Death March Kara Hajimaru Isekai Kyousoukyoku | Death March To The Parallel World Rhapsody Web Novel Online Capítulo 7-9 [Karina e o Pelotão de Empregadas]



 Os Deuses podem ser cruéis às vezes.

Mesmo após os soldados machos e fedorentos tendo finalmente desaparecido, e o ambiente ficando mais confortável, eu ainda precisava acompanhar a senhorita em sua jornada…

Sonhava em vestir novamente aquele lindo uniforme de empregada, mas, por ora, precisava suportar.

— Pina-san, Pina-san, Karina-sama foi embora! Não deveríamos impedi-la?

Minhas subordinadas me chamaram, interrompendo meus devaneios. No fim das contas, as outras criadas que acompanhavam a jovem senhorita comigo eram as encrenqueiras Taruna e Erina. Os Deuses podem ser realmente cruéis.

Deixei o lamento de lado e olhei na direção que o dedo de Erina apontava.

Meu rosto empalideceu.

A jovem senhorita estava espiando a beira de um penhasco já fazia algum tempo, e então, sem hesitação, lançou-se para baixo.

— S-senhorita!

Corri até a borda do penhasco em desespero, mas provavelmente já era tarde demais.

Ah, que incompetente eu era, incapaz até de impedir o suicídio da jovem senhorita.

Seria demitida do meu precioso trabalho. Talvez até rebaixada à condição de escrava. Considerando o quanto o barão mimava as suas filhas, ele poderia até decretar minha decapitação, tomado pela dor.

Que infortúnio...

— Pina-san, ao invés de se lamentar, não seria melhor olhar ali embaixo?

Contrariando sua aparência calma, a ousada Taruna apontou para a base do penhasco.

Será que a senhorita tinha apenas sofrido uma fratura e caído em algum lugar?

Reuni coragem e olhei para baixo. A jovem senhorita estava viva, exterminando bandidos com energia.

Meu pescoço estava salvo... de alguma forma.


◇◇◇


— Senhorita, por favor, não aja de forma tão imprudente...

— Ara, estou apenas protegendo o povo desses ladrões. É nosso dever, desuwa.

Como se quisesse abafar minha bronca, a senhorita impôs seus ideais. Ela realmente não escutava os outros. Para começo de conversa, estávamos no território do ducado; a jovem senhorita não tinha obrigação alguma com o povo daqui. Mas, mesmo quando eu apontava isso, ela dizia que era um detalhe irrelevante.

— Perdoe-me, Pina-dono. Pensei em detê-la, mas havia vidas em risco. Peço que feche os olhos para isso.

A voz masculina que intercedia pela jovem senhorita vinha de uma ferramenta mágica falante, o misterioso Raka-dono. Na verdade, desde que ela obteve aquele artefato mágico, qualquer controle sobre suas imprudências desaparecera por completo.

As pessoas que ela salvou eram comerciantes a caminho da cidade de Daregan. Os guardas deles tinham sido mortos pelos ladrões, mas os próprios comerciantes sofreram apenas ferimentos leves. Como ninguém estava morrendo, deixamos que cuidassem de si mesmos.

Enquanto isso, Taruna e Erina saqueavam os equipamentos dos ladrões inconscientes. Por mais irritante que fosse, decidi ajudá-las. O cheiro das armaduras de couro fazia meu nariz querer fechar, mas como podíamos vendê-las por algum dinheiro, nos apressamos em coletá-las antes de lidar com os criminosos. Infelizmente, as espadas e lanças de bronze estavam todas destruídas, pois a senhorita usou sua força sobre-humana para quebrá-las. Teria sido mais lucrativo se ela apenas tivesse cortado suas gargantas...

Após terminar de retirar os equipamentos, executei os ladrões, um por um. Aqueles homens tinham perdido o rumo e, provavelmente, já estavam preparados para morrer assim. Por compaixão, perfurei seus corações de uma vez, para que não sofressem.

Taruna e Erina também terminaram de lidar com os seus.

Voltamos ao comerciante, que parecia angustiado com o discurso heróico da jovem senhorita. Quando ele tentou oferecer uma recompensa, ela recusou com firmeza:

— Coisas como recompensas não são necessárias, desuwa.

Como não podia mais pedir uma gratificação, pedi que comprasse os equipamentos dos ladrões. Ele pagou acima do valor de mercado, provavelmente considerando isso como forma de agradecimento.

A pedido insistente do comerciante, decidimos escoltá-lo até a cidade de Daregan. Isso, claro, era um segredo da jovem senhorita. Achei o trabalho de escolta atrativo, pois com isso, não precisaríamos alugar um celeiro para todos, menos para ela, quando nos hospedássemos na cidade.

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A verba de viagem dada por Nina-sama mal cobria a ida e volta até Daregan. Dado o estado precário das finanças no território do barão, ela não podia nos dar mais. Se a governanta não tivesse nos presenteado secretamente com uma moeda de prata, teríamos sido forçadas a caçar pelo caminho.

Naquela noite, fomos servidas com uma refeição preparada pela escrava do comerciante. Era apenas mingau de cereais, com 30% de farelo misturado. Ele claramente não era um mercador muito próspero. A jovem senhorita comentou:

— Que textura estranha...

Ainda assim, acho admirável o fato de ela comer a refeição, mesmo sendo ruim. Desde pequena, foi educada a viver de forma... econômica, mesmo sendo de uma casa nobre.

Eu mal podia esperar para chegar à cidade de Daregan e saborear os famosos pratos de peixe com entusiasmo.


◇◇◇



— Então, senhorita, está realmente tudo bem não cumprimentar o vice-rei?

— Não tem problema. Nem tenho um vestido adequado para uma audiência, certo? Ou pretende mandar costurar um?

As palavras da jovem senhorita eram razoáveis. Mesmo que suas roupas estivessem bem ajustadas, tratava-se de um traje militar, não algo que uma dama costumasse usar. Mal estávamos conseguindo pagar as diárias da hospedaria, sem chance de termos dinheiro para mandar fazer um vestido.

— Pina-san, já conseguimos uma pousada, então vamos comer peixe bem rapidinho~.

A sugestão era típica da gulosa Erina. Contudo, primeiro precisávamos cuidar das roupas da jovem senhorita e como ela ainda não havia conseguido tomar banho até então, comecei a limpar a poeira acumulada em seu corpo.

— Taruna, vá pedir à responsável da estalagem que traga água quente. Erina, vá ao porto e pergunte se alguém viu alguém parecido com o chevalier-sama. Taruna, depois que terminar com a água quente, vá até o mercado e busque informações também.

Dei tarefas às duas, mesmo com a relutância delas. Ainda faltava um tempo até o entardecer, então pretendia fazê-las trabalhar até lá.

Recebi a água quente da responsável da hospedaria e despertei a jovem senhorita, que já começava a cochilar sobre a cama. Tirei as últimas peças de roupa que ela ainda vestia e limpei seu corpo com um pano limpo embebido na água quente. Por mais vezes que eu visse, os seios dela eram absurdamente grandes. Como meu corpo era completamente reto, às vezes eu sentia uma pontada de inveja.

— Ahh, agora sim, estou me sentindo renovada, desuwa.

A jovem senhorita caiu sobre a cama, murmurando com satisfação. Provavelmente estava exausta por causa de sua primeira longa viagem.

Ela adormeceu daquele jeito, sem nem sequer vestir um fio de roupa. Vesti nela roupas de baixo e uma camisola, tomando o máximo de cuidado para não acordá-la e, em seguida, lavei a roupa suja até as duas retornarem.


◇◇◇



Por mais que me sentisse mal em dizer isso, como esperado, as duas não conseguiram nenhuma pista sobre o chevalier-sama. Se continuássemos sem descobrir nada até o fim do dia seguinte, talvez fosse melhor contar com o apoio de Toruma-sama e seguir para a casa do visconde Shiimen na capital do ducado.

— Yay, peixe~♪

— Não é algo que se costuma comer em Muno, né?

O salão da hospedaria no térreo estava bem movimentado. Como nossa bolsa havia ficado mais recheada graças à recompensa pelo trabalho de escolta, pedimos o famoso prato de peixe da região. As duas estavam radiantes de felicidade, mas eu, que não me dava bem com espinhas de peixe, não conseguia compartilhar da mesma empolgação. O prato finalmente chegou e separei os pedaços de carne branca sem espinhas, colocando-o em outro prato, e ofereci à jovem senhorita. Isso deveria ser tarefa das outras duas, mas se deixasse nas mãos da impulsiva Erina ou da distraída Taruna, a jovem senhorita acabaria engasgando.

— Ohh, o sal está no ponto certo, está delicioso desuwa. Isto é arroz? Essa textura estranha combina perfeitamente com o peixe.

Fiquei feliz em saber que agradava o paladar dela. O alimento básico desta cidade era um cereal chamado arroz. Diferente do pão, parecia difícil de preparar, mas era mais encorpado. Agora que pensava nisso, lembrava-me daquele mingau de arroz que o chevalier-sama havia preparado durante meu turno de vigia noturna. O mingau parecia ter sido feito apenas com arroz, água e sal, mas seu sabor profundo não parecia algo tão simples.

Queria comer aquilo novamente.

Erina puxou minha manga enquanto eu me perdia nos pensamentos.

— Pina-san, deixa suas fantasias de lado um pouco e presta atenção na conversa das mercenárias ali atrás.

Erina cochichou algo grosseiro.

Precisaria aplicar alguma punição depois.

Ela estava falando de um grupo com três garotas. A roupa de uma delas estava bastante surrada, havendo remendos nos ombros e nas costas. O que teria enfrentado para deixá-las daquele jeito? Ou melhor, era um alívio que ainda estivesse viva depois de passar por algo que rasgasse suas roupas assim. Nesse momento, uma mercenária veterana, aparentemente conhecida delas, aproximou-se.

— Ei, não é raro ver vocês comendo em um lugar desses?

— Nee-san, me desculpa por não ter entrado em contato. A gente conseguiu um dinheirinho exterminando lobos, então pensei em comer algo decente uma vez na vida.

— É mesmo. Os bandos de lobos têm crescido ultimamente. Mas não se atrevam a persegui-los floresta adentro, entenderam?

O que Erina queria que eu escutasse?
Pelo visto, a veterana tocou num ponto sensível. As três garotas ficaram em silêncio após suas palavras.

— Ah, Nee-san, teria sido bom receber esse conselho um pouco antes.

— Como assim? Vocês enfrentaram um bando grande?

— Sim. Fomos perseguidas por trinta lobos na floresta. Achei que fosse morrer.

— E como escaparam disso sem um arranhão sequer?

— Ah, não acredita, né?

— Me feri tanto que minhas roupas ficaram em farrapos!

Então aqueles rasgos foram causados por lobos...

— Ei, ei, até a mentira tem limite, sabia? Se você tivesse levado ferimentos que rasgassem a roupa desse jeito, estaria morta agora.

— Hehee, foi por causa de uma poção mágica! Alguém me deu um. Tenho certeza de que se apaixonou por mim! Ele é bonito também, será que devo mirar num casamento~?

— Poção mágica, é? Tem ideia de quantas moedas de ouro vale um que cura até cicatrizes? Se você fosse uma beldade única no mundo, até entenderia. Mas não há quem seja tão bonzinho a ponto de salvar uma garota comum assim.

Entendi. Conhecia um homem assim, bom de verdade.

Olhei para Erina, que também escutava a conversa. Nós duas assentimos com a cabeça. Provavelmente era o chevalier-sama. Ele já havia doado uma poção mágica caríssima para uma garota atropelada por uma carroça em Muno. Essa era uma evidência circunstancial bastante convincente.

— Mesmo que eu acredite no remédio mágico, como vocês escaparam dos lobos?

— Ah, isso foi graças às três garotas semi-humanas que acompanhavam o homem da poção. Elas derrotaram os lobos num piscar de olhos.

— Foram incríveis. Mesmo sendo apenas crianças, a dogkin e a catkin mataram os lobos com um único golpe.

— Mas a scalekin era fora de série. Com uma única estocada de sua lança negra de brilho avermelhado, ela derrotava vários de uma vez.

Estava decidido.

Não havia outra scalekin com uma lança mágica além de Liza-dono.

— Lança vermelha? Isso não é uma lança mágica?

Com as palavras da veterana, o clima do salão mudou.

— LANÇA MÁGICA, FOI ISSO QUE VOCÊ DISSE!?

Os que pareciam nobres viajantes, que também comiam o prato de peixe, se levantaram todos ao mesmo tempo. Eles e seus criados mudaram de expressão e começaram a pressionar as mercenárias por mais informações, mas a veterana assumiu o controle da situação e cobrou por aquilo.

Três grupos de senhores e servos pagaram pela informação, terminaram rapidamente suas refeições e saíram do salão com pressa.

O que estava acontecendo?

Ferramentas mágicas eram de fato raras, mas não tanto a ponto de causarem tamanha comoção.
Se fossem nobres, deveriam ter moedas de ouro aos montes. Talvez houvesse algum motivo maior por trás desse interesse por uma lança mágica.

Precisávamos alcançar o chevalier-sama antes que ele se envolvesse em algo problemático.

— Então, as onee-sans que estão escutando a gente faz tempo, querem comprar informação também?

Parece que fomos descobertas.

— As pessoas de quem vocês estão falando são conhecidas minhas. A usuária da lança mágica se chama Liza, não é?

— Sim, foi isso que ela disse.

— E os nomes das pequenas beastkins?

— Não eram Pochi e Tama? Pelo menos lembrem o nome de quem salvou vocês.

— Mas... o nome do mestre, nós não sabemos. Esqueci de perguntar.

Normalmente, alguém teria segundas intenções ao salvar pessoas assim. Isso era típico do chevalier-sama.

— Eu vou contar! Ele é vassalo do meu pai, chevalier Satou Pendragon, desuwa! Um mestre na espada e na magia!

Ah, Karina-sama… Se você disser isso com os olhos brilhando...

— Hee, então é o seu queridinho, né?

— Que bom~ Chevalier-sama, quer dizer que ele é um cavaleiro de verdade?

— Uwah~ Vou ter que desistir de casar com um ricaço, que desperdício~

Karina-sama respondeu, corando:

— N-Não! Eu não tenho esse tipo de relação com ele!

Ela realmente não entendia nada de amor, apesar da idade. Erina e Taruna também olhavam para a jovem senhorita com expressões ternas.

De acordo com as informações das garotas, o chevalier-sama havia estado ontem nos arredores da cidade Daregan, mas, ao invés de entrar nela, tomou a estrada em direção à cidade vizinha, Gugurian.

Seu instinto era afiado demais.

Parecia que o caminho do amor de Karina-sama seria espinhoso. Talvez o botão que florescesse no final fosse o de Erina, no fim das contas.

Amanhã, seguiríamos de barco para tentar nos adiantar. Se não o alcançássemos logo, não demoraria até termos que dormir no celeiro.

Acho que tenho o direito de sonhar com uma refeição caseira feita pelo chevalier-sama. Karaage, tempura, ebifurai (camarão empanado)... ah, são tantas opções. Crepe também seria bom. Mas, no fim, o que eu mais queria era comer aquele mingau de arroz, a sós mais uma vez…


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