Hai to Gensou no Grimgar | Grimgar of Fantasy and Ash Volume 02 Capítulo 11 [Aquilo]
Caraca, eu sou incrível ou não sou? Pensou Ranta. Na verdade, eu sou claramente incrivelmente incrível. Sou um gênio. Será que fui escolhido por algum deus? Se sim, eu me pergunto de que deus era. Um deus das trevas, como era de se esperar? Será que foi Skullhell? De qualquer forma, eu sou foda ou não sou? Afinal, eu ainda estou vivo e tudo mais.
— Cara... — disse Ranta com um suspiro.
Até mesmo o grande Ranta-sama imaginou que ele poderia estar em apuros dessa vez. Talvez ele estivesse acabado. Com certeza não havia muito que sugerisse que ele não estava. Talvez esse fosse o fim. Honestamente, esse pensamento passou por sua cabeça.
Quase me mijei lá atrás. Mas não cheguei a fazer de verdade. Cheguei bem perto.
Talvez eu tenha feito um pouco, só um pouquinho.
Ainda assim, Ranta estava vivo.
Isso é o mais importante. E o mais incrível.
Ranta havia feito algo que ninguém mais poderia ter feito.
Acho que posso me orgulhar disso. Quero me elogiar muito.
Todos os seres sencientes deste mundo deveriam estar louvando a Ranta.
— ...Ei, você também acha isso, não é? Zodiac-kun? — perguntou Ranta, voltando-se para o demônio roxo e negro que flutuava ao lado de sua cabeça.
Os demônios eram lacaios do deus das trevas Skullhell que os cavaleiros das trevas podiam convocar com seu feitiço de magia das trevas, Demon Call.
Os demônios mudavam de forma à medida que o cavaleiro das trevas que os evocava acumulava vícios, e o Zodiac-kun de Ranta era moldado como o torso sem cabeça de um humano, com dois buracos parecidos com olhos na área do peito e uma fenda como boca logo abaixo deles.
— Não, não... Não... Não, não... De jeito nenhum... — Quando Zodiac-kun falava, sua boca sibilava e borbulhava enquanto se movia. A voz de um demônio soava quase como um grupo de crianças sussurrando ao mesmo tempo. Era bastante assustador até que ele se acostumasse.
Na verdade, mesmo agora que ele havia se acostumado, ainda era assustador, e ele se arrepiava toda vez que a ouvia.
— Ainda assim, é melhor do que ficar sozinho... — murmurou Ranta.
— Fracote, fracote... Fracote, Fracote... Fracote... Covarde, Covarde... Criança elevada... Criança elevada... Criança levada... Criança levada... Criança levada....
— Oy, no final, você mudou para “Criança levada”.
(NT: Em PT-BR isso não faz muito sentido, mas ele trocou Wimp(Covarde) por imp(Criança levada) no meio da frase.)
— Criança levada, Criança levada, Criança levada... Criança levada... hehehehehehe... Hehehehehehe....
— Já estou cansado de você! — Quando ele levantou a mão para bater no demônio para dar um efeito cômico, Zodiac-kun flutuou para evitar a mão de Ranta.
— Ehehe... Ehehehehehehe... Ehehehehehehehe... Criança levada, Criança levada... Ehehehehehehehehehe...
— ...Droga. Maldito Zodiac-kun... — Ranta abraçou os joelhos, fingindo soluçar.
Fazer isso só o fez se sentir vazio, então ele parou.
— Mesmo assim, estou impressionado por ter conseguido chegar ao quarto nível... — disse ele.
Isso mesmo.
Ranta não estava na refinaria do quinto nível. Ele estava na fazenda, no quarto nível.
Como foi que ele conseguiu escapar daquela batalha sangrenta? Ele mesmo não sabia como isso tinha acontecido, mas depois de mandar Moguzo à frente, ele simplesmente correu como um louco e acabou indo parar em outro poço. No entanto, ele se lembrava de ter chutado vários kobolds enquanto subia a escada de corda.
Pelo menos alguns dos kobolds do quinto nível o perseguiram até o quarto nível, mas, por sorte, o portão da cerca em torno de um dos recintos em que eles mantinham essas criaturas havia sido deixado aberto.
Quando Ranta correu para dentro dele, os pigrats que estavam lá dentro correram freneticamente para a entrada. Isso permitiu que ele distraísse um bom número de seus perseguidores. Ainda assim, embora não tenha sido suficiente para despistar todos eles, isso o fez pensar: Posso usar isso.
Ranta passou de um recinto de pigrats ou pigworm para outro, despistando os perseguidores kobolds pouco a pouco e, quando finalmente despistou o último deles...
Aqui estou eu. Dentro de um cercado de pigworm.
Há pigworm por toda parte.
Ranta e Zodiac-kun estavam cercados por pigworm.
— Mesmo assim... — Ele tentou cutucar um pouco o pigworm que estava ao seu lado.
Sem resposta.
Como se fosse a coisa mais natural a se fazer em seguida, ele tentou dar um tapa com a palma da mão.
Sabia. Esse pigworm não irá me dar uma resposta.
— Tudo bem, que seja assim! — Ranta esbravejou. Se é isso que você quer...
Ranta tentou beliscar a pele grossa do pigworm. Quando fez isso, o pigworm olhou para ele com olhos pretos meio escondidos atrás de suas pálpebras caídas, fez um som de gufuu.
— ...E-Eu o deixei... bravo? — gaguejou Ranta.
— Gufuu. Gufuu.
— Uau! Pare! Esp – Não se aproxime do meu rosto, isso é nojento...!
— Bufuu. Bufufuu. Gufuu.
— Maldito! Você acabou de me lamber...?! Espere, o que há com sua língua?! Está muito áspera, está doendo!
— Fuu. Gufuu. Fufuu. Fuu. Fuu.
O pigworm se esfregou em Ranta. Ele tentou afastá-lo, mas não adiantou. O pigworm era incrivelmente forte. Ele não conseguia se afastar.
Por fim, o pigworm envolveu Ranta com seu corpo. Se ele se debatia, o pigworm apertava, mas quando ele ficava imóvel, o pigworm se acalmava.
— ...Sério? Esse cara está apenas relaxando, não está? Sério...?
— Fracote, Fracote, Fracote... Ehehehehehehehehe... Fracote, Fracote, Fracote... Ehehehehehehehehe... Fracote...
— Eu também tenho o Zodiac-kun implicando comigo... —, murmurou ele.
— Morra... Morra, morra.... Vá para o abraço do Lorde Skullhell... Seja abraçado...
— Não diga coisas assustadoras como essas!
— Fracote... Fracote, Fracote... Criança levada... Ehehehehehe... Criança levada, Criança levada, Criança levada, Criança levada, Criança levada, Criança levada, Fracote...
— ...No final, sou um covarde, não é?
Ranta não estava sozinho. Ele tinha Zodiac-kun com ele e, por alguma razão, esse pigworm também estava se afeiçoando a ele. Ainda assim, ele estava isolado e sem apoio.
Era indescritível... bem, não, era bem descritível, se ele fosse direto. O pigworm cheirava a urina e fezes. O ambiente no curral dos pigworm era o pior possível, mas se ele saísse de lá, os anciãos em patrulha poderiam encontrá-lo. Mesmo enfrentando um ancião, ele não tinha a menor chance de ser encontrado. Mesmo enfrentando um ancião, ele provavelmente conseguiria se virar no mano a mano.
— Esse sujeito também cheira mal... —, ele sussurrou.
Era um cheiro indescritível... na verdade, não, era bem descritível, se ele fosse direto. O pigworm exalava um odor de urina e fezes. O ambiente no curral dos pigworm era o pior, mas se ele saísse, os anciãos em patrulha poderiam encontrá-lo. Mesmo enfrentando um ancião, ele provavelmente conseguiria lidar com ele sozinho.
Eu poderia vencer. Com a força que tenho. Mesmo assim, estou um pouco cansado. Não quero me esforçar. Se eu usar meu verdadeiro poder, um ou dois anciãos serão fáceis, mas quero descansar um pouco. Até mesmo o ousado e decidido cavaleiro das trevas precisa descansar.
Assim que eu tiver descansado bem, entrarei em ação.
— Tenho que sair sozinho —, murmurou ele.
Moguzo. Yume. Shihoru. Mary.
E Haruhiro.
Um após o outro, seus rostos passavam por sua mente.
Isso não é bom.
Eles não são confiáveis.
Ou melhor, não posso confiar neles.
Ranta riu de forma sarcástica. — ...Sim, eu sei, vocês todos me odeiam.
Por que? Eu não consigo lembrar de coisas que aconteceram há muito tempo, então não sei o motivo.
De qualquer forma, Ranta não conseguia fingir ser bom. Agir bem com as pessoas, ser atencioso, só de pensar nisso já dava vontade de vomitar. Se ele não pensasse algo, não havia nada que o fizesse dizer. Mesmo quando ele pensava algo, havia uma grande quantidade de coisas que ele ainda não podia dizer.
— Se eu agir assim, eles vão se irritar. — Não é que eu nunca pense nisso. Às vezes eu penso sim. Não é que eu não pense. Mas, mesmo assim, não consigo me controlar. Não é meio errado fazer isso? Quero dizer, eu sou eu. Eu quero mentir e fingir que sou uma boa pessoa para que os outros gostem de mim? Não, não quero fazer isso.
Não quero me esforçar para ser gostado. Se não gostarem de mim, não tem problema para mim. Se quiserem me odiar, que odeiem.
Aqueles que entendem, entendem. É isso que eu penso. Deve haver pessoas por aí que entendem. Entender o que? Meu valor? Algo assim. Provavelmente há pessoas que podem me julgar de forma justa e também vão reconhecer isso. Então, tudo bem. Se as pessoas não entenderem, não precisam.
Eu digo isso, mas camaradas são camaradas.
Ranta era membro da party. Ele vinha contribuindo para a party à sua maneira e planejava continuar fazendo isso.
Eles logo entenderão, pensou ele. Eles perceberiam a sorte que tinham por Ranta-sama estar com eles. Quando todos reconhecessem a importância de Ranta, suas atitudes mudariam.
No entanto, Ranta sabia muito bem que eles ainda não tinham chegado a esse ponto.
Era muito cedo. Fui lá e fiz isso sem pensar.
-Deixem isso comigo...!
— Bem, sim... — É claro que ele tinha.
Se tivessem visto a oportunidade, qualquer homem teria feito. Ele teria que fazer. Qualquer homem que não fizesse não seria um homem.
Mesmo que fosse uma mulher, sim, uma mulher poderia fazer também. Se Ranta fosse uma mulher, provavelmente faria.
Então, ele não tinha arrependimentos. Ranta fez o que precisava ser feito. Não havia outra escolha.
Ainda assim, eu gostaria que a chance tivesse surgido mais tarde.
Depois que seus camaradas foram forçados a reconhecer sua grandeza e ele se tornou um membro indispensável do grupo, se a oportunidade tivesse surgido, o impacto teria sido intenso.
O estúpido Haruhiro teria chorado feito um bebê. Moguzo teria lamentado. Quanto ás garotas, com certeza teriam se apaixonado por Ranta. Então, elas teriam dito:
— Não podemos abandonar nosso Ranta-sama! Vamos procurá-lo, todos juntos!
Isso é absolutamente o que teria acontecido.
Foi muito cedo. O momento chegou muito cedo.
— Acho que isso significa que o tempo não consegue me acompanhar, não é? — murmurou Ranta.
Provavelmente não, murmurou Ranta, soltando em seguida um suspiro profundo. Provavelmente não posso contar com meus camaradas. Ninguém vai vir me ajudar. Vou ter que sair dessa por conta própria.
— Morra... Ehehehehehe... Morra, Morra... Morra... Ehehehehehe... Criança levada, Criança levada, Criança levada...
O abuso de Zodiac-kun o atingiu em cheio.
No entanto, seu mestre na guilda dos cavaleiros das trevas havia lhe dito algo. Que um demônio é como um espelho que se ergue para o seu invocador. Um demônio é o reflexo de seu cavaleiro das trevas.
O que é esse idiota? Era o que Ranta queria pensar, mas seu mestre, Kidney Aguro, era muito assustador. Seu mestre não estava aqui no momento, mas o homem era tão assustador que ele ainda estava convencido de que seria morto se duvidasse dele.
— Em outras palavras, eu ainda tenho o poder de abusar de alguém. — Ranta sorriu de forma sarcástica.
Estou bem. Eu consigo, pensou. Apenas espere, Haruhiro. Eu vou conseguir sair dessa sozinho, se for preciso. Você vai se surpreender depois. E também vai se curvar diante de mim enquanto estiver nisso.
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