Death March Web Novel Online 6-34
[Fim do Tumulto – Parte 2]

Satou aqui. Na minha infância, a palavra "noivo" aparecia em muitas histórias. Com o tempo, caiu em desuso sem que eu percebesse, mas agora que isso me aconteceu, percebi que não é algo tão divertido assim.
◇◇◇
— Então você é o mestre da Nee-san escamosa, hein?
— É um prazer conhecê-lo. Sou Satou, um comerciante.
O jovem cavaleiro com três cicatrizes no rosto se dirigiu a mim. Ele era o
capitão da 17ª unidade de cavaleiros do ducado que havia seguido Liza.
Apesar de pertencerem à ordem de cavaleiros do ducado, nem ele, nem seu
vice-capitão pareciam esconder sua origem social.
Ambos eram plebeus. Talvez por isso, passassem mais a impressão de
mercenários do que de cavaleiros. Sempre imaginei que cavaleiros fossem
membros da nobreza, mas aparentemente não era bem assim.
O vice-capitão, que estava ao lado dele, usava um capacete que escondia seu
rosto, mas sua raça era da rara linhagem dos panteras. Obviamente, não
toquei nesse assunto de propósito.
— Hoo, então ela não era guarda de um nobre, mas de um comerciante, hein? De
qualquer forma, você contratou alguém realmente talentoso. Ela consegue até
mesmo usar a lâmina mágica. Deve ser herdeiro de uma grande família de
mercadores, certo?
— Não, muito pelo contrário. Sou apenas um comerciante sem sequer uma loja própria. Desta vez, apenas tivemos a oportunidade de conhecer o barão-sama.
— Desculpe, o capitão tem o hábito de falar antes de pensar.
O vice-capitão tentou amenizar o que o capitão havia dito, mas eu já tinha
ouvido. Ainda assim, não parecia algo que precisasse ser escondido.
Enquanto conversávamos, a empregada de antes retornou e nos guiou até o
forte.
◇◇◇
—
Agh! Como ousa me enganar, desuwa!
Assim que desmontamos dos cavalos dentro do forte, uma voz aguda ressoou
pelo ambiente. Era Karina, a segunda filha do barão.
— Lá vem a lady oppai.
— Inimiga.
Rudy: Lady Oppai, mulher dos peitões, um dos apelidos que a Arisa deu a Karina-tan. Uso com frequência para me referer a Karina-tan.
Arisa e Mia resmungaram em tom baixo. Como existe algo chamado crime de
lesa-majestade, seria melhor falarem mais baixo, ouviram?
Com um som cortante, como se rasgasse o ar, o punho da jovem passou pelo
espaço onde meu rosto estava um instante antes.
Hã? Já partindo para a briga de repente? Tem algum motivo para eu estar
envolvido nisso?
Rudy: Como senti falta da Karina cavalo (égua?) selvagem! Muito melhor do
que aquela donzelinha apaixonada da versão mangá/LN!
Desviei dos golpes enquanto tentava entender a razão do ataque.
— Por que…
Evitei um soco direto.
— Estou sendo…
Desviei de um gancho lateral.
— Atacado?
Os golpes dela vinham como se fosse uma personagem de jogo de luta. Não pude
evitar que minha atenção fosse constantemente desviada pelas "montanhas" que
balançavam a cada movimento, mas fiz o possível para me concentrar na
esquiva. No entanto… não deveria ser doloroso quando eles se movem tanto
assim?
Liza e Pochi estavam prestes a avançar sobre Karina, mas as outras três
pareciam estar se contendo. Quando nossos olhares se cruzaram, acenei com a
mão para que não interferissem.
— Que calma é essa, desuno!
Com um pequeno atraso, ela tentou varrer minhas pernas com um golpe, mas
saltei para evitar.
Ops, estávamos no meio de uma luta.
— Insolente, desuwa!
— Só sou bom em esquivar.
Agora que percebi, eu estava tão focado nos seios dela que não havia
reparado antes. Ela não usava um vestido, e sim calças próprias para
equitação. Seus cabelos estavam trançados em diversos pontos, e, pelo
visual, parecia mais uma dama da alta sociedade curtindo seu feriado no
clube de equitação.
— Tão caprichoso! Se é um herói, lute de forma justa!
— O herói-sama está ali, não está? Ao lado da lady Soruna.
Falar enquanto desviava dos golpes era um desafio.
A irmã mais velha dela, lady Soruna, se aproximava com o falso herói. Em vez
de colocar as mãos sobre a boca, surpresa, será que ela não poderia
simplesmente impedir essa garota selvagem?
— Não falo daquele farsante! Foi você quem aniquilou o demônio, desuwa!
Por pouco! Se eu não tivesse a habilidade de manter a expressão
neutra, minha surpresa teria ficado evidente.
Mesmo que ela tivesse testemunhado a destruição do demônio, a distância
entre nós era de vários quilômetros. Embora o item mágico senciente Raka
tivesse a habilidade de enxergar através das coisas, era difícil acreditar
que pudesse me ver tão claramente.
Mas, considerando a conversa anterior com a Arisa, talvez ele tivesse alguma
forma de distinguir verdade e mentira. Eu precisava ser cuidadoso para não
deixar escapar nenhuma pista.
— Pelo que sei, dizem que nenhum humano comum pode derrotar um demônio de
alto nível.
— Exatamente, desuwa! Por isso você é o herói! Se não for verdade, então
diga!
Olhei meu status para confirmar. Sim, eu já havia removido o título de
herói. Obviamente, o campo de títulos no menu de troca também estava em
ordem. Neste momento, eu não era um herói.
— Eu não sou.
Assim que respondi, a tiara na testa de lady Karina brilhou. Então aqueles
enfeites prateados que ela usava, como a tiara, eram a verdadeira forma do
organismo mágico Raka? Pareciam dispositivos reforçados.
— Raka-san?
— Verdade.
— Não pode ser...
O choque ficou evidente no rosto dela ao ouvir a resposta vinda da tiara.
— Não há erro, Karina-dono. Ele não é o herói.
— Então onde está o verdadeiro herói com a espada dourada?
Como ela estava fazendo birra, afastei-me um pouco.
Pelo visto, não era muito instruída. Considerando a personalidade do barão,
devia ter sido criada com muitos mimos.
— Karina, a pessoa com a máscara prateada e espada dourada apareceu no andar
superior da mansão e fugiu em direção à cidade.
— Isso é verdade, onee-sama?
— Sim, Karina-sama, eu também vi.
— Não perguntei a você.
Ela acreditava facilmente na palavra da irmã mais velha, lady Soruna, mas
tratava o falso herói com frieza.
Seja forte.
Pelo visto, lady Karina não sairia correndo atrás dele na cidade.
Ela me pediu desculpas por ter me atacado por engano, embora, em parte,
parecesse que o fazia por ter sido repreendida pela irmã mais velha. Seu
jeito era tão refinado que me perguntei se aquela postura de guerreira
enlouquecida de antes não teria sido apenas uma ilusão.
Já que pude apreciar a maravilhosa visão de perto e, certamente, o público
ao redor também, aceitei as desculpas sem reclamar.
◇◇◇
Fomos guiados até o salão de audiências dentro do forte pela senhorita Soruna. De alguma forma, a senhorita Karina, com uma expressão emburrada, também nos seguia. É claro que o capitão dos cavaleiros do duque também nos acompanhava.
Isso não era um problema, mas...
— Nem mesmo Sir Zotol conseguiu defender metade dos meus ataques. Não dá
para acreditar que ele conseguiu desviar do meu ataque surpresa,
desuwa!
— No entanto, não há dúvidas de que ele não é um herói.
— Mas aqueles movimentos não pareciam os de um iniciante.
— Seus reflexos eram impressionantes. Gostaria de aprender com ele pelo menos uma vez.
— Alguém como você não aguentaria nem um único duelo. Fique fora disso!
— Karina!
— Mas, Soruna onee-sama...
Além das reclamações murmuradas pela jovem, até mesmo o falso herói me pediu
para ensiná-lo. Resolvi me dirigir a ele, assim talvez a senhorita Karina me
deixasse em paz.
— Eu só sou bom em desviar.
Dei de ombros e mudei de assunto.
— A propósito, yuusha-sama, o que aconteceu com seu rosto?
— Ha ha, por favor, não me chame de herói. O demônio apenas me usou e me colocou nessa posição, mas eu nunca tive capacidade para tal. O hematoma no meu rosto é a prova disso. Havia pessoas contratadas pelo cônsul... não, pelo demônio, misturadas entre aqueles que entraram pelo portão do castelo. Fui atingido quando protegi o Barão.
— Entendo. Então é uma ferida de honra.
— Exatamente. A razão pela qual quis me tornar um herói sempre foi proteger
os outros. O demônio se aproveitou desse desejo, mas minha vontade de
proteger ainda é a mesma.
Falso herói, do que diabos você está falando?
— Vou me tornar um verdadeiro cavaleiro, Soruna-sama!
— Ufufufu, isso é maravilhoso, desuwa. Como o título de nobreza da família será herdado pelo meu irmão mais novo, posso me casar a qualquer momento, sabia?
— Soruna-sama, tornarei-me digno de sua mão, sem falta!
Os dois começaram a se empolgar sem se importar com o ambiente. Enquanto
isso, uma das empregadas avançou para assumir o papel de guia.
◇◇◇
No salão de audiências, havia uma mulher de cerca de trinta anos deitada em
uma cama simples, além próprio Barão, Hayuna-san e sua família. A mulher se
chamava Nina Rottol, uma viscondessa. Suas bochechas estavam pálidas, mas o
brilho determinado em seus olhos permanecia forte. Pelo que ouvi antes, ela
havia ficado presa na masmorra por mais de um ano. Provavelmente, era alguém
de coração resiliente.
Eu não sabia por que o demônio não a matou, mas dificilmente teria sido por
um motivo decente.
— Me desculpem-me pela aparência. Sou a nova cônsul, Nina.
Sua voz era forte e rouca.
O capitão dos cavaleiros do duque e eu respondemos à saudação.
— Parece que você conseguiu enxergar a verdadeira forma do demônio.
— Sim. Recebi várias informações de meus colegas mercadores e então
confirmei com um cristal de detecção.
Hoje, a habilidade de enganação estava tendo um dia de glória.
Raka, que podia perceber mentiras, estava com Karina, que se reencontrava
com o barão, e não prestava atenção à nossa conversa.
— Além de erradicar aquele demônio, vocês também exterminaram os monstros
que invadiram a cidade, certo?
— Foram meus companheiros que fizeram isso. Além disso, segundo o relato da senhorita Karina, o verdadeiro corpo do demônio foi aniquilado por uma pessoa misteriosa usando uma máscara prateada.
— Companheiros? Ah, os feitos de seus escravos são considerados seus
feitos, sabia?
Que tipo de lógica era essa?
Além disso, o capitão-san também elogiou Liza e as outras.
— Nina-dono, os companheiros dele também realizaram outros feitos. Eles
protegeram as pessoas que fugiam do bando de monstros na estrada fora da
cidade, e ninguém se feriu. Nós também ajudamos, mas sem a liderança deles,
não teríamos conseguido evitar algumas mortes.
Como era a primeira vez que ouvia isso, prestei atenção à história dele.
Liza, Pochi e os outros tinham feito um trabalho incrível.
Até mesmo o Barão, que começou a ouvir a conversa no meio do relato,
demonstrou uma surpresa exagerada. Mais parecia que estava ouvindo um bardo
do que um capitão dos cavaleiros.
Depois que o capitão terminou de narrar os feitos de Liza e os outros,
Nina-san sussurrou algo para o barão, que assentiu várias vezes. De alguma
forma, Nina-san parecia estar no comando ali.
— Mago Satou-dono, você serve a alguém?
— Não, não sirvo a ninguém.
Respondi de forma direta, mas tive um mau pressentimento com o rumo daquela conversa.
— Nesse caso, que tal servir ao barão deste território? Inicialmente, você receberia apenas o título de cavaleiro honorário, mas não há ninguém como você entre os vassalos da geração de Muno-sama. Ele pode ser apenas um barão por enquanto, mas é um senhor digno. Já foi determinado que será promovido a conde antes mesmo de ter um neto. Dependendo do seu desempenho, poderia subir de posição como bem entendesse.
— Perdoe-me, mas...
É claro que recusei a oferta de Nina-san. Meu objetivo era viajar e conhecer o mundo, não me tornar nobre e construir uma carreira. No entanto, Nina-san insistiu agressivamente por mais meia hora.
Enquanto tentava escapar de sua investida, a conversa sobre o extermínio do exército do barão e a limpeza dos demônios fora da cidade pelos gigantes se misturou à discussão.
— Pelo visto, você realmente ajudou este território, que estava à beira da ruína, a sobreviver. Talvez fosse melhor se casasse com a filha do barão e se juntasse à família.
— Está me superestimando.
A segunda filha, que até então permanecia calada, fez uma declaração
explosiva.
— Hee, quer dizer então ele pode ser meu noivo, desuwa ne? Sendo assim, seus
feitos se tornariam conquistas da família, certo?
Essa mulher! Falou isso só para me provocar.
— E então? Prefere se tornar noivo de uma beldade ou um cavaleiro honorário?
Também pode escolher ambos, sabia?
— Hm, talvez fosse uma boa ideia deixar Karina para Satou-dono.
Até mesmo o barão concordava, assentindo. Tive a sensação de que ele achava
que, caso me casasse com a lady Karina, Pochi e Tama viriam junto. Eu
gostava da aparência dela, mas, considerando suas ações e falas, duvidava
que levaríamos uma vida tranquila.
— N-não, algo como noivado...
— Não!
Após a declaração problemática da senhorita Karina, Arisa e Mia, que
assistiam tudo com sorrisos maliciosos, decidiram intervir.
Atrás de mim, Liza irradiava uma aura intimidadora há algum tempo. Sem que
eu percebesse, Pochi e Tama estavam em um canto da sala, sendo alimentadas
por empregadas com doces assados.
No fim, cedi à pressão e aceitei me tornar um cavaleiro honorário. Eu não
teria obrigações, mas, em contrapartida, não receberia salário ou
pensão.
Mesmo me tornando um nobre, ainda que do menor escalão, Arisa não me ajudou
a escapar, como se aprovasse a decisão. Parecia que sua única condição era
que eu não me tornasse noivo da lady Karina.
Quando Liza, Pochi e as outras, receberam a oferta de se tornarem vassalas
do barão por seus feitos, mas recusamos. Em troca, solicitamos que Totona e
os demais, assim como servos fugitivos, fossem promovidos à condição de
plebeus. Também conseguimos permissão para que as terras recém-reclamadas
fossem entregues a suas aldeias. Naturalmente, Arisa ficou encarregada das
negociações.
No fim, precisávamos resolver várias questões pendentes, o que nos impediu
de deixar o território do barão por pelo menos duas semanas.
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