Dare ga Yuusha wo koroshita ka | Who Killed the Hero Volume 02
[Epílogo]
Existe algo que um Grande Sábio não possa fazer?
Chegamos ao reino num instante usando magia de teletransporte, algo que eu só ouvira falar em contos de fadas.
A boca de Sophia ficou escancarada em espanto. Sendo uma maga, ela provavelmente entendia o quão incrível aquilo era. Ela já foi chamada de gênio uma vez, embora hoje em dia não haja mais traço disso.
— Não é tão conveniente assim, já que preciso usar o círculo mágico na minha mansão como ponto de partida — disse Solon, com uma expressão um tanto convencida.
O que esse Grande Sábio está dizendo?
— Isso mesmo. Isso não é nada demais. Um dia, eu serei capaz de viajar entre este mundo e o próximo através do milagre de Deus — disse a Santa Maria, como se quisesse competir.
…O que diabos ela está planejando?
Seguimos da mansão de Solon até o castelo, onde vários cavaleiros estavam enfileirados diante do portão. Assim que nos viram, desembainharam suas espadas e as ergueram.
Estavam nos demonstrando respeito?
— Bem-vindo, Sir Leonard. A Rainha está à sua espera — anunciou um cavaleiro que deu um passo à frente com um tom respeitoso. Ele devia ser o capitão da guarda.
Parece que estavam nos aguardando especialmente para essa recepção.
— Por que para pessoas como nós? Só porque receberam ordens superiores?
Sem querer, deixei escapar esse comentário sarcástico.
— Não, esta foi uma decisão nossa. Seus grandes feitos se espalharam de boca em boca. Como aventureiros que desafiaram Belzera para salvar o povo. Acreditamos que vocês também são heróis.
Eu estava prestes a rebater, mas meus olhos se fixaram na adaga presa à cintura do cavaleiro.
Mesmo embainhada, eu podia dizer que era uma peça antiga e requintada. Provavelmente possuía proteções mágicas.
O cavaleiro percebeu meu olhar.
— Está interessado nesta adaga? É uma herança de família — disse ele, desembainhando-a e me entregando.
Como imaginei, a lâmina emanava um brilho azul pálido, imbuída de poder mágico.
Por alguma razão, senti uma certa nostalgia.
— É uma boa arma. Me venderia? Posso pagar bem.
— Infelizmente, ela não tem preço. No entanto, se minha família algum dia for à falência, considerarei vendê-la a você por um valor bem alto, Sir Leonard.
O cavaleiro respondeu à minha provocação de forma bem-humorada. Ele é um bom sujeito para um cavaleiro.
Devolvi a adaga para ele.
— Qual é o seu nome?
— Carmine, senhor.
…Sinto que já ouvi esse nome em algum lugar, mas é comum o bastante.
Fomos levados até uma sala no castelo. Um cômodo elegante, de base branca, com móveis luxuosos que me deixavam desconfortável.
Após um tempo de espera, Zack apareceu. Leon e os outros não estavam com ele.
— Eu os guiarei — disse ele.
— E o Santo da Espada e a Santa?
— Leon e os outros foram levados por seus subordinados assim que retornaram ao castelo. Estiveram ausentes por muito tempo, então o trabalho deve ter se acumulado. Solon também foi retido pelos discípulos na mansão.
Zack sorriu.
Caminhamos lentamente por um longo corredor branco. Estranhamente, havia pouquíssimas pessoas por ali.
O herói à minha frente me lembrava aquela pessoa. Achei que eles não se pareciam tanto, mas… de fato, havia alguma semelhança.
— Zack.
Chamei sem pensar. Zack parou e se virou para mim. Seu rosto trazia um sorriso gentil. Ah… Eles realmente são pai e filho. São parecidos.
— Há algo que preciso te dizer há muito tempo. Deveria ter falado antes. Deveria ter te procurado para dizer isso. …Mas quando nos conhecemos e você disse que era Ares, eu me senti aliviado. Pensei: “Que bom que não era Zack.”
Zack esperou em silêncio que eu continuasse. Me pergunto que tipo de expressão Sophia e os outros atrás de mim estavam fazendo agora.
— …Vinte anos atrás, eu fugi. Abandonei seu pai e sua mãe, que eram meus companheiros, e corri. Antes mesmo da batalha começar, eu me apavorei e fugi.
Cerrei o punho com tanta força que quase sangrou.
— Eu sou só um covarde patético. Não sou alguém que merece ser elogiado. O que fiz foi apenas uma imitação do seu pai, Luke. Não, ele teria feito muito melhor, mas… eu apenas tentei fazer o que achava que “Luke faria” da melhor forma possível. Eu nunca quis, de fato, ajudar as pessoas. Só fiz isso tentando ser um substituto para Luke. Então, não posso aceitar elogios. Eu sou um impostor.
Bem antes de encontrar a Rainha, finalmente despejei meus verdadeiros sentimentos.
Logo agora. Que péssimo timing. Mas não consegui me segurar.
Zack… ainda sorria calmamente.
— Leonard. Você está aqui agora. Isso já é o bastante. Ninguém pode dizer o que é falso ou real. Talvez nem mesmo Deus.
Havia um leve traço de melancolia nos olhos de Zack.
— Até eu já abandonei coisas. Não existe ninguém sem pecados.
Ah, é verdade. Esse cara era um herói. Deve ter carregado e deixado para trás muito mais do que alguém como eu. Também deve ter muitos arrependimentos. E ainda deve estar lidando com eles. Não sou o único preso ao passado.
De alguma forma, senti como se um nó dentro de mim começasse a se desfazer.
— Vamos? A Rainha deve estar esperando — Zack me incentivou suavemente, como se nada tivesse acontecido.
A sala para onde fomos levados era um lugar imponente.
Não era a mesma sala onde o Rei recebia audiências, mas ainda assim era bastante ampla.
No fundo, estava uma mulher que parecia ser a Rainha. Seus longos cabelos dourados esvoaçavam suavemente, e seus olhos azul-claros brilhavam. Ela vestia roupas brancas, sem muitas ornamentações, o que acabava realçando ainda mais sua beleza… ou melhor, sua aura divina. Então é isso que chamam de presença real?
Ao seu lado, havia uma mulher um pouco mais jovem com traços semelhantes. Provavelmente a princesa.
Estranhamente, não havia mais ninguém na sala. Nenhum atendente.
Nos fizeram avançar em direção à Rainha.
Provavelmente eu deveria me ajoelhar em algum momento, mas não sabia essas formalidades.
Talvez Sophia, a ex-nobre atrás de mim, soubesse, mas não dava para olhar para trás e perguntar.
Quando estávamos a uns dez passos de distância, comecei a entrar em pânico. Foi então que a Rainha abriu a boca.
— Diga-me… Sou bonita?
A Rainha sorria.
…O que foi isso?
De fato, a Rainha era linda. Jovem demais para alguém que tem uma filha adulta. Uma beleza rara, impossível de se encontrar em qualquer vila.
Mas… perguntar isso do nada a um homem que acabou de conhecer?
Talvez seja costume elogiar a beleza de uma dama nobre ao encontrá-la?
Até a princesa ao seu lado parecia surpresa com a pergunta.
Ou seja, essa Rainha definitivamente estava dizendo algo estranho.
De qualquer forma, não gostei. Zack disse “você deve” e me trouxe aqui, mas eu odeio nobres e realeza.
Quando os monstros atacam, eles deveriam estar na linha de frente lutando. Mas sempre ficam apenas dando ordens de trás.
Pensei em me virar nos calcanhares e ir embora, lançando um olhar fulminante para a Rainha.
Mas ela sustentou meu olhar de frente, ainda sorrindo.
Não… Esse rosto não está apenas sorrindo. Ela está se esforçando para manter essa expressão, mas está nervosa. Parece até que pode chorar a qualquer momento.
Por quê? Por que ela está fazendo essa cara?
Eu realmente não entendo, mas… devo simplesmente dizer “Sim, você é bonita” por enquanto?
Palavras diversas giravam na minha mente.
E as que saíram da minha boca foram algo que nem eu esperava dizer.
— Sim. Você realmente é linda. Linda o suficiente para eu arriscar a minha vida por você.

asdasdasd
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