Nageki no Bourei wa Intai shitai |
Let This Grieving Soul Retire
Volume 01 – História Paralela
[Um dia com Tino]




— O quê? Guarda-costas? — Tino arregalou os olhos.

Ela estava justamente se preparando para invadir um cofre do tesouro designado por sua mentora como parte de seu treinamento.

Seu amado mestre estava parado diante dela, exibindo um sorriso culpado. Esse era Krai Andrey, um caçador de um dos mais altos níveis da capital. Com o sol alto no céu, não havia mais ninguém no salão da guilda. Isso não era incomum. A maioria dos caçadores trabalhava durante o dia.

Krai vestia-se de maneira quase casual demais para sua profissão, sem qualquer equipamento de proteção. No entanto, ao observá-lo mais de perto, Tino percebeu que seu mestre carregava uma quantidade absurda de Relíquias. Não era segredo que praticamente tudo o que ele usava — a corrente no cinto, o colar de prata e os botões de punho — era uma Relíquia. Diziam até que esse hábito lhe rendeu o apelido de Mil Truques.

Enquanto Tino o encarava sem expressão, Krai evitava seu olhar.

— Pois é, só me deu vontade de passar na loja de Relíquias hoje. Eu ia chamar a Liz ou alguém, mas não encontrei ninguém, então... — Ele parou de falar e riu de maneira forçada.

— Eu te acompanho — disse Tino.

— Certo, eu sei que é um incômodo, mas acho que você pode aprender uma coisa ou outra olhando algumas Relíquias. Na verdade, você deveria pegar uma também. Já está na hora. Isso vai ser tão útil para você quanto para— Espera, sério?

— Aham.

Krai a observou surpreso enquanto Tino rapidamente guardava seus materiais de referência e se levantava. Preparar-se para sua missão de vida ou morte era essencial, mas um pedido de seu mestre tinha prioridade absoluta.

A única coisa que a incomodava era a palavra que ele escolheu: “guarda-costas”. Para ela, aquilo simplesmente não fazia sentido. Tino já havia recebido muitos elogios por sua habilidade, mas ainda era apenas uma caçadora de nível 4.

Ela olhou para seu mestre com um olhar estrategicamente inocente.

— Mas, mestre, eu sou apenas um grão de poeira comparado a você. Duvido que eu possa ser de alguma utilidade.

— “Grão de poeira” deve ser sua expressão favorita, Tino. Já ouvi você dizer isso mais vezes do que todo mundo junto.

Tino ainda se perguntava como poderia ser útil como guarda-costas sendo tão mais fraca que a pessoa a quem deveria proteger. Se Krai tivesse pedido ajuda à sua mentora, como era sua intenção inicial, faria um pouco mais de sentido. Sombra Partida, uma Ladina como Tino, superava sua pupila tanto na detecção de ameaças quanto no combate. Além disso, um guarda-costas era desnecessário dentro da segurança da capital.

Krai manteve seu sorriso habitual.

— Ah, vai dar tudo certo. Provavelmente não seremos atacados e, sabe, pense nisso como um encontro ou algo assim.

— Um e-encontro?! — Tino encarou Krai, chocada. Ela o idolatrava há anos. Pelo menos uma pequena parte dessa devoção era alimentada por sentimentos românticos. O problema era que sua mentora adorava Krai de todo o coração. Competir por sua atenção era impensável. Para Tino, Krai estava muito além de seu alcance. Ela podia contar que ele lhe daria atenção quando pedisse, mas não ousava pedir com frequência.

Tino não se importava que a loja de Relíquias não fosse o lugar mais romântico da cidade, nem que seu mestre arrastasse qualquer um que encontrasse para acompanhá-lo em seus passatempos. Ela até podia relevar o fato de estar em segundo plano em relação à sua mentora.

Tino analisou sua roupa: uma jaqueta de couro que sacrificava estilo por proteção, shorts otimizados para agilidade e botas de combate pretas com solado de aço. A grande adaga e o frasco de poção presos ao seu cinto completavam seu visual de caçadora de tesouros. Ela não estava mal vestida, mas seu traje era muito simples para um encontro. Na verdade, estava vestida para o campo de batalha — e um encontro era um tipo totalmente diferente de batalha para Tino. Como a única aprendiz de Liz Smart, Tino não podia se dar ao luxo de se envergonhar, mas também não podia se permitir perder.

— Eu vou me trocar — disse Tino, com uma expressão séria. Ela começou a se mover, mas Krai segurou seu braço.

— O quê?! Não, não precisa— Ei, Tino...

— Perdoe-me, mestre. Não posso ir assim! Talvez eu nunca seja estilosa o suficiente para estar ao seu lado, mas isso é uma questão de orgulho feminino!

— Não seja assim, Tino! Eu ficaria mal, então vamos só ir logo!

Quando Tino tentou escapar, Krai, sem piedade, lançou sua Corrente Perseguidora.

***

— Você é um homem cruel, cruel, mestre — resmungou Tino.

No fim, ela não teve permissão para trocar de roupa. Com a Corrente Perseguidora mantendo-a à mercê de Krai, não havia mais nada que pudesse fazer.

As ruas da capital estavam movimentadas como sempre. Tino caminhava ao lado de seu mestre sorridente, mantendo um nível apropriado de cautela. Enquanto andava, ela se perguntava se, para os transeuntes, ela e Krai pareciam estar em um encontro. Provavelmente não. No máximo, poderiam achá-los parceiros de caça. Se ao menos tivesse conseguido trocar de roupa, talvez tivesse alguma chance. Uma chance melhor do que tinha naquele momento, pelo menos. Tino não fez questão de esconder seu descontentamento.

Krai deu um tapinha no braço dela.

— Você não precisa ficar tão emburrada, Tino. Não se preocupe. Você já parece muito...

— Muito...? — repetiu Tino, esperando ansiosa.

Krai abriu um grande sorriso.

— Muito forte.

— Você deveria aprender a tratar melhor as garotas, mestre.

Forte? Eles não estavam em um encontro?

— Estou brincando, estou brincando. Aqui, se dermos as mãos, vai parecer mais que estamos em um encontro.

Seu mestre riu alto e estendeu a mão para ela. Tino decidiu aceitar essa tentativa de redenção e perdoá-lo por todas as suas indiscrições até então.

— Fico feliz que seja tão fácil de agradar, Tino. Boa garota.

Ele bagunçou o cabelo dela, fazendo-a derreter com o toque. Não importava que estivesse caindo direitinho na armadilha dele; aquilo parecia um encontro de verdade... mais ou menos.

— Mestre, me elogiar assim só vai te custar no máximo dez mil gild.

Era tudo o que ela tinha economizado até agora. Ser aprendiz exigia muitos gastos.

— Isso não me compra nem uma única relíquia — respondeu Krai, com uma expressão impassível. — Você é inútil, Tino.

— Você sabe que eu estava brincando, né, mestre? Né?

A dupla saiu da movimentada rua principal — um destino popular para casais — e entrou em um beco estreito. Krai conduziu Tino por um labirinto de vielas apertadas até pararem diante de uma loja de relíquias com um exterior discreto.

As esperanças de Tino de ter um encontro normal foram destruídas quando ela leu a placa acima da porta. Não era a primeira vez que seu mestre a arrastava para uma loja de relíquias. Na verdade, já haviam visitado aquela, a Magi’s Tale, diversas vezes. Aparentemente, a loja estava ali havia mais de cem anos e era considerada um tesouro escondido da capital.

Tino franziu a testa ao olhar para o sino desenhado na placa.

— Mestre, eu sou só um bilhete de entrada pra você?

— Aham.

— Estou tão triste que vou passar mal.

— Aham.

O mestre de Tino a ignorou completamente. Ela agarrou o braço dele, chocada, mas Krai nem pareceu notar enquanto entravam na loja.

O ar resfriado pelas relíquias refrescou o rosto de Tino. Em contraste com a fachada simples, o interior da loja era bem organizado. As prateleiras estavam repletas de relíquias, agrupadas conforme seus formatos.

Relíquias eram mais valiosas do que a maioria das joias. Um segurança armado ergueu uma sobrancelha ao ver Krai entrar casualmente com Tino agarrada a seu braço, mas logo retomou a expressão séria ao reconhecê-lo.

Tino sabia que seu mestre era um cliente regular da loja, tendo comprado pelo menos dez Relíquias ali — e isso era só o que ela sabia. Mesmo assim, os olhos dele brilhavam de empolgação ao ver a mercadoria. Ela suspeitava que ele já tivesse esquecido que estavam em um encontro.

— Tem pouca coisa — murmurou ele. — Acho que venho aqui com muita frequência. Algum anel de segurança novo? Nada.

— Pensei que você estivesse sem dinheiro, mestre.

As Relíquias eram recursos naturais e só chegavam às prateleiras de lojas como aquela porque caçadores as vendiam. Por isso, o estoque raramente mudava.

Eu adoraria um sorvete, mestre. Se não tem Relíquias novas, por que você não volta outro dia? O lanche é por minha conta.

Tino nunca disse essas palavras em voz alta. Por mais que gostasse da ideia de um encontro com seu mestre, ela não tinha muito interesse em Relíquias. Seu mentor avisara que ainda era cedo demais para ela usar um, e a maioria das Relíquias que encontrava, ela entregava a Krai. Por isso, era tão pobre. Mas havia outro motivo pelo qual Tino detestava estar ali.

Depois de examinar rapidamente as prateleiras, Krai suspirou e se dirigiu ao balcão vazio. Ele bateu a mão no balcão e gritou:

— Ei, Matthis! Trouxe a Tino! Tino tá aqui!

Um homem de sessenta ou setenta anos apareceu. Ele tinha a cabeça coberta de cabelos brancos e o rosto cheio de rugas. Matthis era o dono da Magi’s Tale — um mestre em sua profissão, que avaliava Relíquias havia cinco décadas. Seus olhos encontraram Krai, e o velho assumiu uma expressão teimosa. Ele estalou a língua.

— Você de novo.

— É assim que você cumprimenta um dos seus melhores clientes? — retrucou Krai.

No início, Tino achou a atitude de Matthis um absurdo, mas depois percebeu que esse era o jeito dele. Enquanto ela observava a cena, seu mestre a segurou pelos ombros e a empurrou em direção ao balcão.

Matthis era um comerciante habilidoso, com boas conexões e uma ampla seleção de mercadorias, mas não vendia para quem não aprovava. Muitos caçadores da capital evitavam a Magi’s Tale por esse motivo.

A expressão irritada de Matthis vacilou por um breve instante ao notar Tino. Por algum motivo, ele gostava dela.

— Viu? — proclamou Krai, em alto e bom som. — Trouxe a Tino. Me leva para os fundos ou nunca mais vai vê-la.

— Mestre, você só queria o meu corpo? — perguntou Tino, apenas meio brincando.

— Aham.

Era por isso que Tino odiava ir ali — ser reduzida a um ingresso para os fundos da loja.

Nos fundos da loja ficava a oficina de Matthis, entulhada de Relíquias sem avaliação, mantidas longe dos olhos do público. Da primeira vez que Tino o acompanhou, seu mestre teve livre acesso ao local. Tendo encontrado seu passe de ouro, Krai começou a levá-la com frequência. Ela nunca foi ferida, e não tinha nada contra o lojista de olhar mortal. Ainda assim, não podia evitar se sentir abatida sempre que iam lá. Obviamente, ela não era a guarda-costas de seu mestre, muito menos sua companhia romântica.

Matthis parecia tão amargurado quanto sempre ao ter que permitir um estranho em seu santuário de trabalho. — Não tem nada lá atrás que possa te interessar.

— Bem, eu realmente esperava poder mostrar algumas Relíquias para a Tino...

Até mesmo Tino sabia que isso era uma mentira. Vendo que Matthis ainda estava hesitante, Krai empurrou Tino mais um passo para perto do lojista.

Relutante, Tino decidiu entrar no jogo. Embora se sentisse culpada por Matthis, não podia desobedecer a uma ordem de seu mestre. Como uma forma de protesto mínimo, manteve-se inexpressiva e disse em um tom monótono:

— Por favor... Mostre-me tudo o que tem, vovô.

Matthis engasgou no ar, e Krai bagunçou o cabelo de Tino.

A oficina atrás do balcão era muito maior que a loja da frente, mas o espaço parecia mais claustrofóbico devido às pilhas desorganizadas que dominavam o ambiente.

Livros magnificamente encadernados, mas desbotados, lotavam as estantes e transbordavam em pilhas espalhadas pela oficina. Equipamentos desconhecidos estavam espalhados sobre uma mesa de metal. Tino suspeitava que fossem usados para avaliar Relíquias. Inúmeras caixas cobriam o chão, todas elas recheadas de Relíquias que ela nunca tinha visto antes. Provavelmente, eram apenas sucata.

Relíquias eram ecos de um passado glorioso, recriados por material de mana. Elas vinham em todos os formatos e tamanhos, e, ao contrário do que muitos acreditavam, a maioria era completamente inútil. Relíquias sucateadas não tinham efeito algum, mesmo que pudessem ser carregadas com mana.

Porém, discernir se uma Relíquia era sucata ou não não era uma tarefa fácil para um caçador. Qualquer forma famosa de Relíquia ou uma que produzisse um efeito visível era fácil de identificar, mas analisar aquelas que não possuíam essas características exigia um conhecimento profundo sobre civilizações passadas.

O que à primeira vista parecia sucata podia se revelar útil com uma inspeção mais minuciosa. Como uma única Relíquia poderosa podia comprar uma mansão, caçadores costumavam coletar qualquer coisa que se parecesse com uma Relíquia e buscar sua avaliação. Tino não via muita graça nisso, mas sabia que alguns caçadores viviam apenas de recuperar Relíquias desconhecidas. Era uma forma de aposta, suponha.

Ela se sentou na cadeira oferecida e balançou os pés enquanto observava seu mestre e Matthis discutindo profundamente. Os olhos de Krai brilharam ao ver as Relíquias sobre a mesa. Ele nem sequer olhou para ela.

“Pensei que estivéssemos em um encontro, mestre”, Tino queria dizer. Desde o momento em que percebeu que estavam indo para uma loja de Relíquias, havia reduzido suas expectativas, mas ser completamente ignorada ainda doía. Por um momento, se perguntou o que sua mentora faria em uma situação dessas, mas logo espantou o pensamento. Se esperasse demais, poderia acabar perdendo tudo.

Seu mestre parecia alheio ao seu olhar penetrante enquanto falava algo que Tino não compreendia, identificando as Relíquias apenas com o olhar. Logo, ele comentou:

— Hmm, não me diga que você está ficando enferrujado, Matthis.

— Que audácia! — Matthis rosnou. — Eu não controlo o que esses idiotas trazem!

Tino não conseguia acompanhar muito bem a conversa (ela preferia chutar do que usar uma Relíquia), mas prometeu a si mesma que estudaria a linguagem das Relíquias antes de ser convidada a acompanhá-lo novamente. Claro, essa não era a primeira vez que fazia essa promessa, mas era difícil cumpri-la com o pouco tempo que tinha entre seus treinamentos e explorações de cofres do tesouro.

Krai finalmente terminou de inspecionar as peças sobre a mesa. Aparentemente, não havia encontrado nada de valor. Tino ficou radiante, sabendo que finalmente poderiam ir embora. Se pedisse no caminho de volta, talvez ele a levasse para algum lugar que realmente parecesse um encontro. No entanto, a luz no fim do túnel foi rapidamente apagada quando seu mestre começou a remexer em uma caixa de Relíquias sucateadas.

Tino não conseguiu mais segurar a língua. — Uhm, mestre...

— Ah, desculpa. Só mais um pouquinho, ok? Droga! Nada além de lixo. Isso aqui não serve pra nada.

— Só mais um pouquinho?! — Tino exclamou. — Quantas horas?!

Havia uma quantidade obscena de caixas espalhadas pelo chão e ainda mais empilhadas contra as paredes. No total, deviam ser umas cem, todas cheias de sucata evidente. Quando uma Relíquia não tinha formato de nada útil, era provavelmente um pedaço de lixo sem valor.

Matthis olhou para a congelada Tino. — Ei, não a deixe sozinha. O que ela deveria fazer?! É isso que eu ganho por deixar um viciado em Relíquias entrar aqui.

— Hmm... Aham.

Krai puxou algo de dentro de uma caixa e jogou para Tino, que pegou com as duas mãos e observou timidamente. Era um anel cinza-aço, claramente barato e inútil. Tino olhou, confusa.

Matthis franziu o cenho. — Esse Anel de Disparo é lixo puro— um pedaço de sucata que dispara projéteis mágicos que não causam dano algum. E ainda drena tanta mana quanto um verdadeiro. As balas nem são brilhantes o suficiente para distrair um inimigo.

— O que quer que eu faça com isso, mestre?

Seu querido mestre respondeu sem desviar o olhar da caixa:

— Estou ocupado. Por que não treina com isso? Peça para Matthis ensinar.

— O quê?!

Matthis suspirou, pronto para levantar a voz. Mas antes que pudesse falar, Krai completou:

— Ah, sim. Se você dominar esse treco, eu te compro um de verdade. Se sobrar dinheiro. Beleza?

— S-Sim! Eu vou dominar isso!

Matthis olhou para Tino com pena, mas ela não ligava. Se saísse dali com um anel que seu mestre comprou para ela em seu encontro, nada mais importava.

Tino não esperava uma surpresa dessas. Ela nunca tinha usado um Anel de Tiro antes, mas sabia que era um dos Artefatos mais fáceis de manusear. Isso significava que falhar não era uma opção. Toda sua insatisfação desapareceu quando seu espírito competitivo se acendeu. Com um olhar para seu mestre, que havia voltado à caça de Artefatos, Tino cerrou os punhos.

***

— Você vai para o inferno um dia, Krai — disse Matthis.

— Por quê?

Que pontuação incrível! Eu não esperava encontrar algo tão bom naqueles caixotes de sucata. É disso que se trata fazer compras de Artefatos!

Depois de aguentar a já clássica implicância de Matthis, Tino e eu saímos da Magi’s Tale. Minha guarda-costas me seguia, parecendo tão abatida quanto um fantasma.

— Valeu pelo empréstimo, Tino. Vou te pagar logo.

— Tá tudo bem, mestre. Tá tudo bem. Tá tudo bem... — Tino murmurou.

Uma Bolsa Mágica era uma Bolsa Mágica, no fim das contas. Eu tinha trazido uma quantia razoável de dinheiro, mas não foi suficiente. Só faltava um pouco, então peguei o resto emprestado com a Tino. Felizmente, tudo deu certo.

Agora que já tinha gasto meu dinheiro, meu plano era voltar para a sede do clã e encher minha nova aquisição de montes de chocolate... Bem, pelo menos barras de chocolate deveriam caber. Seria perfeito. Que noite maravilhosa me aguardava.

Eu estava tão animado que poderia até dançar no caminho de volta, mas os passos de Tino eram pesados. Ela devia estar cansada de tanto treinar com o Anel de Tiro. Eu já tinha elogiado ela uma vez, mas um reforço nunca fazia mal.

— Mandou bem, Tino. Agora você pode usar um Anel de Tiro quando quiser.

— Sim... Mesmo que eu não tenha um. Eu não tenho um...

— Que drama é esse? Bom, acho que um Anel de Tiro nem seria tão útil para você. Eles não são tão poderosos. São mais para caçadores que precisam de um reforço no ataque.

— Eu... Eu te odeio, mestre! — Tino gritou. E então, saiu correndo.

Nem tive tempo de chamá-la. Antes que eu percebesse, ela já tinha sumido. Tino era rápida. Afinal, era uma Ladina. Fiquei sozinho na rua, sem entender nada. Os transeuntes me lançavam olhares de pena agora que uma garota tinha saído chorando por minha causa.

Sem chance de alcançá-la, fiquei ali parado, sem nem poder recorrer a um Artefato. Tino normalmente era calma e centrada, então foi um choque vê-la assim.

Rebobinei os acontecimentos do dia na minha cabeça. Achei que só a tinha levado à loja de Artefatos como minha guarda-costas, como sempre. Bom, suponho que a tenha ignorado por tempo demais. Chegamos na loja ainda de dia, e agora o sol já estava se pondo. Talvez não tenha sido a ideia mais inteligente pegar dinheiro emprestado dela também. Acho que confiei demais porque ela sempre foi uma garota incrível. Da próxima vez, teria mais cuidado e pediria desculpas quando a visse de novo. Talvez até compensasse de alguma forma.

Com essa promessa em mente, caminhei sozinho para casa, enquanto o sol desaparecia no horizonte da cidade.

***

Mais tarde, quando Tino foi jogada na Toca do Lobo Branco, seu treino com o Anel de Tiro acabou sendo muito útil, mas essa já é outra história...


Tradução: Carpeado
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