Seija Musou | The Great Cleric
Volume 01 Capítulo 01
[A Guilda dos Curandeiros]




Continuei andando em direção a cidade. Diferente do meu mundo original, o clima aqui era quente e lembrava a primavera.

— É uma coisa boa não estar um calor escaldante ou muito frio — Murmurei caminhando.

— Agora, contanto que o sal ou a água não me deixe doente, acredito que devo ficar a salvo.

Todo o caminhar do meu trabalho havia me condicionado bem, então eu não estava preocupado sobre me cansar, mas sim em ficar com bolhas nos pés por causa dessas botas desconhecidas, mas de qualquer forma parecia tudo certo. Depois de vários minutos, minha tensão inicial diminuiu e comecei a repetir meu novo nome baixinho a cada passo. Dessa forma, quando chegasse a hora de me apresentar, eu conseguiria sem gaguejar. Na verdade, era imprescindível praticar. Os novos funcionários costumavam fazer o mesmo com o nome, cargo e número de telefone da empresa.

— Eu sou Luciel. Luciel. Luciel...

Decidi recitá-lo até que a palavra não soasse mais estranho para os meus ouvidos.

— Achei que a cidade não fosse tão distante, mas nossa, é muito longe... Estou andando há mais de trinta minutos!

Eu tinha repassado meu nome e dezenas de apresentações mais vezes do que eu poderia contar, mas a cidade mal parecia mais próxima, apesar do meu julgamento anterior de que seria cerca de meia hora a pé. Como se eu pudesse fazer qualquer coisa sobre isso a não ser reclamar. Sem nenhuma fonte de água para saciar minha garganta seca e amaldiçoando meu próprio descuido, continuei a caminhar obstinadamente.

Mas este mundo não era tão gentil. Alguma criatura parecida com uma fera no céu, que estava longe há algum tempo, apareceu em minha visão. Me imaginar enfrentando tal coisa evocava imagens da minha vida terminando instantaneamente dentro de sua barriga.

A vontade de reclamar sobre o absurdo de ser enviado para outro mundo sem uma espada ficou mais forte. Eles também não tiveram a decência de deixar nada por perto. “Em Outro Mundo sem Nenhuma Arma” não seria uma história que me interessaria.

Minhas defesas atuais? Ah, elas não eram nada demais. Apenas duas pedras que eu havia pego antes que pareciam fáceis de jogar.

— Como vou sobreviver neste lugar?!

Soltei um grunhido.

— Opa!

Assim que meu pequeno monólogo terminou, encontrei meu primeiro monstro – ou melhor, seu cadáver. Um tipo de criatura canina que você veria em praticamente qualquer história de fantasia. Não parecia que foi magia que tinha feito isso ou que tinha sido cortado. Foi simplesmente espancado. A visão impiedosa me deixou profundamente ciente de quão pacífico era um país como o Japão. Antes que meu espírito pudesse vacilar, retomei minha jornada.

Sem "cheats", sem coragem. Eu não era protagonista. Eu perderia para um goblin comum, e uma perda neste mundo significava a morte, desperdiçando minha segunda chance de vida. Então, meu objetivo principal foi decidido: morrer de velhice, não importando o quê. Sobreviver. Nisso, eu estava determinado.

Depois de mais uma longa hora de caminhada exaustiva, as muralhas da cidade tornaram-se claramente visíveis, bem como várias pessoas em pé ao redor dos portões. Aliviado por finalmente fazer contato humano, acelerei meu ritmo. Quando me aproximei, o belo artesanato da pedra chamou minha atenção.

— Essas são paredes impressionantes, — comentei.

— Se o exterior é tão extravagante, isso me dá alguma esperança para o interior. Quase me deixa animado para ver ruas que não estão cheias de urina e fezes.

Quando finalmente cheguei, tive vislumbres de outras pessoas, embora poucas, entrando e saindo depois de apresentar algo aos guardas. Presumivelmente, alguma forma de identificação era necessária para entrar, mas eu apenas orei a Deus para que as coisas dessem certo e esperei pela minha vez.

— Apresente sua identificação — , ordenou o sentinela empunhando uma lança.

O alívio por ser realmente capaz de entendê-lo tomou conta de mim enquanto eu o avaliava. Ele era um pouco mais baixo do que eu, mas seus braços eram três vezes maiores, o suficiente para nocautear alguém com um golpe. A lança também parecia letal. Recém ciente dos perigos deste mundo, escolhi minhas próximas palavras com cuidado para não ficar sob suspeita.

— Sinto muito, mas não tenho nada para me identificar.

— O quê?

Sua mão na lança se apertou, ou assim eu senti.

Rapidamente dei uma explicação.

— Eu cresci em uma pequena aldeia, sabe. Me tornei um curandeiro na minha cerimônia de maioridade, mas eles me expulsaram porque eu não seria útil... Eu esperava poder encontrar trabalho em uma clínica, se possível.

— Você disse que é um curandeiro? Espere aí um momento. — O sentinela não apenas afrouxou o aperto na lança, mas realmente aceitou minha história e desapareceu na cidade.

Eu esperava não ter dito algo errado. Embora tenha usado meu novo conhecimento com o melhor de minha capacidade, eu poderia muito bem ter cavado minha própria cova naquele momento. E se este país não recebesse curandeiros?

Quando a ansiedade começou a me agarrar e pensamentos de fugir entraram na minha cabeça, o guarda voltou com uma garota vestida de branco. Cabelos dourados quase translúcidos, caíram em seus ombros, e seus olhos, azuis como o oceano, pareciam engolir tudo em que ela os colocava.

Ela era deslumbrante. Sua aparência era linda, é claro, mas seu porte digno também me impressionou profundamente.

— Você é quem está procurando uma clínica de cura, não é? — perguntou com um sorriso.

— Sim, — eu respondi, minhas palavras fluindo suavemente, apesar da minha garganta seca. Os frutos de toda essa prática, suponho.

— Na minha cerimônia de maioridade, encontrei uma afinidade com a Magia Sagrada e me tornei um curandeiro. Vim da minha aldeia em busca de emprego.

Nada disso era mentira, além da parte da cerimônia, então disse a mim mesmo que não deveria haver problema.

— Muito bem. A Guilda dos Curandeiros pode emitir sua identificação. Siga-me. — Ela prontamente girou nos calcanhares e partiu.

— Hmm, e o pedágio…?

Eu perguntei, perplexo com a completa falta de explicação da garota.

— Ei, é melhor você ir atrás dela, garoto — , o guarda disse.

— Não cobramos pedágio para curandeiros, então não se preocupe.

— Ah, é mesmo? Obrigado, então.

— Trabalhe duro e seja um bom curandeiro, filho.

Curvei-me para o guarda e olhei para ver que a garota já estava mais de dez metros à frente.

Ela está fazendo isso de propósito ou simplesmente não percebeu? Talvez seja assim que as pessoas são neste mundo? Pode ser que ela seja avoada também.

Correr atrás dela para alcançá-la acabou sendo uma má ideia.Bati em algo duro e voei para trás. Quando dei uma olhada em quem encontrei, notei que pareciam ser aventureiros, e fortes também. Muito mais forte do que os sentinelas no portão.

— Sim, olhe por onde você está indo, sim?!

Sua voz profunda me perfurou como uma adaga e transformou meu sangue em gelo apenas com aquele único aviso.

— S-Sim senhor!

— Para onde você está correndo assim?

— Hm, a Guilda dos Curandeiros. Eu acabei de sair da minha aldeia natal, então eu ia fazer minha identificação.

O homem estalou a língua em aborrecimento.

— Você é um curandeiro, hein?

— Desculpa.

— Por que diabos você está se desculpando? — ele retrucou.

Por favor, deixe-me passar. Eu realmente não queria me misturar com esse grupo.

A ideia de pedir ajuda à garota passou pela minha cabeça, mas eu desisti. Deixando meu orgulho masculino de lado, senti que estaria colocando outra coisa em risco. Uma coisa importante.

— Eu não posso usar magia ainda, então talvez “curandeiro” seja exagero — eu vacilei.

— É melhor você não acabar virando um desses curandeiros gananciosos, entendeu?

Gananciosos? Ele quis dizer, tipo, um curandeiro desonesto? Se sim, gostaria de esclarecer que não havia nada com o que se preocupar a esse respeito. Para começo de conversa, eu não teria coragem para tal coisa.

— C-Claro. Bondade é o meu lema. Eu pretendo me tornar um curandeiro de bom coração, confiável a todos,— eu assegurei a ele.

— Ótimo. Vamos, estamos indo.

Os aventureiros lançaram um olhar para mim, depois foram para o portão.

— Ufa. Pensei que estava no fim.

— Uma pequena briga nunca matou ninguém.

Virei-me para a voz e fiquei cara a cara com a garota que parecia estar a léguas à minha frente apenas um momento antes.

— Hmm... Você não estava lá longe?

— Eu estava. Mas vi que você acabou se metendo em problemas, então voltei. Naturalmente, se eles tivessem colocado a mão em você, eu estaria totalmente preparada para enfrentá-los.

Seu comportamento extraordinariamente casual mostrou o quão forte ela deve ser. Peguei a mão que ela me ofereceu, me levantei e partimos novamente, desta vez em um ritmo mais suave. O silêncio completo teria me deixado louco, então disparei algumas perguntas simples.

— Quando entrei na cidade, eles não cobraram pedágio. Isso é verdade para todos os curandeiros?

— Apenas o Império exige pedágios de seus curandeiros. É um trabalho vital que lida e manipula a vida e a morte, então seus praticantes são tratados com cuidado aqui — explicou com um sorriso.

— Parece que ser um curandeiro tem suas vantagens, então.

Sem dúvidas sim. Embora parte desse tratamento seja favorável porque este país, a República de Santa Shurule, opera e administra a Guilda dos Curandeiros.

Devo ter ganhado na loteria. Isso por si só fez com que a habilidade Sorte Monstruosa valesse a pena. Com gratidão a Deus e ao meu eu passado queimando em meu coração, continuamos em direção ao escritório da guilda. Meu encontro repentino com aventureiros me deixou tenso ao ponto de não conseguir entender bem o que estava ao meu redor, mas minha conversa com ela certamente ajudou a relaxar.

Belas estradas de pedra se estendiam por toda a cidade, sem fluidos corporais à vista como em histórias sobre a idade média. Os edifícios em si lembravam da Europa medieval. Eu teria gostado de observar tudo mais de perto, mas isso teria sido rude com minha guia.

Por fim, ela parou em frente a um grande prédio.

— Esta é a filial Merratoni da Igreja de Santa Shurule da Guilda dos Curandeiros. — Ela entrou e se virou para mim.


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Comecei a abrir a boca para perguntar por que ela havia parado.

— Bem-vindo à Guilda dos Curandeiros — ela sorriu.

— Muito obrigado,— respondi, seus maneirismos fofos fazendo minha voz vacilar. Por mais estranho que fosse para mim admitir, naquele momento, pela primeira vez, a gentileza dela me deixou feliz por ter reencarnado.

— Senhorita Lumina, há algum problema?

Uma voz veio de uma mesa nos fundos que parecia ser usada para fins de recepção. Sua dona era uma mulher sedutora e linda de cerca de vinte anos, se eu tivesse que adivinhar.

— Este menino se tornou um curandeiro em sua cerimônia de maioridade, mas ele não tem identificação. Eu o encontrei em perigo e o trouxe para a guilda.

— Sua cerimônia de maioridade? Srta. Lumina, se você tivesse nos contado, um funcionário poderia ter ido encontrá-lo no portão.

— Oh, não foi um problema. Eu estava por perto na hora. Você se importaria de preparar a identificação dele?

— De forma alguma. Permita-me recebê-lo novamente na Guilda dos Curandeiros, jovem. Se você puder preencher algumas coisas para mim aqui...

Ela me entregou um pergaminho.

— Ah, claro.

Mas eu tinha pego pouco do que a recepcionista deslumbrante me disse. Mais do que o toque desconhecido de pergaminho, a garota que me escoltou até lá ocupou minha mente. Ela parecia tão jovem, mas a maneira como a recepcionista a tratou a fez parecer bastante importante.

— Você não sabe escrever?

A recepcionista hesitou, percebendo que eu havia congelado. A preocupação passou em seu rosto.

— Er, não, quero dizer, sim, eu posso.

Finalmente abaixei meu olhar para o papel. Havia seções para nome, raça, idade e local de nascimento esperando para serem preenchidas. Eu escrevi em tudo, exceto no local de nascimento, já que não tinha ideia dos nomes de nenhuma aldeia neste mundo. Considerando que aldeões provavelmente não viajavam muito, se eu o preenchesse com bobagens seria pego em pouco tempo, uma vez que alguém realmente investigasse o assunto. Para construir boas relações, seria melhor para mim me fazer de tolo ignorante.

— Então, sobre o local de nascimento,— eu disse com meu rosto mais inocente, — apenas colocar “aldeia” seria suficiente? Não sabia que as aldeias realmente tinham nomes.

— Você...

— Ahem, bem, se você não tiver certeza, isso vai servir muito bem.

Por um breve momento, seu rosto traiu seu coração. E exigiu saber o que diabos eu acabara de dizer. Foi apenas por uma fração de segundo, então eu poderia ter imaginado. Seu sorriso radiante atual certamente me deixou inclinado a pensar o mesmo.

Assim que terminei de preencher tudo, a recepcionista desapareceu na sala dos fundos com o pergaminho.

— Em casa, ficamos apenas chamando de...bem, “aldeia”. Esta cidade tem um nome diferente de “cidade”? — Sorri para a garota chamada Srta. Lumina.

— Você certamente é um ignorante. — ela suspirou. — Esta é uma cidade na República de Saint Shurule conhecida como Merratoni.

Ela não escondeu a frieza em seu olhar, o que não fez nada para ajudar o tremor em minhas botas.

— Vou me certificar de estudar — prometi em desculpas, junto com uma reverência.

— Isso seria bom.

Um momento depois, sua expressão suavizou. Ignorantes ou não, as mentalidades evidentemente construtivas eram altamente consideradas aqui.

Algum tempo depois, a recepcionista voltou.

— Agora insira um pouco da sua magia nisso, por favor. — disse ela enquanto estendia um cartão para mim.

Graças a Deus eu tinha pego a habilidade Controle Mágico. Se eu apenas centrasse meu foco, ela deveria vir a mim.

Fechei os olhos e deixei a energia — ou magia, por assim dizer — dentro de mim fluir para o cartão. Parecia funcionar, pois o pergaminho começou a revelar palavras.

Guilda dos Curandeiros - Filial Merratoni

Luciel, Curandeiro de Rank G

— Seu cartão, por favor.

Ela pegou o cartão e voltou para o fundo de novo. Seus constantes desaparecimentos pareciam estranhos para mim, então decidi perguntar à Srta. Lumina sobre isso.

— O que ela está fazendo?

— Registrando sua carta na rede mágica da guilda. Isso permite que você o use em qualquer Guilda dos Curandeiros do mundo.

— Entendi.

Como dados em um servidor. O funcionamento de tal rede despertou um pouco minha curiosidade. Eu questionei a utilidade disso no meu caso, já que eu não tinha intenção de me mover ou me aventurar.

No meio das minhas ruminações, a recepcionista voltou mais uma vez e devolveu meu cartão.

— Sinto muito pela demora. Fique tranquilo, você é realmente um curandeiro. — ela confirmou. — Você tem tanto a Afinidade Sagrada quanto o Controle Mágico.

De alguma forma, minhas habilidades foram expostas. Por qual mecanismo brutal? Eu me perguntei.

— Então não há problemas, suponho?

A orientação da Srta. Lumina foi feita. Tudo está bem, quando acaba bem. Exceto...isso não foi "tudo bem". Embora eu possuísse a afinidade adequada, eu não tinha a habilidade Magia Sagrada, o que significa que eu ainda não poderia usar nenhum feitiço. O obstáculo que isso representava para minhas perspectivas de emprego era tão claro quanto o sol no céu.

Bem, eu já me envergonhei uma vez... O que era mais uma vez?

— Sinto muito, mas nunca usei Magia Sagrada antes, então acho que ainda não posso — confessei.

— Você o que? O que você quer dizer?

A intensidade sutil com que a Srta. Lumina olhou para mim me ensinou algo: garotas bonitas ainda podem ser aterrorizantes.

— Hm, isso é um problema? Eu conheço grimórios mágicos, mas não tínhamos nenhum na minha cidade natal. E eu fui nosso primeiro curandeiro, então eu gostaria de ser instruído.

— Urg, quase me esqueci disso. Você é um ignorante. — Ela suspirou dramaticamente, mas pareceu acreditar nas minhas palavras e sua intensidade se dissipou.

Meu comentário estúpido anterior acabou realmente salvando minha pele. Agora, se ao menos essas lágrimas irritantes ficassem paradas...

Certamente eu poderia esperar que a guilda agisse como uma agência para clínicas de cura, então esperava que pudessem ajudar e me apontar na direção de uma.

— Uh, então, agora que estou devidamente registrado, seria possível que você me apresentasse a uma clínica onde eu pudesse aprender enquanto trabalho?

— Eu poderia...

— Você tem três opções.

A Srta. Lumina interrompeu a recepcionista com a mão levantada.

— O primeiro treinamento extenuante. O segundo, endividar-se. O terceiro, trabalho. Faça sua escolha.

Por algum motivo, ela parecia estar me pressionando para tomar uma decisão. Talvez isso fosse um teste.

— Você poderia, por favor, entrar em mais detalhes sobre cada opção?

— Hm. Seu treinamento consistirá em estudo rigoroso e conjuração até o ponto de exaustão mágica até que você aprenda a arte da cura. Você vai dormir, recuperar sua magia, repetir. Se você se endividar, como não há educação especializada para Magia Sagrada, você entrará em uma instituição geral e aprenderá magia ao longo de seu estudo de três anos. No entanto, você ficará em dívida com a guilda no valor de uma peça de platina que deve ser reembolsada. Por fim, você pode aprender Magia Sagrada durante seu tempo livre entre tarefas domésticas por um ano ou mais.

O primeiro não me mataria, mas poderia muito bem ser o mais mentalmente desgastante. O segundo era basicamente um empréstimo estudantil, e eu conhecia esses perigos muito bem. A terceira... Eu não sabia dizer se teria tempo livre, mas supondo que as tarefas fossem sensatas, essa opção me pareceu a mais viável.

No entanto, eu tinha a habilidade Avaliar Maestria. Contanto que eu pudesse ver meu crescimento diretamente, não importa o quão cansativo fosse o treinamento, não deveria ser muito desgastante mentalmente. É! Nesse caso, tudo o que eu precisava era a dedicar e eu estaria a caminho de um aprendizado em pouco tempo.

Senti uma faísca de fogo dentro de mim.

— Vou fazer o curso de treinamento. E eu vou até o fim. — Eu me curvei novamente.

Ouvi um suspiro da direção da recepcionista. Ela desviou o olhar quando levantei a cabeça.

— Eu cuidarei das coisas a partir daqui, Srta. Lumina. — disse ela.

— Vou arrumá-lo com aposentos onde ele praticará magia. Siga-me você! — Ela saiu de trás do balcão e desceu algumas escadas.

Não a segui imediatamente. Em vez disso, virei-me para encarar a Srta. Lumina.

— Obrigado por tudo, Srta. Lumina.

— O “senhorita” é desnecessário. Trabalhe duro e siga em frente. Espero grandes coisas de você.

— Espero atender a essas expectativas. A propósito, meu nome é Luciel e algum dia vou retribuir.

— Espero ver esse dia. Agora, é melhor você ir embora.

Nem é preciso dizer que tanto sua presença dominante quanto aquele sorriso cativante em seu rosto permaneceriam gravados profundamente em minha memória.

O dormitório que virou sala de treinamento tinha um banheiro, embora saído diretamente de um drama histórico, coberto com uma tampa e com uma pilha de alguns restos estranhos e engomados no lugar do papel higiênico. No entanto, ainda assim era um banheiro. A falta de um banho não era surpreendente, embora, como um homem nascido e criado na próspera nação do Japão, essa descoberta doesse um pouco.

Além disso, a falta de janelas tornava a passagem do tempo quase impossível de rastrear, embora eu pudesse verificar o relógio na tela de status. Esta era claramente uma sala de tormento. Para uma pessoa comum como eu, aprender magia em tal ambiente seria totalmente espartano. Mas de alguma forma consegui abafar minhas reclamações sobre qualquer depressão em potencial que isso pudesse causar.

— É aqui que você vai estudar. Leia aquele grimório e pratique sua magia — a recepcionista instruiu.

— Vamos trazer comida todas as manhãs e noites. Quando sua magia for drenada, é provável que você não consiga ficar de pé, então descanse nessa cama. Quando acordar, repita o processo. Continue e não pare.

Com isso, ela foi embora.

Vários minutos depois, um pensamento me ocorreu.

— Eu nunca perguntei o nome dela ou me apresentei! Também não sabia quando conheci a Lumina. Vamos, eu, isso é o básicos do básico! — Soltei um grunhido.

Depois de um facepalm apropriado, mudei as engrenagens mentais para o modo de trabalho hardcore. Peguei o grimório da mesa e me sentei na cama. Então, comecei a conversa estimulante.

— É tudo uma questão de esforço. Dez dias. Dez dias e você aprenderá magia. Você pode fazer isso, Luciel,— eu disse a mim mesmo.

— Só pense nisso. Não há perigo, você tem comida, ninguém para incomodá-lo; este é o ambiente perfeito para se concentrar.

Se eu trabalhasse duro e as coisas corressem bem aqui, eu poderia emergir não apenas como um executor de tarefas, mas um verdadeiro aprendiz, ou talvez até mesmo um curandeiro de pleno direito.

— Primeiro, coloque os feitiços básicos em seu currículo. Depois disso, mesmo um mundo como este não pode impedi-lo de uma vida pacífica.

Com um objetivo claro e um plano de ação, me empolguei e abri o grimório.


Tradução: Carpeado
Revisão: Rudeus Greyrat
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