Hai to Gensou no Grimgar | Grimgar of Fantasy and Ash Volume 10 Capítulo 00
[O Mundo]




Sua respiração se transformava em vapor branco ao exalar, enquanto ele preparava seu chá de agulhas de pinheiro.

Como sempre tinha agulhas jovens de pinheiro, já lavadas em água de nascente, secas e torradas, o processo era simples. Primeiro, acendia o fogo no fogareiro caseiro em frente à sua tenda. Depois, colocava uma chaleira cheia de água sobre a chama. Sentado em sua cadeira dobrável feita à mão, esperava a água ferver. Assim que começava a borbulhar, retirava a chaleira do fogo e a colocava sobre um suporte de madeira. Então, adicionava o sachê cheio das folhas na chaleira.

Ele tinha um relógio mecânico de precisão, feito pelos anões da Cordilheira Kurogane, mas não se dava ao trabalho de pegá-lo. Enquanto olhava para o céu do amanhecer, contava mentalmente e esperava. Se quisesse um chá mais forte, contava até 300. Normalmente, parava aos 180. Em outras palavras, cerca de três minutos.

Despejou o chá da chaleira em sua caneca de madeira favorita. O chá feito de agulhas de pinheiro torradas era quase incolor.

Inalou o vapor, deixando o aroma refrescante do pinheiro preencher suas narinas. Um sorriso involuntário surgiu em seu rosto barbado. Soprou o chá com cuidado. — Phew... Phew... — Tomou um gole. O sabor suave espalhou-se por sua boca, descendo por sua garganta até o estômago.

Isso é muito bom — murmurou para si mesmo, apreciando o retrogosto.

Ahh, ele queria outro gole. Não conseguia se conter. Quando finalmente cedeu à vontade, levou a caneca aos lábios novamente. O segundo gole era ainda mais delicioso.

Todas as manhãs, ao acordar, essa era a primeira coisa que fazia, a menos que estivesse chovendo. Quando não estava em uma área onde a neve se acumulava, sempre montava sua tenda ao ar livre, o que tornava impossível fazer isso em dias chuvosos, mesmo que quisesse. Era um luxo que só podia saborear quando não chovia. No fim das contas, podia desfrutar desse luxo em mais da metade dos dias do ano.

Sempre pensava consigo mesmo: Não é uma vida ruim.

Depois de terminar o quanto queria do chá de pinheiro, ele começava a decidir o que faria no dia. Algumas nuvens pairavam no céu, o ar estava seco, mas não parecia que choveria nas próximas três horas. Para um dia dessa época do ano, em que o inverno se aproximava cada vez mais, a temperatura não estava tão fria.

Pescar, talvez? Ir ao riacho na montanha parecia uma boa ideia. Ele tinha estoques suficientes, então podia passar o dia sem pressa, e isso não seria problema.

Faria o que quisesse, do jeito que quisesse e pelo tempo que desejasse. No fim das contas, esse estilo de vida lhe caía bem.

Para viver dessa forma, ele havia deixado para trás a vida de soldado voluntário. Mesmo que não tivesse isso em mente ao trocar de classe e se tornar um caçador, o que aconteceu depois de certos eventos, devia ter sido um preparo para isso. Sempre quisera esse tipo de vida.

Tendo realizado seu desejo, estava plenamente satisfeito. Raramente se lembrava dos rostos de seus antigos companheiros agora. Onde estariam e o que estariam fazendo? Estariam bem?

Não era como se não se importasse, mas, se ainda estivessem vivos, não era impossível que se reencontrassem. No entanto, se perguntassem se ele queria revê-los, a resposta seria não.

Honestamente, hesitava em encontrá-los. Para conquistar sua liberdade, precisara seguir sozinho.

Seu único receio havia sido se conseguiria suportar a solidão. Ainda havia noites em que ela era insuportável, mas ele aprendera, pouco a pouco, como lidar com isso. A solidão dilacerante não durava mais tanto tempo. Gradualmente, ela se acumulava até atingir um pico, e então desaparecia rapidamente. Ao contrário da fome ou do sono, não era algo que pudesse matá-lo. No fim, era apenas solidão. Depois de chorar por causa dela, tudo passava, e as lágrimas lavavam qualquer emoção.

Ele obedecia apenas a si mesmo e à natureza, sem precisar se preocupar com pensamentos desnecessários. Esse estilo de vida tinha um valor que ele não trocaria por nada.

Levantando-se, ele dobrou sua cadeira e decidiu: Hora de dar uma caminhada. Terras com cenários distintos, como as Planícies dos Ventos Rápidos, o Deserto de Nehi e os Planaltos de Nargia, eram interessantes, mas as montanhas eram deslumbrantes em qualquer lugar. Não precisava ser uma cadeia montanhosa importante como os Tenryus, os Kuarons, os Rinstorms ou os Kuroganes. Até mesmo montanhas pequenas, espalhadas aqui e ali, tinham seu próprio apelo único.

Quanto mais caminhava, mais descobertas fazia, e simplesmente nunca se cansava disso. Mesmo que um dia se cansasse, sempre poderia partir em uma nova jornada. O mundo era vasto. Mesmo se dedicasse a vida inteira, provavelmente não conseguiria ver tudo.

Ele se preparou, afastou-se de seu acampamento e seguiu por uma trilha de animais no meio da vegetação rasteira.

De forma alguma havia baixado a guarda. No momento em que sentiu o forte cheiro de um animal, olhou ao redor.

Havia um ruído. Algo vindo por entre a grama e as árvores. Estava à sua frente, à esquerda.

Se eu fugir ou lutar, não vou ter tempo suficiente, pensou.

O que estava enfrentando? Tinha uma ideia. Aquele cheiro. Provavelmente era um urso.

Cobriu o rosto com as mãos antes que o animal o atacasse. Ursos miram o rosto. Ele sabia disso por experiência própria. Como esperado, o urso mordeu sua mão esquerda, que estava protegendo seu rosto, e o derrubou ao mesmo tempo.

Sua mão esquerda era uma causa perdida. Ele desistiu dela imediatamente, empurrando a mão já ferida em direção à boca do animal. Com um objeto estranho na boca, o urso soltou um gemido. Enquanto gemia, tentava desferir golpes com ambas as patas.

Não era pequeno. Era um urso consideravelmente grande. Provavelmente tinha quase três metros de altura. Um golpe de suas garras era capaz de rasgar carne e osso. Ele sabia disso, então se agarrou desesperadamente à fera.

Enterrando o rosto no pelo fedorento, com a mão esquerda ainda presa na boca do urso, ele envolveu o pescoço do animal com o braço direito e pressionou o corpo contra ele. As garras do urso cravaram em seu ombro esquerdo e depois em seu lado direito. Se a fera o arrastasse, seria o fim.

Ele enfiou os dedos indicador e médio da mão direita no olho esquerdo do urso. A fera uivou de dor. Suas patas se agitavam violentamente. Suas garras o feriram por toda parte. Ele não sentia dor.

Reaja.

Ele precisava reagir.

Gritou, incapaz de aceitar a derrota. Enquanto ambos urravam, ele empurrou sua mão esquerda, que já não sabia em que estado estava, garganta adentro do urso. Com a outra mão, começou a socar o rosto do animal. Socava freneticamente.

De repente, seu corpo foi lançado pelo ar. Aparentemente, o urso tinha girado seu corpo inteiro de forma abrupta, e a força disso o jogou longe.

No ar, ele puxou sua faca.

Parecia que o urso tentava atacar sua presa em queda. Seu corpo estava gravemente ferido. Alguma parte dele havia sido destruída? Não sabia.

O impacto o fez perder a consciência por um instante. Apenas por um instante.

O urso estava sobre ele. Parecia que estava sendo pressionado. Usando o braço esquerdo, que já não tinha mais forma original, tentou proteger o rosto e o pescoço enquanto balançava a faca descontroladamente. Queria erguer as pernas para proteger o abdômen, mas, por algum motivo, não conseguia fazer isso direito.

O urso devia ter pensado em um plano, pois ergueu a parte superior do corpo. Não era bom. Suas garras aterrorizantes estavam prestes a descer.

Desvie.

Ele rolou para a direita, mas não conseguiu sair totalmente do caminho, e um golpe praticamente esmagou seu ombro esquerdo.

Engatinhou, tentando escapar. Não deu certo. Não conseguia se afastar. O urso o pegou.

Parecia estar sendo pressionado. Não conseguia respirar. O urso cravou os dentes nele.

No lado esquerdo do corpo. Ele estava usando couro, mas isso não fazia diferença. O urso estava mordendo. Não só mordendo; estava o devorando. Sua carne.

Sem conseguir conter, ele gritou em agonia: — Gyahhhhhh!

Mesmo assim, não perdeu a chance de reagir contra a criatura, que estava focada em devorá-lo. Torcendo todo o corpo, ele mudou a posição da faca para uma empunhadura reversa e mirou no olho direito do animal. A lâmina não penetrou profundamente, mas conseguiu ferir o globo ocular. O urso já tinha sido ferido no olho esquerdo antes. Agora não enxergava bem com nenhum dos dois olhos. Ganiu de forma patética e se afastou dele.

Em momentos como aquele, animais selvagens não hesitavam. O urso virou-se e correu. Estava fugindo.

...Que inferno? — Ele tossiu. A dor era intensa. Não soltou a faca. O urso poderia voltar. Não, isso era improvável. Pelo menos, por enquanto, não parecia provável que ele retornasse. Além disso, mesmo com uma faca, ele não tinha mais condições de lutar.

Fechou os olhos. Esperou a tosse diminuir. Abriu a boca para tentar respirar um pouco melhor. Não tinha certeza se ajudava. Não tinha coragem de tentar se mexer.

Era assustador. Quão ferido ele estava, e onde? Não queria saber o estado em que se encontrava.

Bom, isso não vai acabar bem, percebeu. Provavelmente estava tão gravemente ferido que era um mistério ainda estar vivo. Ele sabia disso perfeitamente, mas deliberadamente evitava avaliar a situação.

Decepção.

Desespero.

Arrependimento.

Vergonha.

Isso é patético. Sou um idiota? ele se perguntou.

Mas não conseguia evitar. Sentia também uma espécie de resignação. Era isso que significava viver sozinho na natureza.

Ursos eram geralmente noturnos. Mas as coisas mudavam antes de hibernarem para o inverno. Ele sabia disso e não era como se não estivesse em alerta. Do lado do urso, provavelmente ele também não estava atrás de um humano. Ursos se alimentavam principalmente de cervos, coelhos, peixes, ratos e frutas. Suspeitava que o urso tivesse se assustado ao encontrá-lo e o atacado reflexivamente.

Por causa disso, estava nesse estado deplorável, e o urso também tinha sofrido ferimentos significativos. Fora um acidente infeliz para ambos.

Se você não vivia em uma cidade cercada por muros de pedra, acidentes como esse podiam acontecer a qualquer momento. No momento em que escolheu viver longe das pessoas, ele já antecipava esse tipo de fim. Se tivesse mais sorte, talvez pudesse ter ido embora de forma mais pacífica, mas isso simplesmente não aconteceu. Era só isso.

Felizmente, parecia que ele não iria morrer imediatamente. Abriu os olhos. Não conseguia reunir coragem para verificar seus ferimentos. Será que conseguia se mover?

Tentou virar-se de barriga para baixo. Seu braço esquerdo estava inutilizado, e ele não tinha forças nas pernas, mas o braço direito estava intacto, então conseguiu, de alguma forma.

...Muito bem.

Era hora de se divertir rastejando. Completamente dependente do braço direito, ele levava mais de trinta segundos para avançar um único metro. Além disso, precisava fazer pausas frequentes ou ficava difícil continuar. Doía também. Provavelmente perderia as forças para prosseguir em breve.

Quando acontecer, aconteceu...

Ele iria até onde conseguisse. Aprendeu isso durante seu tempo como soldado voluntário. Não importava o que fosse, ele deveria fazer o melhor que pudesse. Isso era tudo que ele podia fazer.

Focou-se em seguir em frente, talvez porque não quisesse pensar. Estava preparado, mas agora, diante do fim, alguns arrependimentos vinham à mente. Não queria se arrepender agora. Não havia nada que pudesse fazer sobre eles.

Sua vida teve muitos altos e baixos, mas ele viveu da forma que quis. Estava prestes a concluir a vida que escolheu. Queria pensar assim. Não queria pensar nos companheiros que deixou para trás, por exemplo.

Eu deveria ter feito isso. Eu deveria ter feito aquilo.

Havia outro caminho. Se olhasse para o passado, poderia acabar preso nesses arrependimentos.

Ele ia morrer de qualquer jeito. Não importava o caso, ele não havia errado. Queria morrer acreditando nisso.

A morte não era assustadora. Ele já tinha perdido companheiros antes, e visto isso acontecer. Sentia que entendia o que era a morte.

Os mortos não voltavam. Permaneciam apenas nas memórias dos vivos. Se ninguém os lembrasse, desapareceriam por completo.

Naturalmente, era difícil lidar com a morte de pessoas próximas. Houve momentos em que parecia que uma parte dele tinha sido arrancada. O tempo podia amenizar a tristeza e o sentimento de perda, mas, se ele pensasse nisso, seu peito se apertava.

Quero ver aqueles que morreram. Por que não posso? ele pensava. Este mundo era injusto.

Se for só comigo, ninguém perde nada... — murmurou.

Será que isso era verdade?

Era por isso que ele havia se afastado dos amigos e escolhido viver sozinho?

Não, isso não podia ser tudo. Ele queria se livrar de todos os seus fardos, viver sem amarras, ser livre. Queria viver apenas para si mesmo.

Em troca disso, não podia contar com ninguém. Não incomodaria mais ninguém.

Ele já estava farto de tudo.

Estava bem sozinho.

Não precisava de mais nada.

Viveria e morreria sozinho.

Não era isso o ideal?

Ainda assim, era difícil acreditar nisso. Que surpresa. Ele tinha conseguido voltar ao acampamento.

Montara sua barraca em um espaço levemente aberto, com boa visibilidade, construíra um fogareiro, organizara todos os utensílios de cozinha e colocara uma cadeira dobrável. Ele gostava desse tipo de trabalho minucioso. Sempre que olhava a bela paisagem enquanto cozinhava, sentia, do fundo do coração, que estava feliz por estar vivo.

Que pessoa pequena e entediante eu sou, ele riu.

E estava bem com isso. Era a verdade.

Apoiado no fogareiro, com os olhos baixos, não podia ver a encosta da montanha ou as planícies à distância. Mas o céu se estendia infinitamente, e, mesmo enquanto a dor gélida o atormentava, ele sentia uma leve sensação de conforto.

Isso não era tão ruim. Ele morreria ali. Seria um final digno.

...Será mesmo? — murmurou.

A quem estou perguntando? Ele riu. Só havia ele ali. Quando sua vida acabasse, as feras viriam devorar seus restos, sem dúvida. Ele rezava para que, antes que a maldição do No-Life King surtisse efeito, elas dessem um fim completo nele.

Bem, mesmo que não fosse tão simples, seria depois de sua morte. Não precisava se importar. Podia terminar sua jornada em silêncio ali.

Era o melhor. Muito melhor do que ver outra pessoa morrer.

Ele odiava isso. Nunca queria passar por isso de novo.

Se vivesse interagindo com outras pessoas, mesmo que não fosse como soldado voluntário, um dia acabaria perdendo alguém. As pessoas, todos os seres vivos, estavam destinados a morrer, afinal.

Morrer.

E daí...?

Era simples... inevitável...

Ei, nerdão.

Fazia muito tempo desde que alguém me chamara assim. Tanto tempo que eu quase esquecera que já me haviam chamado.

Keenesburg. Não a de Nova Jersey, mas a do Colorado.

Nessa cidade com cerca de 1.000 habitantes, quase todo mundo conhecia todo mundo. E, sendo um otaku desde pequeno, eu era uma criatura rara, o que tornava incrivelmente difícil viver ali.

Sempre fui um otaku, desde que me lembro, e, em algum momento, começaram a me chamar de nerdão. Apesar de ser cruelmente zombado pelas outras crianças do bairro, eu não tinha outra escolha senão agir como um inseto que se agarra às suas roupas e entra em sua casa sem que você perceba, tentando, de forma sutil, que me aceitassem no grupo.

Eu me odiava por fazer isso e pensava que talvez fosse mais feliz se me rejeitassem de vez e me afastassem. Mas, para eles, eu não passava de uma barata otaku, nem valia o esforço de ser intimidado.

Bom, eu mesmo conseguia perceber o quanto era insignificante e, em parte devido à influência do meu pai, que tinha problemas com bebida e era ateu, também não acreditava em Deus. Não havia salvação. Eu vivia com a ideia de que esta cidade, este país e todas as pessoas simplesmente iriam desaparecer um dia, e eu já estava pelo menos um terço do caminho para aceitar isso com seriedade.

Mas eu definitivamente nasci otaku. Um dia, descobri os animes japoneses na internet e comecei a ler mangás também.

Agora eu tinha um sonho. Eu queria ir para o Japão. Não havia Deus, nem paraíso, mas no Japão, existia o paraíso. Isso me deu forças para seguir em frente.

Ei, nerdão.

Eu estava com um sorriso idiota no meu rosto cheio de espinhas. Mas quando Matt, o grandalhão que tinha passado mais de cinco anos zombando de mim, me chamou daquilo, eu perdi a cabeça e pulei nele. Meu ataque surpresa foi um sucesso, e eu derrubei Matt, montei nele e comecei a desferir golpes desajeitados em seu rosto.

Naquele momento, meu coração estava ficando mais forte, mas meu corpo ainda era fraco, então eu não consegui realmente machucar Matt. Naturalmente, uma vez que ele se recuperou do susto, Matt me empurrou com facilidade. Os golpes dele, ao contrário dos meus, não eram nada ineficazes, e eu realmente levei uma surra. Mesmo assim, não implorei por misericórdia. Me defendi o melhor que pude, cerrei os dentes e aguentei firme até que a fúria de Matt diminuísse.

Parecia que, eventualmente, os punhos de Matt começaram a doer, e ele foi embora, despejando palavrões enquanto se afastava.

Keenesburg.

Eu fiquei deitado ao lado da estrada na South Pine Street, sozinho, cantarolando uma pequena canção de vitória para mim mesmo. Eu era um otaku, mas não era fraco. Nem burro. Eu ficaria mais forte e realizaria meu sonho.

Quanto tempo havia se passado desde então?

Por que eu estava aqui?

Meu sonho não tinha se realizado?

Sim. Eu estudei japonês. Meus materiais de estudo eram, na maioria, animes e mangás. Além disso, músicas de anime e J-pop. Também li romances japoneses. E estudei.

Originalmente, eu me saía melhor em ciências, mas depois de estudar japonês, parei de odiar tanto as matérias de humanas. Enquanto corria e fazia alongamentos, também fiz musculação e treinei. Mesmo que nunca fosse tão grande quanto Matt, consegui ganhar algum músculo.

Eu não era popular com as garotas. Não, não apenas com elas. Ninguém, nem mesmo os caras, queria ter algo a ver comigo.

Suportei a solidão e, finalmente, pisei em solo japonês como estudante de intercâmbio. Foi por um período de cerca de um ano. Passei meus dias pensando: Eu nunca quero voltar para casa.

Por que eu não podia ter nascido neste país? De qualquer forma, o Japão combinava comigo.

Naturalmente, eu ainda era um otaku, mas isso fazia os japoneses sentirem uma espécie de simpatia por mim. Com minha família anfitriã, os Hazaki, senti um tipo de amor familiar caloroso que nunca havia experimentado com minha família de verdade. Em um colégio japonês, um lugar que eu sempre sonhei em frequentar, consegui fazer amigos de verdade pela primeira vez.

Também encontrei o amor. Com uma colegial japonesa, uma JK, Satsuki. Sim, eu arranjei uma namorada com o mesmo nome da menina de Meu Amigo Totoro. Satsuki e eu dávamos as mãos e saíamos em encontros. Caminhávamos ao longo de um dique, atravessávamos uma ponte, entrávamos em uma livraria e nos sentávamos em um banco de parque.

Jessie, seu japonês é muito bom — Satsuki sempre me dizia. — É tão natural — ela dizia.

Eu me sentia como se tivesse ido para o paraíso. Talvez eu não acreditasse em Deus, mas, se ele me levasse ao paraíso, era assim que tenho certeza de que seria. Eu beijei Satsuki. Foi um beijo doce, em que apenas nossos lábios se tocaram. Mas foi só isso. Eu hesitei.

Quer dizer, eu teria que voltar, e não poderia ficar com Satsuki para sempre. Aquele foi o primeiro beijo dela? Queria perguntar a Satsuki, mas nunca consegui.

Quer dizer, se não fosse, o que isso importaria? Se eu fosse o segundo ou o terceiro, me sentiria mais à vontade para avançar no relacionamento, talvez até transar com ela se as coisas dessem certo, era isso?

Eu não conseguia pensar assim. Eu amava Satsuki de verdade. Por mais infantil que isso pareça em retrospecto, eu queria amar Satsuki com toda a sinceridade que pudesse reunir, enquanto permanecia fiel a mim mesmo.

Naturalmente, eu tinha meus desejos. Ficava tão frustrado depois dos nossos encontros, mas não queria usá-la apenas para aliviar isso. Mesmo depois que eu voltasse para casa, teríamos a internet, então poderíamos dar um jeito. Não havia garantia de que um romance à distância não daria certo.

Ainda assim, mesmo dizendo isso para mim mesmo, era difícil acreditar. Se eu pudesse permanecer no país e visitá-la de Shinkansen ou algo assim, seria uma coisa, mas teríamos o vasto Oceano Pacífico nos separando. Se eu pensasse com calma, não iria funcionar.

À medida que o dia de voltar para casa se aproximava, Satsuki me disse: — Eu estou bem com um relacionamento à distância.

Eu apenas repetia para ela que a amava. Era o que eu realmente sentia. Mas não queria deixar claro que estávamos terminando e machucá-la. Também não estava pronto para me machucar.

Por um tempo, depois que deixei o Japão, continuamos nos comunicando pela internet, mas as várias videochamadas por dia acabaram se tornando uma só, depois uma a cada vários dias.

Eventualmente, Satsuki disse: — Jessie, você não acha que tem sido meio frio ultimamente?

Quando pedi desculpas, ela perdeu a paciência comigo.

E foi isso. Provavelmente, ela encontrou outro cara de quem gostava. Eu já tinha sentido que isso ia acontecer, mas não tinha intenção de perguntar. Ainda amava Satsuki, mas justamente por isso não queria prendê-la. Queria que ela fosse feliz, mais do que qualquer coisa.

Sem estar ao lado dela, nem mesmo podia segurar sua mão. Por isso, fiquei bem com essa situação. Fiquei repetindo isso para mim mesmo.

Mesmo assim, ainda planejava voltar ao Japão. Não era que eu odiasse meu país, mas ele realmente não combinava comigo. Morando lá, eu me sentia um estranho. Sentia que meus pais não eram realmente meus pais. Parecia que eu tinha nascido em uma terra distante e só tinha crescido ali por um erro.

Quero dizer, de qualquer forma que olhassem para mim, eu era apenas um cara comum que cresceu em uma pequena cidade americana como Keenesburg, teve uma vida familiar ruim, mas não terrível, tirou boas notas, conseguiu frequentar uma boa escola e foi para uma universidade razoavelmente decente.

Mas isso estava errado. Esse não era eu. Tenho certeza de que ninguém entenderia, mas eu entendia.

Não podia ser feliz ali. Se estivesse no Japão, poderia ser eu mesmo. Poderia viver da forma que queria e, mesmo que não conseguisse reatar com Satsuki, poderia encontrar uma garota maravilhosa para amar e, algum dia, até construir uma família.

Quando esse momento chegasse, eu tinha certeza de que finalmente conseguiria amar meus pais. Não importava o que tivesse acontecido antes; eles me trouxeram ao mundo. Com certeza eu seria grato e faria de tudo para ser um bom filho.

Em outras palavras, tudo ficaria bem. As coisas tomariam um rumo melhor. Eu estava confiante. No ano que passei como estudante de intercâmbio, minha autoconfiança cresceu.

Então, enquanto frequentava a universidade, usei uma variedade de métodos, legais e ilegais, para ganhar dinheiro. Quando economizei o suficiente para me sustentar por alguns meses lá, minha paciência acabou.

Pedi uma pausa nos estudos e voei do Aeroporto Internacional de Denver para Seattle, Vancouver e, finalmente, Narita.

Eu finalmente tinha voltado ao Japão. Felicidade e alívio. Era isso que eu sentia.

...Por quê? Grim...gar...

Que estranho, pensei.

Eu estava no Japão.

Ou deveria estar.

Enquanto ganhava dinheiro das formas que tinha aprendido na universidade, vivia uma vida de otaku.

Fiz mais amigos. Não apenas amigos otakus. Também andava com os normies.

Eu não ia a Roppongi com frequência, mas Nakano, Shinjuku e Akihabara eram como meu quintal. O tempo que eu planejava ficar foi se estendendo aos poucos, e comecei a pensar no que poderia fazer para permanecer.

Primeiramente, não poderia abandonar a universidade. Também seria uma boa ideia explicar as coisas para meus pais. Precisaria voltar para casa por um tempo, mas isso seria um incômodo. No entanto, não podia simplesmente ficar aqui assim.

Seria muito mais fácil viver aqui se tivesse um emprego adequado. Tinha algumas pistas sobre isso. Talvez fosse estranho dizer isso sobre mim mesmo, mas era esperto. Eu era uma pessoa bem habilidosa. Não importa o que eu fizesse, nunca era o melhor. Mas conseguia fazer melhor que a maioria, então podia me virar.

Então... eu estava no Japão.

Deveria estar... no Japão, então por que...?

Por que eu estava em Grimgar?

Antes que percebesse, tinha chegado a Grimgar.

Uma lua vermelha. A lua era vermelha, e isso o surpreendeu.

O que aconteceu...?

Ele não sabia. De qualquer forma, isso não era o Japão. Era Grimgar. Ou será que tudo não passou de um sonho?

Ele abriu os olhos, que tinham se fechado em algum momento. Nuvens dispersas. Conseguia ver o céu azul pálido. Não era o céu de Tóquio.

Tóquio. Isso mesmo. Eu estava em Tóquio. Não há dúvida sobre isso. Mas agora estou nas montanhas. Em uma das Sete Montanhas com seus picos distintos. O Vale Quebrado, onde viviam os elfos cinzentos, ficava na base delas. Sim. Este é Grimgar.

Ele conseguia se lembrar de todos os companheiros que conhecera e de quem se separara aqui. Tinha uma lembrança igualmente vívida de Satsuki e de todos os seus amigos em Tóquio.

Estranho.

Ele os havia esquecido por todo esse tempo.

O que tinha acontecido? Como ele havia acabado assim?

Isso não importava agora. Por que ainda estava respirando? Até mesmo a dor parecia distante. Ele estava prestes a morrer...

Morrer.

Estou prestes a morrer? Quero ver a Satsuki.

Sou idiota? Quantos anos acho que se passaram desde a última vez que nos vimos? Estar meio morto está bagunçando minha cabeça. Não, mas minha consciência está surpreendentemente clara. Não acho que consigo mexer sequer um dedo, e minhas pálpebras estão meio fechadas. Estou claramente prestes a morrer. Apesar disso... vou morrer? Morrer assim?

Isso era inesperado. Ele imaginava que sua existência se estreitaria, que perderia a consciência, suas emoções e pensamentos se tornando cada vez mais fracos, até que não sobrasse nada. Se não morresse instantaneamente, era assim que ele esperava que fosse o fim. Será que não era assim que era? A morte?

Vou morrer.

A qualquer momento.

Ainda não?

Quando isso vai acabar? Me dá um descanso, já.

Pensar que teria que ficar ali, esperando impacientemente pela morte...

Outra coisa.

Sim. Pensar em outra coisa. Chega de pensar na morte.

Era inevitável. Isso era o que tornava a morte assustadora. Ele sabia disso agora por experiência própria. Mas não havia nada a ser feito. Se agisse com medo, ficaria apenas mais assustado. Era hora de se distrair.

Grimgar.

O que havia com este mundo? Era diferente—um mundo diferente? Ou era algum lugar na Terra? Não, não havia como um território tão vasto e inexplorado ainda existir. Nesse caso, não era a Terra. Outro planeta? O primeiro exoplaneta foi descoberto em 1995. Muitos foram encontrados desde então. Alguns estavam na zona habitável, aptos a abrigar vida, mas todos eram distantes. A menos que viagens mais rápidas que a luz fossem possíveis, como em algum romance de ficção científica, não havia como chegar até eles. Ele não podia dizer que a teoria de outro planeta era realista.

Realista?

Havia magia em Grimgar. Diziam até que existiam deuses. Este lugar não era realista desde o começo.

O que significava...

...que não era realidade?

Era mesmo um sonho?

Não era possível. Nenhum sonho era tão longo, coerente, envolvente para todos os sentidos, detalhado e ao mesmo tempo profundo e vago. Isso não era um sonho. Era uma realidade indiscutível.

Ainda assim, Tóquio no Japão e Grimgar não estavam conectados. Havia um vazio intransponível entre os dois.

Era um mundo diferente. Um mundo paralelo? Como na teoria dos muitos mundos? Algum efeito o transferiu para um desses mundos paralelos não observáveis?

Era uma ideia ridícula. Ele podia aceitar hipoteticamente que, por uma probabilidade infinitesimalmente pequena, algo assim poderia ter acontecido. Mas não era isso. A maioria dos soldados voluntários em Altana estava na mesma situação que ele.

Essa era a realidade.

Isso era a realidade.

Mas e se não fosse?

Por ter acreditado que aquilo era a realidade, ele conseguia acreditar que isso também era. Mas e se aquele mundo, que servia como base para ele julgar o que era real, não fosse realidade desde o início?

Uma ideia de repente lhe ocorreu.

A teoria da simulação.

Se formas de vida sencientes, como os humanos, por exemplo, inventam um computador e essa tecnologia se torna avançada o suficiente para simular um universo, as chances de tal simulação ser criada são incrivelmente altas. Se a humanidade dentro da simulação, por sua vez, se torna avançada o suficiente para simular um universo, provavelmente haverá uma simulação dentro da simulação. Essa simulação inevitavelmente conterá outra simulação dentro dela também.

...Simulações dessas simulam o universo inteiro, então as formas de vida individuais dentro delas agiriam como as que realmente existiram. As pessoas simuladas dificilmente perceberiam que estavam sendo simuladas. Mesmo que desconfiassem, não haveria como provar que este mundo era uma simulação.

Naturalmente, também havia a possibilidade de ele não estar vivendo em uma simulação, mas no mundo verdadeiro. Porém, se fosse possível simular um universo, seria razoável supor que não seria feita apenas uma simulação, mas muitas. Com simulações dentro de simulações, era lógico deduzir que haveria um número infinito de universos simulados. Em comparação, haveria apenas um mundo real.

No fim das contas, ele era uma pessoa em uma simulação ou uma pessoa vivendo no mundo real? No infinito ou no único?

Naturalmente, as chances de ele estar vivendo em uma simulação eram esmagadoramente maiores.

Originalmente, essa hipótese fora proposta por algum sueco cujo nome ele não lembrava. Teria lido isso em um livro ou algo assim? Na época, ele pensara: Faz sentido, mas não tinha levado muito a sério. A realidade à sua frente era muito mais importante, afinal, e os desafios tecnológicos eram tão grandes que parecia irreal imaginar até mesmo simular uma única pessoa. Simular o universo parecia impossível. Pelo menos naquele momento.

No entanto, o tempo passou.

O ENIAC, considerado o primeiro computador, foi concluído em 1946. Desde então, os computadores avançaram incrivelmente rápido em poucas décadas.

Nesse caso, como seria daqui a um século? E em um milênio? Se a humanidade não fosse extinta, com certeza seria capaz de simular o universo algum dia. E, quando esse dia chegasse, a teoria da simulação deixaria de ser apenas uma teoria.

Por exemplo, imagine o Mundo Simulado A. Suponha que haja uma Simulação B dentro dele, que foi executada várias vezes, e na Simulação B exista a Simulação C, que também foi realizada diversas vezes. E se um bug ou algo assim em B transferisse pessoas de B para C...?

Mesmo que fosse isso, as pessoas vivendo na simulação não poderiam provar. Porém, em comparação com pensar que uma pessoa de Tóquio, Japão, na Terra do Mundo Real X foi transferida para Altana em Grimgar no Mundo Real Y, era muito mais fácil aceitar a ideia de uma simulação.

Uma simulação. Uma simulação, hein?

Ele mesmo vivia em uma simulação dentro de outra simulação. Pensar nisso fazia sua vida parecer muito mais trivial.

Era vazio.

Ainda assim, ele sempre acreditara que as coisas eram como você as via, que não havia céu nem inferno, pois eram cientificamente impossíveis. Mas, talvez, o mundo além da morte também fosse simulado. Se fosse assim, a morte não seria o fim, mas uma jornada para um novo mundo.

De qualquer forma, tudo não passava de uma simulação.

...Será que alguém... está assistindo...? — murmurou.

Sim, eu estou assistindo.

Ele obteve uma resposta.

Impossível.

Ele não conseguia mover a cabeça. Procurou a pessoa que falou apenas com os olhos.

Ali.

A seus pés.

A pessoa estava agachada.

Ela usava um capuz, então ele não conseguia ver seu rosto, mas provavelmente era uma mulher. A voz parecia mais feminina do que masculina. Suas palavras eram no idioma comum de Grimgar, falado por humanos, elfos e anões. Pensando bem, por que o idioma comum era idêntico ao japonês? E agora que pensava nisso, a língua dos mortos-vivos parecia um pouco com o inglês.

...Acho que não importa — murmurou. — De qualquer forma...

Você estava falando sobre algo interessante — disse a mulher.

...Fa...lando? Quem estava...?

Você.

...Eu estava... falando alto? Eu não achei... que tivesse alguém aqui. Pensei... que era só eu.

Um urso te atacou?

...Mm. — Até mesmo um aceno parecia encurtar sua vida.

Que piada. O que havia de errado com isso? Ele não tinha muito tempo de vida. Se a morte viesse em dez minutos, cinco minutos, um minuto ou trinta segundos, não fazia tanta diferença.

Além disso, sua vida quase certamente era apenas uma simulação, então era ridículo pensar sobre vida e morte. Ambas eram desprovidas de significado.

Nada tinha valor.

Era estúpido, absurdo.

Ele desejava apenas poder morrer de uma vez.

Queria desaparecer.

O urso parecia perigoso se fosse deixado sozinho, então eu acabei com ele — disse a mulher. — Acho que foi ele que fez isso com você.

Ah, é?

O que houve?

Nada, na verdade.

Não havia nada a ser feito.

Nada poderia ser feito.

Pensar que, à beira da morte, ele se sentiria assim.

Está chorando? — perguntou a mulher.

Talvez estivesse.

Ele não queria perceber.

Queria morrer sem saber de nada.

Seria mais fácil assim. Como as coisas haviam chegado a esse ponto?

Seja qual fosse o motivo, ele havia sido transferido de Tóquio, no Japão, para Grimgar. Quando isso aconteceu, ele esqueceu quase tudo sobre aquele mundo. Pensando bem, talvez isso tivesse sido um ato de misericórdia de alguém.

Não havia necessidade de saber. Era melhor não saber. Ele não precisava pensar sobre isso. Se era apenas uma simulação ou não.

Se fosse coincidência ou inevitabilidade, ele era um único ser vivo nascido em um certo lugar, um único ser humano. Às vezes com diligência, outras com preguiça, e ainda outras com desespero, ele atravessaria seu tempo limitado e, um dia, morreria.

Havia aqueles que eram exaltados como heróis, outros que eram ridicularizados como covardes, e outros que eram desprezados. Havia aqueles que amavam as pessoas e traziam felicidade, e aqueles inúteis que roubavam ou feriam os outros. Alguns, às vezes, eram virtuosos, mas em outras manchavam as mãos com atos vis. Pequenas, grandes ou medianas, todas as vidas eram únicas, e cada uma tinha valor.

Ao menos, para cada pessoa, era a única vida que tinham.

O melhor seria morrer sentindo isso.

Se pudesse acreditar, ele gostaria.

Mas não conseguia mais.

Você deseja não morrer? — perguntou a mulher.

Ele não tinha forças para responder. Mas, se pudesse, ele diria. Com toda a alma, ele gritaria.

SIM! Ele choraria. Eu não quero morrer.

Achou que já tinha se preparado para morrer há muito tempo, mas agora tinha que admitir que tudo sobre essa preparação era vazio. Ele não queria morrer assim.

Eu sei. Querendo ou não, vou morrer. Não posso evitar.

Mas eu não quero.

Eu quero viver mais? Não sei. Mas não quero morrer sentindo isso.

Existe um jeito. Apenas um — disse a mulher em algum lugar ao longe.

Muito, muito longe.

Não, provavelmente não era isso. Ele provavelmente estava indo embora por si mesmo.

Ele não conseguia mais ver nada.

Estava morrendo.

Você parece saber coisas fascinantes, então eu preferiria não deixar você morrer assim — disse a mulher. — Eu queria ao menos saber seu nome, mas isso pode esperar.

E então a mulher acrescentou: — Até mais.



Tradução: ParupiroH
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