Hai to Gensou no Grimgar | Grimgar of Fantasy and Ash Volume 01 Capítulo 14 [Prata e Moeda de Ouro]
— ... É impossível trabalhar com ela! — Ranta bateu sua caneca de cerâmica na mesa.
— U-um — murmurou Moguzo. — Vai quebrar a caneca.
— Cale boca! Estou me segurando! E quanto a você, Moguzo?! Ela não o irrita?! hein?!
— B-Bem, sim...
— Com certeza! Quem é que aguenta aquela mulher! Qual é da atitude dela?! Não importa quanto tempo trabalhamos com ela, ela não tenta se dar bem com nós! Haruhiro!
— Hã?
— O que você acha disso?! O que você acha, hein?! Estou perguntando o que você acha, tá?! Quantas vezes eu já perguntei o que você acha agora, seu idiota?!
— Por que perguntar tantas vezes seguidas...? — Haruhiro deu um gole em sua cerveja. — Honestamente, estou tendo dificuldade em lidar com isso, pode-se dizer. Gostaria que pudéssemos fazer algo para consertar isso.
— Pare de fazer rodeios e diga o que quer dizer! O quê?! Você está agindo assim só porque aquela mulher é bonita?!
— Isso não tem nada a ver...
— Não, você é muito mole! É muito mole com as mulheres! Você é muito mole!
— Não estou tentando ser brando com ela, e diferente de você, que é um fraco quando se trata da Mary. Você bate nela assim quando ela não está por perto, mas nunca diz nada na frente dela.
— Como se eu pudesse! — Ranta deitou o rosto sobre a mesa. — Essa mulher me assusta! Os olhares que ela dá, aquela voz, ela é muito assustadora! Estou pronto para chorar aqui, droga! Você se importa se eu chorar?!
Moguzo deu um tapinha no ombro de Ranta. — N-Não chore.
— Pare com isso! — Ranta afastou a mão de Moguzo. — Não tente me consolar! Não quero um homem me consolando! Isso é patético demais! EU, EU... Eu, Aahhhh...! —
— Deixe-o em paz, Moguzo. — Haruhiro suspirou. — Ele é sempre assim. Se você se preocupar com isso toda vez, não terá fim.
Desde que Mary se juntou ao grupo, Haruhiro, Ranta e Moguzo tinham o hábito de visitar a Taberna Sherry juntos quando voltavam da Cidade Velha de Damuro. Não era porque quisessem beber, mas porque não conseguiriam dormir se não desabafassem antes. Sem isso, não conseguiriam se motivar para o dia seguinte.
O preço de uma cerveja tinha um desconto de três cobres para quem tinha os distintivo, mas Haruhiro e os outros eram ainda soldados em treinamento, então custava quatro cobres. Apesar de só tomarem uma, às vezes duas, cervejas, eles sabiam que isso era um desperdício. Eles haviam deixado de ganhar metade, não, um terço, do que ganhavam quando Manato estava por perto, então não era incomum haver dias em que ganhavam menos de uma prata cada.
Eu deveria ser mais econômico. Eu sei disso. Tenho consciência disso.
O total de ativos de Haruhiro, incluindo o que ele havia armazenado na Companhia de Depósitos Yorozu, era de pouco mais de 17 pratas. Um distintivo do esquadrão custava 20 pratas, então ele estava quase lá. No entanto, mesmo quando chegasse a 20 pratas, ele não poderia sair e comprar o distintivo naquele exato momento. Se ele não tivesse cerca de 30 pratas, não poderia pagar 20 pratas de uma só vez. Teria sido bom se eles o deixassem pagar em parcelas.
— Um soldado voluntário, hein... — Haruhiro murmurou, olhando ao redor da taberna. Todos os clientes tinham equipamentos melhores do que Haruhiro e seu grupo. Muitos soldados voluntários usavam suas preciosas armaduras na taberna porque tinham medo de que fossem roubadas, mas alguns usavam apenas roupas elegantes com espadas de aparência cara nos quadris. Ele não pôde deixar de se sentir dolorosamente consciente da enorme diferença entre suas posições.
— Eu sei — Ranta levantou o rosto, sentando-se em uma posição estranha com o queixo apoiado na mesa. — Mesmo que você não diga, eu sei, Haruhiro. Comprar nossos distintivos do esquadrão e nos tornarmos soldados voluntários de pleno direito é nosso objetivo no momento, mas de alguma forma você simplesmente não se importa. Isso não o deixa entusiasmado. É isso que você está pensando, não é?
— ...Tenho sentimentos muito complicados em relação a você ser capaz de adivinhar o que estou pensando.
— Você é tão grosseiro. Eu poderia lhe dar uma surra, quer?
— Desculpe.
— Não se desculpe tão rápido. A conversa não vai a lugar nenhum. É chato. Brinque comigo mais um pouco. Faça isso, idiota.
— É tão chato lidar com você...
— Mas — Moguzo gemeu baixinho. — Parece que perdemos de vista nosso objetivo. Mais ou menos. Não era assim antes...
— Quem diria... — Ranta virou o rosto de lado, com a bochecha contra a mesa. — ...que mudaria tanto assim. Só o fato de perder o Manato fez com que tudo mudasse tanto assim.
Haruhiro quase surtou, tentou se conter, mas não conseguiu. — O que você quer dizer com “só” perdemos o Manato? Não fale assim.
— Sim — Ranta acenou com a cabeça. — Mals.
— ...Não se desculpe tão rápido, me incomoda.
— Que cara chato.
Haruhiro pensou em bater nele, mas não queria desperdiçar energia batendo em alguém como Ranta.
— Um objetivo, hein... — Haruhiro olhou novamente em volta da taberna. Ao fazer isso, seus olhos pararam em um rosto familiar, e parecia que seu coração tinha parado.
— ...Renji.
Haruhiro e os outros estavam sentados em volta de uma mesa em um canto escuro do primeiro andar. Renji e seu grupo, por outro lado, estavam em uma boa mesa em um local iluminado perto do bar. Não, pode não ter sido um lugar melhor ou pior, mas Haruhiro nunca conseguiu se sentar em um lugar que se destacasse daquele jeito.
Não combinaria com nossa posição, nosso status, e muitas outras coisas. Essa é a sensação que eu tenho.
— Nossa — Ranta também tinha visto o Renji. — Renji está com uma roupa muito bonita...
Moguzo abaixou a cabeça, como se tivesse acabado de ser repreendido. — Incrível...
Com certeza. É uma roupa muito vistosa. Embora seu cabelo prateado já seja suficiente para chamar a atenção, Renji está usando um sobretudo de batalha com acabamento de pele preta sobre a armadura. A espada encostada em sua mesa também é incrível. Como o Renji conseguiu colocar as mãos nessa coisa? Ele a comprou? Parece ser bem cara. Ou ele a encontrou em algum lugar? E se encontrou, onde foi esse lugar?
Não é só o Renji. O cara com o cabelo militar ao lado dele, Ron, tem uma armadura de boa aparência, e Adachi, com seus óculos de aro preto, está usando uma túnica preta brilhante que também parece cara. Quanto à Sassa, como ela está mostrando pele suficiente para me lembrar da Barbara-sensei, será que ela se tornou uma ladra, talvez? Ela já era bonita, então, honestamente, está muito sexy. Chibi-chan, que está ajoelhada no chão ao lado de Renji por algum motivo, deve ser o sacerdotisa deles. Mas as roupas de sacerdotisa da Chibi-chan são claramente diferentes das de Manato e Mary. O tecido é de alta qualidade e há toques decorativos nas bordas.
— Eles são novatos, certo...? — Ranta ficou olhando, espantado. — Eles são soldados voluntários há o mesmo tempo que nós... Então, como é que existe uma diferença tão grande...?
Tanto os em treinamento quanto os portadores de distintivo, aqueles que não eram soldados voluntários há muito tempo, eram chamados de novatos. No entanto, ninguém que olhasse para a Equipe Renji pensaria que eles eram novatos. Se alguém tentasse tratá-los como se fossem, essa pessoa passaria por maus bocados.
Nunca vamos fechar essa lacuna, pensou Haruhiro. Não importa o que aconteça, a diferença só vai aumentar. Haruhiro e seu grupo ficariam presos no fundo do poço. Eles sempre seriam os menores entre os menores, enquanto o grupo de Renji continuaria subindo. Um dia, todos olhariam para Renji e seu grupo com deferência. Mesmo que ele os encontrasse em algum lugar, não seria capaz de falar com eles. Haruhiro e seu grupo seriam esquecidos, enquanto o grupo do Renji seria o centro das atenções.
Como as coisas teriam sido para nós se Manato não tivesse morrido?
Manato disse que nos tornamos um bom grupo. Será que ele realmente estava falando sério?
Manato frequentava a Taberna Sherry, então talvez ele soubesse como o Renji estava se saindo. Isso não o deixou frustrado? O Renji continua subindo constantemente, mas olhe para mim. Se eu tivesse companheiros melhores, poderia fazer o mesmo. Manato também era humano, então não seria estranho que esses pensamentos passassem por sua cabeça.
Além disso, por que Renji não convidou Manato para se juntar a ele? Ele era mais do que capaz. Se Manato tivesse se juntado à equipe do Renji, o grupo deles poderia ter ser ainda mais poderoso. Se ele tivesse se juntado, tenho certeza de que o Manato não teria morrido. Definitivamente, ele não teria morrido.
Em algum momento, Haruhiro baixou a cabeça. Ranta agarrou seu braço e disse: — Ei — e Haruhiro olhou para cima e viu o homem de cabelos prateados olhando para ele.
— -Huh...?
— Ouvi dizer o Manato chutou o balde. — Era aquela voz baixa e rouca do Renji que ele nunca esqueceria.
— Mas... — Haruhiro começou a dizer algo, mas depois percebeu que não sabia o que era. Mas... Mas? Mas o quê?
— ...Então?
Sem expressão no rosto, Renji jogou o que estava em sua mão para Haruhiro. Quando Haruhiro a pegou, viu que era uma moeda. Moguzo disse:
— Oohh?! —, recuando de surpresa. Os olhos de Ranta se arregalaram e ele disse:
— O quê...! — antes de ficar sem palavras. Quando Haruhiro viu a moeda em sua palma, sua mão direita começou a tremer. Era a primeira vez que ele realmente via essa moeda, mas provavelmente era real. — ...U-uma moeda de ouro?
— É um presente. — disse Renji, depois deu meia-volta e foi embora.
— ... Renji...! Não...! Espera...! — Haruhiro se levantou. O sangue estava subindo à sua cabeça. Ele queria ir atrás do Renji e lhe dar uma boa surra. Mas não o fez. Isso parecia perigoso. No final, ele simplesmente o perseguiu e o deteve.
Renji finalmente parou, parecendo irritado.
— O quê?
— N-Não — Haruhiro engoliu em seco.
A-Assustador. Ele é realmente assustador. O que está acontecendo com essa aura intimidadora? Isso não é normal.
— ...O-Ouça, eu não posso, como devo dizer isso? Não consigo aceitar isso. Parece, errado de alguma forma...
— Entendo — Renji estendeu sua mão direita.
O quê? Eu esperava mais problemas, mas ele não está realmente se opondo? Bem, fico feliz que ele não esteja.
Enquanto sentia alívio suficiente para durar uma vida inteira, ele colocou a moeda de ouro na mão direita de Renji. Depois de fazer isso, ele se arrependeu um pouco.
Uma moeda de ouro. Um ouro. 100 pratas, hein...
Renji então saiu sem dizer mais nada. Quando Haruhiro voltou para a mesa, Ranta o atacou.
— Seu idiota! Seu maldito idiota! Por que você devolveu?! Poderia ter ficado! Se tivéssemos dividido em três partes, seriam 34 pratas para mim e 33 pratas para você e Moguzo! Seu idiota!
— ... Por que você está recebendo a prata extra?
— Porque eu sou o grande Ranta-sama, duh! Droga, que desperdício! Se tivéssemos pegado o dinheiro, poderíamos facilmente ter comprado nossos distintivo do esquadrão!
— Acho que não — Moguzo franziu a testa. — ... Não acho que isso seria certo. Se comprássemos nossos distintivos dessa forma, M-Manato provavelmente não ficaria feliz... Eu acho.
— Como se eu me importasse! — Ranta cuspiu venenosamente. — De qualquer forma, ele já se foi. Pensar em como ele se sentiria não vai nos ajudar em nada. Droga. Aquela era uma moeda de ouro, sabia? Estou impressionado com o fato de ele poder simplesmente doá-la. Quanto dinheiro esse desgraçado do Renji tem? Enquanto isso, aqui estou eu com apenas três pratas...
— Hã? Três pratas? — Haruhiro olhou fixamente para o Ranta. — Você está brincando, né? Por que você só tem essa quantia? Em que você gastou tudo isso?
— Ah, deixa pra lá. Eu gastei em muitas coisas. Muitas coisas. Como eu gasto meu dinheiro não é da sua conta.
— ...Se continuar assim, nunca mais comprará seu distintivo.
— Não ouse dizer isso depois de desperdiçar a melhor chance que tive de conseguir um!
— Isso não vai dar certo — disse Haruhiro, apoiando os cotovelos na mesa e abaixando a cabeça. — Nesse ritmo, as coisas não vão funcionar. Não estou falando do Manato. Este é um problema nosso. Porque, nesse ponto, você está certo, Ranta. O Manato já se foi.
Ranta bufou. — É como eu estava dizendo, tenho pensado nisso o tempo todo.
— Você só pensa... — disse Moguzo em um tom forte. — Isso não é bom. Só pensar não é suficiente, você tem que fazer algo a respeito.
— ...Estamos todos desmoronando — disse Haruhiro, mordendo o lábio.
— Não é só a Mary. Ultimamente, também não tenho tido uma conversa adequada com a Yume ou a Shihoru. Não era assim antes.
Ranta apoiou as bochechas nas palmas das mãos, olhando para os lados. — Vamos todos nos dar bem, não é? Mas será que podemos fazer isso, depois de todo esse tempo?
Podemos fazer isso ou não? Isso eu não sei. Mas temos que fazer isso.
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