Tentando Enfrentar o Grande Rei
Demônio – Parte 2
O corpo de Modinalaam se transformou.
Seus membros ficaram maiores e toda a parte esquerda do seu
torso que fora perdida, voltou ao normal rapidamente. Assim como os seus
membros, o corpo de Modinalaam também acabou ficando gigantesco. Ele estava
mais alto, mas, além disso, seu físico ficou vigoroso, mais parecendo uma grande
massa de músculos. Apenas a cabeça negra de bode permanecia a mesma.
— Guh, kuh… E pensar que eu precisaria liberar todo o poder
tão rápido. Acabou sendo antes de chegar à capital das Raças.
— Minha nossa-nanoda. Só porque ficou um pouco maior, acha
que pode lutar contra esta Maou… Hein!?
Krum saiu do caminho rapidamente. O sorriso que ela tinha no
rosto até agora desapareceu. Emil não conseguia compreender a transformação do
inimigo. Estava claro que seu corpo tinha ficado maior, mas não era a única
mudança?
Edelgart encolheu-se.
— Sem… chance…
— Qual o problema?
— …R, Rei Demônio-sama… está~, vários… aqui? Aqui! —
respondeu com uma voz trêmula à pergunta de Emil.
— É por causa do Grande Rei Demônio!?
— Perigo, so… — Edelgart estava completamente assustada.
Depois de ficar com um corpo musculoso, Modinalaam perguntou
a Krum:
— O que achou do sabor do desespero-naruya?
— Kuh… Então este é todo o seu poder, né?
— Krebskrum… assim como tu imaginaste, o poder de vários Reis
Demônios reunidos era grande demais. Quando usado, o corpo não aguentaria.
Seria autodestruição. Estaria destinado a ser destruído por completo.
Modinalaam abriu uma mão. A ponta dos dedos lentamente se
transformou em areia. Isso mostrava que, depois de um tempo, ele colapsaria.
Krum ficou atenta. Seu punho direito ainda continha luz em
seu interior.
— H-Hmph… ter uma língua solta também é uma demonstração do
poder de um dos Reis Demônios? Maou não conhecia um tão tagarela.
— Afirmativo. Intelecto também é poder-nariya.
— Essa forma de falar… Parece muito com o [Rei Demônio da
Garganta, Biotros]-nanoda. Aquele cara era um baita de um tagarela mesmo.
— Um fragmento, no fim, não passa de um fragmento. Uma
existência incompleta. Quando todos estiverem reunidos, me tornarei o completo
e perfeito [Rei Demônio da Origem]!
— Que idiotice-noda. Mesmo que alcance a perfeição absoluta
ou sei lá o quê, só estaria meramente matando as Raças, sem motivo algum.
— Não. O motivo é claro.
— Ho—?
— Essa é a forma correta de exercer o poder, o valor infinito.
— Não faz sentido-noda. Não é o mesmo que dizer que você age
violentamente porque quer? Parece uma besta-nanoda.
— Como resultado… Este mundo continuará existindo.
— Mesmo que isso aconteça, se não existirem biscoitos, não
faz sentido-noda!
— Se tu se unir a mim, será possível, um entendimento
completo. — Modinalaam ergueu ambas as mãos.
Krum mostrou a língua.
— Maou se recusa-nanoda! Se ela se tornar uma com você, não
deixaria de ser a Maou?
— Um indivíduo incompleto e com valor… não existe!
— Maou não tem defeitos, já é perfeita e completa dessa
forma-noda!
— Krebskrum… Tu, que nem despertaste ainda, certamente não
podes me vencer.
A magia de Modinalaam ativou. Na ponta de suas mãos erguidas
para o céu, uma esfera brilhante apareceu, ficando maior rapidamente, iluminando
os arredores com um brilho intenso. Era como se aquilo fosse o próprio sol. Então,
Modinalaam baixou as mãos.
Tratava-se da Magia Elemental, [Queda Solar], que o [Rei
Demônio do Coração, Cardia] usou uma vez. Aquilo vinha do céu, como se o
próprio estivesse caindo.
Krum cerrou os dentes.
— Desapareça logo-noda! — Ela deu um soco contra a bola de
luz que vinha em sua direção, disparando uma segunda [Detonação Infinita]. As
duas magias poderosas colidiram, aquecendo a atmosfera e fazendo o chão arder.
Modinalaam estreitou os olhos em sua cabeça de bode.
— Tu é fraca-naruya, Krebskrum.
— O quê!?
— Contemple a grandiosidade de minha magia!
— Ah!?
Modinalaam colocou outro feitiço sobre os dois que já se
colidiam, forçando ainda mais.
Para Reis Demônios, poder mágico era algo que fluía de dentro
e nunca acabava. No entanto, havia um limite sobre o quanto poderia ser usado
de uma só vez.
Os dois estavam em níveis diferentes. A quantidade de magia
que Modinalaam podia usar por vez era muitas vezes maior do que a de Krebskrum.
Por este motivo, ela foi facilmente vencida, sendo consumida pela luz da magia
do inimigo.
— AGUAaaaAaAaaah!! — gritou de dor. Ela sentia como se todos
os seus membros estivessem sendo arrancados.
Uma explosão aconteceu.
O grupo de Emil se escondeu por entre os escombros antes que
irrompesse, mas muitos dos Cavaleiros Locais, que demoraram muito para correr,
voaram. Apenas a onda de choque mostrava o quão forte foi a explosão e o vento
soprou a fumaça para longe.
Krum estava caída no chão, queimada.
— Ah… guh… uuu…
Sua pele estava rachada. Mesmo que fosse, originalmente, uma
pele macia, jovem e bem elástica, parecia uma casca de ovo quebrada agora.
Modinalaam estava ao lado dela.
— Até mesmo o [Rei Demônio da Alma, Krebskrum], exaltada como
a mais forte, só é capaz disso quando ainda não foi despertada-naruya.
— Maou… foi ordenada… confiaram nela.-noda.
— …?
— Ela não pode… perder!
Socando o chão, levantou-se e deu uma rasteira. Seu alvo era
as pernas do inimigo, mas, ao atingi-las, sentiu algo duro. Modinalaam nem se
mexeu.
— Depois de perceber que não me venceria com magia, decidiste
lutar corpo-a-corpo-naruya? Neste caso, veja o poder do [Rei Demônio das Mãos,
Hattjabul]. — Ele deu um chute.
Krum, em uma postura abaixada, levou o golpe no flanco.
— Gyau!
Mesmo quando todos pensaram que ela sairia voando por causa
de um chute daqueles, por um milagre, ficou parada no mesmo lugar. Era como se
estivesse enraizada no chão. Então, outro golpe foi dado, desta vez, com a mão.
O dedo que estava estendido para cima perfurou seu estômago, como a ponta de
uma lança.
— AgAaaAah!!!
— Fraca-naruya.
— Ga… U… Uuu……
Ela agarrou o braço de Modinalaam com as duas mãos. Tentou
remover o dedo que a perfurava, mas não conseguiu.
— A Krebskrum despertada estaria trajada em uma armadura com
asas de luz. Tal habilidade… eu a desejo.
— U, guh… Tolo… Maou não vai ceder!
— Tua vontade… não tem valor.
Modinalaam disparou magia com a ponta do dedo que a penetrava.
Um som explosivo foi ouvido e entranhas voaram das costas de Krum.
— Gya… Ah!
Sem forças, ela caiu no chão, deixando-o vermelho.
Um buraco do tamanho de um punho foi aberto em seu estômago.
— Rei Demônio-sama!!
Empunhando sua lança, Edelgart atacou. Sua velocidade
superava a do Ser Demoníaco Ryoka.
— Hou.
Modinalaam pegou a ponta da lança que se aproximava de seu
rosto com dois dedos. Com este simples ato, ela não se movia mais, como se
tivesse ficado presa em uma parede de pedra.
Edelgart a mexia com toda a força, mas não conseguia tirá-la.
— Ugh, não consigo~… mover!?
— Um Ser Demoníaco mostra desrespeito perante mim, o Grande
Rei Demônio?
— Edelgart~… prometeu lealdade? Prometeu lealdade! A
Krebskrum-sama!
— Neste caso… — Modinalaam levantou a mão livre acima da
cabeça. Nela, uma espada negra apareceu. Era muito parecida com a [Espada de
Luz] que Galford usara há pouco, mas essa era preta e, além disso, tinha um
tamanho diferente. Ela era muito escura.
Edelgart olhou para cima e seus lábios tremeram.
— A espada capaz de matar deuses… [Destruidora de Deuses]!?
— Tu deverás estar satisfeita com teu sacrifício-naruya.
A espada desceu na direção dela. Logo antes de alcançá-la,
alguém o atingiu com uma espada pelo flanco.
— Protegerei… todas as mulheres!
Era Emil. O que ele tinha em mãos era uma [Espada de Luz], a
qual pegou emprestada de Galford. Aquilo estava dando certo. No começo, não
imaginava que funcionaria, mas, mesmo assim, não poderia ficar apenas quieto e
observando. Pelo menos, conseguiria ganhar tempo para que ela conseguisse
fugir. Lamnites também o cobria.
— [Tiro Mágico do Trovão]!!
Ela também o acertou. No entanto, Modinalaam sentiu como se
fosse uma simples brisa gentil soprando. Ele apertou firme a grande espada
preta que tinha em mãos, então, cortou na horizontal.
— Morra, vós que sois das Raças!
A espada [Destruidora de Deuses] transformou-se em vários
projéteis, todos os quais voaram com grande poder e atingiram seus alvos.
Emil foi atingido no ombro direito. Sua armadura dourada foi
penetrada com facilidade e uma dor, que parecia o queimar, percorreu seu corpo.
— Guhaa…!?
Ele caiu sobre um joelho, com sangue jorrando por entre os
encaixes da armadura. Não sentia o braço direito, nem mesmo sabia se ainda estava
conectado ao corpo. Então, com a mão esquerda, pegou a espada que escorreu da
direita.
— Ainda não terminei!
Quando tentou se levantar e se firmar, a perna direita foi
transformada em pedaços. Do joelho para baixo, tudo tinha desaparecido.
— Gah!!
Mesmo quando suprimiu a dor com seu espírito de luta, sem uma
perna, não poderia ficar de pé. Ele sentiu muito frio e percebeu que a
temperatura de seu corpo caíra repentinamente, pois perdera muito sangue.
— Guguh… Me cure… Churon!
Emil levantou o corpo com o braço esquerdo e gritou bem alto.
Quando se virou, viu que o Sacerdote foi atingido por um dos projéteis do
Grande Rei Demônio no estômago e, agora, estava deitando sobre os escombros.
Galford, Lamnites e os Cavaleiros Locais estavam feridos.
E quanto a Edelgart!?
Ela estava de pé, com os dois braços abertos, protegendo Krum
dos projéteis. Mesmo depois de receber tantos ataques diretos, ainda permanecia
de pé. Como esperado de um Ser Demoníaco de alto nível.
— Haa… Haa…
Entretanto, agora não tinha mais forças para lutar. Krum não
havia desaparecido, mas estava em um estado onde ele não saberia dizer se ela
estava consciente ou não. Quando um Rei Demônio é derrotado, se tornam
partículas de luz como os Seres Demoníacos? Ou se tornam um cadáver, assim como
o povo das Raças? Emil não sabia. Também existia a possibilidade de ela já
estar morta.
Uma derrota esmagadora.
Sua vontade se foi. Depois de ter sido espancado várias
vezes, mesmo seu espírito de luta, o qual sempre o animava, havia se ido.
O corpo de Emil tremia.
— De novo… não… protegerei… nada?
A este ritmo, acabaria desmaiando…
Isso é algo que, com toda a certeza,
não farei de novo!!!
— UOOOOOOOO!
Cravando a espada no chão e apoiando-se na mão esquerda,
levantou-se com a força de uma única mão. Sangue jorrou de seus ferimentos.
Entretanto, não sentia mais dor. Mas sua visão ficou borrada.
— Grande Rei Demônioooooo!!
Diante dele, alguém apareceu.
Emil gritou.
— COM TODA A CERTEZA… NÃO SEREI DERROTADO!!!!
Puxou a espada, que estava cravada no chão, com a mão
esquerda. Mesmo quando estava prestes a desabar, atacou o inimigo! Porém, a
força que colocou na espada era fraca demais… Sequer chegou nele.
Alguém estendeu uma mão em sua direção.
Por que… sou tão fraco…!!!??
Seu ombro foi contido por uma mão forte. Ela era grande e
poderosa, mas, mesmo assim, parecia majestosa.
Um aliado!?
Além disso, Emil conhecia essa presença.
O indivíduo perguntou com um tom tão calmo que parecia não
combinar com o campo de batalha.
— Aquele meio-bode, meio-gorila, é Modinalaam…?
Quando ouviu essa voz, a aparência da pessoa em questão tornou-se
um branco puro em sua visão.
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