ela imediatamente se colocou em posição de sentido e fez um estranho miado-saudação.

Isso aqui é bem útil, pensei, seguindo Lionel escada acima.
***
O curandeiro e seu guarda-costas desapareceram de vista.
— Ei, moça! — gritei. — Você é uma escrava, não é? Liberta a gente e te arranjamos um mercador de escravos que conhecemos! Ele pode te tirar daqui também!
Curandeiros nunca tratavam bem os escravos, e ainda pior quando se tratava de feras. As chances eram de que ela fosse apenas mais uma vítima do mesmo tipo de abuso.
Mas eu tinha calculado errado.
— É verdade, ser escrava não é uma vida satisfatória. Mas a vida é o que a gente faz dela. Se "escrava" é meu título, então que seja. Eu não desgosto particularmente da minha situação atual — respondeu ela.
— Você está se ouvindo? Você é uma escrava! — Essa mulher só podia estar maluca.
— Muito observador. Mas sou escrava só no nome. Tenho liberdade, como tão bem quanto meu mestre, tenho tempo livre e me deram um quarto para dormir. No que diz respeito à vida de escravo, poderia ser pior.
— "Poderia ser pior"?
Eu não sabia o que dizer. Escravos ferais eram descartáveis, ferramentas usadas até se tornarem inúteis, e todo mundo sabia disso. Ter comida já era sorte. Alguns só recebiam água. Mas essa tinha um quarto e uma cama. Era ridículo. Ela não era uma escrava. Pelo menos não no sentido tradicional.
— Quem... Quem é esse cara? O curandeiro.
— Meio covarde e um tanto ingênuo, mas um homem bom no fundo. Trata todos de forma igual e é incrivelmente talentoso, mas nunca usa isso para se colocar acima dos outros. Pessoalmente, acho que vale minha lealdade.
Eu não consegui dizer nada. Apenas um sussurro:
— Ah...
Queria ter encontrado alguém assim antes na vida, mas o destino era misterioso. E o nosso já estava selado. O mínimo que eu podia fazer era cooperar e usar o pouco tempo que me restava para mostrar a ele o melhor de nós, feras.
Tradução: Carpeado
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